29/10/2025 — O monumental Padrão dos Descobrimentos, em Belém, foi o cenário escolhido para o lançamento oficial do livroA Primeira Travessia da África Austral, de José Bento Duarte, numa cerimónia que se transformou num marco de reencontro entre a História de Angola e a História de Portugal.
O evento reuniu personalidades de relevo das duas nações: representantes da Embaixada da República de Angola em Portugal, da Liga Africana, do Estado-Maior-General das Forças Armadas Portuguesas, da Academia da Força Aérea, além de membros de instituições civis e militares de ambos os países.
Na mesa de honra destacaram-se o Engenheiro Miguel Anacoreta Correia, o Prof. Doutor Carlos Mariano Manuel, que se deslocou de Angola especialmente para o evento, o editor João Ricardo Rodrigues, e o próprio autor José Bento Duarte. O Dr. José Ribeiro e Castro, Presidente da Sociedade Histórica da Independência de Portugal, enviou uma mensagem em vídeo, impossibilitado de comparecer por compromissos de agenda (ver vídeo da transmissão em directo).
Eng.Miguel Anacoreta Correia,Dr. José Ribeiro e Castro,Prof. Doutor Carlos Mariano Manuele o autor José Bento Duarte
Um encontro de angolanos em Lisboa que ecoou desafios à História
O lançamento revelou-se mais do que uma celebração literária: foi um encontro de angolanos em Lisboa que lançou desafios históricos e culturais às instituições portuguesas.
O autor, José Bento Duarte, de uma família muito antiga do sul de Angola, defendeu com veemência a necessidade de corrigir erros históricos e administrativos que, segundo ele, “por discriminação ou descuido”, apagaram da História de Portugal dois heróis luso-angolanos: Pedro João Baptista e Anastácio Francisco, os verdadeiros primeiros exploradores a realizarem a travessia documentada da África Austral.
“Seria um acto de justiça democrática, 50 anos após a independência de Angola, reconhecer e repor a verdade sobre estes dois heróis. A História deve ser corrigida, e é aos olhos da Democracia que o pedimos”, afirmou o autor, num discurso direto à Câmara Municipal de Lisboa e às instituições portuguesas.
História, reparação e justiça
O Prof. Doutor Carlos Mariano Manuel, prefaciador da obra e considerado o mais importante historiador da República de Angola, sublinhou que Portugal tem hoje uma oportunidade única de fazer justiça histórica.
“Reconhecer o papel de Pedro João Baptista e Anastácio Francisco é um gesto de reparação. É afirmar que a História da África Austral também foi escrita por africanos, e que estes devem ocupar o lugar que lhes pertence na memória comum”, afirmou.
Carlos Mariano Manuel foi ainda mais longe, propondo uma reflexão sobre o próprio nome do Padrão dos Descobrimentos, sugerindo que venha a chamar-se “Padrão das Expedições Marítimas Portuguesas”, uma designação mais inclusiva e historicamente ajustada.
E lançou um desafio simbólico e poderoso:
“Peço aos portugueses que investiguem onde está a coroa do Rei do Congo, Dom António I, Muana Malaza, herói e mártir da Batalha de Ambuíla. Encontrá-la seria um acto redentor.”
A voz da História partilhada
O Engenheiro Miguel Anacoreta Correia, que nasceu em Moçambique e cresceu no sul de Angola, recordou a figura de David Livingstone, destacando as contradições do explorador britânico, que, embora admirasse os portugueses, pretendia reservar toda a glória para os britânicos e os europeus brancos, excluindo os africanos.
“Livingstone elogiava os portugueses, mas omitia os africanos. Essa exclusão precisa de ser corrigida na narrativa histórica. Os africanos também foram protagonistas das grandes travessias e explorações”.
O apelo do editor: uma História em construção
Durante o encontro, o editor João Ricardo Rodrigues, da Perfil Criativo | AUTORES.club, apelou às instituições históricas portuguesas, como a Sociedade de Geografia de Lisboa, a Academia Portuguesa da História e a própria Câmara Municipal de Lisboa, para que assumam uma posição pública sobre os factos revelados na obra.
“Estas instituições confirmaram presença, mas não compareceram. É tempo de abrirmos os olhos para a História que partilhamos. Este livro é um convite à verdade”.
O editor recordou ainda que o evento coincidiu com o 360.º aniversário da Batalha de Ambuíla (1665), acontecimento determinante na História de Angola e do Reino do Congo. Citando o Prof. Carlos Mariano Manuel, lembrou que “se quem escolheu o 11 de novembro como data da independência de Angola conhecesse profundamente a nossa história, teria escolhido o 29 de outubro”.
Um final inesperado e simbólico
No encerramento do evento, um momento inesperado emocionou os presentes: o jovem músico angolano Gari Sinedima, que se encontra em Lisboa, realizou uma performance espontânea em homenagem à origens comuns com o autor, num registo cultural do Sul de Angola. Foi um gesto de gratidão, mas também uma afirmação simbólica da ligação viva entre as gerações angolanas e o seu património.
Gari Sinedima
Um novo capítulo para a História Luso-Angolana
O lançamento de A Primeira Travessia da África Austral foi mais do que uma apresentação literária, foi um ato de afirmação cultural e de revisão histórica, com ecos que ultrapassam a literatura e tocam a diplomacia.
O evento, transmitido em direto por Victor Hugo Mendes e disponível em vídeo, marca o início de uma série de artigos que o portal AUTORES.club publicará nos próximos dias, aprofundando as intervenções de cada participante e os desafios lançados ao conhecimento histórico entre Angola e Portugal.
A reedição, em 2023, de Senhores do Sol e do Vento, de José Bento Duarte, devolve aos leitores uma das mais grandiosas narrativas sobre Angola e o encontro histórico entre África e Portugal. Publicado pela primeira vez há décadas e agora revisto e reeditado, o livro regressa como uma verdadeira saga da memória, um testemunho da convivência humana e da tenacidade com que os povos se enfrentaram, se influenciaram e se transformaram ao longo de quatro séculos e meio de História.
“A história deste livro começou num dia da minha infância, quando, folheando um semanário de banda desenhada, desemboquei de súbito numa fatídica floresta africana. […] Um militar português defendia com desespero a vida, assediado por ondas de guerreiros que lhe iam picando o corpo de lançadas profundas e presumivelmente fatais.”
Aquela imagem marcou José Bento Duarte para sempre. Décadas mais tarde, já adulto, reencontrou em Lisboa a publicação que inspirara o desenhador dessa cena, descobrindo que o episódio, verídico, se passara no Sul de Angola, junto ao rio Cunene, em 1904. O protagonista real, o tenente João Roby, tombara nas guerras contra os cuamatos, do grupo dos ambós.
Essa descoberta acendeu a centelha da investigação: “Quis então saber o que antecedera aquele recontro brutal e o que se lhe teria seguido”, escreve o autor. Entre alfarrabistas e arquivos, reuniu documentos raros e inéditos, compondo uma narrativa que abarca desde a chegada dos primeiros navios portugueses a Angola, em 1482, até à queda do último grande monarca angolano, em 1917.
Uma epopeia em sete partes
Com capítulos que vão de “Os Portões do Congo” e “A Fénix Portuguesa” a “O Massacre do Vau do Pembe” e “Contra Alemães e Cuanhamas”, Senhores do Sol e do Vento percorre os caminhos do império e das resistências africanas, num arco temporal de quase meio milénio.
Mais do que um livro de História, é um retrato humano, povoado por heróis e vilões, governantes e guerreiros, missionários e sertanejos, europeus e africanos que, na paz e na guerra, “foram armando o destino na lenta toada dos anos”.
“A História são as Pessoas”, afirma o autor — e é essa humanidade profunda que faz desta obra uma leitura fascinante, de dramatismo e emoção, mas também de rigor e de verdade.
O fascínio por África e o fio da memória
Entre a evocação dos “aromas intensos e envolventes” do sul de Angola e o retrato das convulsões coloniais, José Bento Duarte compõe um fresco épico e sensorial sobre a “terra de que vim, mas onde ainda hoje estou, e onde jamais poderei deixar de estar”.
O livro é um tributo à Mãe África e às suas gentes, um testemunho de memória e pertença que ecoa muito além do contexto histórico: é uma reflexão sobre identidade, destino e fascínio, o mesmo fascínio que, segundo o autor, “em alguns portugueses se traduziu por uma espécie de hipnose sem remédio”.
Senhores do Sol e do Vento é destinado a leitores que procuram compreender, com emoção e rigor , a longa e complexa relação entre Portugal e Angola. É um livro para quem se interessa tanto pela História como pelas histórias das pessoas que a fizeram.
Leitores de História e de narrativa histórica
Interessados na História de Angola e da presença portuguesa em África.
Leitores que valorizam a reconstituição de episódios coloniais e militares (como o Massacre do Vau do Pembe, as campanhas do Cunene, ou as explorações do século XIX).
Público habituado a autores como Joaquim Veríssimo Serrão, José Capela, J. M. Coetzee (no registo africano-literário), Rui de Pina ou Pepetela (no cruzamento entre história e ficção).
Académicos e estudantes
Historiadores, antropólogos e investigadores de temas africanos, coloniais ou pós-coloniais.
Docentes e estudantes universitários de História, Relações Internacionais, Estudos Africanos e Literatura Portuguesa e Lusófona.
Bibliotecas, centros culturais e instituições lusófonas interessados em documentação de memória histórica e fontes narrativas sobre Angola.
Leitores de literatura de viagem e aventura
Admiradores de grandes epopeias humanas e geográficas, comparáveis a Os Sertões (Euclides da Cunha), Coração das Trevas (Joseph Conrad) ou A Missão (Roland Joffé).
Leitores atraídos pela dimensão épica e sensorial da escrita, pelos retratos de personagens heroicas e pelas descrições das paisagens africanas.
Comunidades da diáspora angolana e luso-africana
Leitores em Portugal, Angola, Brasil e comunidades lusófonas que procuram compreender as suas raízes históricas e culturais.
Pessoas ligadas à memória familiar colonial e pós-colonial, que reconhecem nas páginas de Bento Duarte uma reconstrução identitária e afetiva.
Público geral com interesse em cultura e identidade
Leitores que apreciam narrativas históricas com profundidade emocional, combinando erudição e humanidade.
Pessoas atraídas pelo fascínio de África e pela ideia de descoberta interior através da história dos povos.
A reedição de Senhores do Sol e do Vento anuncia simbolicamente a chegada de uma nova etapa na obra de José Bento Duarte: o lançamento de “Primeira Travessia da África Austral”, que terá lugar na próxima quarta-feira, no Padrão dos Descobrimentos, em Lisboa.
Se Senhores do Sol e do Vento percorre o passado de Angola e do império português, Primeira Travessia da África Austral abre o horizonte para uma viagem contemporânea, a primeira travessia terrestre documentada do continente austral. Juntas, as duas obras formam um díptico literário sobre a aventura humana em África, o encontro de culturas e a persistente busca por compreender o continente e o seu papel no destino comum da humanidade.
Vídeo 1 – «Primeira Parte – Encontro com José Bento Duarte» (YouTube)
Resumo:
O autor começa por apresentar a 3.ª edição do seu livro Senhores do Sol e do Vento, subtitulado “Histórias verídicas de Portugueses, Angolanos e outros Africanos”.
Ele explica a gênese pessoal da obra: recorda o episódio de infância, ao folhear uma revista de banda-desenhada, numa floresta africana, onde viu o militar português assediado por guerreiros, esse choque deu o pontapé inicial para a investigação subsequente.
Descreve como mais tarde, em Lisboa, encontrou uma publicação antiga que serviu como fonte e percebeu que o combate dera-se no sul de Angola, junto ao rio Cunene, e envolvia guerreiros cuamatos/ambós.
Aponta o âmbito da obra: não apenas o episódio isolado, mas uma travessia histórica dos portugueses em Angola entre 1482 e 1917, explorando o fascínio português por África, as resistências africanas, e a construção da presença colonial.
Faz referência aos temas centrais do livro: a presença portuguesa, o embate cultural, a conversão militar e missionária, as expedições, confrontos e pactos, e o modo como “Portugal conheceu e coexistiu com Angola”.
Termina esta parte com reflexões pessoais e afetivas: as raízes do autor no sul de Angola, as memórias de “aromas intensos e envolventes, (…) transportadas nas abas do vento” daquele território, e a pergunta sobre o que fica da “terra de que vim” e dos seus povos.
Vídeo 2 – «“Encontros e Desencontros de Culturas” – Segunda Parte» (YouTube)
Resumo:
Nesta segunda parte, o foco desloca-se para a dimensão cultural e de inter-relação entre povos — o título do vídeo refere-se a “Encontros e Desencontros de Culturas”.
José Bento Duarte reflete sobre as interações entre portugueses e africanos (especificamente angolanos) ao longo do período colonial: alianças, conflitos, trocas simbólicas, resistências e assimilação.
Ele aborda como a presença portuguesa em Angola envolveu não só a força militar e administrativa, mas também a missão religiosa, a economia, a colonização do interior, as fronteiras construídas “a ferro e fogo”, e os impactos sobre as sociedades locais.
Discute o fenómeno de “colonialismo cultural”: como portugueses foram hipnotizados pelo fascínio de África e como isso se traduziu em projetos de domínio, mas também em convívios, mestiçagens, influências recíprocas.
Alerta para os “desencontros”: os equívocos, as injustiças, as resistências africanas e o legado complexo que permaneceu, não só em termos físicos ou materiais, mas em termos de identidade, memória e consequências para hoje.
Finaliza esta parte com uma chamada ao leitor para que reconheça, no passado, não apenas datas e batalhas, mas “viveres, sentimentos e atitudes” desses tempos, e para que olhe para Angola e para a sua história com empatia e profundidade.
Publicado pela primeira vez em 2021, este romance histórico conquistou leitores e estudiosos pela forma como cruza a narrativa ficcional com o rigor da reconstrução histórica. A ação decorre entre o final do século XIX e o início do século XX, tendo como pano de fundo a região de Malanje, em Angola, num tempo em que o poder colonial português se impunha e os saberes africanos resistiam, silenciosos, ao esquecimento.
A figura de Manuel Justino, degredado português tornado comerciante de prestígio, conduz o leitor por caminhos onde se entrelaçam política, espiritualidade, oralidade e memória, num retrato complexo e comovente da Angola colonial.
Tomás Lima Coelho, natural de Moçâmedes e refugiado em Portugal, autor com vasta experiência no campo da investigação literária angolana, é também o organizador da obra de referência Autores e Escritores de Angola, publicada em três edições atualizadas.
Chão de Kanâmbua regressa agora às mãos dos leitores numa edição cuidada, pensada para quem procura compreender as raízes mais profundas da identidade angolana.
Chão de Kanâmbua (ou “O Feitiço de Kangombe”)
Para os leitores que preferem o formato digital, Chão de Kanâmbua encontra-se igualmente disponível em versão EPUB, acessível nas principais plataformas de leitura digital. Esta edição permite levar o romance a um público global, promovendo o acesso a uma das obras mais marcantes da ficção histórica angolana contemporânea.
Público-alvo
Leitores de romance histórico e literatura africana de expressão portuguesa
Estudantes e investigadores de história de Angola e colonialismo
Leitores interessados em memória cultural, oralidade africana e identidades pós-coloniais
Diáspora angolana e lusófona
Bibliotecas, universidades e livrarias especializadas em África e lusofonia
Lisboa — A Perfil Criativo | AUTORES.club apresenta a reedição revista e atualizada (2023) de Peregrinos da Eternidade — Crónicas Ibéricas Medievais (Como nasceu a dinastia que lançou Portugal no Mundo), de José Bento Duarte, obra fundamental que abre a trilogia histórica do autor sobre as origens e as projeções da identidade luso-africana. O relançamento desta obra antecede a chegada, no próximo 29 de outubro, do seu novo livro, A Primeira Travessia da África Austral, completando um arco narrativo que liga Portugal medieval ao surgimento histórico de Angola.
A trilogia da alma luso-africana
Segundo o autor, os três títulos formam uma linha contínua da História e devem ser lidos nesta ordem:
Senhores do Sol e do Vento — A História de Angola, contada através de encontros, conquistas e memórias partilhadas.
“Trata-se de uma viagem que começa nas margens do Mondego, passa pelos reinos da Ibéria medieval e atravessa o oceano até ao coração de África”, explica José Bento Duarte.
Um clássico redescoberto
Publicado originalmente em 2003, Peregrinos da Eternidade regressa agora em edição revista pelo autor, enriquecida por novas notas e referências. O livro parte do episódio trágico da morte de Inês de Castro e percorre as cinco décadas que antecedem a batalha de Aljubarrota, num retrato vibrante da Península Ibérica do século XIV. Através de 55 crónicas rigorosas e cativantes, o autor reconstitui o nascimento da 2.ª dinastia portuguesa e a emergência de um sentimento de nação, mostrando como o impulso peninsular viria a projetar-se nas descobertas e na expansão atlântica.
Um olhar humanista sobre o poder e a história
Mais do que um ensaio histórico, Peregrinos da Eternidade é uma viagem literária pelas paixões e contradições dos homens e mulheres que moldaram Portugal. Nas palavras da historiadora Carla Varela Fernandes, a obra “não é um romance histórico, mas lê-se como um, ou melhor, como um romance muito bem escrito”, sublinhando “a reflexão crítica e o humanismo que iluminam cada página”.
José Bento Duarte nasceu em Moçâmedes, no sul de Angola. Licenciado em Economia pela Universidade do Porto, foi docente na Universidade de Luanda antes e depois da independência do país. É autor de várias obras que exploram os laços históricos entre Portugal e Angola, como Senhores do Sol e do Vento — Histórias Verídicas de Portugueses, Angolanos e Outros Africanos e A Primeira Travessia da África Austral (Ed. 2025). A sua escrita alia rigor historiográfico, profundidade analítica e narrativa literária, ligando as dimensões peninsular e africana da história comum dos povos lusófonos.
O psicólogo e escritor analisa o momento emocional de João Lourenço e reflete sobre a dimensão humana do poder na República de Angola
A plataforma AUTORES.club partilha um vídeo de Fernando Kawendimba: YouTube
No vídeo, o psicólogo clínico e escritor angolano Fernando Kawendimba comenta as imagens do Presidente da República de Angola, general João Lourenço, emocionado e em lágrimas após proferir um discurso sobre o Estado da Nação, que se prolongou por mais de três horas na Assembleia Nacional.
Um momento raro e revelador
As imagens do chefe de Estado a chorar após o discurso, amplamente divulgadas nas redes sociais e nos meios de comunicação, geraram inúmeras interpretações políticas e emocionais. Fernando Kawendimba, com a sua experiência como médico psicólogo em Angola, oferece uma análise serena e profissional sobre o que tal gesto pode simbolizar, não apenas para o Presidente, mas para o país.
No seu comentário, sublinha a importância de compreender o contexto emocional e humano por detrás do poder, lembrando que as figuras públicas também são atravessadas por fragilidades, pressões e emoções profundas.
Entre a psicologia e a literatura
ernando Kawendimba é autor de Mãe Nossa que Sois o Céu – Contos, publicado em novembro de 2020 pela Perfil Criativo | AUTORES.club e pela Alende – Edições. O livro percorre os territórios da fé, da dor e da esperança através de narrativas breves, revelando uma escrita intimamente ligada à condição humana, o mesmo olhar atento que o autor transporta para a sua prática clínica e para este comentário sobre o discurso presidencial.
A 12 de agosto de 2025, Fernando Kawendimba representou a Perfil Criativo | AUTORES.club no lançamento do terceiro volume da trilogiaOs Bantu na Visão de Mafrano – Quase Memórias, de Maurício Francisco Caetano (Mafrano), no auditório da ENAPP, em Luanda. A sua presença reafirmou o compromisso da editora com a promoção do pensamento e da literatura angolana contemporânea, com base na democratização do conhecimento.
O editor da Perfil Criativo | AUTORES.club, João Ricardo Rodrigues, realizou uma visita à Fundação Mário Soares e Maria Barroso, em Lisboa, onde foi recebido pelo director executivo, Dr. Filipe Guimarães da Silva. Durante o encontro, o editor ofereceu à Fundação um exemplar do livro Memórias das FALA — O Avanço no Norte e a Guerra Psicológica (1975-1992), da autoria do brigadeiro Fonseca Chindondo.
O principal objetivo desta visita foi envolver a Fundação na futura apresentação da obra, tendo em conta o enorme interesse do antigo Presidente da República Portuguesa, Dr. Mário Soares, pelas questões políticas e históricas relacionadas com Angola e com os processos de libertação e a difícil luta pela democratização.
A Fundação Mário Soares e Maria Barroso: um centro de memória e investigação
A Fundação Mário Soares e Maria Barroso, criada em 1991, tem como missão preservar, estudar e divulgar o legado histórico, político e cultural associado à democracia portuguesa, aos movimentos de libertação africanos e às personalidades que marcaram o século XX. A instituição mantém um extenso e valioso acervo documental disponível para consulta presencial e online, incluindo:
Arquivo Mário Soares — com correspondência, discursos, diários, fotografias e documentação política de mais de cinco décadas;
Arquivo Maria Barroso — dedicado à vida cívica, política e artística da antiga deputada e primeira-dama;
Arquivo Mário Pinto de Andrade — figura central do nacionalismo angolano e fundador do MPLA, com documentação fundamental para o estudo dos movimentos de libertação africanos;
Arquivo da Casa dos Estudantes do Império (CEI) — espaço que foi berço da geração de intelectuais africanos que viriam a liderar as independências;
Arquivo Amílcar Cabral — com correspondência, textos políticos e materiais de formação do líder histórico da luta pela independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde.
Estes arquivos constituem um repositório inestimável para investigadores, sendo um terreno fértil para novos projetos académicos e editoriais que possam resultar em livros de grande valor histórico, especialmente se desenvolvidos por investigadores angolanos interessados em revisitar e reinterpretar as fontes originais disponíveis em Lisboa.
“Memórias das FALA” desperta interesse em Angola
Entretanto, em Angola, alguns exemplares do livro Memórias das FALA — O Avanço no Norte e a Guerra Psicológica (1975-1992) já começam a ser consultados por leitores e investigadores interessados. O crescente interesse pela obra está a impulsionar a preparação de um grande encontro para o lançamento oficial em Luanda, que pretende reunir académicos, jornalistas e antigos combatentes para discutir este período dramático da história contemporânea.
O autor Fonseca Chindondo tem estado a apresentar as suas memórias e a promover debates em Luanda
A Perfil Criativo | AUTORES.club convida para mais uma edição do programa “Conversa do Nosso Quintal”, que se realiza hoje, às 19h30 de Luanda, em direto no YouTube.
A sessão promete uma reflexão aprofundada sobre as dinâmicas políticas e diplomáticas que marcaram o reconhecimento de Angola pelo Estado português, analisando as diferentes posições dos partidos portugueses no contexto pós-independência.
O autor, José Bento Duarte, e o editor da Perfil Criativo I AUTORES.club têm a honra de convidar os nossos leitores para a cerimónia oficial de lançamento do livroA Primeira Travessia da África Austral que terá lugar no Auditório do Padrão dos Descobrimentos, na quarta-feira, 29 de Outubro de 2025, às 16h30. (Avenida Brasília, Belém) Este inédito encontro em Lisboa contará com a participação especial de Dr. José Ribeiro e Castro, Eng. Miguel Anacoreta Correia e Prof. Doutor Carlos Mariano Manuel (República de Angola). Devido à limitação do espaço no Auditório do Padrão dos Descobrimentos solicitamos aos interessados que devem antecipadamente reservar o seu lugar pelo email encomendas@autores.club ou pelo telefone 214 001 788.
Nota do Editor
É tempo de repor a verdade histórica
Com enorme júbilo apresentamos “A Primeira Travessia da África Austral”, de José Bento Duarte — uma obra que resgata um feito extraordinário da História: a travessia terrestre entre Angola e Moçambique, realizada pelos luso-angolanos Pedro João Baptista e Anastácio Francisco entre 1802 e 1811. Este episódio pioneiro, amplamente documentado mas longamente silenciado, constitui a primeira ligação transcontinental entre as margens do Atlântico (Cassange) e do Índico (Tete) feita por dois homens africanos sob bandeira portuguesa — um feito maior, que merece justo reconhecimento no espaço público e na memória coletiva.
O prefácio é assinado por Uina yo Nkuau Mbuta (Carlos Mariano Manuel), catedrático, investigador e autor do tratado de história “Angola desde antes da sua criação pelos portugueses até ao êxodo destes por nossa criação”, distinguido como Personalidade Lusófona 2023 pelo Movimento Internacional Lusófono. A sua participação confere a esta edição uma força simbólica e científica ímpar, num momento em que se assinalam os cinquenta e um anos da democracia portuguesa e os cinquenta anos de independência da República de Angola.
Neste espírito, convidamos o eleito Presidente da Câmara Municipal de Lisboa a tomar iniciativa para que os nomes de Pedro João Baptista e Anastácio Francisco sejam dignamente inscritos na toponímia da cidade, como homenagem a dois heróis que dignificam Portugal, Angola e Moçambique.
Estendemos igualmente este apelo ao senhor Presidente da República Portuguesa e aos corpos directivos da Sociedade de Geografia de Lisboa e da Sociedade Histórica da Independência de Portugal, instituições com longa tradição na preservação e valorização do património, para que se associem ao reconhecimento e divulgação deste extraordinário feito.
A travessia de África constituiu, por razões que foram evoluindo ao longo do tempo, um desígnio dos portugueses desde o começo da sua expansão marítima, no século XV. Após um decepcionante registo de fracassos, e por acção de dois corajosos luso-angolanos, eles alcançaram finalmente o objectivo no dealbar do século XIX. Este feito admirável precedeu, em cerca de quarenta anos, as caminhadas de renomados exploradores, como David Livingstone e outros, cuja exaltada glorificação foi empurrando para uma injusta obscuridade os verdadeiros vencedores da corrida.
Este livro envolvente, emotivo e rigorosamente documentado contempla as diversas fases do expansionismo luso — focando-se na interpenetração de culturas e nas interacções de seres humanos que se encontravam pela primeira vez —, até desembocar na épica e inesquecível viagem dos homens que comprovadamente inauguraram a ligação terrestre entre Angola e Moçambique. Abordando momentos históricos determinantes no continente africano e na Ásia, A Primeira Travessia da África Austral assume-se, acima de tudo, como uma expressiva e merecida homenagem a esses homens — Pedro João Baptista e Anastácio Francisco.
José Bento Duarte
Nasceu em Angola, na cidade de Moçâmedes, província do Namibe. Licenciado em Economia pela Universidade do Porto. Exerceu funções de docência na Universidade de Luanda antes e depois da independência do país. Foi quadro superior numa empresa pública portuguesa.
Para além da presente obra, tem outros livros publicados sobre temas históricos: Peregrinos da Eternidade — Crónicas Ibéricas Medievais e Senhores do Sol e do Vento – Histórias Verídicas de Portugueses, Angolanos e Outros Africanos (já reeditados pela Perfil Criativo – Edições e disponíveis na plataforma online www.AUTORES.club). Colaborou ainda em publicações de carácter colectivo com textos de temática histórica luso-angolana, como: Mandume, os Portugueses e a Definição do Sul de Angola; Missões no Planalto Central de Angola; Namibe – Das Origens à Independência.
Praia, 8 de Outubro – A foto mostrando vários estudantes da Universidade de Cabo Verde, na cidade da Praia, a maioria dos quais da cadeira de Literatura Africana, lendo com verdadeiro encanto um fascículo de duas páginas sobre a «VISÃO DE MAFRANO SOBRE OS BANTU», por ocasião de uma palestra realizada nessa instituição académica com mais de quatro mil alunos, pode tornar-se viral nos meios académicos locais.
A palestra teve como foco a colectânea em três volumes do etnólogo angolano Maurício Caetano, sobre a Antropologia Cultural Bantu, e realizou-se terça-feira, dia 7, com o apoio da Embaixada de Angola em Cabo Verde, do Leitorado do Instituto Guimarães Rosa, do Brasil, na cidade da Praia, e reuniu cerca de trinta estudantes, professores, amantes da cultura e especialistas de outros ramos do saber.
O texto de Mafrano consta do primeiro volume da sua obra, «OS BANTU NA VISÃO DE MAFRANO – QUASE MEMÓRIAS», premiada em Angola com o Prémio Nacional de Cultura e Artes 2024, na modalidade de Ciências Humanas e Sociais, e foi publicado pelo primeira vez no jornal «O APOSTOLADO», de 20 de Fevereiro de 1971. «É admirável ler um texto com tanto conhecimento científico, escrito numa época sem internet!», comentou um dos presentes.
A palestra foi animada pela professora e historiadora cabo-verdiana Antonieta Lopes; pelo jornalista e escritor José Caetano, “Tazuary Nkeita”, filho de Mafrano, assim como por Ricardo Leote, da editora NOZ RAÍS | AUTORES.club, e Karina de Fátima Gomes, do instituto brasileiro Guimarães Rosa.
Destaques ainda para a pró-reitora para as áreas de política estudantil, social e de extensão da UniCV, Fátima Fernandes, e para a conselheira da Embaixada de Angola, Carla Boaventura.
Momento igualmente emocionante foi o sorteio de um exemplar do volume III de «Os Bantu na visão de Mafrano» e um note book, produzido pela família do autor com a marca «Mafrano».
O encontro contou ainda com a presença especial de José Caetano, filho de Mafrano, cuja intervenção foi de carácter biográfico, oferecendo um olhar pessoal e emocionante sobre a vida e o percurso intelectual do autor
Foi uma tarde enriquecedora, de diálogo intercultural e valorização do conhecimento africano, reafirmando a importância da academia na preservação e difusão da memória coletiva dos nossos povos
Cidade de Praia, Cabo Verde, 04 de Outubro de 2025 – O Embaixador de Angola em Cabo Verde, Agostinho Tavares, destacou sexta-feira na cidade da Praia que a apresentação do terceiro e último volume da colectânea póstuma «OS BANTU NA VISÃO DE MAFRANO – QUASE MEMÓRIAS», do etnólogo angolano Maurício Francisco Caetano, ” Mafrano“, no contexto dos 50 anos das independências dos PALOP, revela o profundo significado da nossa ancestralidade.
Agostinho Tavares usou o termo «Morabeza», existente unicamente na língua crioula, para explicar o sentido que Mafrano procurou dar, nos anos quarenta do século XX, aos «Bantu», significando «nossa gente», em Angola. Para ele, a colectânea visionária de Mafrano «contém um manancial de conhecimentos dos nossos antepassados, em três volumes e 800 páginas, com muita utilidade prática, no futuro».
«Constitui motivo de grande satisfação, ter em mãos uma obra como esta, cuja importância e dimensão se renova a cada leitura e a cada um dos seus ricos volumes», disse o embaixador angolano ao discursar do acto de encerramento.
A abertura do evento foi feita pelo Embaixador de São Tomé e Príncipe, Aurélio Martins, de cujo país era oriundo o sacerdote católico que educou Mafrano, órfão, desde os seus cinco anos, na sua terra natal, a cidade do Dondo, na Província do Cuanza Norte. Para o embaixador Aurélio Martins, «o sacerdote José Frotta foi formado em Angola, mas também contribuiu para a formação de mentes brilhantes dentre as quais se destacam o autor desta trilogia sobre a Antropologia Cultural dos povos Bantu».
Coube uma vez mais à historiadora Antonieta Lopes apresentar um largo panorama do volume III da colectânea de Mafrano, de uma forma que delirou a assistência, segundo os comentários na Biblioteca Nacional de Cabo Verde, onde decorreu a cerimónia. «Exorto-vos a escrever a biografia do vosso pai», sugeriu ela dirigindo-se aos dois filhos presentes, nomeadamente o jornalista e escritor José Caetano (Tazuary Nkeita) e a jurista, e também comunicadora, Cristina Caetano.
Duas notas foram dignas de referência. Por um lado, a homenagem ao ex-embaixador e escritor cabo-verdiano Eugénio Inocêncio (74 anos), que foi co-apresentador do volume II, em Dezembro de 2023, juntamente com Antonieta Lopes, e que faleceu por doença, em Setembro de 2024. A homenagem decorreu na presença de um dos filhos, Luís Inocêncio, sob fortes aplausos. Soube-se, por outro lado, que a família de Mafrano recebeu da Presidência da República de São Tomé e Príncipe uma mensagem de agradecimento pela oferta deste volume III, por ocasião da cerimónia realizada naquele país, no passado dia 18 de Setembro.
A cerimónia na cidade da Praia foi assistida por membros do corpo diplomático, organizações internacionais, comunidade académica e amantes da literatura, com destaque para a representante das agências das Nações Unidas em Cabo Verde, Patrícia Portela (Brasil).