Luena acolhe obra de Maurício Francisco Caetano

Luena acolhe obra de Maurício Francisco Caetano

O Gabinete Provincial da Cultura do Moxico, a família de Maurício Francisco Caetano e o editor convidam V/Ex.ª para a apresentação do segundo volume da colectânea “Os Bantu na Visão de Mafrano” (Ed. 2023), de Maurício Francisco Caetano (obra póstuma), no dia 24 de Abril de 2024 na Casa da Cultura, Luena, às 9h00.

Este evento tem o apoio do Governo Provincial do Moxico.

Volume I

O livro “Os bantu na visão de Mafrano – Volume II” apresenta uma série de capítulos que abordam diversos temas relacionados à antropologia cultural dos bantu. O livro começa com uma introdução sobre o padre Carlos Estermann e sua relação com a antropologia cultural de Mafrano. Em seguida, são exploradas a história do “Xiriva-Zuba” e os problemas da biogênese, com uma interpretação aborígene bantu. Os capítulos subsequentes tratam de tópicos como o telégrafo bantu, os topônimos angolenses e a ética bantu, a arbitragem filosófica sobre a origem do homem, a filosofia bantu sobre a morte, os idiomas bantu, a influência de uma superstição biológica no direito sucessório bantu, lendas e mitos bantu, a gênese temporal das raças humanas e a história de Mafrano através do testemunho de Dom Zacarias Kamuenho. O livro também inclui um álbum fotográfico e homenagens a figuras importantes relacionadas com Mafrano.

Paulina Chiziane confessa admiração por Mafrano

Paulina Chiziane confessa admiração por Mafrano

Luanda, 28 de Março de 2024 – A escritora moçambicana, Paulina Chiziane, actualmente em Luanda como convidada do «Terceiro Encontro dos Jovens Investigadores da CPLP», confessou-se esta manhã como grande admiradora da obra sobre a antropologia cultural Bantu do escritor e etnólogo angolano Maurício Francisco Caetano, “Mafrano”.
Paulina Chiziane vincou a sua grande paixão, confessando que o autor angolano faz-lhe lembrar as histórias contadas em privado pelo seu pai, nascido em 1914, e dois anos mais velho do que o autor angolano.
«Leio com muito agrado os dois volumes até hoje publicados sobre os textos que deram origem a «Os Bantu na visão de Mafrano – Quase Memórias», e recordo os tempos difíceis que também eram narrados pelo meu pai. É louvável que Mafrano tenha tido a coragem de publicar tudo isto em jornais, em plena era colonial», disse ela.
Paulina Chiziane esteve pela última vez em Dezembro de 2023 na cidade do Lubango, para apresentar esta obra na Missão Católica da Huíla.
A escolha da Missão Católica da Huíla justificou-se por um duplo significado histórico: por um lado, foi aí onde estudou o cónego José Pereira da Costa Frotta, o sacerdote santomense que foi tutor de Maurício Francisco Caetano, “Mafrano”, e, por outro lado, trata-se de um Monumento Histórico e Património Nacional. A oportunidade serviu também de pretexto para colocar lado a lado a escritora moçambicana, laureada com o prémio Camões 2021, e Dom Zacarias Kamwenho, arcebispo emérito do Lubango, laureado com o prémio Sakharov 2001 e autor do prefácio da colectânea «Os Bantu na visão de Mafrano».

Biblioteca Provincial do Huambo apresenta obra de Mafrano

Biblioteca Provincial do Huambo apresenta obra de Mafrano

O Gabinete Provincial da Cultura, Turismo e Ambiente, a família de Maurício Francisco Caetano e o editor convidam V/ Ex.a para a apresentação do segundo volume da colectânea “Os Bantu na visão de Mafrano — Quase Memórias“, de Maurício Francisco Caetano (1916-1982), na Biblioteca Provincial do Huambo, no dia 23 de Março de 2024, às 11h00.

Biblioteca Provincial do Huambo

Jornal Cultura: “Obra de Mafrano compara lendas ocidentais e lendas africanas”

Jornal Cultura: “Obra de Mafrano compara lendas ocidentais e lendas africanas”

Cultura – Jornal Angolano de Artes e Letras dedica duas páginas à obra de Mafrano, na edição nº 207, de 17 de Janeiro de 2024.

O Cultura – Jornal Angolano de Artes e Letras foi lançado, a 5 de Abril de 2012, numa cerimónia realizada na União dos Escritores Angolanos (UEA), cumprindo o desígnio de perpetuar o legado deixado pelas grandes publicações de pendor cultural, como a revista “Cultura”, da Sociedade Cultural de Angola. Na sua linha de continuidade, busca as directrizes da revista “Novembro” e do suplemento “Vida e Cultura”, ambos editados pela Edições Novembro. Durante a pandemia regressou às bancas (2020) e custa 50,00 Kz  

Luciana Livongue Cunha apresenta segundo volume de Mafrano

Sobre a obra de Mafrano a professora Luciana Livongue Cunha escreveu no Cultura: “Esta colectânea mostra-nos sobretudo como Mafrano dedicou parte de sua vida à observação e estudo de manifestações culturais, com o intuito de desmistificar os preconceitos ocidentais sobre a inteligência e a cultura bantu. Numa diversidade de temas antropológicos, etnográficos, arqueológicos, filosóficos e também ligados ao Direito Costumeiro, Mafrano fez-nos conhecer e entender profundamente os mistérios do pensamento bantu; esclarece premissas falsas; e agrega diferentes opiniões, comparando lendas ocidentais e lendas africanas para valorizar, no seu tempo, a cultura de nossos povos.

Durante séculos e até anos mais recentes, as histórias e mitos ocidentais faziam-nos acreditar que a Cultura Bantu, era apenas baseada em mitos e superstições em detrimento da ciência, para desacreditar a inteligência do homem africano. Mas, Mafrano, com sua visão ampla, desde tenra idade, mostrou com os seus textos, dispersos em vários jornais da sua época, que era necessário e importante estudar e conhecer os fenómenos culturais bantu, para compreender tais causas e ideais e só assim ultrapassar todas as dúvidas.”

Namibe: Quem ajuda a controlar, tanta ansiedade!

Namibe: Quem ajuda a controlar, tanta ansiedade!

Depois de uma viagem exuberante com passagens, e pequenas paragens, em Porto Amboim, Sumbe, Lobito, Bela Vista (aqui com ameaças de chuva ao pôr do Sol), Catumbela, Benguela, Quilengues e Lubango, chegou na manhã de Domingo ao Namibe o volume II da colectânea “Os Bantu na visão de Mafrano”, uma extraordinária obra de antropologia cultural, do escritor e etnólogo angolano, Maurício Francisco Caetano (1916-1982).

A obra, com um total de 246 páginas de conhecimentos inéditos sobre a vida e a cultura bantu foi apresentada nesta segunda-feira, 8 de Janeiro de 2024, na Esplanada do Gabinete Provincial da Cultura do Namibe. A cerimónia fez parte das festividades do Dia Nacional da Cultura e foi aberta ao público do Sul de Angola.

A cerimónia foi prestigiada com a presença do Vice-Governador do Namibe para a Área Social, Abel Kapitango, em representação do Governador da Província, e que esteve ladeado pelo diretor Provincial da Cultura, Turismo e Ambiente, Eng.º Pedro Hangula, e outros altos responsáveis da Província da “Welwitchia Mirabilis”, a ntumbo, na língua local.

Tal como aconteceu em Luanda, em Maio de 2022; repetiu-se em Julho de 2023; e, agora, também ocorreu no Namibe, em Janeiro de 2024!

Um dos leitores convidados para o lançamento do volume II de “Os Bantu na visão de Mafrano” correu na terça-feira, 2 de Janeiro de 2024, para o local da cerimónia, na ânsia de ser o primeiro a assistir ao lançamento desta obra histórica!

No local, a resposta foi inevitável: “Não, é só no dia oito”, de Janeiro!

Sobre Mafrano ficou no ar a pergunta: Alguém ajuda a controlar tanta ansiedade?

2024: Cultura no dia da Cultura em Angola

2024: Cultura no dia da Cultura em Angola

Arrancamos o ano novo de 2024 conscientes da importância do trabalho realizado e do que queremos executar na promoção dos valores culturais, científicos e artísticos. Mantendo um posicionamento independente, humanista, descomplexado e aberto às novas ideias, queremos continuar a disponibilizar aos nossos leitores e amigos, um leque alargado de autores e surpreendentes livros.

Na agenda fica marcado o primeiro grande encontro de 2024, no Namibe (Angola). A não perder!

Agradecemos ao Governo Provincial do Namibe (Angola) a disponibilidade para acolher esta nossa obra no dia da Cultura e relembramos os nossos leitores que comprar um livro é também apoiar um autor.

Namibe acolhe volume II da colectânea sobre antropologia cultural Bantu

Namibe, 30 de Dezembro de 2023 – A cidade do Namibe acolhe a 8 de Janeiro, Dia Nacional da Cultura (Angola), o volume II da colectânea póstuma «Os Bantu na visão de Mafrano», antropologia cultural, do escritor e etnólogo Maurício Francisco Caetano, no quadro das celebrações do Dia Nacional da Cultura. A cerimónia terá lugar na Esplanada do Gabinete Provincial da Cultura, Cultura, Turismo e Ambiente, com inicio previsto para as 9:00.
O volume I desta obra havia sido lançado no mesmo local, no primeiro dia de Outubro de 2022 depois de apresentadas pela primeira vez nos meses de Abril e Maio, desse mesmo ano, nas cidades do Lubango e de Luanda, respectivamente.
A colectânea de Maurício Francisco Caetano, “Mafrano”, (1916-1982), contém registos inéditos sobre a ancestralidade, hábitos e costumes da cultura bantu, incluindo a pré-história, organização social, a estrutura política bantu, lendas e fábulas sobre a origem da vida humana e animal, e a morte; iniciações relativas aos casamentos, à religião e outros temas de interesse antropológico.
Formado na escola da Missão Católica da cidade do Dondo, sua terra natal, e no Seminário Maior de Luanda, o “Mafrano” trabalhou sucessivamente como professor, aspirante administrativo, oficial de impostos, secretário da Fazenda e director Nacional de Finanças em Angola, entre 1944 e 1982, o ano da sua morte.
O autor foi membro fundador da União dos Escritores Angolanos (UEA), colaborador de proeminentes jornais e revistas da sua época, como o Jornal «O Apostolado» e a «Revista Angola», da Liga Nacional Africana, além de professor de Língua Portuguesa e de Filosofia em prestigiados estabelecimentos de ensino, nomeadamente no Colégio 28 de Maio, Liceu Ngola Kiluanji, o Instituto PIO XII, o ICRA – Instituto de Ciências Religiosas de Angola e no Instituto Comercial de Luanda.
A obra de Maurício Francisco Caetano, “Mafrano”, tem estado a ganhar notoriedade e foi já recomendada como referência académica. A seu favor, está o facto de ter realizado pesquisas originais cujos temas eram, até então, abordados apenas por estudiosos ocidentais, como Franz Boas, León Frobenius, Carlos Estermann e outros. Maurício Francisco Caetano destacou-se com artigos dispersos na imprensa angolana, o mais antigo dos quais tem como titulo «O Perfil Etnográfico do Negro Jinga», com data 23 de Agosto de 1947. O seu vasto espólio literário, agora compilado nesta colectânea póstuma em três volumes e mais de 700 páginas, inclui epígrafes como “Crónicas ligeiras”, “Notas a lápis”, “Episódios Vividos”, “Tertúlias”, contos tradicionais e outros textos.
Além de Luanda, Lubango e Namibe, a colectânea «Os Bantu na visão de Mafrano» foi igualmente apresentada até esta data nas cidades de Ndalatando e Cabinda (em Angola), assim como em Moçambique, São Tomé e Príncipe, Cabo-Verde, Portugal e no Brasil, nestes dois últimos países em exposições literárias e por vídeo-conferências, realizadas com universidades do Rio de Janeiro e de Curitiba.
Segundo a mais recente opinião do antropólogo Kabengele Munanga, professor emérito da Universidade de São Paulo (USP), Brasil, esta colectânea e as outras obras a serem publicadas sobre Mafrano «são livros que podem ser utilizados por antropólogos angolanos e africanos, em salas de aulas, para explicar essas culturas ancestrais de origem bantu que hoje já não existem».
Também além fronteiras, o Padre José Álvaro Borja, reitor do Seminário da cidade da Praia, em Cabo-Verde, considerou que obra de Mafrano «faze antever um momento rico de encontro cultural multifacetado em que se cruzam história, literatura e antropologia, entre outras áreas do saber».
Em Angola, Dom Zacarias Kamwenho, o arcebispo emérito do Lubango e prémio Sakharov 2001, considerou-o «O antropólogo maior de Angola». Mafrano faleceu aos 25 de Julho de 1982.

Para mais informações contactar:

Pedro Hangula, Director do Gabinete Provincial da Cultura, Turismo e Ambiente
Telef: +244 931 732 211

José Soares Caetano, Jornalista, escritor e filho do autor,
Telef: +244 912220543; +244 926546698;
E-mail: tazuary@gmail.com;

Curiosidades da caminhada cultural da obra de Mafrano

Curiosidades da caminhada cultural da obra de Mafrano

Foi com enorme surpresa e alegria que observámos a mensagem de Natal de Sua Majestade o Rei Mfumu Makitu III, do Reino Bambata-Zombo, monarquia subnacional angolana integrante do Grande Congo, descendente de António Manuel Ne Vunda, marquês de Funta (Funesta) e embaixador do antigo reino e império do Congo junto da Santa Sé (1513), históricamente conhecido por “O Negrita”.

Segundo o Rei Mfumu Makitu III “em África os reinos nunca deixaram de existir, logo as tradições nunca morreram porque são mais fortes do que qualquer sistema político, por se tratar de assuntos do próprio Tata Mpungu Tulendu (Deus todo Poderoso). 

Gosta de Angola e admira Mafrano

Gosta de Angola e admira Mafrano

Vera Duarte, escritora cabo-verdiana, jurista, activista política, presidente da Assembleia Geral da Academia das Letras, define-se como “uma cabo-verdiana que gosta de Angola”, e, agora, uma grande admiradora de Mafrano.
Dentre as suas obras literárias de maior referência, poesia e prosa, figuram “Urdindo Palavras no Silêncio dos Dias”, “De Risos & Lágrimas” e “A Matriarca – Uma história de mestiçagens”.
Considerada uma das personalidades mais conhecidas de Cabo Verde, Vera Duarte foi a primeira mulher na magistratura Cabo-verdiana; ministra da educação; presidente dos Direitos Humanos ; presidente da Academia Cabo-verdiana de Letras; e recebeu grandes prémios e condecorações.
Enquanto escritora, diz-se de fonte oficial que as suas obras deram origem a várias teses de doutoramento.

A glória de Mafrano (1916-2023)

A glória de Mafrano (1916-2023)

24/12/2023 — Chama-se Maurício Francisco Caetano e nasceu aos 24 de Dezembro de 1916, completam-se hoje 107 anos.
Em Angola, escreveu, desde os anos 40’s, para os jornais e revistas mais notáveis do seu tempo, com um total de sete (7) pseudónimos até aqui já desvendados, ao lado de figuras que também fizeram História, no seu país e no mundo. Em Dezembro de 1975, foi um dos membros fundadores da União dos Escritores Angolanos (UEA).
No dia 14 de Maio de 2022, Dom Zacarias Kamwenho, o arcebispo emérito do Lubango e prémio Sakharov 2001, deslocou-se a Luanda para a apresentação da sua colectânea, «Os Bantu na visão de Mafrano – Quase Memórias», considerando-o «O antropólogo maior de Angola»!
Partiu deste mundo aos 25 de Julho de 1982 e deixou um legado com mais de mil páginas de escritos, dentre os quais, mais de 700 estão compilados em «Os Bantu na visão de Mafrano», antropologia cultural, em três volumes, que para uns constitui a visão mais moderna sobre a africanidade.

Volume I
Volume II


No dia 25 de Julho de 2023, em Luanda, o lançamento do volume II desta sua colectânea foi prestigiado com uma apresentação de luxo por Dom José Manuel Imbamba, arcebispo de Saurimo e Presidente da CEAST (Conferência Episcopal de Angola e São Tomé e Príncipe). Meses mais tarde, no dia 5 de Dezembro, na comuna do Lubango, coube à prestigiada escritora moçambicana Paulina Chiziane, fazer a apresentação da sua obra na Missão Católica da Huíla, um monumento classificado como Património Histórico, e onde estudou o seu tutor, reverendo cónego José Pereira da Costa Frotta, de origem santomense (1879-1954).
No dia 20 de Dezembro de 2023, na cidade da Praia, capital de Cabo-Verde, diz-se que Mafrano fechou o ano com chave de ouro, ao ser apresentado o seu volume II na presença de notáveis figuras da elite intelectual e da hierarquia religiosa deste pais, com merecidos destaques para Dom Arlindo Gomes Furtado Bispo e Cardeal de Santiago; a embaixadora de Angola, Júlia Machado; e um seu ex-aluno nos anos 40’s em Luanda, o médico e nacionalista Manuel Rodrigues Boal (natural da Muxima, onde nasceu em Maio de 1934). E, uma nota de destaque para a apresentadora deste volume dois da colectânea de Mafrano, a Profª Drª Antonieta Lopes, que tanto encantou os participantes, na BNCV.
No dia 10 de Novembro de 2023, o antropólogo Kabengele Munanga, professor emérito da Universidade de São Paulo, Brasil, recomendou durante uma vídeo conferência organizada pela universidade estadual do Rio de Janeiro que a obra de Mafrano seja «utilizada por novos antropólogos angolanos e africanos em salas de aulas, para explicar essas culturas [ancestrais], que hoje já não existem»
Ainda é confidencial, mas o Presidente da República de Cabo-Verde, José Maria Neves, numa das imagens abaixo, chegou a dar como certa aquela que seria a mais prestigiosa presença, na cerimónia que teve lugar na sala de conferências da Biblioteca Nacional de Cabo-Verde (BNCV), às 17:00, não fossem os seus inadiáveis compromissos de Estado para além da hora do evento. Outro ausente, foi o escritor e ex-presidente de Cabo-Verde Jorge Carlos Fonseca (presente na apresentação do primeiro volume desta coletânea no dia 5 de Agosto de 2022, também na cidade na Praia), aqui, abaixo, em duas das imagens, uma das quais quando assistia à uma reunião do Conselho da República de Cabo-Verde, realizado na semana de 21 de Dezembro, mas na altura ausente do país.
Imagens e factos que já correm o mundo, fazem História e nos permitem dizer que 2023 foi, indiscutivelmente, um ano de glória a Mafrano!

«Cultura Bantu não se limita à colecção de obras de arte, ou danças»

«Cultura Bantu não se limita à colecção de obras de arte, ou danças»

0/12/2023 — A historiadora cabo-verdiana, Antonieta Lopes, disse quarta-feira na cidade da Praia que a abrangência da obra de Mafrano sobre os bantu, e não bantu, faz-nos compreender que a cultura destes povos não se limita apenas à descrição de máscaras, tatuagens, danças, objectos de uso doméstico ou de artesanato, mas à compreensão da sua língua, cultura, vivências e actos.

Antonieta Lopes fez estas declarações quando apresentava o volume II da colectânea «Os Bantu na visão de Mafrano», numa audiência que incluiu nomes como o Cardeal de Cabo-Verde, Dom Arlindo Gomes Furtado; a embaixadora de Angola, Júlia Machado; a representante do presidente da Academia de Letras, Vera Duarte, e o reitor do seminário de São José da cidade da Praia, Pe. José Álvaro Borja, acompanhar por um grupo de seminaristas; o ex-representante da OMS em Angola entre 1986-1990, Dr. Lisboa Ramos, e outros convidados de renome.

Mafrano deixou-nos exemplos claros segundo os quais a compreensão dos povos bantu passa necessariamente pelas suas vivências, o conhecimento da língua, da psicologia, contos fábulas e lendas que são como bibliotecas contendo tratados de direito, filosofia e história», disse a apresentadora, citando passagens da obra do escritor angolano.

Um exemplo, disse ela, citando o autor, é a palavra «Tata» em Kimbundu, sinónimo de «Pai», em Português, que para o bantu abrange não apenas o progenitor, mas também o tio materno ou paterno cujo termo, equivalente, (tio), não existe na sua língua. «Por isso – explicou – o autor explica que os patrões alimentavam preconceitos sobre os empregados bantu dizendo que estes choravam a morte dos pais (na verdade tios) duas ou mais vezes…»

«É aqui que Mafrano nos diz então que para compreendermos o Bantu, na forma e no fundo, é necessário conhecermos a sua língua e a sua cultura, tal como conhecemos a línguas e culturas universais», explicou.

Antonieta Lopes valorizou ainda a “carga de argumentos” do autor angolano sobre uma variedade questões antropológicas, incluindo os hábitos alimentares, cuidados de saúde, a circuncisão e o lembamento (o dote tradicional anterior ao casamento), antes de contar uma lenda sobre a origem do homem, segundo a qual uns ficaram brancos supostamente por tomar banho no rio, e outros continuaram negros porque se teriam limitado a molhar as palmas mãos e as plantas dos pés na mesma água. E, concluiu: «Mafrano diz-nos, com esta lenda bantu, que no fundo as nossas diferenças são externas porque somos os mesmos seres humanos».

A Historiadora comentou ainda as criticas de Mafrano às teses de Charles Darwin, sobre a suposta descendência humano do macaco, recordando que o naturalista e biólogo britânico iniciou as suas pesquisas, na Ilha de Santiago, em Cabo Verde, 1832, aos 22 anos. «Darwin passou por aqui,», recordou Antonieta Lopes, ao mesmo tempo que citou as críticas de Mafrano em este contesta as teses naturalistas com argumentos bem estruturados, quer concordemos quer não.

Por fim, Antonieta Lopes interrogou a assistência sobre a importância desta colectânea sobre antropologia cultural bantu nos dias de hoje e no valor dos textos desta natureza, escritos há varias décadas, entre 1947 e 1982, que foi o tempo em que o autor mais escreveu. «Esta colectânea tem o valor do seu conhecimento histórico e intelectual e o seu autor mostra ser um homem de grande cultura», concluiu Antonieta Lopes numa dissertação de aproximadamente sessenta minutos.

A cerimónia foi assistida por cerca de quarenta pessoas, dentre as quais se destacou ainda a presença da directora geral da cultura de Cabo-Verde, Drª Vandrea Monteiro, o médico e nacionalista angolano, Manuel Rogrigues Boal, ex-aluno de Mafrano anos 40’s, em Luanda, académicos, estudantes angolanos e cabo-verdianos na cidade da Praia e amigos da família.


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