«Cultura Bantu não se limita à colecção de obras de arte, ou danças»

«Cultura Bantu não se limita à colecção de obras de arte, ou danças»

0/12/2023 — A historiadora cabo-verdiana, Antonieta Lopes, disse quarta-feira na cidade da Praia que a abrangência da obra de Mafrano sobre os bantu, e não bantu, faz-nos compreender que a cultura destes povos não se limita apenas à descrição de máscaras, tatuagens, danças, objectos de uso doméstico ou de artesanato, mas à compreensão da sua língua, cultura, vivências e actos.

Antonieta Lopes fez estas declarações quando apresentava o volume II da colectânea «Os Bantu na visão de Mafrano», numa audiência que incluiu nomes como o Cardeal de Cabo-Verde, Dom Arlindo Gomes Furtado; a embaixadora de Angola, Júlia Machado; a representante do presidente da Academia de Letras, Vera Duarte, e o reitor do seminário de São José da cidade da Praia, Pe. José Álvaro Borja, acompanhar por um grupo de seminaristas; o ex-representante da OMS em Angola entre 1986-1990, Dr. Lisboa Ramos, e outros convidados de renome.

Mafrano deixou-nos exemplos claros segundo os quais a compreensão dos povos bantu passa necessariamente pelas suas vivências, o conhecimento da língua, da psicologia, contos fábulas e lendas que são como bibliotecas contendo tratados de direito, filosofia e história», disse a apresentadora, citando passagens da obra do escritor angolano.

Um exemplo, disse ela, citando o autor, é a palavra «Tata» em Kimbundu, sinónimo de «Pai», em Português, que para o bantu abrange não apenas o progenitor, mas também o tio materno ou paterno cujo termo, equivalente, (tio), não existe na sua língua. «Por isso – explicou – o autor explica que os patrões alimentavam preconceitos sobre os empregados bantu dizendo que estes choravam a morte dos pais (na verdade tios) duas ou mais vezes…»

«É aqui que Mafrano nos diz então que para compreendermos o Bantu, na forma e no fundo, é necessário conhecermos a sua língua e a sua cultura, tal como conhecemos a línguas e culturas universais», explicou.

Antonieta Lopes valorizou ainda a “carga de argumentos” do autor angolano sobre uma variedade questões antropológicas, incluindo os hábitos alimentares, cuidados de saúde, a circuncisão e o lembamento (o dote tradicional anterior ao casamento), antes de contar uma lenda sobre a origem do homem, segundo a qual uns ficaram brancos supostamente por tomar banho no rio, e outros continuaram negros porque se teriam limitado a molhar as palmas mãos e as plantas dos pés na mesma água. E, concluiu: «Mafrano diz-nos, com esta lenda bantu, que no fundo as nossas diferenças são externas porque somos os mesmos seres humanos».

A Historiadora comentou ainda as criticas de Mafrano às teses de Charles Darwin, sobre a suposta descendência humano do macaco, recordando que o naturalista e biólogo britânico iniciou as suas pesquisas, na Ilha de Santiago, em Cabo Verde, 1832, aos 22 anos. «Darwin passou por aqui,», recordou Antonieta Lopes, ao mesmo tempo que citou as críticas de Mafrano em este contesta as teses naturalistas com argumentos bem estruturados, quer concordemos quer não.

Por fim, Antonieta Lopes interrogou a assistência sobre a importância desta colectânea sobre antropologia cultural bantu nos dias de hoje e no valor dos textos desta natureza, escritos há varias décadas, entre 1947 e 1982, que foi o tempo em que o autor mais escreveu. «Esta colectânea tem o valor do seu conhecimento histórico e intelectual e o seu autor mostra ser um homem de grande cultura», concluiu Antonieta Lopes numa dissertação de aproximadamente sessenta minutos.

A cerimónia foi assistida por cerca de quarenta pessoas, dentre as quais se destacou ainda a presença da directora geral da cultura de Cabo-Verde, Drª Vandrea Monteiro, o médico e nacionalista angolano, Manuel Rogrigues Boal, ex-aluno de Mafrano anos 40’s, em Luanda, académicos, estudantes angolanos e cabo-verdianos na cidade da Praia e amigos da família.

Cabo Verde encerrou as nossas actividades em 2023

Cabo Verde encerrou as nossas actividades em 2023

20/12/2023 — No encerramento das nossas actividades culturais em 2023 a família Cetano e a NOS RAIZ, representante da plataforma AUTORES.club e da editora Perfil Criativo,  homenagearam Maurico Francisco Caetano na cidade da Praia, em Cabo Verde, com a apresentação do segundo volume Os Bantu – Na Visão de Mafrano – Quase Memorias(Ed. 2023), uma edição da Perfil Criativo, nos ciclos de encontros de autores angolanos realizados na Biblioteca Nacional de Cabo Verde (BNCV).

O encontro foi conduzido por Argentina Tomar, iniciando-se com os agradecimentos da família de Maurício Francisco Caetano dirigidos por Sueli Moura aos presentes:  Cardeal de Cabo-Verde, Dom Arlindo Gomes Furtado , Dra. Júlia Machado Embaixadora de Angola em Cabo Verde ; Ministério da Cultura e Indústrias Criativas de Cabo Verde representado pela diretora-geral das artes e indústrias criativas Dra. Vandrea Monteiro, equipa da Biblioteca Nacional de Cabo Verderepresentante do presidente da Academia de Letras, escritora Dra. Vera Duarte, o reitor do Seminário de São José da cidade da Praia, padre José Álvaro Borja acompanhado por um grupo de seminaristas, comunicação social e público presente.

O encontro prosseguiu com a mensagem do representante da editora Ricardo Leote, seguindo com a análise da obra produzida pela historiadora Professora Antonieta Lopes que declarou durante a sua intervenção que “.. a abrangência da obra de Mafrano sobre os bantu, e não bantu, faz-nos compreender que a cultura destes povos não se limita apenas à descrição de máscaras, tatuagens, danças, objectos de uso doméstico ou de artesanato, mas à compreensão da sua língua, cultura, vivências e actos”

Este encontro contou ainda com a participação do nosso autor Eugénio Inocêncio trazendo trechos da obra numa abordagem filosófica, seguindo com o momento de conversa e debate entre o filho do autor José Caetano, o conhecido jornalista e escritor que assina como Tazuary Nkeita, com o público de Cabo Verde.

A cerimónia foi assistida por cerca de cinquenta pessoas, dentre as quais se destacou a presença o médico e nacionalista angolano, Dr. Manuel Rogrigues Boal, antigo aluno de Mafrano nos anos quarenta, em Luanda, o antigo representante da OMS em Angola, entre 1986-1990, Dr. Lisboa Ramos, académicos, estudantes angolanos e cabo-verdianos na cidade da Praia e amigos da família.

Cardeal de Cabo-Verde confirma presença na apresentação do Volume II de «Os Bantu na visão de Mafrano» na cidade da Praia

Cardeal de Cabo-Verde confirma presença na apresentação do Volume II de «Os Bantu na visão de Mafrano» na cidade da Praia

Cidade da Praia, 18 de Dezembro de 2023 — O Cardeal de Cabo-Verde, Dom Arlindo Gomes Furtado, confirmou na manhã desta segunda-feira, dia 18, que vai estar presente à cerimónia de apresentação do Volume II da colectânea póstuma «Os Bantu na visão de Mafrano», do escritor e etnólogo angolano Maurício Francisco Caetano.
A confirmação foi feita durante uma audiência prestada a familiares do autor e membros da organização do evento, agendado para as 17:00 do dia 20 de Dezembro, na Biblioteca Nacional de Cabo Verde, na cidade da Praia.
Na oportunidade, Dom Arlindo Furtado recebeu da família de Mafrano dois exemplares do volume II desta colectânea sobre antropologia cultural Bantu, além do convite formal para a referida cerimónia. A audiência contou ainda com a presença do Eng. Ricardo Leote, da NOS RAIZ, a representante em Cabo Verde da plataforma cultural AUTORES.club, editora da colectânea de Mafrano, e do médico, nacionalista e escritor angolano Dr. Manuel Boal, um ex-aluno de Mafrano, nos anos 40’s, em Luanda, actualmente a residir na cidade da Praia.
No final da audiência, a delegação de Angola teve um segundo encontro com o reitor do seminário da Praia, o reverendo padre José Álvaro Borja, que também confirmou presença e interesse pela obra de Mafrano.
Também a embaixadora de Angola em Cabo-Verde, Júlia Machado, fez saber que estará presente na apresentação do volume II da colectânea de Mafrano sobre os Bantu.
Segundo comentou o Cardeal Dom Arlindo Furtado, “Mafrano teve o mérito de iniciar nos anos 40’s um processo de conhecimento e valorização da cultura bantu que há-de ser continuado de geração em geração”.
Na manhã do mesmo dia, a comitiva visitou o Memorial Amílcar Cabral, a Fundação Amílcar Cabral e Biblioteca Nacional Cabo-Verde, no âmbito da organização do mesmo evento.
Lançada ao público em 2022, a colectânea de Maurício Francisco Caetano (1916-1982), contém registos inéditos sobre a ancestralidade, hábitos e costumes da cultura bantu, incluindo a pré-história, organização social, a estrutura política bantu, lendas e fábulas sobre a origem da vida humana e animal, e a morte; iniciações relativas aos casamentos, à religião e outros temas de interesse antropológico.
Formado na escola da Missão Católica da cidade do Dondo, sua terra natal, e no Seminário Maior de Luanda, o “Mafrano” trabalhou sucessivamente como professor, aspirante administrativo, oficial de impostos, secretário da Fazenda e director Nacional de Finanças em Angola, entre 1944 e 1982, o ano da sua morte. O autor foi membro fundador da União dos Escritores Angolanos (UEA), colaborador de proeminentes jornais e revistas da sua época, como o Jornal «O Apostolado» e a «Revista Angola», da Liga Nacional Africana, além de professor de Língua Portuguesa e de Filosofia em prestigiados estabelecimentos de ensino, nomeadamente no Colégio 28 de Maio, Liceu Ngola Kiluanji, o Instituto PIO XII, o ICRA (Instituto de Ciências Religiosas de Angola) e no Instituto Comercial de Luanda.
A obra de Maurício Francisco Caetano, “Mafrano”, tem estado a ganhar notoriedade e foi já recomendada como referência académica. A seu favor, está o facto de ter realizado pesquisas originais cujos temas eram, até então, abordados apenas por estudiosos ocidentais, como Franz Boas, León Frobenius, Carlos Esterman e outros. Maurício Francisco Caetano destacou-se com artigos dispersos na imprensa angolana, o mais antigo dos quais tem como titulo «O Perfil Etnográfico do Negro Jinga», com data 23 de Agosto de 1947. O seu vasto espólio literário, agora compilado nesta colectânea póstuma em três volumes e mais de 700 páginas, inclui epígrafes como “Crónicas ligeiras”, “Notas a lápis”, “Episódios Vividos”, “Tertúlias”, contos tradicionais e outros textos.
O primeiro volume desta obra foi apresentado na cidade da Praia, em Agosto de 2022, a exemplo de países como Moçambique, São Tomé e Príncipe e Portugal, assim como nas cidades do Rio de Janeiro e Curitiba, no Brasil, por vídeo-conferências.
Segundo a mais recente opinião do antropólogo Kabengele Munanga, Professor emérito da Universidade de São Paulo (USP), Brasil, esta colectânea e as outras obras a serem publicadas sobre Mafrano «são livros que podem ser utilizados por antropólogos angolanos e africanos, em salas de aulas, para explicar essas culturas ancestrais de origem bantu que hoje já não existem».
Também o Padre José Álvaro Borja, reitor do Seminário da cidade da Praia e um dos convidados de honra a este evento, considera que a figura de Mafrano e a sua obra «fazem antever um momento rico de encontro cultural multifacetado em que se cruzam história, literatura e antropologia, entre outras áreas do saber».

O livros vão estar disponíveis para compra nas livrarias da cidade da Praia e na plataforma cultural www.AUTORES.club (envios para todo o mundo).

Ricardo Leote, da NOS RAIZ, Padre José Álvaro Borja, Reitor do Seminário da cidade da Praia, e José Caetano, filho de Maurício Caetano

Ricardo Leote com Manuel Boal, médico e nacionalista angolano

Dom Arlindo Gomes Furtado com a família de Mauricio Francisco Caetano

Memorial Amílcar Cabral

Biblioteca Nacional de Cabo Verde recebe cultura ancestral africana (Angola)

Biblioteca Nacional de Cabo Verde recebe cultura ancestral africana (Angola)

A família de Maurício Francisco Caetano, a editora Perfil Criativo e a NOS RAIZ representante em Cabo Verde da plataforma cultural AUTORES.club tem a honra de convidar V.Ex.ª para a homenagem a Maurício Francisco Caetano e apresentação do segundo volume da coleção “Os Bantu na visão de Mafrano – Quase memórias” que terá lugar na sala conferências da Biblioteca Nacional de Cabo Verde, na cidade da Praia, no dia 20 de Dezembro de 2023 às 17h00.

A colectânea de Maurício Francisco Caetano (1916-1982), contém registos inéditos sobre a ancestralidade, hábitos e costumes da cultura bantu, incluindo a pré-história, organização social, a estrutura política bantu, lendas e fábulas sobre a origem da vida humana e animal, e a morte; iniciações relativas aos casamentos, à religião e outros temas de interesse antropológico.

Formado na escola da Missão Católica da cidade do Dondo, sua terra natal, e no Seminário Maior de Luanda, o autor trabalhou sucessivamente como professor,aspirante administrativo, oficial de impostos, secretário da Fazenda e director Nacional de Finanças em Angola, entre 1944 e 1982, o ano da sua morte. Maurício Caetano foi membro fundador da União dos Escritores Angolanos (UEA), colaborador de proeminentes jornais e revistas da sua época, como o jornal «O Apostolado» e a revista «Angola», da Liga Nacional Africana, além de professor de língua portuguesa e de filosofia em prestigiados estabelecimentos de ensino, nomeadamente no Colégio 28 de Maio, Liceu Ngola Kiluanji, o Instituto PIO XII, o ICRA (Instituto de Ciências Religiosas de Angola) e no Instituto Comercial de Luanda.

A sua obra ganhou notoriedade e tem sido recomendada como referência académica pelo facto de “Mafrano” ter realizado pesquisas originais cujos temas eram, até então, abordados apenas por estudiosos ocidentais, como Franz Boas, León Frobenius, Carlos Esterman e outros. Maurício Francisco Caetano destacou-se com artigosdispersos na imprensa angolana, o mas antigo dos quais tem como titulo «O Perfil Etnográfico do Negro Jinga», com data 23 de Agosto de 1947. O seu vasto espólio literário foi agora a ser compilado nesta colectânea em três volumes que inclui epígrafes como “Crónicas ligeiras”, “Notas a lápis”, “Episódios Vividos”, “Tertúlias”, contos tradicionais e outros textos.

O primeiro volume desta obra foi apresentado em Abril de 2022, no Seminário Maior Padre Sikufinde, do Lubango, Província da Huíla, por Dom Zacarias Kamuenho, arcebispo-emérito do Lubango e prémio Sakharov 2001 e, em 5 Agosto de 2022 na Biblioteca Nacional de Cabo Verde.

Segundo a mais recente opinião do antropólogo Kabengele Munanga, Professor Emérito da Universidade de São Paulo (USP), Brasil, esta colectânea e as outras obras a serem publicadas sobre Mafrano «são livros que podem ser utilizados por antropólogos angolanos e africanos, em salas de aulas, para explicar essas culturas ancestrais de origem bantu que hoje já não existem».

Programa

 16:30-17:00 Acomodação dos convidados e projecção de slides; 

17:00-17:10 Apresentação dos convidados de Honra e do Presidium 

Saudação musical pela Banda Musical de Kebra Kanela 

17:10-17:20 Mensagem de Boas-vindas da Presidente da BNCV, Drª Matilde Santos 

17:20-17:30 Mensagem do Representante da plataforma cultural AUTORES.club | NOZ RAIZ, Eng. Ricardo Leote

17:30-17:40 Mensagem de Agradecimento da Família de Maurício Francisco Caetano, por Anete Caetano (neta)

17:40-17:45 Exibição da Banda Musical de Kebra Kanela

17:45-18:15 A vertente histórica de «Os Bantu na visão de Mafrano», Profª Drª Antonieta Lopes 

18:15-18:30 Diálogo com os leitores e Considerações finais sobre «Os Bantu na visão de Mafrano», Dr. Eugénio Inocêncio (moderador) 

Exibição da Banda Musical de Kebra Kanela 

Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas

Biblioteca Nacional de Cabo Verde

AUTORES.club

Paulina Chiziane recebida em festa na Huíla

Paulina Chiziane recebida em festa na Huíla

A escritora moçambicana, Paulina Chiziane, foi a convidada especial da cerimónia de apresentação do volume II da colectânea póstuma “Os Bantu na visão de Mafrano”, marcada para 5 de Dezembro, terça-feira, na Missão Católica da Huíla.

Dom Zacarias Kamwenho, arcebispo emérito do Lubango, e a escritora mocambicana Paulina Chiziane na apresentação do volume II da colectânea “Os Bantu na visão de Mafrano” na Missão Católica da Huíla.
Situada a 16 km do Lubango, a Missão Católica da Huíla tem um duplo significado histórico: trata-se de um monumento classificado como Património Nacional e também foi lá onde estudou o reverendo cónego José Pereira da Costa Frotta, um sacerdote oriundo de São Tomé e Príncipe que foi pároco do Santuário da Muxima, em Luanda, em 1908; fundador da Freguesia de Cambambe no Dondo (Província do Cuanza Norte); fundador da Escola da Missão Católica do Dondo; pároco da Igreja do Carmo, em Luanda e tutor de Maurício Francisco Caetano, “Mafrano”, o autor desta obra, então órfão com 6 anos de idade.
Ao cónego José da Costa Frotta foi prestada uma homenagem no Seminário da Missão Católica da Huíla, onde educou Mafrano na Escola da Missão Católica do Dondo e no Seminário de Luanda.

Paulina Chiziane: “A visão de Mafrano sobre os Bantu é uma obra ímpar para todas as gerações”.
A escritora mocambicana teceu elogios à visão antropológica de Mafrano que deixou os presentes sem palavras.

Estudantes moçambicanas na Huíla nas boas-vindas à Paulina Chiziane

Paulina Chiziane cumprimentando o reitor do Seminário da Missão Católica da Huíla e o Vigário Geral da Diocese do Lubango

Vista parcial da assistência na Missão Católica da Huíla

Lançamento do segundo volume “Os Bantu na visão de Mafrano – Quase Memórias” na cidade da Praia

Lançamento do segundo volume “Os Bantu na visão de Mafrano – Quase Memórias” na cidade da Praia

PRESS RELEASE — O Segundo volume da colectânea póstuma sobre antropologia cultural «Os Bantu na visão de Mafrano – Quase Memórias», do escritor e etnólogo angolano Mauricio Francisco Caetano, “Mafrano”, será apresentado no dia 20 de Dezembro, quarta-feira, na Biblioteca Nacional de Cabo-Verde (BNCV), cidade da Praia, às 17:00. Recorde-se que o primeiro volume desta mesma obra havia sido já apresentado no mesmo lugar, em Agosto do ano passado.

A colectânea póstuma de Maurício Francisco Caetano (1916-1982), contem registos inéditos sobre a ancestralidade da vida, hábitos e costumes da cultura bantu, incluindo a pré-história, organização social, a estrutura política dos Bantu, a origem da vida humana e animal, lendas e fábulas sobre a morte, iniciações relativas aos casamentos, a religião e outros temas de interesse antropológico.

Formado em instituições de ensino da igreja católica na cidade do Dondo, sua terra natal, e em Luanda, o autor foi oficial de impostos, secretário da Fazenda e director Nacional de Finanças em Angola de até 1982, o ano da sua morte. Maurício Caetano foi ainda membro fundador da União dos Escritores Angolanos (UEA), colaborador de proeminentes jornais e revistas da sua época, como o Jornal «O Apostolado» e a «Revista Angola», da Liga Nacional Africana, além de professor de Português e de Filosofia, em prestigiados estabelecimentos de ensino, nomeadamente no Liceu Ngola Kiluanji, o Instituto PIO XII, o ICRA (Instituto de Ciências Religiosas de Angola) e o Instituto Comercial de Luanda.

A sua obra ganhou notoriedade e tem sido recomendada como referência académica pelo facto de “Mafrano” ter apresentado pesquisas originais cujos temas eram, até então abordados apenas por estudiosos ocidentais, como Franz Boas, León Frobenius, Carlos Esterman e outros. Mauricio Francisco Caetano destacou-se com artigos dispersos na imprensa angolana, o mas antigo dos quais tem como titulo «O Perfil Etnográfico do Negro Jinga», com data de Agosto de 1947. O seu vasto espólio literário está agora a ser compilado nesta colectânea a sair em três volumes e que inclui “Crónicas ligeiras”, “Notas a lápis”, “Episódios Vividos”, “Tertúlias”, contos tradicionais e outros textos.

O primeiro volume desta obra foi apresentado Abril de 2022, no Seminário Maior Padre Sikufinde, do Lubango, Província da Huíla, por Dom Zacarias Kamuenho, arcebispo-emérito do Lubango e prémio Sakharov 2001m e dias mais tarde em Luanda.

Segundo a mais recente opinião do antropólogo Kabengele Munanga, professor Emérito da Universidade de São Paulo (USP), Brasil, esta colectânea e as outras obras a serem publicadas sobre Mafrano «são livros que podem ser utilizados por antropólogos angolanos e africanos, em salas de aulas, para explicar essas culturas ancestrais de origem bantu que hoje já não existem».

A publicação do terceiro e último volume de «Os Bantu na visão de Mafrano» está prevista para 2024, mas a família do autor tenciona trazer a público mais duas outras obras, sobre antropologia religiosa e outros temas sociais.

Além da Biblioteca Nacional de Cabo-Verde, a apresentação do volume dois da colectânea de Mafrano sobre os Bantu está a ter o envolvimento das editoras NOS RAIZ (Cabo Verde) e Perfil Criativo (Portugal), a Diocese de Santiago, na Praia, a Fundação Amílcar Cabral, a Academia de Letras de Cabo-Verde, o Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas, Académicos Universitários e de um grupo que integra leitores, ex-alunos e amigos da família do autor.

INFORMAÇÕES: +238.520.28.13 | nosraiz.caboverde@gmail.com | info@autores.club

Imagens das capas em alta resolução:: https://acrobat.adobe.com/link/review?uri=urn:aaid:scds:US:170320da-4016-3b09-a4c8-8ea36a768777

Kabengele Munanga exorta académicos angolanos e africanos a explorarem a obra antropológica de Mafrano

Kabengele Munanga exorta académicos angolanos e africanos a explorarem a obra antropológica de Mafrano

Fotografia: Pedro Seno (Bienal do Livro de Alagoas)

Rio de Janeiro (Brasil), 14 de Novembro de 2023 – O antropólogo brasileiro Kabengele Munanga, professor emérito da Universidade de São Paulo, Brasil, considerou no passado fim de semana que a obra antropológica de Maurício Caetano, “Mafrano”, deveria ser recuperada e re-utilizada por académicos e demais estudiosos angolanos e africanos que se ocupam desta área da cultura, línguas e civilizações Bantu.

O Prof. Dr. Kabengele Munanga fez este apelo durante uma vídeo-conferência sobre o espólio literário do escritor e etnólogo angolano “Mafrano”, cuja colectânea sobre os Bantu foi objecto de um debate organizado pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), numa iniciativa que coincidiu igualmente com o 48º aniversario da independência de Angola.

«Os dois volumes de “Os Bantu na visão de Mafrano” não teriam sido conhecidos sem este trabalho minucioso, de escavação arqueológica, para encontrar textos dispersos de sua autoria em vários jornais do tempo colonial e em algumas publicações missionárias, como foi o caso da Arquidiocese de Luanda e seus arquivos», realçou ele ao aplaudir a publicação desta obra em três volumes e mais de 700 páginas.

Kabengele Munanga citou ainda uma frase histórica do historiador maliano Hampaté Bá, segundo a qual «a morte de um ancião africano é como se fosse uma biblioteca queimada», antes de salientar que «Os escritos de Mafrano, em plena colonização portuguesa de Angola, salvaram grande parte dessas bibliotecas vivas que teriam sido queimadas e perdidas com a morte dos sábios conhecedores da história, cultura e tradições dos povos angolanos»

Sublinhando várias vezes a importância e riqueza de «Os Bantu na visão de Mafrano», Kabengele Munanga, defendeu com vigor o estudo da mesma, sublinhando que caso ainda lecionasse usaria os textos deste autor como «a origem do homem, da mulher e da natureza através das lendas e dos mitos que existem em todas as culturas», para explicar aos estudantes «as raízes das culturas africanas de origem bantu».

Kabengele Munanga classificou Mafrano de «um rebelde e divergente», dizendo que na sua época (anos 40’s), este autor reconheceu a importância da Cultura e do Património Cultural Bantu, tentando registá-los para as gerações futuras. «Mafrano rompeu os obstáculos impostos pelo processo de lavagem de cérebros africanos que negavam a ancestralidade africana e a sua História, assim como a sua plena humanidade», realçou ele, acrescentando logo a seguir:

«Maurício Caetano tenta, de modo original, fazer uma Etnografia de alguns povos ou etnias, de angolanos, onde viveu e passou parte da sua infância, com registos inéditos, que não encontraríamos hoje, sobre vários aspectos das culturas originais, incluindo a sua História ancestral, organização social, sistema de parentesco, nascimento, vida, morte, relações matrimoniais e religião, no olhar de um africano baseado na sua própria experiência de vida diferente da cultura ocidental, fazendo o que a escritora brasileira Conceição Evaristo chama de «escrivivências», o que quer dizer «escrever a partir da sua experiencia de vida», e não escrever a partir de observações externas de alguém que vem de fora, como pesquisador», disse Kabengele Munanga.

O professor Munanga não escondeu a sua emoção ao recordar que foi o primeiro antropólogo formado na Universidade oficial do Congo (RDC), quando disse: «No meu caso, que nasci e fui socializado numa dessas culturas do Povo Bantu, eu encontrei o meu rosto, o rosto da minha cultura, nestes textos que constituem os dois primeiros volumes da colectânea «Os Bantu na visão de Mafrano – Quase Memórias»; Descobri nestes dois primeiros livros coisas que não sabia interpretar dentro da visão colonial em que fui formado»

«A obra de Mafrano veio preencher lacunas e ajuda a recuperar um património que teria sido perdido e que precisamos para construir a nossa identidade.», disse finalmente

Kabengele Munanga nasceu em 1942, na República Democrática do Congo (antigo Zaire), naturalizando-se brasileiro aos 43 anos. Professor titular do Departamento de Antropologia da Universidade de São Paulo, onde se doutorou em 1977, realiza pesquisas nas áreas de Antropologia Africana e Antropologia da População Afro-Brasileira. Escreveu, entre outras obras, Negritude: usos e sentidos (1986) e Estratégias e Políticas de combate à discriminação racial (1996).

O livro “Os bantu na visão de Mafrano – Volume II” apresenta uma série de capítulos que abordam diversos temas relacionados à antropologia cultural dos bantu. O livro começa com uma introdução sobre o padre Carlos Estermann e sua relação com a antropologia cultural de Mafrano. Em seguida, são exploradas a história do “Xiriva-Zuba” e os problemas da biogênese, com uma interpretação aborígene bantu. Os capítulos subsequentes tratam de tópicos como o telégrafo bantu, os topônimos angolenses e a ética bantu, a arbitragem filosófica sobre a origem do homem, a filosofia bantu sobre a morte, os idiomas bantu, a influência de uma superstição biológica no direito sucessório bantu, lendas e mitos bantu, a gênese temporal das raças humanas e a história de Mafrano através do testemunho de Dom Zacarias Kamuenho. O livro também inclui um álbum fotográfico e homenagens a figuras importantes relacionadas com Mafrano.


22 de Novembro de 2023 | Jornal Angolano de Artes e Letras

Diálogo Brasil com África: homenagem a Angola

Diálogo Brasil com África: homenagem a Angola

Lançamento do livro “Os bantu na visão de Mafrano: quase memórias“, do escritor e etnólogo angolano Maurício Caetano. Mediado pela Norma Sueli Rosa Lima, professora da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), juntamente com a presença do Kambegele Munanga, antropólogo e professor brasileiro-congolês da USP (Universidade de São Paulo). Além de termos a ilustre presença do filho de Mafrano, José Caetano, que é jornalista. “Os Bantu na Visão de Mafrano” é uma coletânea sobre a antropologia cultural, que realça os valores da cultura bantu e de todo o continente africano. A obra criada por um sacerdote são-tomense que viveu em Angola, reflete as ideias de um dos principais cientistas africanos das décadas de 40 e 50, o angolano Maurício Francisco Caetano, Mafrano.

(mais…)

Universidades brasileiras promovem debates sobre a colectânea de Mafrano

Universidades brasileiras promovem debates sobre a colectânea de Mafrano

JORNAL DE ANGOLA (17/10/2023)

O docente universitário Kabengele Munanga, considerado o pai da moderna Antropologia Cultural no Brasil, confirmou a sua participação numa vídeo-conferência sobre a colectânea “Os Bantu na visão de Mafrano”, que está a ser organizada pela docente Lima Sueli de Lima, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).

A vídeo-conferência está agendada para o dia 10 de Novembro deste ano, às 10h00, horário de Brasília (14h00 em Angola). Um dia antes, a 9 de Novembro, pelas 19h30 (horário de Brasília), Kabengele Munanga vai animar um debate idêntico com o Centro Universitário Campos de Andrade, de Curitiba (Uniandrade), a convite da docente universitária Greicy Pinto Bellin.

Ambos os encontros terão a participação de estudantes, académicos, público interessado e membros da família de Maurício Francisco Caetano “Mafrano”.

Os Bantu na visão de Mafrano”, colectânea póstuma em três volumes e mais de 700 páginas, foi compilada a partir de trabalhos dispersos em vários jornais e revistas, entre 1947 e 1982, com ênfase para os jornais “O Apostolado”, “Angola Norte”, “O Angolense”, a Revista Angola da Liga Nacional Africana e o “Boletim de Finanças”, de que Maurício Caetano, o autor, foi correspondente, redactor e colaborador.

O seu vasto espólio literário inclui temas como Antropologia Cultural, “Crónicas ligeiras”, “Notas a lápis”, “Episódios Vividos”, “Tertúlias”, contos e textos lidos aos microfones da “Rádio Ecclesia de Angola”, a emissora católica. 

O autor estudou e observou hábitos e costumes autóctones em províncias como Malanje, Uíge, Cabinda, Cuanza-Norte, Bengo, além de Luanda, onde trabalhou como oficial de impostos dos então “Serviços de Fazenda e Contabilidade”, mais tarde Ministério das Finanças, a partir de Novembro de 1975.  

Mafrano nasceu na cidade do Dondo, em Angola, onde teve como tutor o sacerdote santomense José Pereira da Costa Frotta, que acompanhou toda a sua formação até à idade adulta.

O autor de “Os Bantu na visão de Mafrano” faleceu a 25 de Julho de 1982, aos 65 anos.

Encontro entre a Família Frotta e a Família de Mafrano

Encontro entre a Família Frotta e a Família de Mafrano

Um familiar do cónego José da Costa Frotta, de nome Samuel Frotta, conversou hoje à noite, por telefone, com a família de Mafrano, em São Tomé, a quem explicou os laços familiares com o tutor de Maurício Francisco Caetano.

Samuel Frotta afirmou ser neto de um irmão do cónego José Pereira da Costa Frotta e confirmou que vai estar na cerimónia de quarta-feira, no Centro Cultural Português, em São Tomé, onde será feita a apresentação do volume II de «Os Bantu na visão de Mafrano – Quase Memórias».
«Estamos prontos», disse ele visivelmente bem disposto.

Os contactos iniciais foram feitos pela sua nora, Áurea Afonso, que acompanhou o debate de domingo, dia 01 de Outubro, na Rádio Nacional de São Tomé e Príncipe, conduzido pelo jornalista José Manuel Noronha. Este último, por sua vez, fez a ponte entre a família Frotta e a família de Maurício Caetano, actualmente em São Tomé.

Samuel Frotta, nascido em 1951, é neto de Tomás Frotta, que por sua vez, foi irmão de José Pereira da Costa Frotta, o tutor de Maurício Francisco Caetano, “Mafrano”.

Em Angola, o cónego José Pereira da Costa Frotta foi pároco da Igreja da Muxima, pároco da Igreja do Carmo, fundador da Freguesia do Dondo-Cambambe, fundador da Escola da Missão Católica do Dondo e tutor de Mafrano, além do relevante papel que desempenhou na formação de figuras ligadas a cultura, à administração pública e ao nacionalismo, quer em Angola quer em São Tomé e Príncipe. Mafrano era órfão quando o cônego Frotta o levou para a Escola da Missão Católica do Dondo e, mais tarde, para o Seminário de Luanda, onde completou os estudos.

Imagens do primeiro contacto da Família de Mafrano com Samuel Frotta, o neto do cónego José da Costa Frotta!

Reacção imediata de Dom Zacarias Kamwenho

O arcebispo emérito do Lubango, um velho amigo de Maurício Caetano, e que tem acompanhado toda a trajectória de «Os Bantu na visão de Mafrano», reagiu de imediato a esta notícia, afirmando:
«(…) Estamos a colher os frutos: AVANTE! Saúdem por mim a família FROTTA e todos quantos estão empenhados nessa campanha. A minha bênção.»

Ministra da Cultura confirma presença

A Ministra Santomense da Cultura, Prof. Doutora Isabel Viegas de Abreu, confirmou a participação do seu Ministério na cerimónia de apresentação do segundo volume da colectânea «Os Bantu na visão de Mafrano» a ter lugar hoje no Centro Cultural Português.

Em mensagem enviada à família, na qual agradece o convite e a escolha de São Tomé e Príncipe para a realização deste evento, a Professora Isabel Viegas de Abreu adianta que em caso de impedimento far-se-á representar pelo seu Director de Gabinete.

Aqui, com o jornalista José Manuel Noronha que fez a ponte entre uns e outros


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