No dia 15 de janeiro de 1975, o Hotel Penina, localizado em Alvor, no Algarve, Portugal, foi o cenário da assinatura do histórico Acordo de Alvor. Este tratado marcou um passo decisivo no processo de descolonização de Angola, garantindo a sua independência após um longo domínio de administração portuguesa.
O acordo foi celebrado entre o governo de Portugal e os três principais movimentos de libertação angolanos: o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) e a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA). Este pacto estabeleceu que a independência de Angola seria formalmente declarada em 11 de novembro de 1975.
A Perfil Criativo | www.AUTORES.club apresenta com orgulho os quatro volumes que integram a prestigiada coleção “Estudos“, uma edição que se destaca pela sua contribuição ao conhecimento histórico, social e cultural de Angola. Estas obras representam um marco editorial ao abordarem temas de grande relevância e profundidade, com investigações meticulosas e autores de reconhecido talento.
Na tarde de ontem, dia 7 de janeiro de 2025, o Centro de Estudos Internacionais do ISCTE foi palco de um debate vibrante sobre os desafios económicos e empresariais de Angola no novo contexto estratégico internacional. O evento reuniu especialistas, académicos e interessados na dinâmica política e económica de um país que ocupa um lugar estratégico no tabuleiro global.
Renato Pereira, subdiretor do ISCTE Business School, abriu o encontro destacando o simbolismo do ano de 2025, que marca os 50 anos das independências dos países africanos de língua oficial portuguesa. Segundo ele, o objetivo é olhar para o futuro, ancorando as discussões nos avanços e desafios económicos enfrentados por Angola, num momento em que o país realinha as suas estratégias geopolíticas e procura fortalecer a sua presença no cenário global.
Uma Nova Aliança Internacional?
Com a recente aproximação entre Angola e os Estados Unidos, simbolizada pela visita de altos representantes norte-americanos e novos investimentos anunciados, o debate girou em torno do impacto desse reposicionamento na economia angolana. Para Jonuel Gonçalves, investigador do Centro de Estudos Internacionais do ISCTE, essa mudança reflete não apenas uma estratégia económica, mas também uma tentativa de Angola de se consolidar como um actor relevante na África Austral, num momento em que a competição por influência no continente está mais acirrada do que nunca.
“Angola é hoje um país com potencialidades enormes, mas ainda preso a desafios internos graves, como a desigualdade, a corrupção e a dependência de recursos naturais. A aproximação aos Estados Unidos traz novas possibilidades, mas também exige maior responsabilidade na gestão dos recursos e na inclusão social”, enfatizou Jonuel Gonçalves.
Contrastes Sociais e Políticos
Outro ponto forte do debate foi a dicotomia entre o prestígio internacional crescente de Angola e a sua realidade social alarmante. O país, que recentemente subiu no índice de desenvolvimento humano (IDH) e conquistou avanços no combate à corrupção, ainda enfrenta situações de pobreza extrema. Dados revelam que cerca de dois milhões de crianças estão fora do sistema educacional, e boa parte da população vive sem acesso a bens e serviços essenciais.
Maria João Teles Grilo, arquiteta e interveniente no debate, foi contundente: “Como é possível falar em um país estratégico no cenário mundial quando a sua população vive em condições tão precárias? Precisamos de soluções reais que impactem a vida das pessoas de forma directa.”
João Armando, director do jornal Expansão, destacou a questão da credibilidade da oposição em Angola, afirmando que “a oposição tradicional em Angola tem dificuldade em apresentar soluções concretas. Isto deixa um espaço vazio que muitas vezes é ocupado por setores informais” e deu como exemplo uma questão inconstitucional: “Quando a ministra Vera Daves fez um decreto a dizer que cada deputado só tinha direito a um carro a Assembleia Nacional achou que devia dar dois. Fizeram uma reunião entre eles, sem acesso à imprensa, onde aprovaram juntos, partido estado e oposição, a entrega de dois carros para cada deputado. Cada carro custou 280.000 dólares”.
Educação e Desenvolvimento Humano
Entre os participantes, ficou clara a necessidade de um foco maior em educação e desenvolvimento humano. A falta de qualificação profissional, aliada à fraca qualidade escolar e um sistema escolar que não é universal, foi apontada como um dos maiores entraves para o crescimento económico sustentável de Angola.
João Ricardo Rodrigues, editor da Perfil Criativo | AUTORES.club, ilustrou o problema com um dado preocupante: “Mesmo em sectores essenciais como o do petróleo, as empresas enfrentam dificuldades para encontrar profissionais qualificados que saibam escrever correctamente em português. Isso mostra que a República não fez o trabalho de casa e precisa de investir urgentemente na educação.”
Angola e o Mundo: Um Futuro de Possibilidades
Apesar dos desafios apresentados, os especialistas também apontaram oportunidades. A localização estratégica de Angola, as suas riquezas naturais e o crescente interesse de potências globais são factores que podem alavancar o país para um novo patamar de desenvolvimento.
“É necessário que Angola construa um projecto nacional claro, que alinhe os seus interesses económicos e sociais. Só assim poderemos falar em um futuro realmente promissor”, concluiu Renato Pereira.
O debate contou ainda com a contribuição da ilustre professora Inocência Mata, ensaísta e investigadora, que chamou a atenção para a normalização de condições precárias na sociedade angolana. Para ela, “a questão central é como fazer com que as pessoas falem do quotidiano e das condições reais das pessoas, em vez de se centrarem apenas em indicadores macroeconómicos”.
Por fim, Vitor Ramalho, político e antigo presidente da UCCLA, reforçou que “a solução para os desafios de Angola é antes de mais política. Enquanto não houver uma determinação forte nesse sentido, não haverá crescimento económico que resolva os problemas estruturais do país.”
Os participantes deixaram o ISCTE com uma certeza: o caminho para Angola é longo, mas também cheio de possibilidades. Este debate foi uma chamada à ação e um convite à reflexão sobre como construir um país mais justo e equilibrado, tanto interna quanto externamente.
O Dia da Cultura Nacional em Angola é celebrado anualmente a 8 de janeiro, uma data que homenageia o discurso proferido em 1979 pelo primeiro Presidente de Angola, António Agostinho Neto, durante a posse dos corpos gerentes da União dos Escritores Angolanos(UEA). Nesse discurso, Neto destacou que “a Cultura evolui com as condições materiais e, em cada etapa, corresponde a uma forma de expressão e de concretização de actos materiais”, enfatizando a cultura como elemento essencial na unidade nacional e na afirmação da soberania do país.
Em 2025, as comemorações do Dia da Cultura Nacional terão como destaque a elevação da dança ancestral Olundongo, originária da região centro do país, especialmente do Huambo, a Património Histórico Nacional. Essa dança, rica em simbolismo para a nação Ovimbundu, será oficialmente reconhecida numa cerimónia marcada para 8 de janeiro. Autoridades tradicionais e historiadores do Huambo celebram essa iniciativa, considerando-a um passo importante para a preservação e valorização das tradições culturais angolanas.
O Ministério da Cultura de Angola tem desempenhado um papel fundamental na organização das atividades alusivas a esta data, promovendo a valorização do património cultural e incentivando a participação ativa dos cidadãos na preservação da identidade cultural do país. Em anos anteriores, a celebração incluiu a outorga de certificados de mérito a artistas e funcionários que contribuíram para o desenvolvimento da cultura angolana. (Nota do editor: A 8 de Janeiro de 2022, o Ministério da Cultura, Turismo e Ambiente outorga o diploma de mérito ao Historiador Carlos Mariano Manuel pela publicação do Tratado de História de Angola em 3 volumes, que constituem uma importante contribuição para a República de Angola. Foi um passo importante para conseguirmos realizar a apresentação na Fortaleza de São Miguel (Luanda) com sucesso).
Contudo, é importante notar que, apesar dos esforços, ainda há desafios na divulgação e conscientização sobre a importância desta data. Muitos angolanos desconhecem o significado do Dia da Cultura Nacional, apontando para a necessidade de uma maior promoção e educação cultural por parte das autoridades competentes.
O Dia da Cultura Nacional, 8 de Janeiro, serve como um momento de reflexão sobre a importância da cultura na construção da identidade angolana e reforça o compromisso de todos na preservação e promoção das diversas manifestações culturais que compõem o rico mosaico étnico de Angola.
Descubra a fascinante história de Custódio Dias Bento de Azevedo, intelectual rural que desafiou o poder colonial e marcou a identidade cultural de Angola.
Data: 4 de fevereiro de 2025 (terça-feira) Hora: 19h00 Local: Biblioteca Palácio Galveias, Sala Polivalente Campo Pequeno, Lisboa
Destaques do Evento: Apresentação da obra pelo autor e convidados especiais, acompanhada por debate sobre a relevância do 4 de Fevereiro de 1961 na História de Angola e de Portugal Sessão de autógrafos com Eugénio Monteiro Ferreira
Entrada Livre | Lotação Limitada
Reserve sua presença e faça parte desta celebração literária e cultural! Confirmação: eventos@autores.club Informações: (+351) 214.001.788
A poesia angolana encontra-se com o coração de Lisboa num dia histórico. É com imensa alegria que o(a) convidamos para a apresentação oficial de “Evangelho Bantu” (Ed. 2019), surpreendente obra poética de Kalunga (João Fernando André).
Evangelho Bantu é mais do que poesia – é uma jornada profunda pela identidade africana, um tributo à angolanidade e à africanidade, onde amor, espiritualidade e crítica social se entrelaçam em versos de resistência e esperança.
Local: Biblioteca Palácio Galveias, Sala Polivalente (Campo Pequeno, Lisboa) Data: 4 de fevereiro de 2025 Hora: 20h00
Colecção: Nova Poesia de Angola, volume 7
Venha sentir a força do verbo que exalta a mulher como símbolo de criação, que denuncia injustiças sociais e celebra a essência do ser bantu. Será uma noite de palavras e emoções, onde poesia e reflexão se unem para celebrar a nossa humanidade comum.
Na fria tarde de 3 de janeiro, Lisboa tornou-se palco de um evento especial: a apresentação do livro técnico “Refinação, Armazenagem, Distribuição e Comercialização de Derivados do Petróleo — O Papel dos Biocombustíveis“, da autoria do prestigiado engenheiro químico angolano António Feijó Júnior. O evento, realizado na acolhedora livraria Tantos Livros Livreiros, na Avenida Marquês de Tomar, 1-B, marcou o início de uma série de lançamentos literários que prometem destacar a cultura e o conhecimento tecnológico angolano.
O engenheiro António Feijó Júnior, com o jornalista e director do semanário Expansão, João Armando Neves (à direita) e com jornalista e autor de livros de investigação nos arquivos diplomáticos, Álvaro Henriques do Vale (à esquerda)
Reunindo um público atento de Angola e Portugal, a apresentação ofereceu um espaço de reflexão profunda sobre o sector petrolífero e a sua relevância na República de Angola. António Feijó Júnior compartilhou insights valiosos, sublinhando a necessidade de elevar o nível de exigência nos primeiros anos escolares no seu país. O autor também destacou que os países mais pobres produtores de petróleo têm a responsabilidade de definir uma nova agenda estratégica.
Segundo livro técnico do eng. António Feijó Júnior, primeira edição em 2024
Primeiro livro técnico do eng. António Feijó Júnior, primeira edição em 2017
A comunidade da diáspora angolana em Lisboa reuniu-se para uma celebração cultural no Marimba Restaurante, na fria noite de 21 de dezembro de 2024. O evento do Núcleo de Artistas Angolanos em Portugal, idealizado pelo radialista Jorge Madeira, foi um marco de convívio e troca cultural, reunindo figuras ilustres da República de Angola, representantes da Embaixada da República de Angola e renomados autores angolanos.
Entre os presentes destacaram-se o poeta Kalunga (João Fernando André) e o jornalista Vladimir Prata, que enriqueceram a noite com suas reflexões e trabalhos literários. A programação incluiu ainda apresentações de música, uma performance especial de Gary Sinedima, de exposição de artesanato e a disponibilidade de uma pequena selecção de obras literárias que capturaram a atenção dos convidados.
O Marimba Restaurante, localizado na Avenida das Descobertas, 47E, Infantado, Loures, provou ser o cenário ideal para este encontro, promovendo um ambiente acolhedor e celebrativo, perfeito para a fusão de arte, cultura e identidade angolana.
Este evento reforçou o papel essencial da cultura na conexão entre os membros da diáspora e suas raízes, destacando a riqueza e diversidade da expressão cultural angolana em terras lusas.
O editor da Perfil Criativo | AUTORES.club com o extraordinário músico Gary Sinedima
Livros publicados pela Perfil Criativo | AUTORES.club foram alvo de grande interesse
Sessão de autógrafos, na foto o poeta Kalunga
Restaurante Marimba na noite de 21 de Dezembro de 2024
PRESS RELEASE Reedição de “Kimamuenho — Um Intelectual Rural do Período 1913-1922” Autor: Eugénio Monteiro Ferreira
Uma Investigação Singular sobre a História Intelectual e Social de Angola
A reedição do emblemático estudo “Kimamuenho — Intelectual Rural 1913-1922“, de Eugénio Monteiro Ferreira, promete ser um marco nos debates sobre a construção histórica, social e cultural de Angola. Publicado originalmente em 1989, o livro retorna em 2025 com novo vigor, reafirmando-se como uma obra essencial para compreender a trajetória do intelectual rural Custódio Dias Bento de Azevedo, um dos principais nomes na reflexão crítica sobre os desafios do colonialismo e da modernização em Angola no início do século XX.
Sobre a Obra
Baseado em ampla pesquisa documental e entrevistas realizadas pelo autor na Rádio Nacional de Angola e na Televisão Popular de Angola, o livro analisa a vida e os escritos de Custódio Dias Bento de Azevedo, que sob o pseudónimo “Kimamuenho” — uma expressão em Kimbundo que significa “alma misteriosa” — destacou-se como funcionário público, proprietário rural e escritor envolvido na luta pela independência. Eugénio Monteiro Ferreira traça a luta desse intelectual pela afirmação cultural e política responsável pelas profundas transformações sociais e tomada de consciência de há 100 anos.
Os ensaios de Custódio, produzidos entre 1913 e 1922, oferecem uma perspectiva única sobre questões como a luta pela terra no Dande, a resistência às transformações coloniais impostas e a complexidade das relações entre o poder tradicional e o emergente capitalismo agrícola.
Por que ler?
História Profunda e Documentada: Explora os contextos culturais, políticos e económicos que moldaram Angola na transição do século XIX para o XX.
Perspectiva Crítica e Singular: Dá voz às dinâmicas locais e à resistência camponesa, frequentemente marginalizadas em narrativas coloniais.
Atualidade e Relevância: Aborda temas como desigualdades sociais, identidade cultural e ideologia, que permanecem cruciais para a Angola contemporânea.
Edição Atualizada
Esta edição revista inclui introduções atualizadas, novas análises e fontes complementares, fortalecendo seu papel como referência para estudiosos das ciências sociais e humanas. Além disso, propõe um diálogo sobre a historiografia e os desafios para a construção de uma memória plural e inclusiva.
Disponibilidade
A obra estará disponível a partir de 4 fevereiro de 2025 com lançamento na Biblioteca Palácio Galveias, em Lisboa, publicada pela Perfil Criativo – Edições, Arte e Cultura, com preço de capa de €17,00. Aquisições podem ser feitas em www.AUTORES.club.
Kimamuenho não é apenas uma biografia intelectual; é uma peça vital na construção de uma narrativa histórica que valoriza a pluralidade e a resistência como alicerces do progresso.
Interesse: Estudos sobre a história colonial e pós-colonial de Angola, transformações sociais e políticas do início do século XX.
Objetivo: Examinar os impactos do colonialismo, a formação da identidade cultural angolana e a luta pela terra no Dande.
2. Estudantes e Professores de Ciências Sociais e Humanas
Interesse: Uso em cursos de história, sociologia, antropologia e estudos africanos.
Objetivo: Ampliar o entendimento sobre a relação entre intelectuais locais e os sistemas de poder colonial.
3. Leitores Interessados em História de Angola e da África
Interesse: Narrativas que exploram as dinâmicas sociais e culturais angolanas no início do século XX.
Objetivo: Compreender o contexto histórico e cultural de Angola durante a era colonial.
4. Pesquisadores em Estudos Pós-Coloniais e Teorias da Resistência
Interesse: Reflexões sobre resistência camponesa, desigualdades sociais e processos de modernização em territórios colonizados.
Objetivo: Analisar como vozes locais contribuíram para o debate sobre identidade e soberania.
5. Ativistas e Organizações de Direitos Humanos
Interesse: Questões de terra, direitos indígenas e a resistência aos regimes opressivos.
Objetivo: Utilizar as lições históricas para entender e abordar questões contemporâneas de justiça social e redistribuição de recursos.
6. Angolanos e a Diáspora Angolana
Interesse: Recuperação e preservação da memória histórica e cultural do país.
Objetivo: Reforçar o conhecimento sobre as raízes da identidade angolana e as histórias de luta e resiliência.
7. Público Geral com Interesse em Biografias e Narrativas Históricas
Interesse: Histórias reais que conectam experiências individuais a grandes transformações sociais e políticas.
Objetivo: Explorar o papel de figuras como Custódio Dias Bento de Azevedo na história local e global.
A obra é especialmente relevante para quem procura entender como vozes intelectuais influenciaram o debate cultural e político de sua época, com impacto que ressoa até hoje.
O evento terá lugar no dia 3 de janeiro de 2025, às 17h30, na livraria Tantos Livros, Livreiros localizada na Avenida Marquês de Tomar, 1-B, 1050-152 Lisboa.