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Faleceu o poeta Adelino Torres.

Faleceu o poeta Adelino Torres.

POR TOMÁS LIMA COELHO

Perdi um amigo.

A sociedade perdeu um resistente antifascista, um economista, um professor, um ensaísta.

E um poeta, que era como ele gostaria de ser recordado quando partisse, confidenciou-me um dia.

Retenho o tempo que passei ouvindo-o falar de Angola, da resistência ao colonialismo, das clandestinidades, dos episódios em Argel e Paris, da sua vida de docente em França, país que lhe concedeu a nacionalidade.

Ou ainda o entusiasmo com que me falava dos filósofos africanos, de quem era estudioso e um profundo conhecedor, sendo ele também um filósofo, conforme se avalia num poema seu que aqui deixo.

E expresso a minha eterna gratidão pela sua generosidade em ter prefaciado e participado na apresentação do meu trabalho sobre os Autores e Escritores de Angola, na sede da CPLP em 2016.

Estamos juntos, Adelino Torres, meu amigo poeta.

INUTILIDADE

A questão dos mortos que morreram,

o que lhes acontece e para onde vão

é um dilema filosófico

sem alcance nem utilidade,

tão inútil como um sonho

que se desvaneceu ao acordar.

Ocupemo-nos antes dos vivos

da dor e do remorso

que podem ser recuperados

quando alguma coisa vale a pena.

(in Vida Breve, 2016)


Informação sobre as cerimónias fúnebres:

Domingo (10 de março), das 17h00 às 22h00: Velório na Capela Mortuária da Igreja da Parede
Segunda-feira (11 de março), das 13h30 às 15h00: Homenagem na Capela Mortuária da Igreja da Parede; às 16h00: Crematório de Rio de Mouro, Sintra

Fonte: ISEG

Biblioteca Provincial do Huambo apresenta obra de Mafrano

Biblioteca Provincial do Huambo apresenta obra de Mafrano

O Gabinete Provincial da Cultura, Turismo e Ambiente, a família de Maurício Francisco Caetano e o editor convidam V/ Ex.a para a apresentação do segundo volume da colectânea “Os Bantu na visão de Mafrano — Quase Memórias“, de Maurício Francisco Caetano (1916-1982), na Biblioteca Provincial do Huambo, no dia 23 de Março de 2024, às 11h00.

Biblioteca Provincial do Huambo

Figueira da Foz esgota livros do “Sul”

Figueira da Foz esgota livros do “Sul”

24/02/2024 — Cinquenta anos após o 25 de Abril de 1974, o poeta António Manuel Monteiro Mendes apresentou o seu mais recente livro de poesia “Sul“, na Figueira da Foz. Terra que acolheu o autor como refugiado, em fuga à violência que escalou o processo de independência de Angola entre 1974 e 1975.

Álvaro Poeira é um pseudónimo de António Manuel Monteiro Mendes. O poeta nasceu no Mavoio, muito próximo de Maquela do Zombo e de Mbanza Kongo (São Salvador do Congo).

Na apresentação do livro “Sul” na Escola Secundária Dr. Joaquim de Carvalho, estiveram na mesa de honra para além do autor e do editor da Perfil Criativo, os antigos colegas São Simão, José Veríssimo e Carlos Santos, director deste estabelecimento de ensino. Os antigos colegas do liceu encheram a sala e levaram praticamente todos os exemplares disponíveis.

Palavras do poeta no dia seguinte

Ontem.

No significado do que passou.

Do agradecimento que ficou.

Tantos amigos, tantos.

Ontem. Hoje.

Na amizade que perdurou.

No abraço que foi partilhado.

Tantos senhores, senhoras, meninos, meninas, tantos amores.

Amanhã.

A rotina regressa. A memória é uma seta.

Besta. Doença. Benção.

Todos são palavras de ontem.

Serão frases de amanhã.

Obrigado, muito obrigado aos meus amigos do recreio, pátio interior, corredor e salas de aulas.

Partilha de segredos de intenso valor.

Refúgio do amor.

Obrigado.

Sobraram dois. Dois livros.

Aquela geração é assim.

Um hino à amizade.

Figueira da Foz apresenta obra de poeta do Mavoio (Angola)

Figueira da Foz apresenta obra de poeta do Mavoio (Angola)

O autor, António Manuel Monteiro Mendes, e o editor da Perfil Criativo – Edições têm o gosto de convidar V. Ex.ª para a apresentação do livro “SUL“, de Álvaro Poeira, na Escola Secundária Dr. Joaquim de Carvalho, no Sábado, 24 de Fevereiro de 2024, às 15h00.

O Outro Lado da Poesia

Nasci entre paredes cobertas no Miombo,

numa casa muito simples de cor branca, 

colocaram-me num cesto de verga em colchão 

almofadado, num país de Vales Verdes, 

Mandioca, Penhascos de Arenito, Imbondeiro, Múcua seu fruto inteiro.

*

Ali nascido, como diria mais tarde a poetisa, 

“de eu te dar sem tu dares(…)

morre o florir de mil pomares(…)

*

Cresci sem ver as Rosas de porcelana, 

fendas do Bimbe, o Morro Maluco 

só vi de longe nas viagens 

para Capunda-Cavilongo. 

Nunca aspirei a brisa molhada

das Quedas de Kalandula nem vi,

na copa das árvores 

o Macaco azul, nem as pedras 

em Pungoandongo.

*

Ali crescido, ainda não lido, como escreveu

outro poeta, “não me deixes perder o que me é,

acrescento eu, que por amor do outro lado, 

me foi dado”. 

*

Depois, numa madrugada ou manhã, 

de avião aterrei, num local onde meu pai e mãe

foram gerados, cada um em praias e rios, 

montes e montanhas separados…

*

Me abraçaram sem culpa nos seus olhos e, 

o poeta, de novo me deu alento, acenando-me que,

os meus pais o que queriam era um outro eu,  

o do outro lado da poesia, dito agora sem alarde

ao senhor, “que por eles, sim, 

vim decorar as águas dos seus rios com folhas 

deste Continente, agora, meu outono 

para sempre perturbado(…)

*

A Serra do Pingano, Rio Curoca, as halófitas,

Dunas brancas, Lírios d’agua da Lagoa 

dos Arcos, a Palanca Negra Gigante, Golungo 

e Boi-Cavalo, Zebra e Pacaças, que chegavam mortas,

atadas num jipe perto da minha casa, 

dividida a carne dos animais, por menos, 

por tantos outros mais. 

*

As Pedras Malachitas e Cupritos numa mina sita

na savana tropical molhada, a um sonho 

do Maiombe, longe das miragens do deserto, 

pedras semipreciosas ametistas outra vez mais 

a norte, miragens no asfalto a caminho 

do Porto pesqueiro do Pinda, 

mais a sul o Tômbwa.

*

Tudo isto é detalhe esculpido no meu rosto. 

*

Marcado a cinzel com bravura soube sempre. 

Uma escultura no Minho, Trás os Montes,

Beira Litoral, Baixa, vejo nos meus olhos

as velas na minha baía, errantes, sem ondas

de grande altura, morrendo breve, brevemente,

sem espuma, por acção do peito meu, que,

apesar da intensa espera, em quase nada

se pinta ou se altera.

*

Tenho a outra poesia numa escultura de ébano,

num coração retido no limiar de tanto rio,

nas margens da selva, e cresci assim, sem saber 

que um lá outra eira a do tio Joaquim,

me sentaria na beira descaroçando o milho.

*

A soberba dos projécteis disparados sem rigor 

mataram irmãos e meninos, mulheres

e homens para sempre cegos e feridos.

*

Cresci na leitura. 

No leito de uma cama nunca minha. 

Casas de berço foi só uma de vivência.

Corri o meu país de carro, comboio, barco

e avião e aí foi uma dezena, que, apesar

de pequeno me cedeu sementes de cultura.

*

Não me lembro de tudo, quase nada ficou,

apenas uma parte do nada de ti…

*

Nesse jogo, para lá da outra poesia, 

entre o mato, as picadas, mosquitos, animais 

de porte, lacraus e cobras verdes, fendas 

e massango, massambala, 

uma espécie de sorgo foi expulso. 

Numa tarde de vento quente quente 

imaginário, perto do fim da estação seca, 

fui escorraçado e na parte de trás 

de uma carrinha fiz uma última viagem 

como pendura.

Como refugiado.

*

Não sei como cresci…

*

Morri. 

Tenho a árvore da chuva que me dá água. 

*

O capim de sangue quase esgotado. 

Mas não, não posso dizer nada

sem o outro lado de um esgar, num poema,

ou um sufoco na garganta, uma convulsão

no peito, um som que não sai pela boca. Nada.

*

Escrevo a poesia, esta…de te amar,

vendo-te permanentemente sem te poder tocar.

ÁLVARO POEIRA

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Álvaro Poeira*

Todos os textos são da autoria de António Manuel Monteiro Mendes, bem como os seus pseudónimos.

Nasceu em 1959. Numa pequena povoação no norte de Angola. Mavoio. Junto ao rio Tetelo. Filho de pais sem posses, mãe doméstica e pai serralheiro mecânico, viajou com eles e sua irmã, por Angola. Pouco tempo foi.

Em 1974, foi expulso da sua terra Natal.

Não conheceu a casa nem a terra onde a sua mãe o deu à luz. Veio como refugiado para Portugal. Quebrado.

Em estilhaços que ainda hoje tenta colar.

Tem três filhas de dois casamentos.

Viveu em tantas casas que só algumas retêm a sua memória.

Escreve desde sempre. Este é um pequeno grito de outros milhares que redigiu. Sabe, tem consciência que outros contos, lendas, prosas poéticas e poemas barafustar sob um Embondeiro,aclamando na sua justiça, pela identidade do autor, que aqui teriam lugar.

Não dá… Um dia, todas letras voarão por lá…

*Alberto Poeira e Álvaro Poeira, são pseudónimos de António Manuel Monteiro Mendes

Homenagem a Manuel Fonseca

Homenagem a Manuel Fonseca

Na próxima semana estes pequenos livros, carregados de poesia irreverente, chegam a Luanda.

NOTA DO EDITOR: JOÃO RICARDO RODRIGUES

Depois de termos publicado, na colecção “Poesia no Bolso”, a geração mais recente de poetas de Angola, decidimos, no início de 2024, dar voz a “Frei Maneco”, um pseudónimo de Manuel Fonseca de Victória Pereira, um poeta de humor e sarcasmo virtuais, com intervenção crua nas redes sociais, ao estilo de “Literatura de Cordel” (ler o texto de introdução “Uma Poesia Distópica para Míopes”, de E. Bonavena, na página 10).

Manuel Fonseca de Victória Pereira nasceu em 1958, ao Sul de Angola, em Moçâmedes, na Província do Namibe. Estudou no Instituto Superior de Ciências e Educação de Angola, foi professor, formador de professores e ocupou o cargo de vice-presidente no sindicato de professores de Angola, SINPROF

Tem sido uma voz inconformada, com uma incisiva intervenção política, fruto do seu principal lema de vida: “Servir a sociedade e os seus ideais e mudar o que puder dentro das minhas possibilidades”.

Faz parte da tradição da família Victória Pereira a intervenção política e cultural. Na memória colectiva fica a intervenção musical “”, de Manuel Fonseca no concerto “Liberdade JÁ”, pela libertação dos presos políticos na República de Angola, no Elinga Teatro, em Agosto de 2015.

Neste pequeno livro, isento de qualquer censura, encontramos também um conjunto alargado de desenhos — irreverentes — de Manuel Fonseca.

A publicação da obra de “Frei Maneco” é uma homenagem dos amigos da escola primária 55, amigos de sempre, Pedro Lara, Mário Ferrão, Mário Vaz e Victor Torres.

“Eu sou o doido d’Aldeia Global, 
Eu babo muito, mas não faço mal. 
Graças a mim, o mundo avança, 
E quando eu toco, todo o mundo dança.(…)”

FREI MANECO

Versos Sacanas” (Ed. 2024), de Frei Maneco

Angola em aula aberta no ISCTE (Lisboa)

Angola em aula aberta no ISCTE (Lisboa)

5/2/2024 — O Centro de Estudos Internacionais do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa apresentou o livro “Angola: Cinco Séculos de Guerra Económica“, de Jonuel Gonçalves, nome artístico/literário do Prof. Doutor José Gonçalves.

A apresentação teve a moderação do Prof. Doutor Renato Pereira, professor auxiliar no ISCTE e investigador do BRU-ISCTE e CEI-ISCTE.

O público presente na sala participou na parte final da actividade.

O registo em vídeo, que muito agradecemos, é do escritor angolano João Fernando André (Kalunga).

Registo em vídeo da actividade no ISCTE

“O colonialismo e a cleptocracia são dois regimes de guerra económica permanente. Ambos visam a captura de recursos com base em posições de privilégio ou de força nos centros de poder, mantendo-se pela repressão. Angola teve três séculos da sua construção como território sob regime de captura de escravos. A sua construção como país independente tem sido marcada pela captura de recursos financeiros do Estado, tanto das reservas em moeda convertível, como em favoritismo estrutural no acesso a contratos públicos e comissões para concessão dos mesmos.”

Este livro é o primeiro no projeto de estudo sobre Guerras Económicas, conduzido pelo autor.

O segundo focará o Brasil perante efeitos do mesmo problema no século XXI. A escolha dos dois países decorre da ligação entre ambos na criação de economias sob várias formas de violência, como aliás fica patente no presente texto.

Esta obra publicada em livro vai ser o primeiro eBook em versão ePUB publicado pela Perfil Criativo — Edições. Estará disponível nos próximos dias em qualquer parte do mundo, a preço reduzido.

Fim de stock com descontos no máximo

Fim de stock com descontos no máximo

Livros publicados pela Perfil Criativo em fim de stock com descontos no máximo (-65%) na Loja dos Autores. Uma oportunidade única para encontrar livros a partir de 3,50 euros.

Guia 2024: “Como Reforçar a Imunidade?”

Guia 2024: “Como Reforçar a Imunidade?”

A segunda edição actualizada do livro “Guia de Imunonutrição: Como Reforçar a Imunidade?” (ISBN 978-989-35368-5-8), de Luís Philippe Jorge. A primeira edição desta obra foi publicada com a chegada da pandemia do “COVID 19”, durante primeiros meses de 2020. Foi revista e actualizada, tem 88 páginas e o Preço de Venda ao Público é de 12,00 euros que inclui a taxa de IVA.

Como Reforçar a Imunidade?
Este livro baseia-se nos princípios bioquímicos da nutriterapia

(…) Não esquecer que o stress e a ansiedade, actualmente exacerbados, são factores que têm importante incidência na imunidade. O nosso sistema imunitário depende essencialmente do nosso estilo de vida, principalmente daquilo que praticamos em termos de cuidados corporais (higiene e actividade física) e da alimentação. Muitas pessoas já  têm mais consciência de que a nossa imunidade pode ser reforçada pela nutrição e por determinados suplementos vitamínicos e mineralógicos. 
Os especialistas em epidemiologia, virologia, infecciologia e certos eruditos no campo da micronutrição, bem como alguns em medicina geral, sabem perfeitamente que o que ingerimos e a actividade física são os principais determinantes da estabilidade do nosso sistema imunitário, bem como para evitar a síndrome metabólico e outras doenças. 
Para responder de forma esclarecedora e enriquecedora, a muitos dos leitores, parece-me importante publicar um conjunto de informações e soluções, não só para consolidar a nossa imunidade mediante a nutrição e/ou a suplementação, mas também para entrever a forma como a nutrição intervém como meio de regulação e modulação de reacções inflamatórias, as quais são um factor presente em todas as patologias, desde a simples constipação até ao espectro do cancro. 
Nessa perspectiva, este livro de bolso visa fornecer sugestões para melhorarmos a nossa qualidade de vida e, tanto quanto possível, imunizarmo-nos em relação a muitas patologias (físicas e psíquicas). Para facilitar a leitura e seleccionar o que mais vos pode interessar, distribuí o conteúdo da seguinte forma: 

Parte 1: Prevenir as infecções
Parte 2: O que é o coronavírus? 
Parte 3: 1ª questão: ‘’Porque é que sucumbimos às infecções?’’; 
Parte 4: 2ª questão: ‘’Porque é que os alimentos já não fornecem as necessidades micronutricionais?’’;
Parte 5: O estilo de vida e a imunidade (o exercício físico)
Parte 6: A imunonutrição (papel das boas gorduras e vitaminas)
Parte 7: A imunonutrição (os minerais imuno-estimulantes)
Parte 8: A reacção inflamatória
Parte 9: Alimentação pró-inflamatória e anti-inflamatória
Parte 10: Os efeitos prejudiciais dos açúcares na imunidade e na microbiótica
Parte 11: Recapitulação

Atenção: esta entrevista foi realizada em 2020, durante a chegada do COVID 19 e apresentação da primeira edição.

O Autor: Luís Philippe Jorge

Psicoterapeuta (abordagem psico-orgânica – ortomolecular), 
Certificado em Nutriterapia CFNA (Centro de Formação em Nutriterapia Aplicada – Bélgica)
Formador acreditado pelo CPFC (Conselho Cientifica-Pedagógico da Formação Continua, Braga)
Estudos em naturopatia e aromaterapia (Canadá)
Formação em digito-electro-acupunctura (Canadá)
Psicografólogo, certificado em Grafologia (1987) pelo Instituto Canadiano de Caracterologia (Canadá)


Autor dos livros: 
Da psicologia da escrita à descoberta da grafologia” (Ed. 2011)
O desapego”(Ed. 2015)
Como reforçar a imunidade”(Ed. 2020)

Gemma Almagro e Izaskun Barbarie conquistam público com palavras e música

Gemma Almagro e Izaskun Barbarie conquistam público com palavras e  música

Mais uma vez, Gemma Almagro e Izaskun Barbarie animaram o público em “Patas Arriba” na RAI-Associació Cultural, no centro de Barcelona, no dia 19 de Janeiro de 2024. Armadas, como sempre, com o melhor dos seus explosivos, a palavra e a música, conseguiram esgotar a sala e se entregar completamente a este espetáculo subversivo, divertido, crítico e profundo.

O público passou das gargalhadas a uma verdadeira emoção com a poesia de trincheira de Gemma Almagro e ovacionou a grande pianista Izaskun Barbarie nos seus extraordinários e originais solos no piano. “Patas Arriba” demonstrou, mais uma vez, que o circuito emotivo com que envolve os espectadores é capaz de combinar com o lado guerrilheiro e violento com a ternura e a emoção mais pura.

Patas Arriba – Alta comédia para pessoas ousadas” tornou-se uma sátira moderna sem precedentes, e suas duas integrantes formam, sem dúvida, a dupla mais sincrónica e disparatada do momento. Siga-as nas redes para não perder seus vídeos mais divertidos! @patasarriba21

Para saber mais aconselhamos a leitura, em castelhano, dos livros de Gemma Almagro:

Poesía de Trinchera – Altamar

Patas Arriba

António Pinto (1937-2024)

António Pinto (1937-2024)

Por JOÃO RICARDO RODRIGUES

É com profunda tristeza que comunicamos o desaparecimento físico do autor, advogado, jornalista e professor angolano, António Pinto.

António Pinto nasceu na Gabela-Amboim, na província do Cuanza-Sul, a 11 de Dezembro  de 1937, foi aluno no Liceu Salvador Correia, licenciou-se em Direito com distinção, pela Universidade Independente de Angola (UnIA), em 2010. Faleceu a 29 de Janeiro de 2024, o funeral está marcado para hoje, 1 de Fevereiro de 2024, no Cemitério de Santana (Luanda).

Como jornalista, António Pinto, publicou mais de 500 peças no Correio da Semana, Jornal de Angola e Semanário Agora, entre 1998 e 2012.

Foi docente universitário, consultor jurídico e advogado, inscrito na Ordem dos Advogados de Angola.

António Pinto foi traído pela má interpretação das palavras do título de um livro

Publicou em 1974 o livro “13 Anos de Luta Armada. Porquê?” Um extraordinário “best-seller” (livro mais vendido), entre 1974 e 1975. Após o 25 de Abril de 1974, a população em Angola, maioritariamente sem cultura política, queria perceber o que se estava a passar. Mesmo por aqueles nativos, de origem portuguesa, que estavam a ser encaminhados para uma diáspora forçada na África do Sul, Brasil e Portugal, nas vésperas da independência.

O livro começa com uma declaração de António Agostinho Neto, em 1968, em Dar-es-Salan: “Para o MPLA nunca a existência de uma grande comunidade branca em Angola constituiu um problema em si, pois o nosso partido é por princípio anti-racista.

Segundo António Pinto, nunca ficaram devidamente esclarecidas as reais motivações políticas que em 1976 ditaram que o livro “13 Anos de Luta Armada. Porquê?” Fosse retirado das livrarias angolanas. 

Em 1977, em tempo de caça às bruxas que se prolongou até 1979, durante a construção da República Popular na sua fase mais acalorada e empenhada num socialismo radical, não surpreendeu que esta obra viesse a desagradar alguns sectores que consideraram este pequeno livro contrário à linha política e ideológica.

Anteriormente em 1976, durante a presidência do Doutor António Agostinho Neto, o livro foi objecto de uma análise promovida pela Comissão Directiva do MPLA e o autor, já militante do Movimento Popular de Libertação de Angola, foi chamado a depor, o que fez com a entrega de um extenso relatório justificativo de 38 páginas.

Capa do livro publicado em 1974, a imagem é da Associação TCHIWEKA de Documentação (ATD)

Fica a saudade

O nosso ponto de encontro era na marginal de Luanda, junto à fortaleza, e sou testemunha da tenacidade de António Pinto na construção da República, na verticalidade, no humanismo e acima de tudo no seu empenho em ser um homem melhor. Nunca desistiu, exemplo disso é ter concluído com êxito os seus estudos académicos aos 73 anos. Uma proeza que é também um exemplo para todos nós. À família e amigos de António Pinto desejamos muita coragem e muita força nesta hora difícil.