Universidades brasileiras promovem debates sobre a colectânea de Mafrano

Universidades brasileiras promovem debates sobre a colectânea de Mafrano

JORNAL DE ANGOLA (17/10/2023)

O docente universitário Kabengele Munanga, considerado o pai da moderna Antropologia Cultural no Brasil, confirmou a sua participação numa vídeo-conferência sobre a colectânea “Os Bantu na visão de Mafrano”, que está a ser organizada pela docente Lima Sueli de Lima, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).

A vídeo-conferência está agendada para o dia 10 de Novembro deste ano, às 10h00, horário de Brasília (14h00 em Angola). Um dia antes, a 9 de Novembro, pelas 19h30 (horário de Brasília), Kabengele Munanga vai animar um debate idêntico com o Centro Universitário Campos de Andrade, de Curitiba (Uniandrade), a convite da docente universitária Greicy Pinto Bellin.

Ambos os encontros terão a participação de estudantes, académicos, público interessado e membros da família de Maurício Francisco Caetano “Mafrano”.

Os Bantu na visão de Mafrano”, colectânea póstuma em três volumes e mais de 700 páginas, foi compilada a partir de trabalhos dispersos em vários jornais e revistas, entre 1947 e 1982, com ênfase para os jornais “O Apostolado”, “Angola Norte”, “O Angolense”, a Revista Angola da Liga Nacional Africana e o “Boletim de Finanças”, de que Maurício Caetano, o autor, foi correspondente, redactor e colaborador.

O seu vasto espólio literário inclui temas como Antropologia Cultural, “Crónicas ligeiras”, “Notas a lápis”, “Episódios Vividos”, “Tertúlias”, contos e textos lidos aos microfones da “Rádio Ecclesia de Angola”, a emissora católica. 

O autor estudou e observou hábitos e costumes autóctones em províncias como Malanje, Uíge, Cabinda, Cuanza-Norte, Bengo, além de Luanda, onde trabalhou como oficial de impostos dos então “Serviços de Fazenda e Contabilidade”, mais tarde Ministério das Finanças, a partir de Novembro de 1975.  

Mafrano nasceu na cidade do Dondo, em Angola, onde teve como tutor o sacerdote santomense José Pereira da Costa Frotta, que acompanhou toda a sua formação até à idade adulta.

O autor de “Os Bantu na visão de Mafrano” faleceu a 25 de Julho de 1982, aos 65 anos.

Poesia de Álvaro Poeira* na “Sanzala dos Brancos”

Poesia de Álvaro Poeira* na “Sanzala dos Brancos”

“Tem gente que levita na duna

que nunca comprou,

Tem alma que almeja areia ou grão

que nunca doou…

Tem ser humano que sabe de cor a corrente

do rio onde se banha a lágrima

e onde se brinca com o crocodilo, 

Tem mulher Himba que no calor

do meu ser é minha sem a ter, 

É bebé, é mãe, avó, é a natureza

que me serena… nem que seja num dia já

deitado, num livro pleno de frases sem hiena, leões, palancas, zebra, macaco, planta ou seca, mesmo sem pó…

Aiuê, aiuê, “tou” numa margem que

“tu não me vê…”

(…)

ÁLVARO POEIRA* in Minha Terra!

*Alberto Poeira e Álvaro Poeira, são pseudónimos de António Manuel Monteiro Mendes

António Manuel Monteiro Mendes

VICTOR TORRES**

Rua Paulo Inácio Guerreiro, na Sanzala dos Brancos, em frente ao Rádio Clube do Namibe, com um areal convidativo para umas futeboladas e umas corridas aos “papa-areia” que por lá andavam a debicar a semente do capim, os pequenos passaritos que sempre nos enganavam com os seus movimentos repentinos, esses movimentos que nos deveriam ter servido de antecipação ao fim de um sonho que só soubemos depois que era um sonho nunca sonhado nem imaginado, tal a inocência que nos assomava.

Foram assim os últimos tempos. Os que nunca julgámos que iam acontecer.

E que nos serviram para os outros tempos na terra dos outros. E que nos ensinaram a sobreviver na chamada civilização e a ter uma capacidade de resiliência, a que chamo mais de teimosia, que nos levou a vencer as dificuldades da vida material, mas não da espiritual ou a do sonho.

Porque esse ficou lá, na terra, no sítio onde nascemos, onde brincámos, onde nos formámos moralmente, sim, lá na nossa terra, a que temos cá dentro e a que nunca nos podem tirar do nosso sentimento, pois lá está por amor, é esse o segredo.

Entendo o teu recuo quando te digo: “vamos, vai ver o que sobrou de ti, vai olhar para a baía, para a praia, vai poetar o teu íntimo com o que os teus olhos vêem, abre-te, vai com o coração e deixa a incerteza fechada no teu bolso, não percas o que ainda podes fazer”.

Será que ias desconseguir? Será que ali, já não te saía a poesia de dor que te transporta, mas antes a alegria do amor escondido desde que chegaste à Tuga, como lhe chamávamos?

E o que farias? Será que te ias reencontrar neste retorno? Ou que ficarias de novo a vaguear feito Cazumbi? 

Vamos só mesmo tratar dos nossos no nosso Kimbo e continuar a viver nos sonhos, agora que sabemos que podemos contorná-los e adaptá-los a nós.

É esse o nosso poder, o de transformarmos, a nosso favor, o que acharmos…

…e a nunca mais nos expulsarem, pois o que temos no coração não se rende.

Vamo só na Poeira do Alberto poeirando no quintal do jipe, felizes, ao sol, de cabelos compridos ao vento como se o amanhã não existisse.

Companheiro, uma boa jornada!  

** In Prefácio do livro “SUL“. Victor Torres é autor do livro “Caraculo a minha paixão | Deserto de Moçâmedes (Namibe) | Álbum fotográfico do século XIX e XX” (Ed. 2020). Kamba do autor em menino.


Álvaro Poeira***

Todos os textos são da autoria de António Manuel Monteiro Mendes, bem como os seus pseudónimos.

Nasceu em 1959. Numa pequena povoação no norte de Angola. Mavoio. Junto ao rio Tetelo. Filho de pais sem posses, mãe doméstica e pai serralheiro mecânico, viajou com eles e sua irmã, por Angola. Pouco tempo foi.

Em 1974, foi expulso da sua terra Natal.

Não conheceu a casa nem a terra onde a sua mãe o deu à luz. Veio como refugiado para Portugal. Quebrado.

Em estilhaços que ainda hoje tenta colar.

Tem três filhas de dois casamentos.

Viveu em tantas casas que só algumas retêm a sua memória.

Escreve desde sempre. Este é um pequeno grito de outros milhares que redigiu. Sabe, tem consciência que outros contos, lendas, prosas poéticas e poemas barafustar sob um Embondeiro,aclamando na sua justiça, pela identidade do autor, que aqui teriam lugar.

Não dá… Um dia, todas letras voarão por lá…

*** Alberto Poeira e Álvaro Poeira, são pseudónimos de António Manuel Monteiro Mendes

Danilo Facelli Fierro: “primera recopilación de lo inacabado”

Danilo Facelli Fierro: “primera recopilación de lo inacabado”

DANILO FACELLI FIERRO*

En Marzo de 2003 leí por primera vez mis escritos ante un público. Veinte años después sigo haciéndolo. De hecho, la columna vertebral de mi trayectoria en el mundo del arte es la sucesión de palabras que se han ido juntando una detrás de otra.

Pero hace mucho más de veinte años, quizás hasta haga más de treinta, que empecé a trazar el recorrido desde y por la palabra. Aquí se recoge un pequeño puñado de este kilometraje casi infinito.

La recopilación que os presento es de escritos nacidos para ser recitados.

De hecho, algunos como te dejo o cuña publicitaria salieron primero de manera oral y se escribieron después. El grueso del libro se ha hecho en directo. Los textos han experimentado transformaciones a fuerza de presentarlos en escena.

¿Se le puede llamar poemas a lo que encontraréis aquí? Esto lo dejo a vuestro gusto y criterio. Yo todavía no lo sé. El papel y el escenario son soportes distintos, que necesitan distintas maneras de accionar con la palabra sobre ellos. Por mi parte, después de buscar múltiples maneras de nombrarlos, no he encontrado ninguna que se le acerque más. Así que de momento, lo dejo en poemas. Si alguien da con un término más acertado, por favor, que me lo haga saber para próximas ediciones.

Lo poco que puedo decir sobre los textos que componen Material Inflamable, es que después de recitarlos o leerlos en voz alta, por un lado me siento mejor y por otro se produce un acto comunicativo con el público, que va más allá del intercambio de información. Algo se mueve en el grupo que somos, y ese movimiento genera una sensación más agradable a la que había antes de empezar el recital. Así que poner en carne las palabras genera una mejora colectiva. Esta es la razón principal por la que sigo escribiendo.

Volviendo a la selección del libro, deciros que los poemas elegidos, ni están puestos por orden cronológico (Excepto el último) ni ninguno de ellos es de antes de 2008. Los textos que han decidido quedar impresos en estas páginas, son aquellos que se han ganado un hueco en mi repertorio recital tras recital y otros a los que les tengo un cariño especial. Eso sí, no he puesto poemas que ya estuvieran o vayan a estar en otros libros.

En esta públicación solo hay agrupaciones de palabras sin hogar familiar sólido (Varios de los poemas han salido en fanzines y plaquettes, pero nunca en formato libro).

También, cuando lleguéis al final, encontraréis una invitación a invitarme: una cronología en enunciados que se escribirá por capítulos, si recibo veinte invitaciones distintas de las personas que hayáis leído el libro. Ahora no creo que se entienda, pero cuando llegue el momento estará bien explicado.

Espero que disfrutéis de Material Inflamable tanto como yo disfruto escribiendo, recitando y leyendo en voz alta ante personas, animales, microorganismos diversos, plantas y árboles. 

Muchas gracias por estar con los ojos puestos sobre estas palabras, nacidas siempre al borde del precipicio.

Pero el prólogo no acaba todavía. Continuará como una enredadera apareciendo por aquí y por allá durante toda la publicación.

Esta frase me genera otra pregunta:

¿Un prólogo que se desarrolla entre las páginas del libro, es un prólogo?…

*In prologo


Danilo Facelli Fierro

Ser humano que ejerce de poeta a tiempo completo. Desde 2004 distribuye su obra poética en la calle. Entre 2005 y 2010 forma parte de las compañías aQúTeatro y Los Estupendos Estúpidos. En 2007 crea Vivir del Bolo, un proyecto escénico que combina poesía, teatro y música en directo. En 2016 dirige el espectáculo de circo (In)*finit de la compañía Zero. En 2017 publica el poemario Soñando Con y en 2018 el libro de aforismos Chupitos. En 2019 presenta la verbena poética del Festival Barcelona Poesía y es seleccionado para crear y representar Aldarri, una obra de teatro de calle creada para el Festival Eztena en Rentería, Gipúzkoa.

En 2013 diseña los contenidos de la formación teatral intensiva La Palabra Viva que continúa impartiendo hasta el día de hoy. Desde 2014 coordina el ciclo de poesía escénica Perifèric Poetry Mataró y entre 2017 y 2021 fue presentador, junto a Marc Rodrigo del Lokal de Risc, cabaret trimestral que se celebra al Ateneu Popular de 9 Barris

El año 2020 co-dirige Toca Toc de la compañía Pakí Payá y ganan el premio Zirkólika al mejor espectáculo de circo en carpa, también publica el poemario La Tierra y el Barrio y entra en El Laboratorio de los imposibles: un grupo de performers que se reúne para llevar a cabo acciones artísticas en diferentes ciudades de Catalunya. En 2021 ejerce de presentador virtual de Vociferio, Festival de poesía de València, participa en la performance téxtil Kapada de Georgina Marqués y actúa en el espectáculo de circo-teatro Shake, Shake, Shake de la compañía Pakí Payá

En 2022 estrenó los espectáculos La Tierra y el Barrio (Marzo) y La Vida es una Fuerza Oscura (Octubre). En 2023 ha dirigido el Combinat de Circ 59 del Ateneu popular de 9 Barris y celebra que hace veinte años de su primer recital de poesía.

O nosso TOP de vendas nas lojas da FNAC

O nosso TOP de vendas nas lojas da FNAC

17/10/2023 — Top de vendas das nossas edições nas lojas FNAC durante a segunda semana de Outubro (Alfragide, Colombo, Norteshopping):

1º (Primeiro Classificado)

Senhores do Sol e do Vento — Histórias verídicas de Portugueses, Angolanos e outros Africanos”, de José Bento Duarte;

2º (Segundo Classificado)

Caraculo, a Minha Paixão | Deserto de Moçâmedes (Namibe) | Álbum Fotográfico do Século XIX E XX”, de Victor Torres.

3º (Terceiros Classificados)

 “Angola: desde antes da sua criação pelos portugueses até ao êxodo destes por nossa criação” — 2ª Edição — Vol. I, de Carlos Mariano Manuel;

Angola: desde antes da sua criação pelos portugueses até ao êxodo destes por nossa criação” — 2ª Edição — Vol. II, de Carlos Mariano Manuel;

Angola: desde antes da sua criação pelos portugueses até ao êxodo destes por nossa criação” — 2ª Edição — Vol. III, de Carlos Mariano Manuel;

“Peregrinos da Eternidade | Crónicas Ibéricas Medievais (Como nasceu a dinastia que lançou Portugal no Mundo)”, de José Bento Duarte.

Os nossos livros mais lidos nas lojas da FNAC na primeira semana de Outubro

Os nossos livros mais lidos nas lojas da FNAC na primeira semana de Outubro

10/10/2023 — Top de vendas das nossas edições nas lojas FNAC durante a primeira semana de Outubro:

Este TOP representa uma tendência para os autores preferidos dos leitores da lojas FNAC-

1º (Primeiro Classificado)

Senhores do Sol e do Vento — Histórias verídicas de Portugueses, Angolanos e outros Africanos”, de José Bento Duarte;

2º (Segundos Classificados)

Angola: desde antes da sua criação pelos portugueses até ao êxodo destes por nossa criação” — 2ª Edição — Vol. II, de Carlos Mariano Manuel;

Crónica da fundação do Huambo | Nova Lisboa” — 5ª edição, de Xavier de Figueiredo.

3º (Terceiro Classificado)

Caraculo, a Minha Paixão | Deserto de Moçâmedes (Namibe) | Álbum Fotográfico do Século XIX E XX”, de Victor Torres.

Incentivar os mais novos a ler

Incentivar os mais novos a ler

NOS RAIZ – Sábado na Biblioteca (Cabo Verde) — No passado sábado 7 de Outubro a NOS RAIZ e o Plano Nacional de Leitura de Cabo Verde (PNLCV) realizaram com o apoio da Biblioteca Nacional de Cabo Verde um encontro de actividades dirigido ao público infanto-juvenil para incentivo à Leitura – “Sábado na Biblioteca

O encontro apresentado pela coordenadora do PNLCV, Odete Almeida, contou com a presença de alunos, professores e encarregados de educação, onde juntos participaram activamente nesta manhã dedicada ao Livro. 

No final proporcionou-se um momento muito especial de debate com a bióloga e escritora Nathalie Melo autora do livro “Detective Timóteo Lobo e os Ovos de Ouro” com ilustrações e co-autoria de Eliezer Drawn Andrade, que recebeu o selo distinção Plano Nacional de Leitura. 

Em ambiente de partilha retomamos da melhor forma os ciclos de actividades “Sábado na Biblioteca“, com o próximo encontro agendado para 21 Outubro 2023.

Oração de Sapiência por ocasião da Cerimónia de Abertura do Ano Académico 2023/2024 na Universidade Católica de Angola

Oração de Sapiência por ocasião da Cerimónia de Abertura do Ano Académico 2023/2024 na Universidade Católica de Angola

7/10/2023 — Na Universidade Católica de Angola (Luanda), Campus do Palanca, este Sábado começou com uma celebração eucarística seguido da sessão solene de “Abertura do Ano Académico 2023/24”, que começou com o hino nacional.

Depois das palavras de boas-vindas e apresentação do presidium, o Prof. Doutor Carlos Mariano Manuel realizou a prevista Oração de Sapiência com o tema “Subsídios sobre a História da Formação de Angola em Sede dos Esforços para o Desenvolvimento da Unidade Nacional, que foi vigorosamente aplaudida pelas autoridades académicas, eclesiásticas, profissionais liberais e discentes participantes este muito aguardado acto solene.

A Oração, ou Aula de Sapiência, absorveu a cuidada atenção de todos na erudição e exaltação das virtudes da ciência e da academia. A Magnífica Reitora considerou empolgante o seu conteúdo e a audiência foi unânime no reconhecimento da relevância do domínio da História de Angola para a promoção contínua do desenvolvimento e da unidade nacional.

A Oração de Sapiência demonstrou o povoamento e a constituição das civilizações nos três períodos da Pré-História na região meridional de África, seguida do aparecimento dos reinos nativos da Antiguidade, Idade Média e ocorrência dos primeiros contactos com ou formação de feitorias e capitanias dos europeus nas etapas iniciais da Idade Moderna, tendo no âmbito desse processo sido criada a Capitania de Angola pela monarquia portuguesa, até à criação com a luta dos povos nativos da Republica de Angola.

No final desta extraordinária intervenção ouvimos o coro da UCAN, seguido da mensagem da AEUCAN.

A finalizar a sala ouviu o discurso de abertura do ano académico 2023/24 pela Magnífica Reitora da UCAN, Ir.ª Doutora Maria da Assunção, e por fim o hino da UCAN.

Primeira edição, especial para coleccionadores e bibliotecas, do monumental Tratado de História de Angola do Prof. Doutor Carlos Mariano Manuel. Os três volumes podem ser encomendados em Angola e Portugal pelo e-mail encomendas@autores.club

Grande encontro cultural entre São Tomé e Príncipe e Angola

Grande encontro cultural entre São Tomé e Príncipe e Angola

O Centro Cultural Português, em São Tomé, encheu na apresentação do segundo volume da colecção “Os Bantu na visão de Mafrano — Quase memórias“, de Maurício Francisco Caetano (1916 – 1982).

Participaram neste importante encontro cultural com a representante do Ministério da Cultura, Dr.ª Lígia dos Santos, Dr.ª Françoise Bigirimana, representante da OMS em São Tomé e Principe, a família do Cónego Frotta e de Mafrano, e muitos amigos interessados neste importante património cultural.

Ministra da Cultura de São Tomé visita Família de Mafrano

A Ministra da Educação, Cultura e Ciências de São Tomé e Príncipe, Professora Isabel Viegas de Abreu, deslocou-se pessoalmente, na noite de quinta-feira, ao Hotel onde está alojada a família do escritor e etnólogo angolano Maurício Caetano, com o propósito de agradecer a oferta dos dois volumes da colectânea «Os Bantu na visão de Mafrano – Quase Memórias», com que havia sido agraciada, na sequência da cerimónia para a apresentação desta obra na capital santomense.

A Ministra, que se fez representar na cerimónia pela sua assessora para a Cooperação, Cultura e Comunicação, Drª Lígia dos Santos, louvou a iniciativa e desejou êxitos à família do escritor angolano.

A apresentação de «Os Bantu na visão de Mafrano» em São Tomé está a ser vista como um dos mais concorridos eventos culturais em São Tomé e teve a participação de académicos, escritores, historiadores, economistas, diplomatas e membros de organizações internacionais, com destaque para o embaixador de Angola, Fidelino Peliganga, da Representante da OMS, Dr.ª Françoise Bigirimana, ex-membros do governo, líderes religiosos, membros da família do Cónego Frotta que foi tutor de Mafrano, e pessoas interessadas pela antropologia cultural.

Além da brilhante apresentação pela etnóloga e professora Universitária Nazaré Ceita, que considerou Mafrano de «um cientista revolucionador da antropologia cultural», a cerimónia teve como atractivos de realce a declamação do poema «Angolares» de Alda Espirito Santo; a encenação de uma peça de teatro pelo grupo «Caravana Africana», sobre a infância e a vida estudantil de Mafrano até à sua entrada no Seminário de Luanda, sob orientação do cónego José da Costa Frotta; a música “Muimbu ua Sabalu”, por Rui Mingas, sobre o trabalho forçado nas roças de São Tomé; e a exibição de um Grupo Coral da Paróquia da Nossa Senhora da Graça.

Mafrano no Dondo e no Seminário de Luanda

Quinta-feira (5/10/2023), com a Directora Geral da Cultura de São Tomé e Príncipe, Dra Mardgínia Pinto, e os componentes do Grupo de Teatro «Caravana Africana» que encenou a infância e a vida estudantil de Mafrano no Dondo e no Seminário de Luanda, sob orientação do cónego José Pereira da Costa Frotta.

Encontro entre a Família Frotta e a Família de Mafrano

Encontro entre a Família Frotta e a Família de Mafrano

Um familiar do cónego José da Costa Frotta, de nome Samuel Frotta, conversou hoje à noite, por telefone, com a família de Mafrano, em São Tomé, a quem explicou os laços familiares com o tutor de Maurício Francisco Caetano.

Samuel Frotta afirmou ser neto de um irmão do cónego José Pereira da Costa Frotta e confirmou que vai estar na cerimónia de quarta-feira, no Centro Cultural Português, em São Tomé, onde será feita a apresentação do volume II de «Os Bantu na visão de Mafrano – Quase Memórias».
«Estamos prontos», disse ele visivelmente bem disposto.

Os contactos iniciais foram feitos pela sua nora, Áurea Afonso, que acompanhou o debate de domingo, dia 01 de Outubro, na Rádio Nacional de São Tomé e Príncipe, conduzido pelo jornalista José Manuel Noronha. Este último, por sua vez, fez a ponte entre a família Frotta e a família de Maurício Caetano, actualmente em São Tomé.

Samuel Frotta, nascido em 1951, é neto de Tomás Frotta, que por sua vez, foi irmão de José Pereira da Costa Frotta, o tutor de Maurício Francisco Caetano, “Mafrano”.

Em Angola, o cónego José Pereira da Costa Frotta foi pároco da Igreja da Muxima, pároco da Igreja do Carmo, fundador da Freguesia do Dondo-Cambambe, fundador da Escola da Missão Católica do Dondo e tutor de Mafrano, além do relevante papel que desempenhou na formação de figuras ligadas a cultura, à administração pública e ao nacionalismo, quer em Angola quer em São Tomé e Príncipe. Mafrano era órfão quando o cônego Frotta o levou para a Escola da Missão Católica do Dondo e, mais tarde, para o Seminário de Luanda, onde completou os estudos.

Imagens do primeiro contacto da Família de Mafrano com Samuel Frotta, o neto do cónego José da Costa Frotta!

Reacção imediata de Dom Zacarias Kamwenho

O arcebispo emérito do Lubango, um velho amigo de Maurício Caetano, e que tem acompanhado toda a trajectória de «Os Bantu na visão de Mafrano», reagiu de imediato a esta notícia, afirmando:
«(…) Estamos a colher os frutos: AVANTE! Saúdem por mim a família FROTTA e todos quantos estão empenhados nessa campanha. A minha bênção.»

Ministra da Cultura confirma presença

A Ministra Santomense da Cultura, Prof. Doutora Isabel Viegas de Abreu, confirmou a participação do seu Ministério na cerimónia de apresentação do segundo volume da colectânea «Os Bantu na visão de Mafrano» a ter lugar hoje no Centro Cultural Português.

Em mensagem enviada à família, na qual agradece o convite e a escolha de São Tomé e Príncipe para a realização deste evento, a Professora Isabel Viegas de Abreu adianta que em caso de impedimento far-se-á representar pelo seu Director de Gabinete.

Aqui, com o jornalista José Manuel Noronha que fez a ponte entre uns e outros

Rahmat Anwar Al Owaysi: “Quem partilha dá de si mesmo o que partilha”

Rahmat Anwar Al Owaysi: “Quem partilha dá de si mesmo o que partilha”

INTRODUÇÃO ao livro “Os Sufis e o Sufismo | Amor e Liberdade ou Religião ou Pertença” — Rahmat Anwar Al Owaysi

Não sendo o Sufismo uma via de regras, de mandamentos e ritualidade rígida e inflexível, isso não significa que não tenha em si mesmo uma estrutura e conceitos, os quais são transversais à maioria das diferentes comunidades (Tariqah) Sufi, seja qual for a sua linha de pensamento ou orientação espiritual.
Ainda assim, este livro não é, nem pretende ser, um qualquer livro ritualístico, nem tão pouco um manual detentor de quaisquer afirmações inquestionáveis, ou um manuscrito onde uma qualquer verdade única é revelada sobre aquilo que é o Sufismo, seja sobre como funcionam os seus rituais, ou ainda, sobre como se deve de fazer, o que quer que seja, para se ser Sufi.


No entanto, também não deixa de ser um livro onde princípios, metodologias e reflexões são partilhadas, com quem assim as quiser receber, sendo que todas estas partilhas são feitas com base nos resultados obtidos e vivenciados por quem as escreve. Mas todas as partilhas, aqui constantes, são tão somente isso mesmo, meras e simples partilhas.
Aquilo que aqui é apresentado como uma verdade é tão somente e apenas a verdade daquele que as escreve, ou ainda a verdade de todos aqueles que nessa verdade se revêm, ou que também a experienciaram. Este livro pretende desvendar um pouco sobre aquilo que é a mística existente no Sufismo e vivenciada por quem é iniciado nos seus caminhos, ou seja, os Sufis.
Esse desvendar é feito ao longo dos sete capítulos os quais constituem este livro e através dos quais tento levar junto daqueles que têm, ou possam vir a ter, alguma curiosidade sobre o Sufismo, aquela que foi e tem sido a minha vivência e experiência.
O objectivo não é converter, ou convencer, quem quer que seja em torno do Sufismo, mas tão somente trazer alguma luz, junto do mundo profano sobre o que é o Sufismo. Pelo menos é essa a minha esperança, ou  em último caso poder gerar alguma curiosidade e depois alimentar mais um pouco essa mesma curiosidade e assim levar, cada um daqueles que buscam saber mais sobre o Sufismo, a perceberem que apesar de todo o misticismo e  pseudo-encantamento em torno do Sufismo e dos Sufis, esta via não é claramente a sua via, nem sequer é assim tão encantadora, ou suficientemente satisfatória, se aquilo que pretendem encontrar é uma via onde exista uma única resposta para todas as suas dúvidas e pretensões.
Assim, no primeiro capítulo é feita uma ligeira abordagem aos motivos que levam o Ser humano a fazer as suas buscas. 
Todas as abordagens e temas contidos nestas páginas são feitos  e afirmados de acordo com a perspectiva de quem o escreve, sendo que para este humilde e velho caminhante, os principais pontos que levam o Ser a querer encontrar respostas, é a essência daquilo que está por detrás dos conceitos mundanos de paz interior e do amor, ou ainda sobre a possibilidade de poderem vivenciar uma condição de pleno amor, feita em total liberdade e sem qualquer sentimento de posse, ou seja, poderem experienciar viver um amor livre dentro desta, ou destas ditas sociedades normalizadas, regulamentadas e padronizadas.


No segundo capítulo o leitor é levado a fazer uma viagem pelo tempo, naquela que é uma muito pequena parte, sobre a origem e história do Sufismo. Também neste capítulo são partilhados alguns daqueles que são os princípios e tópicos que são estudados e trabalhados na via designada por Sufismo universal. 
Para além da partilha desses princípios e tópicos é também feita uma partilha sobre quais as origens do Sufismo, seja no espaço geográfico, seja ao longo do espaço temporal.
Neste capítulo são também especificadas algumas das características as quais acabam por distinguir e diferenciar os trilhos calcorreados em cada uma das muitas diferentes Tariqah’s Sufi existentes.


Já no terceiro capítulo, todos aqueles que lá conseguirem chegar vão poder ser levados a viajar por aquilo a que se designa por etapas e caminhos calcorreados por aqueles que a esta via se entregam falo daquilo que é designado por os sete vales do percurso espiritual de um Sufi. 
Este é sem dúvida um dos capítulos onde aquele que for dotado de um olhar mais cuidado e estiver realmente interessado, vai poder perceber, em cada uma das sete etapas, aquilo que todo aquele que se entrega ao caminho acaba por trilhar e vivenciar.
É ainda neste capítulo que aquilo a que muitos designam por Tasawwuf é descodificado, desmistificado e desvendado. 
Tasawwuf é uma palavra (ou termo) a qual é muitas vezes utilizada, mas que na maioria dos casos aqueles que a proferem não fazem a mais pequena ideia sobre o que nela está contido e o que significa.


No quarto capítulo é partilhado, com o mundo profano, alguns daqueles que são os processos e rituais levados a cabo e executados por alguns Sufis, quer aquando das suas práticas em grupo, ou nas suas práticas individuais. Mas mais uma vez é importante registar que de comunidade para comunidade, esses rituais podem variar ou nem sequer ser usados, pois no Sufismo, tal como em outras correntes místicas e esotéricas, existem sempre traços e características que as diferenciam entre semelhantes, mas que também acabam por permitir que os seus membros se reconheçam entre si e fora da sua Tariqah.


No quinto capítulo, escrevo sobre aquela que é a Tariqah Sufi Al Habib, bem como sobre aquele que é o perfil e traços gerais daqueles que se designam por Sufis Al Habib, assim como escrevo um pouco sobre quem foi o fundador da comunidade.
Talvez a parte mais crítica ou sensível deste capítulo seja a abordagem àquela que é a forma ou fórmula, que alguns usam para se tentarem afirmar e impor diferenças entre si e os demais. 
(…)
Tratando-se de um dos capítulos mais extensos, é também nele que estão contidos alguns dos princípios e métodos praticados nesta mesma comunidade, tais como a ligação entre o Murid (Aprendiz) e o seu Sheikh (Mestre), bem como aquela que para um Sufi Al Habib é a sua principal condição de entrega ao acto de servir e ainda sobre qual a posição da Tariqah Sufi Al Habib face aos demais grupos e comunidades Sufi existentes, assim como sobre aqueles que são os sete grandes objetivos do caminho de um Sufi Al Habib.
Neste capítulo podemos dizer que termina também toda a partilha daquilo que, mesmo podendo ser visto ou afirmado como diferente, acaba por ter a mesma base e por isso aceitação entre as mais diversas e diferentes correntes, ou escolas, do misticismo Sufi.


O sexto capítulo deste livro é seguramente o mais polémico e, quem sabe, o tudo aquilo que sobre este livro venha a ser dito ou escrito. 
É neste capítulo que é feita uma partilha muito íntima e por isso mesmo muito pessoal, daquilo que é, ainda que de uma forma muito resumida e breve, a minha reflexão como Sufi e como Sheikh fundador da Tariqah Sufi Al Habib, bem como sobre aquele que é o meu entendimento do Sufismo, sobre quem são os Sufis e ainda da minha visão, a qual é feita a partir de um ponto de vista estritamente pessoal e por isso mesmo totalmente deformada, sobre aquilo a que designo de falsas e verdadeiras religiões.


Por fim, no sétimo capítulo, são partilhadas algumas das muitas parábolas e histórias Sufi, as quais são, por norma, utilizadas entre os Sufis como a forma para conseguir levar, a quem as lê ou escuta, uma mensagem, cujo objetivo é tão somente fazer reflectir sobre o que nelas está contido e sobre o que, para quem assim quiser e for capaz, está muito para além do que por via da palavra escrita é possível partilhar. 
Todas essas parábolas e histórias perdem-se no tempo, bem como vão sendo adaptadas e reconfiguradas à medida e no formato de cada um daqueles que as recontam, pois tal como afirma o velho ditado “Quem conta um conto, sempre acrescenta um ponto”. 
Assim e por via desta curta e muito resumida introdução, espero ter sido capaz de vos levar a quererem ler e a tomarem como vosso este livro, usando-o não só para uma leitura, mas também para nele escreverem novas partes e registarem, se assim quiserem, as vossas notas, apontamentos ou críticas, as quais, para cada um de vós, façam sentido.
Esta é a principal razão por que entre cada capítulo são deixadas páginas em branco, por norma, as designadas páginas interiores.
Como autor, posso apenas afirmar uma coisa:
Este livro foi escrito com muito amor, com uma entrega total e suportado naquilo que é a simples e modesta partilha do ponto de vista e da verdade deste humilde caminhante. 
Verdade essa que por ser a minha verdade, vale o que vale. Se em cada pessoa que ler este livro, o meu sentir for entendível, então o gesto de o escrever fez todo o sentido e transforma um caminho individual, nesse mesmo caminho individual, mas que a partir deste instante passa a ser partilhado com quem se dispõe a recebê-lo.

Quem partilha dá de si mesmo o que partilha.

Quem recebe o que é partilhado e o toma como seu, recebe com amor a entrega daquele que partilha.