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“Personalidade Lusófona do Ano 2023” em grande entrevista na Rádio Ecclesia

“Personalidade Lusófona do Ano 2023” em grande entrevista na Rádio Ecclesia

Rádio Ecclesia de Angola recebeu, no passado dia 22 de Junho, o professor catedrático Carlos Mariano Manuel para uma grande entrevista a propósito do Prémio Personalidade Lusófona do Ano 2023, que lhe foi atribuído pelo Movimento Internacional Lusófono. A entrevista foi realizada pelo conhecido jornalista Anastácio Sassembele, responsável do programa radiofónico de maior audiência na Ecclesia. O jornalista informou a audiência e o entrevistado que diariamente e desde há um ano quando se realizou a primeira entrevista suscitada pelo lançamento da obra na Fortaleza de São Miguel, actual Museu da História Militar, em Luanda. Surpreendentemente muitos luandenses têm acorrido à Rádio Ecclesia procurando adquirir o Tratado da História de Angola. A entrevista debruçou-se também sobre questões relacionadas com as prementes questões sociais, políticas e económicas na República de Angola. No fim, o jornalista, os técnicos e muitos radio-ouvintes manifestaram-se muito regozijados pelo elevado nível do conteúdo da entrevista, ao ponto da mesma ter sido difundida duas vezes e vai continuar a ser apresentada  oportunamente.

Pode ler a notícia publicada no jornal O Apostolado: https://jornalapostoladoangola.org/angola-precisa-dos-seus-quadros-para-desenvolver-a-saude-publica-apela-carlos-mariano-manuel-professor-catedratico/

Intelectuais angolanos procuram adquirir com bastante interesse e cada vez em maior número o Tratado da História de Angola. Nas fotografias, o entrevistado ao lado do Dr. Fernando Pedro Gomes, conhecido político da Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), analista politico na comunicação social angolana, estudou ciências políticas e trabalhou durante muitos anos em Portugal onde esteve exilado entre 1976-1992.

Cabinda alcança primeiro volume “Os Bantu na visão de Mafrano”

Cabinda alcança primeiro volume “Os Bantu na visão de Mafrano”

A tão aguardada apresentação do Volume I da coletânea “Os Bantu na visão de Mafrano” está marcada para o dia 7 de julho de 2023, às 10:00, no Auditório da Rádio Nacional de Angola. O evento promete reunir entusiastas da cultura, pesquisadores e amantes da literatura em um encontro enriquecedor.

O principal destaque desta apresentação é o renomado autor Maurício Francisco Caetano, conhecido pelo pseudônimo “Mafrano”. Nascido em 24 de dezembro de 1916, na cidade de Dondo, Cambambe, Mafrano conquistou reconhecimento pela sua contribuição no jornalismo como cronista e pela seu trabalho como Fiscal de Impostos dos Serviços de Fazenda e Contabilidade.

Durante o período de 1954 a 1959, Mafrano foi correspondente do jornal católico “O Apostolado” em Cabinda, onde mergulhou em intensas pesquisas antropológicas. As suas viagens de estudo e observação em Ponta Negra e Kinshasa resultaram em crónicas fascinantes que agora fazem parte desta coletânea.

Alguns dos textos notáveis que serão apresentadas incluem “Cuto ou Necuto?”, “A história do Xiriva-Zuba” e “O caso de Nzambi Kungulo”. Estas crónicas trazem à tona perspectivas únicas sobre a cultura e a história do povo Bantu, oferecendo uma visão profunda e rica deste importante grupo étnico-linguístico.

A apresentação do Volume I da Coletânea “Os Bantu na visão de Mafrano” será conduzida pelo ilustre Prof. Dr. João Baptista Gime Luís, um renomado académico e especialista no estudo das culturas africanas. Sua experiência e conhecimento serão fundamentais para guiar os participantes numa jornada pela vida e obra de Mafrano, explorando as complexidades e a importância da cultura Bantu em Angola.

O evento é uma oportunidade imperdível para aqueles que desejam aprofundar seus conhecimentos sobre a história e as tradições dos Bantu, além de homenagear o legado de Mafrano. A apresentação promete ser inspiradora e informativa, oferecendo uma visão única sobre essa comunidade tão essencial para a identidade angolana.

Após a apresentação, haverá uma sessão de perguntas e respostas, proporcionando aos participantes a oportunidade de interagir com o Prof. Dr. João Baptista Gime Luís e discutir os insights apresentados. Além disso, exemplares do Volume I da coletânea estarão disponíveis para compra e autógrafos.

A apresentação do Volume I da Coletânea “Os Bantu na visão de Mafrano” promete ser um marco importante na valorização e divulgação da cultura em Cabinda, reafirmando a importância do conhecimento histórico e antropológico para a construção de uma sociedade mais inclusiva e respeitosa com suas raízes.

Os interessados em participar desse evento único devem marcar a sua presença.

A partir de Julho de 2023 o segundo volume desta extraordinária colectânea estará disponível aos leitores de Luanda e Lisboa.

Livro “Caraculo a minha paixão” recebe elevado elogio na Sociedade de Geografia de Lisboa

Livro “Caraculo a minha paixão” recebe elevado elogio na Sociedade de Geografia de Lisboa

Secção de Genealogia, Heráldica e Falerística, que se realizou no dia 20 de Junho de 2023, no Auditório Adriano Moreira, uma conferência intitulada “A Fundação de Moçâmedes (Angola) – As famílias fundadoras: percursos, estratégias e descendências”, pelo orador o Dr. José Carlos Soares Machado, presidente da Associação Portuguesa de Genealogia, sócio correspondente do Instituto Português de Heráldica.

Para grande surpresa do autor, Victor Torres, presente na sala da conferência “A Fundação de Moçâmedes (Angola) – As famílias fundadoras: percursos, estratégias e descendências”, o Dr. José Carlos Soares Machado, fez um surpreendente e rasgado elogio ao livro “Caraculo, a Minha Paixão | Deserto de Moçâmedes (Namibe) | Álbum Fotográfico do Século XIX E XX” (Ed. 2021), que na qualidade de editores muito agradecemos. Um estímulo para a publicação de livros originais de grande qualidade, representativos da(s) cultura(s) e da história de Angola.

Setúbal: “De entre o céu e o inferno” na apresentação de “3 em 1”

Setúbal: “De entre o céu e o inferno” na apresentação de “3 em 1”

Foi apresentado o livro “3 em 1“, de Filipe J. D. Pereira, no dia 21 de Junho de 2023, às 13h00, na biblioteca da Escola Superior de Tecnologia de Setúbal (ESTS), no Instituto Politécnico de Setúbal (IPS), instalado no Campus do IPS Estefanilha, em Setúbal. Uma organização do Clube de Leitura do Instituto Politécnico de Setúbal, coordenado pelos bibliotecários: Dra. Isabel Nunes e Dr. Óscar Martins. Estiveram na mesa de honra o Prof. Doutor Rodrigo Lourenço, vice-presidente do IPS, Prof. Doutor Nuno Nunes, director da ESTS, o autor do livro, Filipe J. D. Pereira, o apresentador da obra, Wilton Fonseca, o actor Bruno Quaresma e o editor da Perfil Criativo (www.AUTORES.club).

Vídeo da apresentação em Setúbal do livro “3 em 1”

Wilton Fonseca na apresentação do livro 3 em 1 revelou que uma parte desta obra são diálogos subordinados ao tema “De entre o céu e o inferno”. Isto é, é tudo que não se encontra no céu ou no inferno, mas entre uma coisa e outra. A palavra “inferno” não aparece no livro, e “céu” surge apenas uma vez, para indicar a cor azul, e não propriamente o local idealizado pelos crentes católicos.


Recordamos que o livro 3 em 1 é um conjunto de 3 obras com características diferentes. Assim, De entre o céu e o inferno apresenta-nos os “diálogos”, que pretendem remeter quem lê para Pedro, o mais velho, e Paulo, o mais novo, esses mesmo, os primeiros em que pensamos quando ouvimos estes nomes. Estão primeiro porque foram enviados na frente, são os apóstolos. O restante é a forma de ver o que está à volta e de retratar um percurso. Hortu gERal é um olhar sobre a nossa sociedade neste canto ocidental e De mim para mil é uma forma de partilha com todos os que o queiram da individualidade e de algum sentimento mais intimista. Em ambos surgem o trocadilho, o jogo de palavras levado à decomposição delas próprias e ao papel do gráfico na própria apresentação de que o próprio título “Horto gERal” pretende ser um exemplo.

“Pano de Terra” ganha corpo nas paredes da cidade

“Pano de Terra” ganha corpo nas paredes da cidade

Cova da Moura 2021-2023

Pano de Terra” é um mural de mosaicos desenvolvido em comunidade na Cova da Moura. A obra é baseada no “Panu di Terra” proveniente de Cabo Verde, em pano de tecido tendo manualmente.

A técnica remonta ao tempo dos descobrimentos quando os escravos de outros países Africanos eram trazidos para as ilhas. 

O “Panu di Terra” manteve a sua importância na vida da mulher cabo verdiana, vestida com orgulho e respeito durante cerimónias, momentos simbólicos, eventos culturais e no quotidiano.

Projecto Artístico: Marian van der Zwaan com Vitalina Varela, Godelieve Meersschaert e Maria Rosário Soares Silva.

Montagem: Joaquim Sanches Mendes

Música: César Lima – Paizinho

Vídeo: Kevin Raposo

Participação especial: Vera Varela e as Batucadeiras Finka Pé

Museu da Fortaleza de São Francisco do Penedo: um mergulho na história de Angola

Museu da Fortaleza de São Francisco do Penedo: um mergulho na história de Angola

Luanda, 15 de junho de 2023 – Um novo e empolgante capítulo na história cultural de Angola está prestes a ser escrito com a inauguração do Museu da Luta de Libertação na Fortaleza de São Francisco do Penedo. Situado numa fortaleza datada do século XVIII, este museu é resultado de um projeto ambicioso que abrange a recuperação e conservação do património histórico, bem como a criação de uma experiência museológica única.

A Fortaleza de São Francisco do Penedo, também conhecida como a ex-casa de reclusão militar de Luanda, é uma testemunha silenciosa de um período importante no passado de Angola, desde o início dos anos 40 até o discurso de proclamação da independência em 11 de novembro de 1975. Com a abertura originalmente prevista para 2019, o projeto passou por uma extensa fase de desenvolvimento para garantir um resultado de alta qualidade.

Este empreendimento abrangente integra serviços de arquitetura e design expositivo, desde a reabilitação da fortaleza até a criação de uma marca para este equipamento cultural. O objetivo é oferecer aos visitantes uma experiência imersiva que traga à vida a história de Angola durante esse período crucial.

Em termos museográficos, o Museu da Luta de Libertação apresentará uma combinação harmoniosa de objetos históricos, filmes, design de som e iluminação, textos e imagens estáticas e animadas. Cada elemento foi cuidadosamente selecionado e colocado para criar uma narrativa envolvente que levará os visitantes a uma viagem no tempo.

A equipe responsável pelo projeto enfrentou o desafio de preservar a integridade histórica da fortaleza enquanto a adaptava para as necessidades de um museu moderno. A restauração meticulosa dos elementos arquitectónicos originais, como muralhas, celas e espaços comuns, foi combinada com a instalação de tecnologia avançada para aprimorar a experiência dos visitantes.

Além disso, a criação de uma marca exclusiva para o museu ajudará a estabelecer sua identidade no cenário cultural de Angola. Esse trabalho envolveu a colaboração de especialistas em design gráfico e consultores de marketing, que buscaram transmitir a importância histórica e cultural do local por meio de uma identidade visual única e impactante.

O Museu é um testemunho do compromisso de Angola em preservar e valorizar sua história. Com sua abertura iminente, espera-se que o museu se torne um ponto de referência cultural e educacional, oferecendo aos visitantes uma oportunidade incomparável de conhecer e apreciar o rico legado do país.

As obras finais estão em andamento, e a data oficial de abertura será anunciada em breve. Os entusiastas da história e os curiosos de Angola estão ansiosos para explorar o Museu da Fortaleza de São Francisco do Penedo e embarcar nessa jornada fascinante através do tempo.

Fotografias: Saraiva + Associados

Vídeos das empresas que estão a instalar o Museu da Luta de Libertação na Fortaleza de São Francisco do Penedo

“Ai meu Deus, quanto é duro, Kikola”

“Ai meu Deus, quanto é duro, Kikola”

Por Sandra Poulson, primeiro capítulo do livro “Mukua Milele — Panos da minha avó” (Ed. 2023)

Os panos da minha avó eram os mais lindos de toda a cidade, em tons fortes como a nossa natureza. Vermelhos como o xinguilar das muxiluandas da Ilha de Luanda, negros como a bravura da nossa raça, amarelos como o sol que nos presenteia todos os dias.
Algumas vezes eram verde-azulados como as nossas águas do mar, outras eram cor-de-laranja como sol a beijar o oceano Atlântico, desprendendo-se serenamente do azul celestial onde a mãe da minha mãe descansa em paz. 
Os panos da minha avó, que as outras avós vestiam, deambulavam por todas as ruas, riscando o asfalto e a terra quente, com as suas linhas verticais, em tons suaves ou fortes, tomando uma cor arenosa que deixava o tom deslavado para trás.
Naquela altura os panos vinham do mato, ou eram comprados no musseque, na loja de um branco qualquer que falava kimbundu para melhor vender, e se possível enganar subtilmente. 
Entravam no atelier mamãs com vários níveis de exigências, mas no final todas queriam um bom corte, uma boa costura, um bordado perfeito, e um croché alinhado.  
À minha avó cabia  bem confecionar com dedicação, carinho e amor. 
Quando na rua caminhavam, os seus portes transpiravam o charme de uma mulher angolana, fascinando homens e mulheres que abriam alas para as deixar passar. 
A minha avó era a mãe suprema de quem não tinha ascendente ou parente. Era o modelo de bondade, caridade, solidariedade, carinho e de miminho.
Quando a minha avó foi descansar, eu não meti kisunde, a tira de pano ao pescoço como sinal de luto, nem fumo na manga da camisa, porque eu não uso camisa, nem meti o pano preto na janela, nem a rendada mantilha negra a cobrir a minha cabeça, descaindo em cascata sobre os ombros, o bófeta.
O meu corpo encorpou a minha avó, e apesar de eterna ausência ser longínqua, eu ainda a sinto.
Fiquei de tanga, na véspera dos meus anos, quando vestiram a minha avó com o rendado vestido azul, que ela tinha costurado há muitos anos, para quando chegasse o dia dela  descer à terra, e eu chorar, sem estar presente. 
Restou-me ficar com a imagem bonita e carinhosa dela viva, da pessoa que me deu os primeiros e sábios ensinamentos.
A minha avó, tal como tantas outras mamãs, já não tinha espírito nem físico para aguentar, outra vez, uma guerra civil. Eram as bombas colocadas nos prédios, as pessoas a serem levadas para lugares incertos por partilharem ideias diferentes, eram os parentes perseguidos, eram os parentes e os amigos que conseguiam subir o oceano Atlântico e virar as costas aos agrores da guerra. E ao fim de alguns meses da guerra de 1992, e da instabilidade, ela partiu para não mais voltar.
A minha avó eternizou mais cedo do desgosto de ver e sentir a nossa sepultura cavada todos os dias, malembe, malembe.
A minha avó era o Sol, a luz, o brilho que todos nós precisávamos para viver. 
A banga tinha acabado, agora restava-me, para além dos seus ensinamentos, as tangas que ela deixou. 
A verde-esmeralda, ácida como a urzela e gelatinosa como o quiabo, foi herdada pela minha mãe, na esperança de ser adocicada. A amarela alaranjada, igual ao azeite de palma, coube aos filhos homens, para que não escorregassem muito entre saias. A azul, esvoaçando como os peitos-celestes, de galho em galho, ficou para o Lindo, porque ele merecia o céu. A rosa avermelhada com veios escuros separando os quatro gomos, que nos estimula a circulação sanguínea, ligando-nos ao além e pequena como o makezo, foi dividida, cabendo cada kiesu, pedaço pequeno, a cada uma das filhas. Este representava o acordar diário da minha avó. Esfregava os dentes com pau de vikussi, raspava a língua com uma tira de lata de flocos de aveia ou de atum. Jejuava de seguida, mascando lentamente pedacinhos de gengibre e noz de cola (Sterculia Acuminata), acompanhados com vinho abafado, quinado ou maluvo, para enfrentar a dureza do dia. 
Ai, meu Deus! quanto é duro, Kikola.


Lançamento de “3em1”

Lançamento de “3em1”

3 em 1 é um conjunto de 3 obras com características diferentes. Assim, De entre o céu e o inferno apresenta-nos os “diálogos”, que pretendem remeter quem lê para Pedro, o mais velho, e Paulo, o mais novo, esses mesmo, os primeiros em que pensamos quando ouvimos estes nomes. Estão primeiro porque foram enviados na frente, são os apóstolos. O restante é a forma de ver o que está à volta e de retratar um percurso. Hortu gERal é um olhar sobre a nossa sociedade neste canto ocidental e De mim para mil é uma forma de partilha com todos os que o queiram da individualidade e de algum sentimento mais intimista. Em ambos surgem o trocadilho, o jogo de palavras levado à decomposição delas próprias e ao papel do gráfico na própria apresentação de que o próprio título “Horto gERal” pretende ser um exemplo.

O autor, Filipe J. D. Pereira, e o editor da Perfil Criativo – Edições têm o gosto de convidar V: Ex.ª para a apresentação do livro 3 em 1.

A realizar na quarta-feira, 21 de Junho de 2023, às 13h00, na biblioteca da Escola Superior de Tecnologia de Setúbal, no Instituto Politécnico de Setúbal ( Campus do IPS Estefanilha, 2914-508 Setúbal)