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Jaime de Sousa Araújo (1920-2019)

Jaime de Sousa Araújo (1920-2019)

Jaime de Sousa Araújo nasceu a 14 de Outubro de 1920 em Angola e faleceu em Lisboa, a 8 de Dezembro de 2019, vítima de doença. Tinha 99 anos de idade e era o mais velho escritor angolano em actividade.. Frequentou o liceu Salvador Correia e diplomou-se em enfermagem no Hospital Dona Maria Pia, em Luanda. Licenciou-se em jornalismo pelo Instituto de Angola e frequentou a Universidade Clássica de Lisboa e a Universidade de Coimbra.

Funcionário público e empresário, participou em inúmeras intervenções públicas nacionais e internacionais. Assim, foi Membro da Comissão para a transladação dos restos mortais do Monsenhor Manuel Joaquim Mendes das Neves de Braga para o cemitério do Alto das Cruzes, em Luanda. Esteve também presente, sob a égide do Presidente Nzé Jomo Kenihata, nas conferências políticas da FNLA, MPLA e UNITA decorridas na República do Quénia. Foi também convidado pelo KIPAEA – Movimento para o Desarmamento Multilateral – a dar uma palestra em Atenas.

Esteve na origem de vários movimentos e organizações, tal como a FULA – Frente Unida de Libertação de Angola, a Liga das Comunidades Lusófonas, a FACEL – Federação das Associações Cívicas do Espaço Lusófono e a Liga Africana (antiga Liga Nacional Africana).

Foi redactor de diversas publicações, como o jornal Farolim, que editou e administrou em conjunto com Aníbal Melo e Mário de Alcântara. Editou também a revista, Angola, publicada pela Liga Nacional Africana, e foi o autor do opúsculo, Sonho Adiado-União Económica da África Austral, documento que foi enviado a 13 chefes de estado africanos.

Bibliografia

“Voz sem Eco” (2012)

Caminho longo” (2017)

O livro «Os Bantu na visão de Mafrano» chegou à cidade de Moçâmedes

O livro «Os Bantu na visão de Mafrano» chegou à cidade de Moçâmedes

No passado dia 1 de Outubro a cidade de Moçamedes, Província do Namibe, recebeu o livro “Os Bantu na visão de Mafrano” no quadro das celebrações do Centenário do Dr. António Agostinho Neto, e sob o lema “Angolanos, de mãos dadas para o futuro”.

A cerimónia teve lugar na Esplanada do Gabinete Provincial da Cultura Turismo e Ambiente do Namibe, com a presença de vários directores provinciais, académicos, líderes religiosos, estudantes e leitores interessados.

José Soares Caetano, filho do autor, registou a surpresa de todos, quando os quarenta livros esgotaram.

Este evento foi organizada pela Firma JT, de Júlio Tchivangulula, um jovem editor angolano.


Com o objectivo de chegar à famosa Biblioteca do Congresso, Luisindia Caetano, neta do autor, ofereceu “Os Bantu na visão de Mafrano” à Embaixada dos Estados Unidos em Angola.

O livro foi recepcionado por Cynthia Day, secretária da Embaixada dos EUA para a Imprensa, Cultura e Educação; José Caetano (Tazuary Nkeita), filho do autor.


O livro “Os Bantu na visão de Mafrano – Quase Memórias”, está disponível na Livraria Franciscana, situada no recinto do ex-Cine São Domingos, dos irmãos Capuchinhos, junto à Igreja Nossa Senhora de Fátima, em Luanda.


Entretanto em Luanda, no passado dia 30 de Setembro, no Ciclo de Leitura Infantil da Livraria Universo dos Livros o livro “Os Bantu na Visão de Mafrano – Quase Memórias” esteve disponível os mais novos leitores.

Crítica Literária de Su Maia*[2]: E AGORA QUEM AVANÇA SOMOS NÓS” de Jonuel Gonçalves

Crítica Literária de Su Maia*[2]: E AGORA QUEM AVANÇA SOMOS NÓS” de Jonuel Gonçalves

6.5/10

Rating: 3 out of 5.

Antes de começar esta crítica, gostava de realçar a realidade de que cada indivíduo tem as suas preferências literárias e que em nada a forma como uma pessoa se sente na leitura deve ser vista como algo generalizável, ou seja, esta crítica espelha somente a minha opinião pessoal e não uma verdade irrefutável.


Ao livro “E AGORA QUEM AVANÇA SOMOS NÓS” de Jonuel Gonçalves, dei 6.5/10.

Encontrei entre mim e este livro uma barreira… porquê? Senti que tive dificuldade em que a leitura fluísse, no sentido que, apesar da belíssima história com que fui presenteada, era bombardeada constantemente com informação e com pouco tempo por parágrafo para processar, ou seja: não é uma obra que o leitor se sinta puxado a ler sempre mais e mais, sempre na ânsia do próximo capítulo; é uma obra que, apesar do pequeno tamanho, é maciça e que me obrigou a pausar constantemente… acima de tudo é um livro que deve ser respirado! porque senão corresse o risco de nós sentirmos esmagados. Apesar de tudo gostei da forma como o autor encarregou a obra. E apesar da falta de fluidez, acho que é um livro “obrigatório” na estante das pessoas e importantíssimo na reforma de mentalidades.


Lançamento do livro “Autores e Escritores de Angola” em 2016

Lançamento do livro “Autores e Escritores de Angola” em 2016

A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) apoia o lançamento do livro de Tomás Lima Coelho, intitulado “Autores e Escritores de Angola (1642-2015)”, no dia 22 de setembro de 2016, pelas 18h30, no auditório do Palácio Conde de Penafiel, sede da CPLP.

A mesa é composta pelo autor, Eleutéria Ornelas, em representação do editor, Adelino Torres, prefaciador, Miguel Kiassekoka e Miguel Anacoreta Correia.

Liga Africana abre portas aos centros universitários e de investigação científica da comunidade Ibero-Americana

Liga Africana abre portas aos centros universitários e de investigação científica da comunidade Ibero-Americana

A Liga Africana, herdeira da centenária Liga Nacional Africana, recebeu a visita do Doutor em História, Adolfo Rodriguez, investigador do centro de História da Universidade de Oviedo | Universidad de Oviedo | Universidá d’Uviéu (Espanha), fundada em 1608, e da Universidade NOVA de Lisboa, criada em 1973, e que é a 15.ª melhor da Europa e está entre as 50 melhores do mundo com menos de 50 anos de acordo com o ranking QS Top 50 under 50, que avalia critérios como a reputação e a internacionalização.

O jovem investigador espanhol descobriu na Biblioteca Nacional de Portugal o surpreendente Tratado de História, “Angola: desde antes da sua criação pelos portugueses até ao êxodo destes por nossa criação“ (Ed. 2021), do investigador angolano e professor catedrático, Carlos Mariano Manuel, publicado em três volumes. A leitura desta obra motivou o investigador a viajar para Luanda com o objectivo de melhor conhecer o autor desta monumental publicação e estabelecer uma ponte científica entre a Liga Africana e as instituições académicas Ibero-Americanas.

Adolfo Rodriguez, Doutor em Historia, na Liga Africana, em Luanda

Fórum de Ideias: “E agora quem avança somos nós”, racismo e resposta multirracial

Fórum de Ideias: “E agora quem avança somos nós”, racismo e resposta multirracial

Gente que de repentemente se descobre numa “raça” ou coloração

Por JONUEL GONÇALVES

Polêmica na Bahia após ACM Neto, candidato ao governo estadual e sua vice Ana Coelho, conhecidas personalidades de famílias poderosas em termos políticos e econômicos, se terem declarado oficialmente como ” pardos”. Destesto essa palavra vinda dos obscurantismos coloniais. Também não tenho nada contra a forma como as pessoas se classificam nessa matéria. Pessoalmente faço parte daqueles e daquelas que não aceitam ser racificados e, por outro lado, acho excelente a lei no Brasil que determina auto-declaração na matéria. Porém, há situações suspeitas nessas súbitas declarações de pertencer a determinado grupo. Os motivos de tais declarações são muitos, desde intromissão indevida em direitos corretivos, a busca de destaque carreirista, mobilização eleitoral, etc.etc.etc. Anoto apenas que um outro candidato classificou declarantes com esse perfil de ” afroconvenientes” e um militante antirracista acusou de “charlatanismo”.
Alem disso, temos um problema estatístico sério: 49,49% do total de candidatos às várias eleições de outubro aparecem como negros ou ” pardos”. Qual é o peso dos ” afroconvenientes” nesse dado?
O problema não é novo, tem décadas. Intitulei até um episódio de livro recente de ” Pardinha”, inspirado numa candidata que se designou como ” meio Pardinha”, também na Bahia. 
No meio de todos estes contorcionismos, vejo com agrado o surgimento de nova e muito adequada definição: afroconvenientes.

Crítica Literária de Su Maia* [1]: “MÚRCIA” de Eugénio Inocêncio (Dududa)

Crítica Literária de Su Maia* [1]: “MÚRCIA” de Eugénio Inocêncio (Dududa)

7/10

Rating: 3.5 out of 5.

Em questão de conotações formais, teria de categorizar o livro “MÚRCIA” de Eugénio Inocêncio (Dududa) como 7/10 e passo já a justificar o porquê disso:

MÚRCIA” aborda de forma equiparada as suas temáticas, no sentido em que, em termos de pontos positivos, esta obra mostra-nos um lado oculto da homossexualidade em Cabo Verde, de forma realista, dando-nos elementos de libertação (flamingo, garoupa, cavalo, etc) do lado animal do ser, que ruge face à opressão! 

O armário, surpreendente, quebra o seu estereótipo e aparece como, na minha opinião,  uma segunda vida, bem como a ilusão de alcançar algo que a empatia falsa da máscara nos proíbe:

” — E se a máscara toma conta do indivíduo?

— É outro risco que o indivíduo corre.” – Eugénio Inocêncio (Dududa) em “MÚRCIA“.

Dentro da temática da empatia, o capítulo de “contextualização” foi absolutamente delicioso, pela maneira como abordou por exemplo, as parecenças e diferenças entre democracia e ditadura.

Entre os pontos positivos devo ainda salientar como a ideia do divino é lançada de forma assombrosa.

Porém, devo confessar que a ideia de que as consequências surgem como punições intrínsecas e não extrínsecas (ou seja, é uma reforma íntima de cada pessoa), foi algo que, para mim, criou uma descredibilização de todo o percurso a que o livro se predispôs desde o início, dando a ideia de duas correntes literárias opostas na mesma obra.

A minha personagem preferida foi o Tchibiliu, que é apresentado como uma não-pessoa dentro seu círculo — de certa forma, uma pessoa que nunca chega a existir para os seus parceiros — tornando-se na narrativa um personagem-adereço cujo propósito é somente servir de acessório à criação de uma outra personagem.

Por fim, gostava de elogiar o autor pela sua graciosa auto inserção passiva no livro, insinuando a importância dos seus próprios escritos na sociedade cabo-verdiana.


* Su Maia é uma dramaturga e atriz do Porto, formada na área de Interpretação pela Academia Contemporânea do Espetáculo.

Por entre as suas enumeras paixões, surge a arte crítica literária. Adora ler e esmiuçar as suas leituras, a fim de convencer as pessoas a dar uma oportunidade aos livros que a apaixonam.

A única coisa maior do que o seu amor à literatura é a sua lista de livros por adicionar à suas estantes.


Narrating Namibia, Narrating Africa Literary Festival

Narrating Namibia, Narrating Africa Literary Festival

A capital Windhoek (Vinduque), da Namíbia, recebe esta semana encontro literário com o título NARRATING NAMIBIA, NARRATING AFRICA LITERARY FESTIVAL, uma série de conversas organizadas pela Sociedade Científica da Namíbia, de 7 a 9 de Setembro de 2022, na Avenida Robert Mugabe, 110. As sessões começam às 18h00 e a entrada é gratuita.

7 DE SETEMBRO DE 2022
“Night of the Poets”, participam Hugh Ellis, Keamogetsi Joseph Molapong, Mimi Mwiya e Prince Kamaazengi, moderados por Sylvia Schlettwein e Rémy Ngamije, editor chefe da revista Doek!.

8 DE SETEMBRO DE 2022
“Writing Back For The Future”, participam Lauri Kubuitsile, Chuma Nwoloko e Valerie Tagwira, moderados por Annette Bühler-Dietrich e Rémy Ngamije.

9 DE SETEMBRO DE 2022
“Continental Violence, African Silence” participam George Seremba e Hugh Ellis, moderados por Joseph Molapong e Sylvia Schlettwein.

“Prisão Política” marcada para 11 de Setembro de 2022

“Prisão Política” marcada para 11 de Setembro de 2022

5/9/2022 — No próximo Domingo, 11 de Setembro, às 14h30, a Biblioteca Almeida Garrett, no Porto, irá receber o antigo preso político de Angola (2015 a 2016), interveniente no processo judicial 15+2, para nos revelar as suas memórias de cárcere no livro “Prisão Política” (Ed. 2021) .

O relato começa a 20 de Junho de 2015, na Vila Alice (Luanda) quando um grupo de jovens se encontrou no ILULA para realizar uma leitura colectiva da obra “Da Ditadura à Democracia”, de Gene Sharp. Estes jovens foram violentamente presos por uma força especial de intervenção rápida do Serviço de Investigação Criminal (SIC), e mais tarde, assistiram a um bizarro julgamento no qual foram acusados de terrorismo. Sofreram uma prisão prolongada até 29 de Junho de 2016, data em que foram libertados por ordem do Tribunal Supremo.