Carlos Mariano Manuel: “Se encontrássemos a coroa do Rei do Congo, seria um ato redentor”

Carlos Mariano Manuel: “Se encontrássemos a coroa do Rei do Congo, seria um ato redentor”

Historiador angolano exorta Portugal e Angola à reparação simbólica durante o lançamento do livro “A Primeira Travessia da África Austral”

Padrão dos Descobrimentos, Lisboa — 29 de outubro de 2025
(Registo em vídeo: Victor Hugo Mendes)

No lançamento do livro A Primeira Travessia da África Austral, de José Bento Duarte, o Prof. Doutor Carlos Mariano Manuel, historiador e prefaciador da obra, proferiu uma intervenção que uniu erudição, emoção e apelo moral. Diante de um público composto por representantes de Angola e de Portugal, defendeu o reconhecimento dos feitos dos exploradores angolanos Pedro João Baptista e Anastácio Francisco e lançou um desafio à consciência histórica dos dois países.

“Revisitar a História é sempre pertinente, contanto que sirva para elucidar a sociedade sobre o seu património imaterial mais valioso: a sua própria identidade.”

Reparar o esquecimento e valorizar a História partilhada

O professor catedrático angolano, autor do tratado de História “Angola desde antes da sua criação pelos portugueses até ao êxodo destes por nossa criação” (Ed. 2021), recordou que a travessia de Pedro João Baptista e Anastácio Francisco, realizada entre 1802 e 1811, antecedeu as expedições europeias do século XIX, e que a sua omissão dos registos oficiais é “um erro histórico e moral que deve ser corrigido”.
Assinalou também que o livro de José Bento Duarte vem “restaurar a verdade” e mostrar que a História da África Austral foi escrita também por africanos sob bandeira portuguesa.

“Estes dois angolanos negros, escravos por condição, foram pioneiros de uma travessia que, em dignidade e coragem, não fica atrás de nenhuma das grandes expedições europeias.”

Um olhar crítico sobre o passado colonial

Na sua intervenção, Carlos Mariano Manuel revisitou a história das relações entre África e Europa desde o século XV, analisando as fases de cooperação inicial, domínio e colonização.
Citou o discurso do primeiro presidente de Angola, proferido em 1975, para recordar que o povo português também se libertou do fardo colonial com o 25 de Abril de 1974, recuperando a sua dignidade.

“Portugal contribuiu para a libertação de Angola e, ao fazê-lo, libertou-se também de um peso histórico. O 25 de Abril foi um ato de justiça para ambos os povos.”

A primeira Travessia da África Austral
A primeira Travessia da África Austral

O simbolismo do Padrão e o apelo à redenção

No local emblemático do Padrão dos Descobrimentos, o historiador sugeriu uma reflexão sobre o nome do monumento:

“Talvez um dia o possamos chamar Padrão das Expedições Marítimas Portuguesas, pela sua natureza histórica e pela dignidade que representa.”

Recordando que o lançamento ocorreu no aniversário da Batalha de Ambuíla (29 de outubro de 1665), destacou o papel trágico do Rei do Congo, Dom António I (Muana Malaza), decapitado na batalha, e revelou que a coroa de prata oferecida pelo Papa Inocêncio VIII foi trazida para Portugal em 1666.

“Se conseguíssemos recuperar essa coroa, seria um acontecimento redentor. Um gesto simbólico de fraternidade e reconciliação entre Angola e Portugal.”

Um discurso de fraternidade e de futuro

Professor Doutor Carlos Mariano Manuel encerrou a sua intervenção elogiando o autor, José Bento Duarte, e o editor, João Ricardo Rodrigues, pela coragem intelectual e pela relevância histórica da obra:

Este livro é um ato de cultura e de consciência. Um convite a restaurar a verdade e a celebrar a fraternidade entre os nossos povos.”

A sua presença, vinda expressamente de Angola, e o discurso vigoroso gravado por Victor Hugo Mendes, transformaram o lançamento de A Primeira Travessia da África Austral num marco de diálogo histórico entre Angola e Portugal, onde a História e a memória se encontraram num mesmo ideal: o da verdade e da justiça.

Os livro podem ser encomendado pelo email: encomendas@autores.club

A Primeira Travessia da África Austral
A Primeira Travessia da África Austral

Miguel Anacoreta Correia: “É tempo de devolvermos o nome e o lugar que estes homens merecem”

Miguel Anacoreta Correia: “É tempo de devolvermos o nome e o lugar que estes homens merecem”

Intervenção no lançamento oficial do livro “A Primeira Travessia da África Austral”, de José Bento Duarte

Padrão dos Descobrimentos, Lisboa — 29 de outubro de 2025
(Reportagem vídeo de Victor Hugo Mendes)

Engenheiro Miguel Anacoreta Correia, figura histórica da vida política portuguesa, protagonizou uma das intervenções mais marcantes do lançamento do livro A Primeira Travessia da África Austral, de José Bento Duarte, no Padrão dos Descobrimentos, em Lisboa.

Com a serenidade e clareza que lhe são conhecidas, começou por recordar a sua ligação direta a África, onde nasceu (Moçambique) e cresceu (Angola), reconhecendo-se “um homem de duas margens”. Essa vivência serviu de ponto de partida para uma reflexão sobre a omissão do contributo africano nas grandes narrativas históricas.

“Livingstone elogiava os portugueses, mas quis reservar a glória para si, depois para os britânicos, e, no fim, apenas para os brancos. Os negros, sem os quais nada teria sido possível, foram omitidos”, afirmou.

O engenheiro sublinhou que os angolanos Pedro João Baptista e Anastácio Francisco foram os verdadeiros pioneiros da travessia documentada da África Austral, um feito que a História portuguesa apagou e que o livro de José Bento Duarte agora restitui.

“É tempo de compensar o esquecimento de Pedro João Baptista e Anastácio Francisco, em Angola e em Portugal”.

No cenário simbólico do Padrão dos Descobrimentos, a sua intervenção ecoou como um apelo à reconciliação histórica, entre povos, memórias e verdades partilhadas.

Intervenção de Eng. Miguel Anacoreta Correia no Padrão dos Descobrimentos na fim de tarde de 29 de Outubro de 2025, durante o lançamento oficial do livro “A Primeira Travessia da África Austral” (Ed. 2025), de José Bento Duarte. Gravação em vídeo de Victor Hugo Mendes

A Primeira Travessia da África Austral, de José Bento Duarte, no Padrão dos Descobrimentos

Padrão dos Descobrimentos: Angola e Portugal um encontro olhos nos olhos

Padrão dos Descobrimentos: Angola e Portugal um encontro olhos nos olhos

29/10/2025 — O monumental Padrão dos Descobrimentos, em Belém, foi o cenário escolhido para o lançamento oficial do livro A Primeira Travessia da África Austral, de José Bento Duarte, numa cerimónia que se transformou num marco de reencontro entre a História de Angola e a História de Portugal.

O evento reuniu personalidades de relevo das duas nações: representantes da Embaixada da República de Angola em Portugal, da Liga Africana, do Estado-Maior-General das Forças Armadas Portuguesas, da Academia da Força Aérea, além de membros de instituições civis e militares de ambos os países.

Na mesa de honra destacaram-se o Engenheiro Miguel Anacoreta Correia, o Prof. Doutor Carlos Mariano Manuel, que se deslocou de Angola especialmente para o evento, o editor João Ricardo Rodrigues, e o próprio autor José Bento Duarte. O Dr. José Ribeiro e Castro, Presidente da Sociedade Histórica da Independência de Portugal, enviou uma mensagem em vídeo, impossibilitado de comparecer por compromissos de agenda (ver vídeo da transmissão em directo).

Eng. Miguel Anacoreta Correia, Dr. José Ribeiro e Castro, Prof. Doutor Carlos Mariano Manuel e o autor José Bento Duarte

Primeira Travessia da África Austral, de José Bento Duarte
A Primeira Travessia da África Austral, de José Bento Duarte

Um encontro de angolanos em Lisboa que ecoou desafios à História

O lançamento revelou-se mais do que uma celebração literária: foi um encontro de angolanos em Lisboa que lançou desafios históricos e culturais às instituições portuguesas.

O autor, José Bento Duarte, de uma família muito antiga do sul de Angola, defendeu com veemência a necessidade de corrigir erros históricos e administrativos que, segundo ele, “por discriminação ou descuido”, apagaram da História de Portugal dois heróis luso-angolanos: Pedro João Baptista e Anastácio Francisco, os verdadeiros primeiros exploradores a realizarem a travessia documentada da África Austral.

“Seria um acto de justiça democrática, 50 anos após a independência de Angola, reconhecer e repor a verdade sobre estes dois heróis. A História deve ser corrigida, e é aos olhos da Democracia que o pedimos”, afirmou o autor, num discurso direto à Câmara Municipal de Lisboa e às instituições portuguesas.

História, reparação e justiça

Prof. Doutor Carlos Mariano Manuel, prefaciador da obra e considerado o mais importante historiador da República de Angola, sublinhou que Portugal tem hoje uma oportunidade única de fazer justiça histórica.

“Reconhecer o papel de Pedro João Baptista e Anastácio Francisco é um gesto de reparação. É afirmar que a História da África Austral também foi escrita por africanos, e que estes devem ocupar o lugar que lhes pertence na memória comum”, afirmou.

Carlos Mariano Manuel foi ainda mais longe, propondo uma reflexão sobre o próprio nome do Padrão dos Descobrimentos, sugerindo que venha a chamar-se “Padrão das Expedições Marítimas Portuguesas”, uma designação mais inclusiva e historicamente ajustada.

E lançou um desafio simbólico e poderoso:

“Peço aos portugueses que investiguem onde está a coroa do Rei do Congo, Dom António I, Muana Malaza, herói e mártir da Batalha de Ambuíla. Encontrá-la seria um acto redentor.”

A voz da História partilhada

O Engenheiro Miguel Anacoreta Correia, que nasceu em Moçambique e cresceu no sul de Angola, recordou a figura de David Livingstone, destacando as contradições do explorador britânico, que, embora admirasse os portugueses, pretendia reservar toda a glória para os britânicos e os europeus brancos, excluindo os africanos.

“Livingstone elogiava os portugueses, mas omitia os africanos. Essa exclusão precisa de ser corrigida na narrativa histórica. Os africanos também foram protagonistas das grandes travessias e explorações”.

O apelo do editor: uma História em construção

Durante o encontro, o editor João Ricardo Rodrigues, da Perfil Criativo | AUTORES.club, apelou às instituições históricas portuguesas, como a Sociedade de Geografia de Lisboa, a Academia Portuguesa da História e a própria Câmara Municipal de Lisboa, para que assumam uma posição pública sobre os factos revelados na obra.

“Estas instituições confirmaram presença, mas não compareceram. É tempo de abrirmos os olhos para a História que partilhamos. Este livro é um convite à verdade”.

O editor recordou ainda que o evento coincidiu com o 360.º aniversário da Batalha de Ambuíla (1665), acontecimento determinante na História de Angola e do Reino do Congo. Citando o Prof. Carlos Mariano Manuel, lembrou que “se quem escolheu o 11 de novembro como data da independência de Angola conhecesse profundamente a nossa história, teria escolhido o 29 de outubro”.

Um final inesperado e simbólico

No encerramento do evento, um momento inesperado emocionou os presentes: o jovem músico angolano Gari Sinedima, que se encontra em Lisboa, realizou uma performance espontânea em homenagem à origens comuns com o autor, num registo cultural do Sul de Angola.
Foi um gesto de gratidão, mas também uma afirmação simbólica da ligação viva entre as gerações angolanas e o seu património.

Gari Sinedima

Um novo capítulo para a História Luso-Angolana

O lançamento de A Primeira Travessia da África Austral foi mais do que uma apresentação literária, foi um ato de afirmação cultural e de revisão histórica, com ecos que ultrapassam a literatura e tocam a diplomacia.

O evento, transmitido em direto por Victor Hugo Mendes e disponível em vídeo, marca o início de uma série de artigos que o portal AUTORES.club publicará nos próximos dias, aprofundando as intervenções de cada participante e os desafios lançados ao conhecimento histórico entre Angola e Portugal.

A primeira Travessia da África Austral
A Primeira Travessia da África Austral

Fundação Mário Soares e Maria Barroso recebe exemplar de “Memórias das FALA”

Fundação Mário Soares e Maria Barroso recebe exemplar de “Memórias das FALA”

O editor da Perfil Criativo | AUTORES.clubJoão Ricardo Rodrigues, realizou uma visita à Fundação Mário Soares e Maria Barroso, em Lisboa, onde foi recebido pelo director executivo, Dr. Filipe Guimarães da Silva.
Durante o encontro, o editor ofereceu à Fundação um exemplar do livro Memórias das FALA — O Avanço no Norte e a Guerra Psicológica (1975-1992), da autoria do brigadeiro Fonseca Chindondo.

O principal objetivo desta visita foi envolver a Fundação na futura apresentação da obra, tendo em conta o enorme interesse do antigo Presidente da República PortuguesaDr. Mário Soares, pelas questões políticas e históricas relacionadas com Angola e com os processos de libertação e a difícil luta pela democratização.


A Fundação Mário Soares e Maria Barroso: um centro de memória e investigação

A Fundação Mário Soares e Maria Barroso, criada em 1991, tem como missão preservar, estudar e divulgar o legado histórico, político e cultural associado à democracia portuguesa, aos movimentos de libertação africanos e às personalidades que marcaram o século XX.
A instituição mantém um extenso e valioso acervo documental disponível para consulta presencial e online, incluindo:

  • Arquivo Mário Soares — com correspondência, discursos, diários, fotografias e documentação política de mais de cinco décadas;
  • Arquivo Maria Barroso — dedicado à vida cívica, política e artística da antiga deputada e primeira-dama;
  • Arquivo Mário Pinto de Andrade — figura central do nacionalismo angolano e fundador do MPLA, com documentação fundamental para o estudo dos movimentos de libertação africanos;
  • Arquivo da Casa dos Estudantes do Império (CEI) — espaço que foi berço da geração de intelectuais africanos que viriam a liderar as independências;
  • Arquivo Amílcar Cabral — com correspondência, textos políticos e materiais de formação do líder histórico da luta pela independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde.

Estes arquivos constituem um repositório inestimável para investigadores, sendo um terreno fértil para novos projetos académicos e editoriais que possam resultar em livros de grande valor histórico, especialmente se desenvolvidos por investigadores angolanos interessados em revisitar e reinterpretar as fontes originais disponíveis em Lisboa.


“Memórias das FALA” desperta interesse em Angola

Entretanto, em Angola, alguns exemplares do livro Memórias das FALA — O Avanço no Norte e a Guerra Psicológica (1975-1992) já começam a ser consultados por leitores e investigadores interessados.
O crescente interesse pela obra está a impulsionar a preparação de um grande encontro para o lançamento oficial em Luanda, que pretende reunir académicos, jornalistas e antigos combatentes para discutir este período dramático da história contemporânea.

O autor Fonseca Chindondo tem estado a apresentar as suas memórias e a promover debates em Luanda

“Memórias Aparições Arritmias”: um encontro poético no Palácio Baldaya

“Memórias Aparições Arritmias”: um encontro poético no Palácio Baldaya

Hoje, 4 de outubro, às 18h30, o Salão Nobre do Palácio Baldaya (em Benfica) será palco de um diálogo poético entre Yara Nakahanda Monteiro e do poeta angolano João Fernando André, centrado na obra Memórias Aparições Arritmias. O evento, promovido pela livraria Lulendo, terá entrada livre.

Esta obra marca a estreia de Yara Nakahanda Monteiro na poesia. Segundo a sinopse, o livro conduz o leitor por “outros tempos e espaços”: pela infância e adolescência vividas na periferia de Lisboa, mas também pelas memórias da Angola, transmitidas pela avó, numa mescla de geografias e afetos.

Detalhes do evento

  • Local: Palácio Baldaya, Estrada de Benfica 701A
  • Data e hora: 4 de outubro, às 18h30
  • Organização: Livraria Lulendo
  • Entrada: livre

Este encontro oferece uma oportunidade única de imersão no universo literário de Yara Nakahanda Monteiro, em diálogo com a experiência e a leitura de João Fernando André, propondo uma viagem emocional entre memórias, aparições e arrítmias literárias.

Autores angolanos brilham em Belém com atenção especial do Presidente da República

Autores angolanos brilham em Belém com atenção especial do Presidente da República

Lisboa, 30 de setembro de 2025 – A presença de autores angolanos marcou de forma memorável a edição deste ano da Festa do Livro em Belém, evento anual acolhido pelo Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa.

Num ambiente de proximidade e diálogo, os jovens escritores angolanos tiveram a oportunidade de conversar com o Chefe de Estado, que manifestou grande interesse pelas temáticas africanas de não ficção, sublinhando a importância destas obras para a compreensão das histórias partilhadas entre Angola e Portugal.

Livros adquiridos para a biblioteca do Palácio de Belém

Como é habitual, o anfitrião da Festa do Livro adquiriu algumas das novidades editoriais para integrar a biblioteca do Palácio de Belém:

Num gesto simbólico, o editor João Ricardo Rodrigues ofereceu ao Presidente, em nome da família do autor, o terceiro volume da surpreendente obra Os Bantu na Visão de Mafrano — Quase Memórias, de Maurício Francisco Caetano.

Diálogos marcantes

Durante o encontro, Marcelo Rebelo de Sousa manteve uma conversa em particular com Sedrick de Carvalho, preso político, autor e editor, num momento de forte carga humana e política.

O poeta Kaluga trouxe a frescura da nova poesia angolana, enquanto Fernando Kawendimba partilhou com o Presidente os seus novos projetos ligados à psicologia em Angola. Ao contrário do que é habitual, o poeta, autor e diretor-adjunto do Folha 8Orlando Castro, optou pelo silêncio, deixando espaço para os restantes autores.

O investigador Domingos Cúnua Alberto transportou Marcelo Rebelo de Sousa a memórias dos primeiros anos da democracia portuguesa, destacando o processo das independências africanas como um marco incontornável da história contemporânea.

Um momento inesquecível

O encontro em Belém ficará registado como um momento inesquecível para a literatura angolana em Portugal, reforçando a importância do diálogo entre gerações de escritores e a valorização das vozes africanas na construção de uma memória histórica e cultural partilhada.

Domingo com encontros em Belém 

Domingo com encontros em Belém 

No final da tarde, junte-se a nós para uma sessão especial de autógrafos com autores de destaque:
— Rafael Branco
— Orlando Castro
— João Fernando André (Kalunga)
— Fernando Kawendimba
— Sedrick de Carvalho
— Domingos Cúnua Alberto

Uma oportunidade imperdível para conhecer os autores, conversar sobre literatura e levar para casa um livro autografado!

Local: Jardins do Palácio de Belém, Lisboa

Belém reúne literatura, música e encontro com autores

Belém reúne literatura, música e encontro com autores

Perdura nos Jardins do Palácio de Belém, de quinta-feira, 25, a domingo, 28 de setembro, a Festa do Livro de Belém, com entrada livre e acesso pelo Museu da Presidência da República ou pelo Jardim Botânico Tropical; na quinta-feira o recinto abre às 16h00 e encerra às 22h30, na sexta-feira funciona das 10h00 às 22h30, e no sábado e domingo abre às 11h00 e encerra às 22h30. Ao longo dos quatro dias, entre os espaços das editoras e centenas de iniciativas, a música volta a marcar o compasso das noites: na quinta-feira, 25, atuou Carolina Deslandes seguindo-se, já era noite, o concerto de Rui Veloso Trio; hoje sexta-feira sobe ao palco Bárbara Tinoco às 21h30; no sábado é a vez de Fernando Daniel às 21h30; e no fecho, domingo, os Xutos & Pontapés tomam conta do serão. No domingo a tarde traz também encontro direto entre leitores e escritores: às dezanove horas em ponto, realiza-se uma sessão de autógrafos com os nossos autores Orlando Castro, Rafael Branco, Sedrick de Carvalho, Domingos Cúnua Alberto e o poeta Kalunga, João Fernando André, momento de proximidade que antecede o concerto de encerramento. Para quem planeia a visita, vale reter que a circulação no recinto obedece às regras habituais de segurança de um espaço presidencial e que a entrada é gratuita; recomenda-se chegada antecipada nos dias de concerto.

Quanto às condições atmosféricas, sábado será um dia mais fresco, com máxima a rondar os 21º Celsius e mínima nos 19º, enquanto domingo poderá trazer períodos de chuva, com máxima de 23º e mínima de 16º; há ainda aviso amarelo para agitação marítima no domingo, com ondas de quatro a cinco metros ao longo da costa, pelo que se recomenda agasalho leve, guarda-chuva e calçado confortável para quem visitar o recinto, sobretudo à noite e durante o concerto de encerramento.

No espaço da www.AUTORES.club presente na Festa do Livro de Belém 2025, os visitantes poderão encontrar um conjunto diversificado de livros que marcam a edição deste ano. Entre as novidades disponíveis destacam-se Kimamuenho — Um Intelectual Rural do Período 1913-1922; Nuvem Negra — O Drama do 27 de Maio de 1977, uma abordagem a um dos episódios mais violentos da história; Crónicas do Homem — Pensamentos sobre a Nossa Sociedade e o Nosso País, com reflexões sobre os desafios sociais e políticos; Editoriais do Expansão 2019-2021; Os Bantu na Visão de Mafrano — Quase Memórias — Volume III, distinguido com o Prémio Nacional de Cultura e Artes 2024; A Primeira Travessia da África Austral, que resgata a memória de dois luso-angolanos de uma epopeia histórica esquecida e que será desvendada publicamente na tarde de 29 de Outubro de 2025 no Padrão dos Descobrimentos; Memórias das Fala — O Avanço no Norte e a Guerra Psicológica (1975-1992), com testemunhos sobre o período de conflito; Holovida, obra de cariz reflexivo; Nutriterapia, dedicada à saúde; e O ‘Reconhecimento’ do Governo Angolano pelo Estado Português (1976) — As visões político-partidárias do PS, PPD/PSD e PCP, uma análise política e histórica do período quente da história de Portugal e que chamou a atenção do anfitrião do Palácio de Belém no primeiro dia da Festa. Todas estas obras estarão disponíveis para os visitantes explorarem e, em alguns casos acabarem por ler.

Guilherme Galiano: O eterno menino de sua mãe

Guilherme Galiano: O eterno menino de sua mãe

TEXTO: ARMINDO LAUREANO “MINDÃO ” 15.09.2025

Alzira de Lourdes Nascimento do Espírito Santo Velasco Galiano , nasceu na cidade do Lobito , no dia 13 de Setembro do longínquo ano de 1926 . Mulher culta, educada, respeitada e respeitadora. Uma mulher de presença . Uma presença que marca, que nos honra e prestigia . Uma mulher com inspiradoras e verdadeira vivências e mãe de Guilherme GalianoLhé Lhé “.

O Galiano era um verdadeiro menino de sua mãe. A Kota Alzira era a sua referência de vida, a sua conselheira e protectora. Ele nasceu no mesmo mês da sua mãe (nasceu a 28 de Setembro de 1960) e por coincidências do destino, o Galiano morre precisamente no dia em que a sua mãe completou 99 anos de idade. Que coisa impressionante.

Voltar para Angola não foi um decisão fácil para o Galiano. Tinham sido vários anos de vivência em Portugal, família e amizades consolidadas. Havia também um grande dilema para o Galiano : A separação da mãe Alzira.

Vir para Angola significava um afastamento entre mãe e filho, entre duas figuras inseparáveis. O Galiano disse-me que a Kota Alzira não acolheu muito bem a ideia dele voltar para Angola. Ela preferia a estabilidade e a sua presença em Portugal, tinha alguns receios desta nova aventura porque Angola. O seu “Lhé Lhé ” estava determinado , ele sentia que era o momento de fazer alguma coisa por Angola e em Angola.

Por causa da nova experiência profissional do filho, a Kota Alzira passou a visitar Angola com maior regularidade e a passar algumas temporadas cá. Lembro-me que quando o Galiano nos apresentou, a kota já tinha a minha “ficha” completa. O Galiano já lhe tinha falado do filho que adoptara e ela acolheu-me de forma muito maternal. Sempre me tratou com carinho, respeito e atenção. Numa das fotos feita em Maio de 2015, ela parece no lançamento do meu livro “Um ano de Vivências” na Universidade Lusófona em Portugal acompanhada dos netos (filhos do Galiano), os meus manos Nicolau Galiano e Teresa Galiano “Libely”. Uma presença que teve um valor único e que me deixou bastante emocionado.

Em Setembro de 2016, o Galiano organizou a festa dos 90 anos da Kota Alzira Galiano. Estive presente e fiz as fotos em que ele abre o salão com a sua mãe. Foi um verdadeiro momento de cumplicidade, sintonia e harmonia entre eles. Cada passo dele parecia programado e ele tinha muito cuidado. Era um misto de alegria e emoção. Foi uma festa surpresa e a Kota Alzira dizia-lhe coisas sobre a organização , os convidados e outras coisas. Vi naquele momento uma verdadeira transformação, ele deixou de ser o Galiano e passou a ser o Lhé Lhé. Para a mãe Alzira, o nosso Galiano sempre foi o Lhé Lhé, o menino de sua mãe.

O menino que partiu exactamente no dia em que sua mãe completou 99 anos de idade. Que Deus dê força, fé e coragem à Kota Alzira Galiano.

Não é fácil aceitar a sua partida. Não é fácil saber que já não o nosso Man-Galy. Não devia haver dias assim…

Um abraço meu querido, meu velho, meu amigo. Do teu “Mindão “.

A última festa do mandato: livros e leitores regressam a Belém

A última festa do mandato: livros e leitores regressam a Belém

A Festa do Livro em Belém, que estava marcada inicialmente entre 4 e 7 de setembro, foi suspensa na sequência do trágico acidente com o Elevador da Glória, em Lisboa, ocorrido a 3 de setembro.
Em comunicado oficial, o Presidente da República, em acordo com a Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL), decidiu reagendar a Festa para os dias 25 a 28 de setembro de 2025, mantendo-se o local: os jardins do Palácio Nacional de Belém.
Esta será a oitava edição da Festa do Livro em Belém e a última durante o atual mandato presidencial.


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