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Fernando Kawendimba fala de escrita e saúde mental no “Mar de Letras”

Fernando Kawendimba fala de escrita e saúde mental no “Mar de Letras”

No episódio 38 da série literária “Mar de Letras”, transmitido pela RTP no dia 12 de novembro de 2025, o psicólogo e escritor angolano Fernando Kawendimba partilhou com o público o seu percurso interdisciplinar e literário.

Fernando Kawendimba explicou como a sua formação em Psicologia moldou a sua abordagem criativa: personagens que atravessam estados emocionais reais, narrativas que não evitam a fragilidade nem o desconforto humano. Ao mesmo tempo, sublinhou que a imaginação é o motor da sua escrita, “parte da realidade, mas é a imaginação que toma conta das histórias”.

Durante a entrevista, o autor revelou versatilidade: transita entre o conto e o romance, volta-se para a literatura infantil e não hesita em abordar temas como a saúde mental. Esta pluralidade confirma-o como uma voz emergente na literatura lusófona que une Angola, Portugal e outras comunidades de língua portuguesa.

Na conversa com o apresentador, Kawendimba falou ainda sobre o valor da diferença cultural, quer no contexto africano, quer entre gerações, e sobre como essa riqueza se reflete nas suas personagens e nos cenários dos seus livros. O autor convidou também os leitores a abraçar narrativas que exploram a vulnerabilidade e a esperança, defendendo que “escrever é um gesto de coragem”.

Ver aqui a entrevista: https://www.rtp.pt/play/p14464/e888981/mar-de-letras

O episódio esteve dedicado à produção literária em língua portuguesa, reforçando a importância de dar visibilidade a autores que atravessam fronteiras geográficas e linguísticas. Para além de promover obras concretas, a entrevista serviu como um apelo à reflexão sobre identidade, saúde mental e o poder transformador da literatura.

Mãe Nossa que Sois o Céu - Contos
Mãe Nossa que Sois o Céu – Contos

Pode ver o programa:

16 Nov 06:h30 RTP África
17 Nov 04h15 RTP África
20 Nov 03h45 RTP Internacional

https://www.rtp.pt/programa/tv/p46650/e38

Após a emissão pode ver ou rever o programa aqui:
https://www.rtp.pt/play/p14464/mar-de-letras

O Abraço da Reconciliação

O Abraço da Reconciliação

Por GABRIEL BAGUET JR (publicado no site Horizontes Viver Angola em Agosto de 2025)

“Eu te Amo tanto meu Irmão” é uma das frases que integra a letra da Música ” Njila ia Dikanga “, expressão da Lingua Nacional Bantu, o Kimbundu , que os Músicos angolanos Paulo Flores e Yuri da Cunha cantaram em Outubro de 2023 no Coliseu de Lisboa.

Mas desta inspiradora e sentimental apelo à terra ,.entre outras Músicas da Pátria Angolana também se fixa , ”gira mundo, gira poeira, não esquece a dor da terra”. Não se pode esquecer a dor da terra.. Não se pode. Todos somos chamados a esse exercício de consciência individual e colectiva.

Emerge reflectir Angola a 50 anos. Ganhar tempo ao Tempo perdido com a Tragédia da Guerra.

Bem no centro histórico da capital portuguesa, o Coliseu de Lisboa acolheu esse Concerto belíssimo e inesquecível dedicado à Mulher Bessagana.

Era o encontro assumido com a nossa Identidade Cultural e Patrimonial. A Música é Património de qualquer Nação e em particular quando a mesma é evocada numa sala de Concertos ou noutro lugar do Mundo. E fixa todas as Falas, todos os Sonhos e todas as Esperanças.

Como escreveu e disse Albert Einstein e cito ” a Paz é a única forma de nos sentirmos realmente Humanos “. E é uma verdade inquestionável.

E este Concerto e esta Música, são entre outras manifestações claras de um sentimento fundamental e necessário para a Nação Angolana e o Mundo e a Paz como oceano de renovadas navegações.Urge Reconciliar. Urge Dialogar. Não existem outros caminhos para o Abraço da Reconciliação.

Acompanhados de brilhantes Músicos, Paulo Flores e Yuri da Cunha fixaram na Memória do Coliseu de Lisboa, mas na Memória Colectiva de cada Mulher e homem Angolano, a emergência de se olhar para a Arte da Música como garante crucial para aproximar Vozes, Pessoas e todas e todos que pensam, reflectem e sentem a Nação Angolana.

Revisitar esta inesquecível e marcante Música a todos os títulos , é também o meio, creio, para que todos os Criadores e Fazedores de Arte e de Cultura, sintam que são chamados uma vez mais e de modo mais que Emergente , a lançar o necessário apelo para o Abraço da Reconciliação.

Assumamos as fracturas existentes, mas assumamos a necessidade imperativa de nos Abraçarmos sem reservas, sem ódios e salvemos a Nação Angolana. Temos esse Dever, mas igualmente o Direito de apelar.

As gravatas ou outros elementos das indumentárias que usamos não são iguais em nenhuma circunstância. Isso chama-se Diversidade.

A Diversidade é parte do eixo para com todo o tempo , Governo, Partidos Políticos, CEAST, Universidades, Organizações Não Governamentais/Associações, Autoridades Tradicionais e Sociedade Civil estarem sentadas à mesma mesa e reflectir o País em todos os sectores e sem silêncios face aos inúmeros Desafios que temos. São imensos os Desafios no plano urbano e rural, no plano social, no plano económico ,mas o valor da vida humana não pode ser descurado. O valor do natural Direito à vida do Povo Angolano resulta da formação e matriz do Estado de Direito Democrático.

Não podemos ser indiferentes ao Diálogo. Foi o Diálogo com diversos intervenientes que conduziram aos Acordos de Alvor, aos Acordos de Lusaka, aos Acordos de Bicesse , aos Acordos de Gabdolite e aos Acordos de Paz a 4 de Abril.

O desejo legítimo de ver Angola a renascer no sentido mais desejável face aos padrões exigíveis e recomendáveis do Desenvolvimento Humano.

O Abraço da Reconciliação resulta de uma necessidade de “combater” a indiferença e a intolerância. Em 50 anos da nossa História fizeram-se conquistas mesmo estando em Guerra Civil.

E cabe a todos Nós criar e estabelecer as escolhas para harmonizar a Sociedade Angolana em toda a sua extensão.

O Abraço da Reconciliação sincero, sentido, discutido, aponta caminhos para a redução da Pobreza, da necessidade de Habitação condigna, de um Sistema Nacional de Saúde Pública forte, inovador, humanista e diferenciado sem esquecer que envelhecemos e ter um Sistema de Segurança Social que proteja a vulnerabilidade que surge em qualquer Sociedade do mundo. É necessário raios de Luar para iluminar as mentes diversas da Governação, dos Partidos com representação parlamentar, os Representantes diversos como anteriormente destaquei e sejam parte das soluções para uma Sociedade que seja justa, profundamente una e Humanista. Repito e nunca deixarei de relembrar o facto que decorre do que é a Ciência Política e do que é o Constitucionalismo que o Estado são as Pessoas. Não existem Estados abstractos.

Logo, o ponto de partida na minha sentida opinião e vale o que vale, é olhar para o Povo que Somos e como Povos que Somos não podemos ignorar mais que urge um Abraço de Reconciliação e se necessário for, criar um Governo de Unidade Nacional . Os antagonismos são parte de uma narrativa que sendo parte do edifício de Nação, podem sercir para uma reflexão que a todos interpela.

As estatísticas oficiais Nacionais apontam que somos cerca de 30 milhões de habitantes.

No seu livro com o título ” Blues e a poética contra a Indiferença”, o Escritor/ Investigador e mentor do Jazz Jerónimo Belo em Angola antes da Independência Nacional, refere citando Archie Sheep que o ” Jazz é a Flor que, apesar de tudo , desabrocha no pantanal “. E é verdade. E o Jazz tem essa força para iluminar o Abraço da Reconciliação e ” criar amor com os olhos secos “.

Perguntarão alguns ,mas o Jazz pode contribuir para consolidar o Abraço da Reconciliação? Pode e deve como todas as Artes e Criações. Ao referir o Concerto de Paulo Flores e de Yuri da Cunha, assumo ser uma raiz inspiradora e patriótica como escreveu e muito bem Jerónimo Belo ao salientar que ”o envolvimento dos Blues e do Jazz na luta anti-apartheid inspirou numerosos artistas sul-africanos e outros que se identificaram com essa importante causa da dignidade humana“, cito o Escritor e Autor do livro ”Blues e a Poética contra a Indiferença“.

Por isso e reafirmo que o Abraço da Reconciliação efectiva pode ser utilizado como tema de um Colóquio Nacional ou de um Festival Musical e Cultural que sensibilize a classe política para os reais e concretos problemas da Nação Angolana.

E no Abraço da Reconciliação não excluo e como já escrevi, com o título o Valor Sagrado da Paz, em Angola, que o Abraço da Reconciliação permite rever tudo que está errado e perdoar e novas chuvas surgirão para reconstruir e erguer uma Sociedade Angolana que é também resultante de lutas de clandestinidade que conduziram ao surgimento das indignações legítimas na luta Anti-Colonial e com isso a legítima Independência Nacional. Somos feitos de uma arquitectura frágil. No discurso de tomada de posse em 2017, o Presidente da República João Lourenço referiu e disse e relembro ” vamos corrigir o que está mal e melhorar o que está bem “. Este princípio abriu varias janelas de esperança. Mas o decorrer do tempo inverteu essa máxima.

E no Abraço da Reconciliação não é para culpar este o aquele, mas de facto este Abraço de Reconciliação é a ponte para Olhar de modo transversal para todo o Povo Angolano e perceber as necessidades imediatas para suprir a Fome e as várias fragilidades que vivemos. Aceito criticas a esta assumida Reflexão, por pluralidade, mas as montanhas da indiferença acabam por fechar um ciclo de Diálogo que não é necessário para o Renascer da Nação. As Sociedades são feitas de múltiplos saberes e de variados intervenientes. Desde o Poder Político ao Poder Judicial e aos outros demais poderes que são a jangada para edificar a Nação. E a Nação Angolana precisa de ser debatida de coração aberto para que se encontre o rumo.

E neste Abraço da Reconciliação jamais poderemos ignorar a condição de Ser-se Pessoa. E em meu entender aceitando opiniões sustentadas, a Condição Humana é inviolável. E reconhecer o mérito de quem quer ajudar é o Sonho pelo qual o inesquecível Martin Luther King Jr lutou para uma América em que a violação de naturais Direitos Civis e Políticos tinha que ser uma realidade.

Ninguém nasce político ou função. E debaixo das nossas janelas observamos o nosso quotidiano . E Juntos e verdadeiramente Unidos no Abraço da Reconciliação real e abrangente , quero acreditar que é preciso identificar e revisitar o que está feito, o que foi feito e deve ser corrigido e o que falta fazer.

Sem orgulhos, sem intransigências e centrados na Humanização da intervenção Política e da Sociedade em geral podemos Sonhar com Justiça, correcta defesa dos Direitos Humanos, logo garantindo o respeito pelos Direitos Fundamentais.

E neste Abraço de Reconciliação fica o apelo interno e externo para que as Comunidades Angolanas sejam também parte do Diálogo a várias vozes que se deseja e impera.

É preciso sonhar por dias melhores. Não é uma missão impossível. No Abraço da Reconciliação a sensibilidade e a capacidade de ouvir e auscultar , permitirá desenhar novas Estradas de Esperança e Igualdade. Todos, mas todos somos necessários à Pátria Angolana . Não podemos ignorar o sofrimento de um Povo ,nem tão pouco o legado da Unidade Nacional, cujo objectivo central é Unir e Dialogar, repito sem dogmas e sem reservas. É importante antecipar o nosso Futuro como Nação e perceber todos os sinais que a geopolítica vai impondo a muitos Povos do mundo. O Abraço da Reconciliação sustentará sempre o imperativo da garantia da PAZ entre Nós. Nas diferenças, também encontramos denominadores comuns. E o principal denominador para a Pátria Angolana é a PAZ, mas o escrupuloso respeito pela Constituição da República. E a Arte pode contribuir para reinventar e recriar uma renovada práxis política.

Carlos Mariano Manuel distinguido com o Prémio Nacional de Cultura e Artes 2025

Carlos Mariano Manuel distinguido com o Prémio Nacional de Cultura e Artes 2025

Professor catedrático, médico patologista e investigador premiado pelo monumental tratado de História Angola: desde antes da sua criação pelos portugueses até ao êxodo destes por nossa criação

O Ministério da Cultura da República de Angola anunciou, no sábado 7 de novembro de 2025, durante uma conferência de imprensa no Palácio de Ferro, em Luanda, os vencedores da 26.ª edição do Prémio Nacional de Cultura e Artes, a mais alta distinção atribuída pelo Estado angolano a criadores, investigadores e agentes culturais que se destacam na preservação dos valores nacionais, no ano em que o país celebra o cinquentenário da Independência.

Na categoria de Ciências Humanas e Sociais, o prémio foi atribuído ao Prof. Doutor Carlos Mariano Manuel pela obra Angola: desde antes da sua criação pelos portugueses até ao êxodo destes por nossa criação, uma edição monumental em três volumes que totaliza mais de 2.200 páginas.

Primeira edição, especial para coleccionadores
Prémio Nacional de Cultura e Artes 2025

A obra foi publicada pela Perfil Criativo | AUTORES.club, editora independente sediada em Lisboa, que tem vindo a afirmar-se como uma das mais consistentes promotoras do pensamento e da criação intelectual angolana contemporânea.

O reconhecimento do Prof. Carlos Mariano Manuel vem reforçar a continuidade do prestígio editorial da casa, que já havia sido distinguida na edição de 2024 do Prémio Nacional de Cultura e Artes, quando o júri premiou Maurício Francisco Caetano na mesma categoria, pela trilogia Os Bantu na Visão de Mafrano — Quase Memórias, uma obra igualmente de grande fôlego, com cerca de 800 páginas em três volumes.

Prémio Nacional de Cultura
Prémio Nacional de Cultura 2024

Um prémio que valoriza a investigação e o pensamento angolano

A escolha de Angola: desde antes da sua criação pelos portugueses até ao êxodo destes por nossa criação reconhece o alcance académico e simbólico de uma investigação que percorre séculos de história, da formação das estruturas políticas e culturais pré-coloniais até à afirmação nacional contemporânea.
O trabalho de Carlos Mariano Manuel é notável pelo rigor documental, amplitude interpretativa e contributo para uma leitura descolonizada da história angolana.

Prof. Doutor Carlos Mariano Manuel
Prof. Doutor Carlos Mariano Manuel

O autor, de passagem por Lisboa a caminho dos EUA, protagonizou no dia 29 de outubro de 2025 uma extraordinária intervenção pública no Padrão dos Descobrimentos, precisamente 360 anos após a Batalha de Ambuíla, sublinhando a necessidade de revisitar criticamente o passado colonial e de reinscrever Angola no centro da sua própria narrativa histórica.

Cerimónia de entrega

A cerimónia de entrega oficial do Prémio Nacional de Cultura e Artes 2025 decorrerá no dia 20 de novembro, em gala no Hotel EPIC Sana Luanda, reunindo personalidades das artes, letras e ciências do país.

MATERIAL INFLAMABLE avança no Uruguai com leituras-performance de Danilo Faceli e Natalia Quintana

MATERIAL INFLAMABLE avança no Uruguai com leituras-performance de Danilo Faceli e Natalia Quintana

Do palco argentino ao Alejandría Café, em Montevideo, com base no livro publicado pela Perfil Criativo | AUTORES.club

Montevideo, 7 de novembro de 2025 — Chegou ao Uruguai a série de apresentações MATERIAL INFLAMABLE, criação de Danilo Faceli em parceria com Natalia Quintana, a partir do livro homónimo publicado pela Perfil Criativo | AUTORES.club. O formato cruza leitura performativa, dizer poético e gesto cénico, num registo íntimo pensado para cafés, feiras e pequenos teatros.

  • Agenda no Uruguai
    • 8/11 – Feria Nativa (Aguas Dulces)
    • 9/11 – La Valiferia (Valizas)
    • 12/11 – Alejandría Café (Montevideo)

Material Inflamable
Material Inflamable

Gari Sinedima surpreende no Padrão dos Descobrimentos com homenagem a José Bento Duarte

Gari Sinedima surpreende no Padrão dos Descobrimentos com homenagem a José Bento Duarte

Participação espontânea emocionou o público e celebrou Moçâmedes, terra natal de ambos

No final da sessão de lançamento de A Primeira Travessia da África Austral, de José Bento Duarte, no Padrão dos Descobrimentos (29.out.2025), o músico angolano Gari Sinedima subiu ao palco sem estar programado e ofereceu uma breve performance de agradecimento ao autor. O momento, declarado “de conterrâneo para conterrâneo”, destacou o orgulho partilhado por Moçâmedes (Namibe), a “maravilhosa cidadezinha à beira-mar” que une artista e escritor, e foi recebido com surpresa e forte aplauso pelo público.

Quem é Gari Sinedima

Gari Sinedima é cantor, compositor e professor de canto/performance angolano, reconhecido como um dos nomes de referência da nova música angolana. Natural de Moçâmedes (Namibe), começou cedo na música em contexto cristão e desenvolveu carreira entre Angola e Portugal. Lançou o EP Conduto is a Mother Food” (2020), com fusões de estilos e canções de celebração e consciência; em 2023 editou o EP “Gratidão” e o single “Nosso Momento”; em 2025 somou novas colaborações e participações editoriais em plataformas internacionais (Apple Music/Spotify/Amazon). Em março de 2025, apresentou concertos em Lisboa e foi orador-artista convidado no TEDxLisboa, onde é referido como vencedor do prémio “Best Troubadour of Luanda” 2023 (Cantar Agostinho Neto). Entre temas e colaborações de destaque contam-se “Quero Kissangua”, “Piluka” (com DJ Djeff), “Angola Encanto” e “Amigo (feat. Sir KG)”. 

Nota editorial: A performance de Gari Sinedima não constava do programa e surgiu como gesto de amizade e reconhecimento pelo livro e pela memória histórica que convoca, reforçando o tom de encontro luso-angolano que marcou o evento.

O livro A Primeira Travessia da África Austral pode ser encomendado por email encomendas@autores.club o por telefone 214.001.788

Casa de Angola de Itália lança o Prémio Literário “Njinga Mbande” 2025/2026

Casa de Angola de Itália lança o Prémio Literário “Njinga Mbande” 2025/2026

Uma celebração da língua portuguesa e das independências africanas

Florença, Itália – A Casa de Angola em Itália anunciou o lançamento do Prémio Literário “Njinga Mbande” 2025/2026, uma iniciativa que homenageia os 50 anos das independências dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) e celebra a emancipação política e cultural dessas nações.

Instituído pela Associação Njinga Mbande e pela Casa de Angola em Itália, em colaboração com a CPLP, a Associação Encontro de Jovens Investigadores de Língua Portuguesa (EJICPLP África) e a Associação de Amizade e Solidariedade Angola–Itália (AASAI), o prémio tem como missão promover a língua portuguesa em Itália e estimular a criação literária inédita nas áreas de Ficção, Poesia e Teatro, bem como em formatos literários inovadores.

A língua portuguesa como horizonte de criação

Mais do que um concurso literário, o Prémio “Njinga Mbande” propõe-se estimular o pensamento, a imaginação e a criatividade. Ao abrir espaço para escritores emergentes e investigadores da língua portuguesa em Itália, esta iniciativa promove a circulação cultural e intelectual entre continentes, reafirmando o papel da literatura como instrumento de emancipação.

Sucesso marca o lançamento do livro Angola e os Desafios da Estabilidade em África, de Zeferino Pintinho

Sucesso marca o lançamento do livro Angola e os Desafios da Estabilidade em África, de Zeferino Pintinho

Auditório do Arquivo Nacional de Angola, em Luanda, acolheu na tarde desta quarta-feira, 5 de novembro de 2025, o lançamento oficial do livro Angola e os Desafios da Estabilidade em África, da autoria do Prof. Doutor Zeferino Pintinho, numa edição da Perfil Criativo | AUTORES.club, organizado pela PROCELES Angola Service e pela Oficina de Ideias.

O evento, moderado pelo Dr. Osvaldo Mboco, contou com a presença de distintas figuras da diplomacia, das forças de defesa e segurança, da academia e da juventude angolana, confirmando o impacto e a relevância nacional da obra.

A sessão solene teve início com uma oração de abertura proferida pelo Dr. Reverendo Neves de Sousa, seguida da mensagem de boas-vindas do Prof. Doutor Justino da Glória Ramos, Diretor Nacional do Arquivo Nacional de Angola, que destacou a importância da reflexão sobre o papel de Angola na construção da estabilidade regional.

O momento cultural incluiu atuações do Grupo Coral “Os Sozinhos”, do músico Juliano Lírico, do Grupo de Dança Tradicional Unidos pela Arte e do Grupo Teatral JIMA – UTUIA, criando uma ambiência artística condizente com o espírito da obra.

Dra. Augusta Kapaia, Vice-Presidente da União dos Estudantes de Toda a África (AUSU), fez uma intervenção coerente.

Eng.º Domingos Simões Pereira, Presidente do PAIGC e prefaciador do livro, partilhou breves palavras sobre o contributo intelectual do autor e a importância de Angola na política africana contemporânea (ver gravação).

apresentação da obra esteve a cargo do Embaixador Marcos Barrica, Diretor da Academia Ministro Venâncio de Moura, que destacou a natureza científica e estratégica do trabalho, centrado na Missão Militar Angolana na Guiné-Bissau (MISSANG, 2007–2022), e no papel de Angola como potência regional promotora da estabilidade e da segurança em África.

Em breves palavras, o autor Zeferino Pintinho agradeceu o apoio institucional e sublinhou que “Angola tem um papel determinante na construção de uma África estável, solidária e pacífica, capaz de afirmar-se no cenário internacional”.

O evento encerrou com uma sessão de outorga e assinatura de exemplares, bastante concorrida, demonstrando o entusiasmo e a adesão dos presentes a uma reflexão.

O lançamento de Angola e os Desafios da Estabilidade em África constitui, assim, um marco relevante para o pensamento político e estratégico angolano, reunindo protagonistas da vida diplomática e militar num momento de partilha, orgulho e afirmação nacional.

TV Zimbo e TPA antecipam o lançamento do livro que repensa o papel de Angola em África

TV Zimbo e TPA antecipam o lançamento do livro que repensa o papel de Angola em África

Zeferino Pintinho apresenta em Luanda o livro Angola e os desafios da estabilidade em África

Arquivo Nacional de Angola, em Luanda, recebe nesta quarta-feira, 5 de novembro de 2025, às 16h00, o lançamento do livro Angola e os desafios da estabilidade em África, da autoria do Prof. Doutor Zeferino Pintinho, numa edição da Perfil Criativo | AUTORES.club.

A obra resulta de um trabalho académico e analítico de grande rigor, centrado na Missão Militar Angolana na Guiné-Bissau (MISSANG, 2007–2022), e propõe uma reflexão profunda sobre o papel de Angola na promoção da paz, da segurança e da estabilidade política no continente africano.

Com uma abordagem que combina teoria, investigação e experiência prática, Zeferino Pintinho revela os bastidores da cooperação militar angolana e discute o contributo do país para a construção de uma África mais estável e integrada.

No âmbito da divulgação da obra, o autor concedeu duas entrevistas televisivas que despertaram grande interesse público. A primeira foi transmitida no dia 3 de novembro de 2025, no programa “Bom Dia Angola”, da TPA, e a segunda realizada hoje, 4 de novembro de 2025, no programa “Está na Hora”, da TV Zimbo. Em ambas, Zeferino Pintinho apresentou as principais ideias do livro e refletiu sobre os desafios contemporâneos da segurança e da diplomacia africanas.

O lançamento contará com a presença de distintas personalidades da defesa, diplomacia, segurança e academia, num momento de celebração do pensamento angolano sobre as dinâmicas da estabilidade e cooperação regional em África.

José Bento Duarte: “Pedro João Baptista e Anastácio Francisco pertencem à galeria dos melhores”

José Bento Duarte: “Pedro João Baptista e Anastácio Francisco pertencem à galeria dos melhores”

Apresentação do autor no lançamento de “A Primeira Travessia da África Austral”

Padrão dos Descobrimentos, Lisboa — 29 de outubro de 2025

O autor José Bento Duarte fez uma intervenção extensa, luminosa e apaixonada no lançamento de A Primeira Travessia da África Austral, situando a obra como o fecho de uma trilogia de evocações históricas sobre o expansionismo português e as relações com os povos africanos. Entre recordações pessoais, método de investigação e leitura crítica das fontes, apresentou a travessia documentada de Pedro João Baptista e Anastácio Francisco (1802–1811) como um feito de “primeira grandeza”, e como um teste moral à memória pública de Portugal, Angola e Moçambique.

“Coloquei Pedro João Baptista e Anastácio Francisco no termo do livro porque pertencem à galeria dos melhores que encontrei em quatro séculos de História.”

A trilogia e a motivação do autor

Bento Duarte enquadrou o novo título na trilogia composta por Senhores do Sol e do VentoPeregrinos da Eternidade e A Primeira Travessia da África Austral. Natural de Moçâmedes (Namibe), com raízes familiares de várias gerações em Angola, explicou que a obra nasce do “desejo de investigar de perto o longo convívio histórico entre portugueses e africanos”, com especial foco nos antepassados dos angolanos e moçambicanos.

  • Senhores do Sol e do Vento (1482–1917) abre com Diogo Cão e fecha com Mandume ya Ndemufayo, articulando figuras portuguesas e africanas num arco que desmonta simplificações coloniais.
  • Peregrinos da Eternidade revisita a ascensão de D. João I e da burguesia mercantil, preparando a expansão para lá das fronteiras (1415).
  • A Primeira Travessia da África Austral (1415–1815) caminha deliberadamente para o capítulo final, a proeza de Pedro João e Anastácio, “os meus conterrâneos”, que ligam Cassange–Lunda–Cazembe–Tete.

“Não escrevi um livro de figuras portuguesas em África; escrevi sobre portugueses e africanos que coexistiram: Bacongo, Ambundo, Ovimbundu, Herero, Nyaneka, Kwanyama, Ganguela, Kioko, Ambo, Chindonga…”

Como o livro está construído

O autor descreveu três blocos narrativos:

  1. Mitos antigos sobre a África Central e Austral (2 capítulos) — cinocéfalos, homens sem cabeça, antropofagia: imaginários que deformaram mentalidades e criaram preconceitos com efeitos históricos.
  2. Da orla atlântica à índica: fixações e rotas (cap. 3–18) — feitorias, portos, penetrações fluviais (Cuanza e Zambeze), Ilha de Moçambique como base para a Índia, e a centralidade do ouro de Sofala (Monomotapa) para sustentar o comércio de especiarias.
  3. Tentativas de travessia e a primeira travessia documentada:
    • Correia Leitão (1755–56): travado pelos Jagas do Cassange; ensinou a lógica das três etapas(Cassange → Lunda; Lunda → Cazembe; Cazembe → Tete).
    • Francisco José de Lacerda e Almeida (1798): parte de Tete, chega moribundo ao Cazembe e morre; “um homem trágico, de extraordinário espírito de missão”.
    • Pedro João Baptista e Anastácio Francisco (1802–1811): realizam a primeira travessia documentada. Partem de Cassange (nov/1802), chegam a Tete (2/fev/1811) e regressam a Angola (1814). Pedro João, alfabetizado, mantém diários e entrega carta oficial ao governador dos Rios de Sena, a prova administrativa do feito.

“Não foi acaso: foi projeto da Coroa. Está documentado. E Pedro João cumpriu ordens, levou a carta e entregou-a em Tete.”

Esclarecimentos históricos cruciais

Anastácio Francisco, não “Amaro José”: Bento Duarte desmonta o equívoco e identifica a fonte mal lida que gerou décadas de erro.

Os diários: parte perdeu-se, sobretudo no início (Cassange → Lunda) e no regresso (Moçambique → Angola), mas interrogatórios oficiais e reescritas posteriores preenchem lacunas.

Logística e anónimos: a travessia implicou mercadorias, guias, portagens e muitos carregadores (em regra, escravizados). O autor homenageia “os anónimos da História” sem os quais as grandes proezas não acontecem.

“Sem os anónimos não teríamos História. Estes 33 do monumento (Padrão dos Descobrimentos) não existiriam sem milhares de braços invisíveis.”

Reconhecimento em vida… e a injustiça no mapa de Lisboa

O feito foi reconhecido dentro e fora de Portugal. Em 1815, no Rio de Janeiro, o Príncipe Regente D. João quis conhecer Pedro João Baptista e determinou:

  • criação de companhia pedestre para rotas comerciais Angola–Moçambique,
  • nomeação de Pedro João como comandante,
  • promoção a capitão e vencimento (10$000 réis/mês).

“D. João VI não quis o governador, quis Pedro João. É extraordinário.”

Mas o autor confronta a memória toponímica: o edital de 23 de março de 1954 da Câmara Municipal de Lisboa criou ruas para várias figuras do “Ultramar” (como Lacerda e Almeida), mas não para Pedro João e Anastácio.

“É uma grande injustiça por reparar. Conhecemos o feito, sabemos da sua importância; falta poder para decidir.”

Encomende os livros por email (indicar nome e morada de entrega): encomendas@autores.club

Seis ideias-chave que o autor deixa a Portugal

Antiguidade do objetivo: a travessia era um projeto antigo (já no horizonte do Infante D. Henrique, entre mitos do Preste João e a luta geopolítica com o Islão).

Proeza documentada: a primeira ligação transcontinental provada é a de Pedro João Baptista e Anastácio Francisco.

Quem eram: presumivelmente pombeiros, mas aqui em missão oficial; ambos escravizados do Tenente-Coronel Honorato da CostaPedro João lidera e escreve.

Nome correto: o companheiro é Anastácio Francisco, o erro “Amaro José” nasce de má leitura de fonte.

Diários e método: diários parciais, fontes cruzadas (interrogatórios, despachos, cartas, edição de 1843 nos Anais Marítimos e Coloniais).

Memória e reparação: reconhecimento histórico existiu (1815), mas a reparação simbólica na toponímia falta há 71 anos, 7 meses e 6 dias (contados até 29/10/2025).

Um apelo final à justiça histórica

Bento Duarte concluiu com um pedido simples e contundente: inscrever Pedro João Baptista e Anastácio Francisco na toponímia de Lisboa, e, por extensão, em Luanda, Moçâmedes, Tete, como gesto de reparação, reconhecimento e fraternidade.

“Se tivéssemos poder, já estava resolvido. Fica a esperança: que alguém com poder decida finalmente reparar esta injustiça.”

Primeira Travessia da África Austral, de José Bento Duarte
Primeira Travessia da África Austral, de José Bento Duarte

Cartas que Atravessam Histórias

Cartas que Atravessam Histórias

A historiadora Constança Ceita escreve sobre a intervenção do Prof. Carlos Mariano Manuel: “Um gesto simbólico de fraternidade e reconciliação”

AUTORES.club | Perfil Criativo — Novembro de 2025

Perfil Criativo | AUTORES.club inaugura um novo espaço de diálogo, “Cartas que Atravessam Histórias”, dedicado a textos de reflexão, recensão e crítica provenientes de académicos, cientistas, escritores, artistas e cidadãos do mundo.
Um espaço aberto a quem deseja pensar os livros, os autores e as intervenções que têm marcado o reencontro entre Angola, Portugal e o mundo lusófono, a partir das publicações editadas pela Perfil Criativo | AUTORES.club.

O primeiro contributo chega da Professora Catedrática Doutora Constança Ceita, historiadora angolana, regente da Cadeira de História de Angola na Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Agostinho Neto, que escreve sobre a intervenção do Prof. Doutor Carlos Mariano Manuel, prefaciador e orador no lançamento do livro A Primeira Travessia da África Austral, de José Bento Duarte, apresentado no Padrão dos Descobrimentos, em Lisboa, a 29 de outubro de 2025.

Carta da Prof. Doutora Constança Ceita

(Reprodução integral)

Prezado Prof. Doutor Carlos Mariano Manuel,

Permita-me, como historiadora que acompanha atentamente a investigação e a redação científica da África Central/ Austral, expressar a minha profunda admiração pelo seu artigo intitulado “Se encontrássemos a coroa do Rei do Congo, seria um acto redentor”. A sua intervenção — que reflecte não apenas um domínio rigoroso das fontes como também uma consciência crítica da dimensão simbólica da História — revela-se um contributo de excepcional relevo para a nossa compreensão do passado colonial, da memória e da identidade.

Em particular, valorizo:

A sua delicada articulação entre os factos históricos — em especial ao referir-se à morte por decapitação de Dom António I (Nkanga Vita Lwa Mvemba/Mwana Nlaza) e ao percurso da Coroa de prata que poderá ter sido levada para Portugal em 1666 — e o chamamento a uma reparação simbólica entre Angola e Portugal.

O modo como associa a narrativa histórica à noção de “redenção”: não se trata apenas de recuperar artefactos ou factos esquecidos, silenciados, mas de restituir dignidade às vozes e aos agentes históricos africanos que o cânone colonizador marginalizou.

O tom científico e ao mesmo tempo humanista da abordagem — que conjuga erudição, rigor crítico e sensibilidade perante as implicações morais e identitárias da história partilhada de ambas as margens do Atlântico.

Este tipo de escrita — que não se limita à catalogação de factos mas avança para a reflexão sobre o significado social e simbólico da História — constitui um verdadeiro exemplo para a comunidade científica.

A sua proposta de redefinir, por exemplo, o Monumento do Padrão dos “Descobrimentos” como “Padrão das Expedições Marítimas Portuguesas”, ou de considerar a recuperação da Coroa do Soberano do Reino do Kongo como “gesto simbólico de fraternidade e reconciliação”, são indicações fortes de como a História pode (e deve) intervir no mundo contemporâneo, para além do arquivo.

Em nome da academia e em reconhecimento do seu contributo valioso, gratidão pelo seu trabalho.

Espero que esta reflexão inspire novas pesquisas que sigam a mesma linha — exigente no método, audaz no tema e sensível ao impacto histórico-social.

CONSTANÇA CEITA
Professora Catedrática

Regente da Cadeira de História de Angola
Faculdade de Ciências Sociais — Universidade Agostinho Neto


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