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Secretário-Geral das Nações Unidas: “Os impérios coloniais distorceram a imagem de África”

Secretário-Geral das Nações Unidas: “Os impérios coloniais distorceram a imagem de África”

Luanda, 25 de Novembro de 2025 – O Secretário-Geral das Nações Unidas, Eng.º António Guterres, considerou segunda-feira em Luanda que a colectânea angolana «Os Bantu na visão de Mafrano», antropologia cultural, ajuda a repor a dignidade dos povos subjugados pelos impérios coloniais, no continente africano.

António Guterres proferiu tal declaração durante um breve encontro realizado no Hotel Epic Sana, na capital angolana, durante o qual a família do autor já falecido, Maurício Francisco Caetano, “Mafrano”, lhe ofereceu os três volumes daquela obra póstuma, muito apreciada pelo mais alto dignatário das Nações Unidas. Entre os presentes destacou-se o coordenador em exercício do sistema das Nações Unidas em Angola, Diego Zorrilla Orsat, membros da comitiva de António Guterres e três familiares do autor.

«Os impérios coloniais distorceram a imagem de África e esta obra vem repor a dignidade destes povos», disse taxativamente o Secretário-Geral das Nações Unidas que se deslocou a Luanda de 23 a 25 de Novembro como convidado da sétima Cimeira União Africana – União Europeia, com a presença de um total de 76 Chefes de Estado e de Governo europeus e africanos.

Para a família do autor, esta colectânea sobre a antropologia cultural e a civilização Bantu terá certamente maior valia internacional se estiver também disponível em francês e inglês. «A obra enuncia um conjunto de princípios assentes na solidariedade humana que podem contribuir para a solução de conflitos e permitir um maior conhecimento e aproximação entre vários povos do mundo», disse José Caetano, filho do autor.

«Os Bantu na visão de Mafrano – Quase Memórias», antropologia cultural angolana, é uma obra em três volumes, 39 capítulos e 800 páginas que começou a ser esboçada em 2011, para ser concluída em Agosto de 2025. A colectânea teve como fonte um legado de estudos e textos dispersos em vários jornais e revistas, com ênfase para os jornais «O Apostolado», «Angola Norte», «O Angolense», a Revista Angola da Liga Nacional Africana, assim como um «Boletim» do Ministério das Finanças publicado já depois da independência de Angola.

O seu autor, o escritor e etnólogo angolano Maurício Francisco Caetano, “Mafrano”, observou os hábitos e costumes autóctones em localidades em que trabalhou desde os anos 40’s até à data da sua morte, em 1982, como Cabinda, Uíge, Malanje, Cuanza-Norte, Dembos e Luanda.

O primeiro volume foi apresentado em Abril e Maio de 2022, no Lubango, Huíla, e em Luanda, e prefaciado por Dom Zacarias Kamwenho, arcebispo emérito do Lubango, prémio Sakharov 2001, que considerou o autor como «o antropólogo maior de Angola».

O segundo volume da colectânea, foi apresentado em Luanda por Dom José Manuel Imbamba, Presidente da Conferência Episcopal de Luanda (CEAST), em Julho de 2023, em Luanda. Em Novembro de 2024 a obra foi distinguida pelo Ministério da Cultura de Angola com o Prémio Nacional de Cultura e Artes na modalidade de investigação em Ciências Humanas e Sociais.

Finalmente, o terceiro e último volume foi apresentado em Luanda, a 12 de Agosto de 2025, na Escola Nacional da Administração e Políticas Públicas (ENAPP), por Dom Filomeno Vieira Dias, Arcebispo de Luanda.

Maurício Caetano, foi director nacional do Ministério das Finanças, e membro fundador da União dos Escritores Angolanos (UEA). Destacou-se igualmente como professor em vários estabelecimentos de ensino.

Na infância, então menino órfão, Maurício Caetano teve como tutor um sacerdote santomense, o cónego José Pereira da Costa Frotta (1879-1954), que o recolheu na Escola da Missão Católica do Dondo, sua terra natal, e o levou posteriormente para o Seminário do Sagrado Coração de Jesus de Luanda, onde cursou Filosofia e Teologia.

Até esta data, a sua colectânea foi apresentada em Moçambique, Cabo-Verde, São Tomé e Príncipe, Portugal, Alemanha, Reino Unido e por vídeo conferência no Brasil.

Mafrano em Malanje
Mafrano em Malanje

Momento de reflexão sobre o papel de Angola em África

Momento de reflexão sobre o papel de Angola em África

Cobertura do lançamento do livro “Angola e os Desafios da Estabilidade em África

No passado dia 5 de novembro de 2025, às 16h00, no Arquivo Nacional de Angola, em Luanda, foi oficialmente lançado o livro “Angola e os Desafios da Estabilidade em África”, da autoria do investigador angolano Prof. Doutor Zeferino Pintinho.

O evento reuniu académicos, dirigentes de organismos públicos e representantes da sociedade civil, num momento que reforça a relevância de Angola como actor regional e convoca uma reflexão alargada sobre segurança, cooperação internacional e estabilidade no continente africano.

Sobre o autor e a obra

Zeferino Pintinho surge com um contributo que se posiciona entre a teoria das relações internacionais e a análise concreta da política externa angolana, reflectindo sobretudo sobre como o país pode assumir, ou já assume, um papel estratégico na promoção da estabilidade em África.
No livro “Angola e os Desafios da Estabilidade em África”, o autor aborda três eixos principais:

  • A reforma dos sectores da defesa e da segurança em Angola e suas implicações para a estabilidade regional. 
  • A cooperação da política externa angolana com vizinhos e organizações africanas no domínio da paz e segurança.
  • Os factores de risco que constroem ou fragilizam a estabilidade no continente — tais como conflitos internos, fraqueza institucional, interdependências económicas e políticas externas. 

O autor propõe não só um diagnóstico, mas também pistas de actuação para Angola — e por extensão para o espaço lusófono e para Africa mais ampla — transformarem-se em vetores positivos de segurança e desenvolvimento.

O evento

No Arquivo Nacional de Angola, o ambiente foi marcado por uma forte mobilização do meio académico e cultural. Intervenções alusivas destacaram a importância de combinar história, política e segurança nacional para pensar o futuro do país no contexto africano.
Os presentes puderam assistir à apresentação da obra, com leitura de excertos significativos, debate com o autor e sessão de autógrafos.

Por que a obra importa

Em momentos de transformação no continente, com novos modos de cooperação intra-africana, desafios decorrentes da instabilidade e necessidade de diversificar as parcerias externas, este livro aparece como uma referência em língua portuguesa para a reflexão estratégica.
Como se sublinha nas comunicações de divulgação, trata-se de uma «leitura essencial sobre o papel de Angola na estabilidade do continente — esclarecedora, actual e importante». Instagram

Para o leitor ou investigador interessado, o livro abre perspetivas para compreender:

  • Como Angola se relaciona com organizações regionais de segurança e qual o seu grau de protagonismo.
  • Quais são os condicionantes internos (governança, instituições, defesa) que moldam a capacidade de Angola actuar no plano africano.
  • Quais as implicações para o futuro da cooperação lusófona, face a dinâmicas de poder global e continental.

Conclusão e convite

O lançamento da obra “Angola e os Desafios da Estabilidade em África” representa mais do que a divulgação de um livro: sinaliza uma abertura ao debate informado sobre o país e o continente.
Convidam-se leitores, investigadores, decisores e a sociedade em geral a explorar este trabalho, e a participarem nos eventos futuros que o autor ou a editora possam promover para alargar o diálogo.

Angola e os desafios da estabilidade em África
Angola e os desafios da estabilidade em África

Progresso Sambizanga: 50 anos de História revisita o legado de Vadiago

Progresso Sambizanga: 50 anos de História revisita o legado de Vadiago

Grande reportagem do Jornal dos Desportos destaca o papel de Francisco Van-Dúnem e reaviva o interesse pelo futebol popular no Sambizanga

As páginas 16 e 17 da edição de 21 de Novembro de 2025 do Jornal dos Desportos assinalam de forma memorável as Bodas de Ouro do Progresso Associação Sambizanga, numa investigação aprofundada assinada por Betumeleano Ferrão. A evocação histórica do clube coloca em lugar de destaque o autor e investigador Francisco Van-Dúnem “Vadiago”, cuja obra Futebol Popular no Sambizanga (1974–1976) se afirma como referência indispensável para compreender o fenómeno desportivo e comunitário do bairro.

O Torneio Independência e a génese de um clube mítico

Na retrospectiva publicada pelo Jornal dos Desportos, revive-se o ambiente pós-25 de Abril, marcado pela instabilidade política e pela criatividade social dos jovens do Sambizanga. Foi neste contexto que o “Torneio Independência” nasceu no campo do Bukavu, impulsionado por um grupo de adolescentes entre os quais se destacava Vadiago, figura central na dinamização do futebol popular do bairro.

O torneio, recordado por protagonistas como José Jorge “Kota Nené”, tornou-se o embrião do Progresso, fundado após a célebre goleada do Santos do Sambizanga à JMPLA FC, episódio que levou João Baptista “Kiferro” a idealizar a criação de uma equipa capaz de representar o bairro com orgulho e competitividade.

Vadiago desmonta mitos e recupera a verdade histórica

No trabalho de Ferrão, Vadiago surge como uma voz determinante para repor a verdade histórica sobre a fundação do clube. O autor esclarece que equipas como JUBA, Juventistas ou VASAS não tiveram qualquer intervenção na origem do Progresso, por já não existirem em 1975, contrariando narrativas repetidas durante décadas.

Com a autoridade de quem viveu os acontecimentos e os investigou profundamente, o escritor reafirma que a verdadeira matriz do Progresso está no movimento comunitário e na iniciativa juvenil desencadeada no Torneio Independência, episódio detalhado na sua obra Futebol Popular no Sambizanga.

Memória, trauma e resistência

A reportagem recupera ainda momentos decisivos como o impacto dos acontecimentos de 27 de Maio de 1977, que marcaram profundamente o clube e os seus atletas. Salviano Magalhães, Praia e outras figuras relatam a atmosfera de perseguição política, um período que, segundo Vadiago, deixou marcas irreparáveis na reputação do Progresso.

Esses testemunhos reforçam a importância de obras de memória como a de Vadiago, que contextualizam factos, recolhem vozes esquecidas e devolvem dignidade às histórias do bairro.

Da glória à instabilidade: o Progresso como espelho do país

A análise de Betumeleano Ferrão percorre também fases de ascensão e declínio, recordando jogadores emblemáticos como Vidal, Zico, Janguelito, Valódia ou Mantorras, e denunciando os ciclos de má gestão que contribuíram para o “efeito elevador” do clube nas últimas décadas.

O texto evidencia que, apesar das crises, o Progresso continua a ser um símbolo identitário do Sambizanga, e que o seu passado não pode ser compreendido sem a investigação séria e apaixonada de autores como Vadiago.

Jornal dos Desportos: uma plataforma de memória e investigação

Nesta edição, o Jornal dos Desportos reforça o seu papel enquanto principal órgão desportivo angolano, combinando actualidade com preservação da memória e aprofundamento histórico. A grande reportagem de Ferrão é exemplo dessa linha editorial que valoriza o desporto como elemento cultural e social.

Um convite à leitura da história viva do Sambizanga

A dimensão humana e histórica revelada nesta investigação conduz inevitavelmente à obra Futebol Popular no Sambizanga.
O trabalho de Francisco Van-Dúnem “Vadiago” emerge como complemento obrigatório para leitores, investigadores e amantes da história do futebol angolano.
Num momento em que o Progresso celebra 50 anos, compreender as suas origens e desafios passa, necessariamente, por conhecer o trabalho deste autor, cuja escrita preserva a memória viva do bairro e do seu desporto popular.

50 Anos de República de Angola: A Ciência e a História iluminam o Prémio Nacional de Cultura e Artes

50 Anos de República de Angola: A Ciência e a História iluminam o Prémio Nacional de Cultura e Artes

Prof. Doutor Carlos Mariano Manuel distinguido pelo monumental estudo em três volumes Angola: desde antes da sua criação pelos portugueses até ao êxodo destes por nossa criação

O diploma da 26.ª edição do Prémio Nacional de Cultura e Artes da República de Angola, na categoria de Ciências Humanas e Sociais, foi entregue ao Prof. Doutor Carlos Mariano Manuel, durante a gala realizada a 20 de novembro de 2025, no Hotel EPIC Sana Luanda, numa noite que reuniu representantes das artes, da academia e das instituições do Estado, integrada nas comemorações dos 50 anos da Independência Nacional.

O Ministério da Cultura havia anunciado os vencedores da 26.ª edição no dia 7 de novembro, em conferência de imprensa no Palácio de Ferro, em Luanda, sublinhando o papel do prémio como a mais alta distinção do Estado angolano para criadores, investigadores e agentes culturais que se destacam na preservação e valorização dos valores nacionais.

O autor do tratado de História de Angola recebe diploma do Prémio Nacional de Cultura e Artes pela mão do Ministro da Cultura da República de Angola, Prof. Doutor Filipe Zau

Na disciplina de Ciências Humanas e Sociais, o júri distinguiu a obra Angola: desde antes da sua criação pelos portugueses até ao êxodo destes por nossa criação, um trabalho de investigação em três volumes, com mais de 2.200 páginas, em que Carlos Mariano Manuel revisita séculos de história angolana, das formações políticas e culturais pré-coloniais à afirmação contemporânea do país. O estudo tem sido destacado pelo seu rigor documental, pela amplitude interpretativa e pelo contributo para uma leitura descolonizada da história de Angola.

Publicado pela Perfil Criativo | AUTORES.club, editora sediada em Lisboa com forte presença na produção intelectual angolana, o trabalho de Carlos Mariano Manuel dá continuidade ao reconhecimento internacional da investigação histórica e das ciências sociais produzidas em língua portuguesa, reforçando a centralidade de Angola no debate académico sobre o passado colonial e os processos de independência. 

Durante a gala, foram igualmente entregues os diplomas das restantes categorias do Prémio Nacional de Cultura e Artes — Literatura, Artes Visuais e Plásticas, Teatro, Dança, Música, Cinema e Audiovisual — numa cerimónia em que o Ministério da Cultura voltou a destacar o papel dos “operários da cultura” na construção da memória colectiva e na afirmação da identidade angolana. 

O autor premiado, Carlos Mariano Manuel, com a Ministra da Educação, Luísa Maria Alves Grilo, e o pai Manuel, no momento especial de entrega do diploma assinado pelo Presidente da República, em nome do Estado Angolano, e que documenta a atribuição do Prémio Nacional, como distinção mais importante da República

Nota final do editor

João Ricardo Rodrigues exprime o seu profundo agradecimento à República de Angola pelo prémio atribuído por um júri independente e outorgado por Sua Excelência o Presidente da República de Angola. Recorda o enorme esforço do autor na preparação, edição e publicação deste monumental tratado da história de Angola, que muito em breve será ampliado com novos volumes dedicados à história da República.

O editor felicita igualmente Sua Excelência o Ministro da Cultura, Prof. Doutor Filipe Zau, pela concretização bem-sucedida de novas estruturas de apoio às artes e à cultura, bem como pela capacidade de assegurar a independência do júri desde 2024. Essa mudança tornou possível um feito inédito: uma editora independente, sediada longe de Angola mas fundada por um filho da terra, ver os seus autores reconhecidos em 2024 e 2025 na categoria de Ciências Humanas e Sociais, motivo de enorme orgulho para toda a equipa.

Primeira edição, especial para coleccionadores

Edição Especial: Coleção História de Angola – Primeira Edição – 3 volumes – Angola: desde antes da sua criação pelos portugueses até ao êxodo destes por nossa criação

Fernando Kawendimba fala de escrita e saúde mental no “Mar de Letras”

Fernando Kawendimba fala de escrita e saúde mental no “Mar de Letras”

No episódio 38 da série literária “Mar de Letras”, transmitido pela RTP no dia 12 de novembro de 2025, o psicólogo e escritor angolano Fernando Kawendimba partilhou com o público o seu percurso interdisciplinar e literário.

Fernando Kawendimba explicou como a sua formação em Psicologia moldou a sua abordagem criativa: personagens que atravessam estados emocionais reais, narrativas que não evitam a fragilidade nem o desconforto humano. Ao mesmo tempo, sublinhou que a imaginação é o motor da sua escrita, “parte da realidade, mas é a imaginação que toma conta das histórias”.

Durante a entrevista, o autor revelou versatilidade: transita entre o conto e o romance, volta-se para a literatura infantil e não hesita em abordar temas como a saúde mental. Esta pluralidade confirma-o como uma voz emergente na literatura lusófona que une Angola, Portugal e outras comunidades de língua portuguesa.

Na conversa com o apresentador, Kawendimba falou ainda sobre o valor da diferença cultural, quer no contexto africano, quer entre gerações, e sobre como essa riqueza se reflete nas suas personagens e nos cenários dos seus livros. O autor convidou também os leitores a abraçar narrativas que exploram a vulnerabilidade e a esperança, defendendo que “escrever é um gesto de coragem”.

Ver aqui a entrevista: https://www.rtp.pt/play/p14464/e888981/mar-de-letras

O episódio esteve dedicado à produção literária em língua portuguesa, reforçando a importância de dar visibilidade a autores que atravessam fronteiras geográficas e linguísticas. Para além de promover obras concretas, a entrevista serviu como um apelo à reflexão sobre identidade, saúde mental e o poder transformador da literatura.

Mãe Nossa que Sois o Céu - Contos
Mãe Nossa que Sois o Céu – Contos

Pode ver o programa:

16 Nov 06:h30 RTP África
17 Nov 04h15 RTP África
20 Nov 03h45 RTP Internacional

https://www.rtp.pt/programa/tv/p46650/e38

Após a emissão pode ver ou rever o programa aqui:
https://www.rtp.pt/play/p14464/mar-de-letras

O Abraço da Reconciliação

O Abraço da Reconciliação

Por GABRIEL BAGUET JR (publicado no site Horizontes Viver Angola em Agosto de 2025)

“Eu te Amo tanto meu Irmão” é uma das frases que integra a letra da Música ” Njila ia Dikanga “, expressão da Lingua Nacional Bantu, o Kimbundu , que os Músicos angolanos Paulo Flores e Yuri da Cunha cantaram em Outubro de 2023 no Coliseu de Lisboa.

Mas desta inspiradora e sentimental apelo à terra ,.entre outras Músicas da Pátria Angolana também se fixa , ”gira mundo, gira poeira, não esquece a dor da terra”. Não se pode esquecer a dor da terra.. Não se pode. Todos somos chamados a esse exercício de consciência individual e colectiva.

Emerge reflectir Angola a 50 anos. Ganhar tempo ao Tempo perdido com a Tragédia da Guerra.

Bem no centro histórico da capital portuguesa, o Coliseu de Lisboa acolheu esse Concerto belíssimo e inesquecível dedicado à Mulher Bessagana.

Era o encontro assumido com a nossa Identidade Cultural e Patrimonial. A Música é Património de qualquer Nação e em particular quando a mesma é evocada numa sala de Concertos ou noutro lugar do Mundo. E fixa todas as Falas, todos os Sonhos e todas as Esperanças.

Como escreveu e disse Albert Einstein e cito ” a Paz é a única forma de nos sentirmos realmente Humanos “. E é uma verdade inquestionável.

E este Concerto e esta Música, são entre outras manifestações claras de um sentimento fundamental e necessário para a Nação Angolana e o Mundo e a Paz como oceano de renovadas navegações.Urge Reconciliar. Urge Dialogar. Não existem outros caminhos para o Abraço da Reconciliação.

Acompanhados de brilhantes Músicos, Paulo Flores e Yuri da Cunha fixaram na Memória do Coliseu de Lisboa, mas na Memória Colectiva de cada Mulher e homem Angolano, a emergência de se olhar para a Arte da Música como garante crucial para aproximar Vozes, Pessoas e todas e todos que pensam, reflectem e sentem a Nação Angolana.

Revisitar esta inesquecível e marcante Música a todos os títulos , é também o meio, creio, para que todos os Criadores e Fazedores de Arte e de Cultura, sintam que são chamados uma vez mais e de modo mais que Emergente , a lançar o necessário apelo para o Abraço da Reconciliação.

Assumamos as fracturas existentes, mas assumamos a necessidade imperativa de nos Abraçarmos sem reservas, sem ódios e salvemos a Nação Angolana. Temos esse Dever, mas igualmente o Direito de apelar.

As gravatas ou outros elementos das indumentárias que usamos não são iguais em nenhuma circunstância. Isso chama-se Diversidade.

A Diversidade é parte do eixo para com todo o tempo , Governo, Partidos Políticos, CEAST, Universidades, Organizações Não Governamentais/Associações, Autoridades Tradicionais e Sociedade Civil estarem sentadas à mesma mesa e reflectir o País em todos os sectores e sem silêncios face aos inúmeros Desafios que temos. São imensos os Desafios no plano urbano e rural, no plano social, no plano económico ,mas o valor da vida humana não pode ser descurado. O valor do natural Direito à vida do Povo Angolano resulta da formação e matriz do Estado de Direito Democrático.

Não podemos ser indiferentes ao Diálogo. Foi o Diálogo com diversos intervenientes que conduziram aos Acordos de Alvor, aos Acordos de Lusaka, aos Acordos de Bicesse , aos Acordos de Gabdolite e aos Acordos de Paz a 4 de Abril.

O desejo legítimo de ver Angola a renascer no sentido mais desejável face aos padrões exigíveis e recomendáveis do Desenvolvimento Humano.

O Abraço da Reconciliação resulta de uma necessidade de “combater” a indiferença e a intolerância. Em 50 anos da nossa História fizeram-se conquistas mesmo estando em Guerra Civil.

E cabe a todos Nós criar e estabelecer as escolhas para harmonizar a Sociedade Angolana em toda a sua extensão.

O Abraço da Reconciliação sincero, sentido, discutido, aponta caminhos para a redução da Pobreza, da necessidade de Habitação condigna, de um Sistema Nacional de Saúde Pública forte, inovador, humanista e diferenciado sem esquecer que envelhecemos e ter um Sistema de Segurança Social que proteja a vulnerabilidade que surge em qualquer Sociedade do mundo. É necessário raios de Luar para iluminar as mentes diversas da Governação, dos Partidos com representação parlamentar, os Representantes diversos como anteriormente destaquei e sejam parte das soluções para uma Sociedade que seja justa, profundamente una e Humanista. Repito e nunca deixarei de relembrar o facto que decorre do que é a Ciência Política e do que é o Constitucionalismo que o Estado são as Pessoas. Não existem Estados abstractos.

Logo, o ponto de partida na minha sentida opinião e vale o que vale, é olhar para o Povo que Somos e como Povos que Somos não podemos ignorar mais que urge um Abraço de Reconciliação e se necessário for, criar um Governo de Unidade Nacional . Os antagonismos são parte de uma narrativa que sendo parte do edifício de Nação, podem sercir para uma reflexão que a todos interpela.

As estatísticas oficiais Nacionais apontam que somos cerca de 30 milhões de habitantes.

No seu livro com o título ” Blues e a poética contra a Indiferença”, o Escritor/ Investigador e mentor do Jazz Jerónimo Belo em Angola antes da Independência Nacional, refere citando Archie Sheep que o ” Jazz é a Flor que, apesar de tudo , desabrocha no pantanal “. E é verdade. E o Jazz tem essa força para iluminar o Abraço da Reconciliação e ” criar amor com os olhos secos “.

Perguntarão alguns ,mas o Jazz pode contribuir para consolidar o Abraço da Reconciliação? Pode e deve como todas as Artes e Criações. Ao referir o Concerto de Paulo Flores e de Yuri da Cunha, assumo ser uma raiz inspiradora e patriótica como escreveu e muito bem Jerónimo Belo ao salientar que ”o envolvimento dos Blues e do Jazz na luta anti-apartheid inspirou numerosos artistas sul-africanos e outros que se identificaram com essa importante causa da dignidade humana“, cito o Escritor e Autor do livro ”Blues e a Poética contra a Indiferença“.

Por isso e reafirmo que o Abraço da Reconciliação efectiva pode ser utilizado como tema de um Colóquio Nacional ou de um Festival Musical e Cultural que sensibilize a classe política para os reais e concretos problemas da Nação Angolana.

E no Abraço da Reconciliação não excluo e como já escrevi, com o título o Valor Sagrado da Paz, em Angola, que o Abraço da Reconciliação permite rever tudo que está errado e perdoar e novas chuvas surgirão para reconstruir e erguer uma Sociedade Angolana que é também resultante de lutas de clandestinidade que conduziram ao surgimento das indignações legítimas na luta Anti-Colonial e com isso a legítima Independência Nacional. Somos feitos de uma arquitectura frágil. No discurso de tomada de posse em 2017, o Presidente da República João Lourenço referiu e disse e relembro ” vamos corrigir o que está mal e melhorar o que está bem “. Este princípio abriu varias janelas de esperança. Mas o decorrer do tempo inverteu essa máxima.

E no Abraço da Reconciliação não é para culpar este o aquele, mas de facto este Abraço de Reconciliação é a ponte para Olhar de modo transversal para todo o Povo Angolano e perceber as necessidades imediatas para suprir a Fome e as várias fragilidades que vivemos. Aceito criticas a esta assumida Reflexão, por pluralidade, mas as montanhas da indiferença acabam por fechar um ciclo de Diálogo que não é necessário para o Renascer da Nação. As Sociedades são feitas de múltiplos saberes e de variados intervenientes. Desde o Poder Político ao Poder Judicial e aos outros demais poderes que são a jangada para edificar a Nação. E a Nação Angolana precisa de ser debatida de coração aberto para que se encontre o rumo.

E neste Abraço da Reconciliação jamais poderemos ignorar a condição de Ser-se Pessoa. E em meu entender aceitando opiniões sustentadas, a Condição Humana é inviolável. E reconhecer o mérito de quem quer ajudar é o Sonho pelo qual o inesquecível Martin Luther King Jr lutou para uma América em que a violação de naturais Direitos Civis e Políticos tinha que ser uma realidade.

Ninguém nasce político ou função. E debaixo das nossas janelas observamos o nosso quotidiano . E Juntos e verdadeiramente Unidos no Abraço da Reconciliação real e abrangente , quero acreditar que é preciso identificar e revisitar o que está feito, o que foi feito e deve ser corrigido e o que falta fazer.

Sem orgulhos, sem intransigências e centrados na Humanização da intervenção Política e da Sociedade em geral podemos Sonhar com Justiça, correcta defesa dos Direitos Humanos, logo garantindo o respeito pelos Direitos Fundamentais.

E neste Abraço de Reconciliação fica o apelo interno e externo para que as Comunidades Angolanas sejam também parte do Diálogo a várias vozes que se deseja e impera.

É preciso sonhar por dias melhores. Não é uma missão impossível. No Abraço da Reconciliação a sensibilidade e a capacidade de ouvir e auscultar , permitirá desenhar novas Estradas de Esperança e Igualdade. Todos, mas todos somos necessários à Pátria Angolana . Não podemos ignorar o sofrimento de um Povo ,nem tão pouco o legado da Unidade Nacional, cujo objectivo central é Unir e Dialogar, repito sem dogmas e sem reservas. É importante antecipar o nosso Futuro como Nação e perceber todos os sinais que a geopolítica vai impondo a muitos Povos do mundo. O Abraço da Reconciliação sustentará sempre o imperativo da garantia da PAZ entre Nós. Nas diferenças, também encontramos denominadores comuns. E o principal denominador para a Pátria Angolana é a PAZ, mas o escrupuloso respeito pela Constituição da República. E a Arte pode contribuir para reinventar e recriar uma renovada práxis política.

Carlos Mariano Manuel distinguido com o Prémio Nacional de Cultura e Artes 2025

Carlos Mariano Manuel distinguido com o Prémio Nacional de Cultura e Artes 2025

Professor catedrático, médico patologista e investigador premiado pelo monumental tratado de História Angola: desde antes da sua criação pelos portugueses até ao êxodo destes por nossa criação

O Ministério da Cultura da República de Angola anunciou, no sábado 7 de novembro de 2025, durante uma conferência de imprensa no Palácio de Ferro, em Luanda, os vencedores da 26.ª edição do Prémio Nacional de Cultura e Artes, a mais alta distinção atribuída pelo Estado angolano a criadores, investigadores e agentes culturais que se destacam na preservação dos valores nacionais, no ano em que o país celebra o cinquentenário da Independência.

Na categoria de Ciências Humanas e Sociais, o prémio foi atribuído ao Prof. Doutor Carlos Mariano Manuel pela obra Angola: desde antes da sua criação pelos portugueses até ao êxodo destes por nossa criação, uma edição monumental em três volumes que totaliza mais de 2.200 páginas.

Primeira edição, especial para coleccionadores
Prémio Nacional de Cultura e Artes 2025

A obra foi publicada pela Perfil Criativo | AUTORES.club, editora independente sediada em Lisboa, que tem vindo a afirmar-se como uma das mais consistentes promotoras do pensamento e da criação intelectual angolana contemporânea.

O reconhecimento do Prof. Carlos Mariano Manuel vem reforçar a continuidade do prestígio editorial da casa, que já havia sido distinguida na edição de 2024 do Prémio Nacional de Cultura e Artes, quando o júri premiou Maurício Francisco Caetano na mesma categoria, pela trilogia Os Bantu na Visão de Mafrano — Quase Memórias, uma obra igualmente de grande fôlego, com cerca de 800 páginas em três volumes.

Prémio Nacional de Cultura
Prémio Nacional de Cultura 2024

Um prémio que valoriza a investigação e o pensamento angolano

A escolha de Angola: desde antes da sua criação pelos portugueses até ao êxodo destes por nossa criação reconhece o alcance académico e simbólico de uma investigação que percorre séculos de história, da formação das estruturas políticas e culturais pré-coloniais até à afirmação nacional contemporânea.
O trabalho de Carlos Mariano Manuel é notável pelo rigor documental, amplitude interpretativa e contributo para uma leitura descolonizada da história angolana.

Prof. Doutor Carlos Mariano Manuel
Prof. Doutor Carlos Mariano Manuel

O autor, de passagem por Lisboa a caminho dos EUA, protagonizou no dia 29 de outubro de 2025 uma extraordinária intervenção pública no Padrão dos Descobrimentos, precisamente 360 anos após a Batalha de Ambuíla, sublinhando a necessidade de revisitar criticamente o passado colonial e de reinscrever Angola no centro da sua própria narrativa histórica.

Cerimónia de entrega

A cerimónia de entrega oficial do Prémio Nacional de Cultura e Artes 2025 decorrerá no dia 20 de novembro, em gala no Hotel EPIC Sana Luanda, reunindo personalidades das artes, letras e ciências do país.

MATERIAL INFLAMABLE avança no Uruguai com leituras-performance de Danilo Faceli e Natalia Quintana

MATERIAL INFLAMABLE avança no Uruguai com leituras-performance de Danilo Faceli e Natalia Quintana

Do palco argentino ao Alejandría Café, em Montevideo, com base no livro publicado pela Perfil Criativo | AUTORES.club

Montevideo, 7 de novembro de 2025 — Chegou ao Uruguai a série de apresentações MATERIAL INFLAMABLE, criação de Danilo Faceli em parceria com Natalia Quintana, a partir do livro homónimo publicado pela Perfil Criativo | AUTORES.club. O formato cruza leitura performativa, dizer poético e gesto cénico, num registo íntimo pensado para cafés, feiras e pequenos teatros.

  • Agenda no Uruguai
    • 8/11 – Feria Nativa (Aguas Dulces)
    • 9/11 – La Valiferia (Valizas)
    • 12/11 – Alejandría Café (Montevideo)

Material Inflamable
Material Inflamable

Gari Sinedima surpreende no Padrão dos Descobrimentos com homenagem a José Bento Duarte

Gari Sinedima surpreende no Padrão dos Descobrimentos com homenagem a José Bento Duarte

Participação espontânea emocionou o público e celebrou Moçâmedes, terra natal de ambos

No final da sessão de lançamento de A Primeira Travessia da África Austral, de José Bento Duarte, no Padrão dos Descobrimentos (29.out.2025), o músico angolano Gari Sinedima subiu ao palco sem estar programado e ofereceu uma breve performance de agradecimento ao autor. O momento, declarado “de conterrâneo para conterrâneo”, destacou o orgulho partilhado por Moçâmedes (Namibe), a “maravilhosa cidadezinha à beira-mar” que une artista e escritor, e foi recebido com surpresa e forte aplauso pelo público.

Quem é Gari Sinedima

Gari Sinedima é cantor, compositor e professor de canto/performance angolano, reconhecido como um dos nomes de referência da nova música angolana. Natural de Moçâmedes (Namibe), começou cedo na música em contexto cristão e desenvolveu carreira entre Angola e Portugal. Lançou o EP Conduto is a Mother Food” (2020), com fusões de estilos e canções de celebração e consciência; em 2023 editou o EP “Gratidão” e o single “Nosso Momento”; em 2025 somou novas colaborações e participações editoriais em plataformas internacionais (Apple Music/Spotify/Amazon). Em março de 2025, apresentou concertos em Lisboa e foi orador-artista convidado no TEDxLisboa, onde é referido como vencedor do prémio “Best Troubadour of Luanda” 2023 (Cantar Agostinho Neto). Entre temas e colaborações de destaque contam-se “Quero Kissangua”, “Piluka” (com DJ Djeff), “Angola Encanto” e “Amigo (feat. Sir KG)”. 

Nota editorial: A performance de Gari Sinedima não constava do programa e surgiu como gesto de amizade e reconhecimento pelo livro e pela memória histórica que convoca, reforçando o tom de encontro luso-angolano que marcou o evento.

O livro A Primeira Travessia da África Austral pode ser encomendado por email encomendas@autores.club o por telefone 214.001.788

Casa de Angola de Itália lança o Prémio Literário “Njinga Mbande” 2025/2026

Casa de Angola de Itália lança o Prémio Literário “Njinga Mbande” 2025/2026

Uma celebração da língua portuguesa e das independências africanas

Florença, Itália – A Casa de Angola em Itália anunciou o lançamento do Prémio Literário “Njinga Mbande” 2025/2026, uma iniciativa que homenageia os 50 anos das independências dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) e celebra a emancipação política e cultural dessas nações.

Instituído pela Associação Njinga Mbande e pela Casa de Angola em Itália, em colaboração com a CPLP, a Associação Encontro de Jovens Investigadores de Língua Portuguesa (EJICPLP África) e a Associação de Amizade e Solidariedade Angola–Itália (AASAI), o prémio tem como missão promover a língua portuguesa em Itália e estimular a criação literária inédita nas áreas de Ficção, Poesia e Teatro, bem como em formatos literários inovadores.

A língua portuguesa como horizonte de criação

Mais do que um concurso literário, o Prémio “Njinga Mbande” propõe-se estimular o pensamento, a imaginação e a criatividade. Ao abrir espaço para escritores emergentes e investigadores da língua portuguesa em Itália, esta iniciativa promove a circulação cultural e intelectual entre continentes, reafirmando o papel da literatura como instrumento de emancipação.


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