Archives em Março 25, 2024

4.ª edição do Festival Literário MORABEZA – Festa do Livro de Cabo Verde

4.ª edição do Festival Literário MORABEZA – Festa do Livro de Cabo Verde

O Festival Literário MORABEZA – Festa do Livro em Cabo Verde decorreu de 19 a 22 de Março na Biblioteca Nacional de Cabo Verde, Auditório Nacional, Palácio da Cultura Ildo Lobo e escolas. contando com a participação da loja online AUTORES.club e da editora Perfil Criativo representadas em Cabo Verde pela NOS RAIZ.

O foco este ano do festival foi a literatura infantojuvenil, onde se abordou: “Os clássicos da literatura cabo-verdiana e a nova geração de escritores”; “A relevância da ilustração nos livros infantojuvenis”; “Conexões entre o cérebro e a literatura”; “As finalidades dos livros infantojuvenis” e “A criatividade no mundo literário”.

Estiveram presentes ilustres convidados e diferentes gerações de escritores: Evel Rocha, Coralie Silva, Eliezer Drawn, Dai Varela, Danuta Wojciechowska, Elisabete Gonçalves, o especialista em Psicologia Clínica e Neuropsicologi, Prof. Doutor  Enrique Vázquez-Justo, Lauryn Rose Teixeira, Nathalie Melo, Christy Reis e o premiado escritor, Germano Almeida.

A obra “Os Bantu na visão de Mafrano” do antropólogo angolano Maurício Francisco Caetano (1916-1982) foi muito apreciada pelos leitores de Cabo Verde.

O festival contou com parceria da Imprensa Nacional Casa da Moeda, Cooperação Portuguesa, Instituto Internacional da Língua Portuguesa, Ministério da Educação, Plano Nacional de Leitura de Cabo Verde, Instituto Guimarães Rosa em Cabo Verde, Instituto Europeu de Estudos Superiores em Portugal e a Universidade de Cabo Verde.

Corte do Rei do Huambo presente na apresentação de «Os Bantu na Visão de Mafrano – Quase Memórias»

Corte do Rei do Huambo presente na apresentação de «Os Bantu na Visão de Mafrano – Quase Memórias»

Foi apresentado na Biblioteca Provincial do Huambo o segundo volume da colectânea «Os Bantu na Visão de Mafrano – Quase Memórias» (Ed. 2023), de Maurício Francisco Caetano (1916-1982). Esta apresentação a cargo do historiador, antropólogo e linguista angolano, Prof. Dr. Venceslau Casese, contou com a presença de várias individualidades onde se destacou o Rei do Huambo.

Notícia da ANGOPLivro “Os Bantu na visão de Mafrano” apresentado no Huambo“: A agência de notícias refere que durante a apresentação do livro, o historiador Venceslau Casese disse que a obra é uma visão completa dos povos africanos “Bantu”, desde a sua génese linguística à identidade cultural. Acrescentou que o livro narra a caracterização dos africanos, independentemente da sua zona de origem, que têm como hábitos a partilha dos momentos de alegria e de tristeza, usos e costumes, com a noção da preservação dos valores sagrados e da vida. Em breves declarações, o jornalista José Caetano, um dos filhos de Mafrano, disse que a obra é uma recolha de textos de antropologia cultural de várias regiões de Angola, sobretudo, nas províncias do Bengo, Cabinda, Cuanza-Norte, Luanda e Malanje, para além de algumas referências históricas do Planalto Central.

Muitas palmas para a brilhante intervenção de Venceslau Casese: “Mafrano mostrou que temos uma cultura comum”!

Prof. Dr. Venceslau Casese

Apresentação do segundo volume de «Os Bantu na Visão de Mafrano – Quase Memórias», extractos da intervenção do Prof. Dr. Venceslau Casese (*)

Quero, em primeiro lugar, saudar Sua Majestade o Rei do Huambo; a ilustre família Mafrano e, finalmente, saudar de igual modo a todas e todos os presentes!

Agradeço em ter sido convidado a apresentar esta magna obra e também agradecemos em ter sido contemplada a província do Huambo para colher este acto de apresentação da obra do Sr. Maurício Francisco Caetano, “Mafrano”, num dia em que comemoramos mais um aniversário da Libertação da África Austral.

Maurício Francisco Caetano é uma figura que se deu à grande pesquisa da cultura dos povos Bantu, à semelhança de outras ilustres figuras como Carlos Estermann, Heli Chatelin, Óscar Ribas, Raúl Altuna, Mário Milheiros, dentre outros tantos.

Em poucas palavras, podemos dizer que Mafrano tocou em todos os aspectos da vida dos Bantu, desde a dimensão social, cultural, política, religiosa e até mística.

Como dominador da cultura greco-latina faz um paragono, ou comparação, entre a concepção do mundo negro-bantu e a indo-europeia, sobretudo no concernente a mitos, mitologias, lendas, ciências, técnicas, tecnologias; filosofias e outros saberes da vida, chegando à sublime conclusão de que o que nos separa é muito insignificante. Com esta abordagem, desabam por terra os preconceitos contra os ditos aborígenes, como seres desprovidos de valências humanas como acontece com outros seres humanos de outras latitudes ou geografias.

Mafrano considerado, como um dos maiores senão mesmo o maior antropólogo de Angola, por sua Reverendíssima Dom Zacarias Kamwenho, constitui motivo de orgulho para Academia Angolana e exemplo a seguir para os estudantes de diversos níveis e para o escol de investigadores de Ciências Sociais, Filosóficas, Antropológicas, Culturais e quiçá Humanas no seu verdadeiro sentido.

Parabéns família Mafrano, parabéns Angola e parabéns África Negro-bantu, em particular.

Feito no Huambo aos 23 de Março de 2024.

VENCESLAU CASESE
(*) Historiador, antropólogo e linguista.

Os elogios à obra de Mafrano pelo Chefe do Departamento da Cultura do Governo do Huambo. Na mesa de honra, da esquerda à direita: Venceslau Casese, Apresentador; Mariana Caetano, filha mais velha do autor, e Pascoal Nhanga, Chefe do Departamento de Cultura do Governo Provincial do Huambo

O Rei do Huambo, Sua Majestade Artur Moço

Volume II
Volume I

Com Inês Bandua membro da corte do Rei do Huambo e soba do Bairro da Chiva.
À direita, o Prof. Dr. Venceslau Casese, apresentador da obra

Poetas publicados em 2023 candidatos a pré(ê)mio

Poetas publicados em 2023 candidatos a pré(ê)mio

A Perfil Criativo – Edições inscreveu dois títulos publicados durante o ano de 2023 na edição 2024 do Oceanos – Prêmio de Literatura em Língua Portuguesa.

Este prémio selecciona anualmente obras editadas em qualquer lugar do mundo, desde que escritas originalmente em língua portuguesa, nos géneros: poesia, romance, conto, crónica e dramaturgia.

Com o objectivo de valorizar os nossos autores e os novos títulos publicados em 2023, o editor da Perfil Criativo seleccionou dois livros de poesia para representar a editora neste importante prémio internacional:

3 em 1

AutorFilipe J. D. Pereira
EditoraPerfil Criativo – Edições 
Ano de publicação 1ª ediçãoMaio de 2023

Edição de Portugal – ISBN978-989-35076-2-9

3 em 1 é um conjunto de 3 obras com características diferentes. Assim, De entre o céu e o inferno apresenta-nos os “diálogos”, que pretendem remeter quem lê para Pedro, o mais velho, e Paulo, o mais novo, esses mesmo, os primeiros em que pensamos quando ouvimos estes nomes. Estão primeiro porque foram enviados na frente, são os apóstolos. O restante é a forma de ver o que está à volta e de retratar um percurso. Hortu gERal é um olhar sobre a nossa sociedade neste canto ocidental e De mim para mil é uma forma de partilha com todos os que o queiram da individualidade e de algum sentimento mais intimista. Em ambos surgem o trocadilho, o jogo de palavras levado à decomposição delas próprias e ao papel do gráfico na própria apresentação de que o próprio título “Horto gERal” pretende ser um exemplo.


SUL

AutorÁlvaro Poeira (pseudónimo de António Manuel Monteiro Mendes)
EditoraPerfil Criativo – Edições 
Ano de publicação 1ª ediçãoOutubro de 2023

Edição de Portugal – ISBN978-989-35368-0-3

“(…) Foram assim os últimos tempos. Os que nunca julgámos que iam acontecer.

E que nos serviram para os outros tempos na terra dos outros. E que nos ensinaram a sobreviver na chamada civilização e a ter uma capacidade de resiliência, a que chamo mais de teimosia, que nos levou a vencer as dificuldades da vida material, mas não da espiritual ou a do sonho.

Porque esse ficou lá, na terra, no sítio onde nascemos, onde brincámos, onde nos formámos moralmente, sim, lá na nossa terra, a que temos cá dentro e a que nunca nos podem tirar do nosso sentimento, pois lá está por amor, é esse o segredo. (…)”

VICTOR TORRES In Prefácio II

“Tem gente que levita na duna

que nunca comprou,

Tem alma que almeja areia ou grão

que nunca doou…

Tem ser humano que sabe de cor a corrente

do rio onde se banha a lágrima

e onde se brinca com o crocodilo,

Tem mulher Himba que no calor

do meu ser é minha sem a ter,

É bebé, é mãe, avó, é a natureza

que me serena… nem que seja num dia já

deitado, num livro pleno de frases sem hiena, leões, palancas, zebra, macaco, planta ou seca, mesmo sem pó…

Aiuê, aiuê, “tou” numa margem que

“tu não me vê…”