O livro «Os Bantu na visão de Mafrano» chegou à cidade de Moçâmedes

O livro «Os Bantu na visão de Mafrano» chegou à cidade de Moçâmedes

No passado dia 1 de Outubro a cidade de Moçamedes, Província do Namibe, recebeu o livro “Os Bantu na visão de Mafrano” no quadro das celebrações do Centenário do Dr. António Agostinho Neto, e sob o lema “Angolanos, de mãos dadas para o futuro”.

A cerimónia teve lugar na Esplanada do Gabinete Provincial da Cultura Turismo e Ambiente do Namibe, com a presença de vários directores provinciais, académicos, líderes religiosos, estudantes e leitores interessados.

José Soares Caetano, filho do autor, registou a surpresa de todos, quando os quarenta livros esgotaram.

Este evento foi organizada pela Firma JT, de Júlio Tchivangulula, um jovem editor angolano.


Com o objectivo de chegar à famosa Biblioteca do Congresso, Luisindia Caetano, neta do autor, ofereceu “Os Bantu na visão de Mafrano” à Embaixada dos Estados Unidos em Angola.

O livro foi recepcionado por Cynthia Day, secretária da Embaixada dos EUA para a Imprensa, Cultura e Educação; José Caetano (Tazuary Nkeita), filho do autor.


O livro “Os Bantu na visão de Mafrano – Quase Memórias”, está disponível na Livraria Franciscana, situada no recinto do ex-Cine São Domingos, dos irmãos Capuchinhos, junto à Igreja Nossa Senhora de Fátima, em Luanda.


Entretanto em Luanda, no passado dia 30 de Setembro, no Ciclo de Leitura Infantil da Livraria Universo dos Livros o livro “Os Bantu na Visão de Mafrano – Quase Memórias” esteve disponível os mais novos leitores.

De onde venho, quem sou?

De onde venho, quem sou?

Caraculo, a minha paixão (Ed. 2021)

Rating: 4 out of 5.

De onde venho, quem sou?

Capítulo I: Victor Torres

A curiosidade levou-me a tentar descobrir as minhas origens. De onde venho, quem sou? As histórias de família permitiram-me conhecer o passado remoto, mas tentei ir ainda mais longe. Concentrei-me, sobretudo, na época em que teve início a migração de Pernambuco, no Brasil, para Angola. Como vai aparecer a minha família Torres na chamada ocupação Brasileira (título empregue já depois da independência de Angola), no processo que iniciou a colonização de um território do tamanho de Portugal continental, que se veio a chamar Moçâmedes, no Sul de Angola?


Qual terá sido a razão que levou a esta aventura o meu tetravô, Manuel Joaquim Torres, natural da ilha de S. Miguel, freguesia da Fajã de Baixo, Açores? Fome na ilha? Problemas com o Regime? Tentativa de ascenção social? Falência económica?


Consegui fazer um apanhado de várias gerações desde o ano de 1724. Anteriormente a esta data não se encontrou mais nenhum registo nas ilhas, o que me leva a deduzir que a transição da família do continente para o arquipélago se terá efectuado nessa altura… ou poderá ter acontecido mesmo antes e, devido aos incêndios e saques levados a cabo por piratas, a informação ter-se-á esfumado no tempo. Gostava de ter conseguido mais sobre a origem destes Torres dos Açores, ou seja, de que parte do continente europeu terão vindo. Seriam de Navarra? Os primeiros registos deste nome surgem em Espanha, no século XIV, e no século XV em Portugal. Por terem propriedades em locais que possuíam torres, adoptaram esse nome de família, que passou gerações até se tornar um apelido. Crê-se que este apelido estará ligado às comunidades judaicas oriundas de Espanha.
Reforçando estas origens, o nome Torres faz parte do grupo dos 23 sefarditas (judeus da Península Ibérica) que, fugidos da Inquisição, chegaram a Nova Amesterdão, futura Nova Iorque, em 1624. Vinham de Pernambuco, Brasil, onde antes se tinham radicado desde que aquela terra fora conquistada pelos Holandeses a Portugal. Tinham lá ido parar por serem Judeus e Portugueses a viver na Holanda, onde tinham chegado fugidos da Inquisição Portuguesa, e por serem necessários nessas novas terras pelo facto de saberem duas línguas e serem bons mercadores.

Quando Portugal reconquistou Pernambuco, foram de novo obrigados a fugir. O barco da fuga destinava-se a Amesterdão, mas foi interceptado por piratas Espanhóis, tendo os Judeus sido foram salvos por uma embarcação Francesa, a “Sainte-Catherine”. O capitão Francês deixou-os na costa Americana que, na época, era possessão Holandesa, obrigando-os a pagar a viagem, tendo essa dívida sido liquidada com tudo o que traziam, desembarcando sem nenhum valor em sua posse. Já na época não havia viagens grátis. 

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