Lisboa, 22 de Junho de 2025 — No passado domingo, durante a Feira do Livro de Lisboa, realizou-se um momento simbólico e de grande significado cultural: a entrega, em nome da família de Maurício Francisco Caetano (1916-1982), de um dos primeiros exemplares do terceiro volume da obra Os Bantu na Visão de Mafrano ao Prof. DoutorJosé Octávio Serra Van-Dúnem, secretário do Prémio Nacional de Cultura e Artes da República de Angola.
O gesto, que decorreu no Auditório Norte, representou o agradecimento ao júri do Prémio Nacional de Cultura pelo seu trabalho e revelar que a nova edição apresenta na capa a marca do prémio recebido e que muito dignifica esta obra.
Identidade angolana
O terceiro volume de Os Bantu na Visão de Mafrano aprofunda as abordagens filosóficas, sociológicas e cosmológicas da visão bantu, tal como interpretadas por Mafrano. Esta obra centra-se em temas como a concepção do tempo e da ancestralidade, o papel da oralidade e da memória, bem como os fundamentos morais e metafísicos das comunidades bantu. Trata-se de uma reflexão crítica e contextualizada que contribui para uma compreensão mais densa da cultura angolana em diálogo com os saberes tradicionais.
O volume integra-se numa trilogia iniciada nos anos 1950, que ao longo dos últimos anos tem sido relida e reeditada com o objetivo de promover uma recuperação crítica do pensamento a partir de dentro, dando visibilidade às categorias culturais próprias da África subsaariana.
Grandes encontros em Lisboa
O encontro com o Prof. Doutor José Octávio Serra Van-Dúnem — sociólogo, professor universitário e figura central da política cultural — decorreu num dia particularmente intenso de programação angolana na Feira do Livro de Lisboa, que reuniu autores, jornalistas, investigadores e leitores em torno da literatura, da história e da identidade nacional.
A entrega do volume, feita com emoção e sentido de continuidade, reforça a importância da memória bibliográfica angolana e da sua salvaguarda para as futuras gerações.
Coimbra, junho de 2025 – Um momento emocionante e histórico marcou o recente encontro entre a IrmãIsabel Mata, hoje com 95 anos, e dois dos filhos de Maurício Francisco Caetano, conhecido pelo pseudónimo “Mafrano”. A religiosa, figura discreta mas fundamental na história da imprensa católica em Angola, fez parte da equipa de redação do jornal O Apostolado, em Luanda, durante décadas. Nas imagens, a Irmã Isabel Mata aparece em sua residência em Coimbra, rodeada por exemplares da obra “Os Bantu na visão de Mafrano“, que revisita o pensamento e o legado de Maurício Francisco Caetano, de quem foi colega na redação do jornal da Conferência Episcopal de Angola. Apesar de já não ir a tempo de ser incluída no Volume III da coleção dedicada a Mafrano, os organizadores já garantem: “Fica para a próxima coleção.” O reencontro, carregado de simbolismo, reforça os laços históricos e afetivos entre antigos colaboradores do jornal católico e as novas gerações empenhadas em preservar a memória cultural e intelectual angolana. Na ficha técnica de O Apostolado, constam nomes como P. Pedro Luís, Padre António Morais, Maurício Caetano e Maria Isabel Mata, que assumiu também funções técnicas e de ilustração, sob a direção de Manuel Franklin da Costa.
Este gesto de homenagem e reconhecimento serve também como apelo à valorização dos protagonistas muitas vezes esquecidos da história da comunicação social em Angola.
Malanje, 6 de Junho de 2025 – Foi apresentado nesta sexta-feira, no Anfiteatro da Faculdade de Medicina da Universidade Rainha Njinga a Mbande, o segundo volume da obra “Os Bantu na Visão de Mafrano, Quase Memórias“, da autoria de Maurício Francisco Caetano, também conhecido pelo pseudónimo Mafrano.
A sessão de apresentação contou com a intervenção do escritor e jornalista Tazuary Nkeita (José Caetano), que conduziu uma análise sobre os principais temas abordados nesta coletânea de quase 800 páginas, que aprofunda os fundamentos da Antropologia Cultural Bantu.
O livro mergulha na riqueza da Civilização Bantu, tratando de temas essenciais como:
A filosofia Bantu sobre a morte;
A ética dos Bantu;
A génese temporal das raças humanas;
Os idiomas Bantu;
A antiguidade dos animais domesticados;
A terminologia indígena sobre os vários primatas.
A obra reafirma o compromisso de Mafrano com o resgate e valorização do pensamento e cultura africana, num esforço de memória e identidade.
Ilídio Silva, ex-aluno de Mafrano no ano de 1978 em Luanda (o segundo à esquerda), juntamente com membros da família do autor: “Maurício Caetano foi um dos melhores professores da minha época”
Maurício Francisco Caetano nasceu no Dondo, província do Cuanza Norte, a 24 de dezembro de 1916, e faleceu em Luanda, a 25 de julho de 1982. Ao longo da sua vida, destacou-se como escritor e colaborador de diversas publicações jornalísticas, deixando um legado valioso para a historiografia e antropologia angolana.
Sob o lema “De Mãos Dadas, Malanje que Sonhamos é Possível”, a apresentação do livro representou um momento de afirmação cultural e de reflexão sobre a ancestralidade Bantu e os seus ensinamentos para a sociedade contemporânea.
Com o Regedor Adjunto de Kassembele, Adão Antero Kasua (ler Cassua), em Malanje
Membros da família Mafrano com a decana da Universidade Njinga A Mbande, Prof. Dra Tazi Nimi, em Malanje
No próximo dia 6 de junho de 2025, a Faculdade de Medicina da Universidade Rainha Njinga a Mbande (URNM), em Malanje, acolherá a apresentação do segundo volume da coletânea “Os Bantu na Visão de Mafrano — Quase Memórias“. O evento decorrerá no Anfiteatro Professor Doutor Samuel Carlos Victorino, entre as 9h00 e as 12h00.
Esta obra póstuma do “antropólogo maior de Angola”, Maurício Francisco Caetano, conhecido pelo pseudónimo Mafrano, é uma contribuição significativa para a compreensão da cultura e sociedade bantu. O volume II aborda temas como o uso do telégrafo entre os povos bantu, topónimos angolenses e suas lendas, ética nos gémeos Kimbundu, filosofia bantu sobre a morte, origem de vocábulos nos idiomas bantu, entre outros assuntos relacionados à antropologia, arqueologia, etnografia e direito costumeiro.
A coletânea, composta por três volumes e mais de 700 páginas, reúne textos publicados por Mafrano em jornais e revistas angolanas entre 1947 e 1982, como “O Apostolado“, a revista “Angola” e o jornal “O Angolense” . Em reconhecimento à sua contribuição para as ciências humanas e sociais, Mafrano foi distinguido postumamente com o Prémio Nacional da Cultura e Artes 2024, na modalidade de Investigação em Ciências Humanas e Sociais .
A Universidade Rainha Njinga a Mbande, criada em 2020, é uma instituição pública de ensino superior sediada em Malanje, resultante da fusão de várias instituições de ensino da região . A sua Faculdade de Medicina destaca-se como a primeira instituição pública de ensino superior na província de Malanje, com autonomia científica, pedagógica e administrativa.
A apresentação do livro é aberta ao público e promete ser um momento de reflexão sobre a identidade cultural africana e a valorização das tradições dos povos bantu.
Lisboa, Angola — Junho de 2025 — PRESS RELEASE — Para divulgação imediata
A Perfil Criativo | AUTORES.club tem a honra de anunciar a publicação do terceiro volume da colectânea “Os Bantu na Visão de Mafrano – Quase Memórias“, de Maurício Francisco Caetano (1916-1982), mais conhecido pelo pseudónimo literário “Mafrano”, intelectual angolano recentemente distinguido com o Prémio Nacional de Cultura e Artes 2024, na categoria de Ciências Sociais e Humanas.
Esta obra monumental, agora concluída com o Volume III, é uma homenagem vibrante à Civilização Bantu e um retrato lúcido das complexidades religiosas, sociais e culturais. Publicada postumamente, a colectânea reúne estudos, crónicas, notas autobiográficas e reflexões que durante décadas foram redigidos pelo autor sob diversos pseudónimos como “Anateco”, “Virafro“, “Aliquis” ou “Morais Paixão” – recurso literário que lhe permitiu escapar à censura e expressar com frontalidade as suas ideias.
Este terceiro volume destaca-se por:
Uma abordagem interdisciplinar à civilização Bantu, à sua religiosidade e estrutura social;
Ensaios sobre mitologia, ética, filosofia da religião e justiça tradicional;
Episódios vividos que espelham a trajectória de um pensador comprometido com a libertação das consciências;
Uma forte crítica aos preconceitos raciais e coloniais, defendendo a dignidade humana acima de qualquer origem étnica.
Entre os textos mais marcantes incluem-se:
“O Perfil Etnográfico do Negro Jinga”, “Faces Mascaradas no Poliedro Social”, “O Problema Demográfico e a Tese de Malthus”, e o comovente ensaio “Mãe, Por Que Nos Mataste?”, que aborda o aborto e a vulnerabilidade social com notável sensibilidade.
Como sublinha Dom Zacarias Kamwenho, arcebispo emérito do Lubango, “Mafrano foi um Antropólogo Maior“. A publicação deste volume vem reafirmar essa afirmação, inscrevendo Maurício Francisco Caetano no panteão dos grandes pensadores africanos do século XX.
A edição contou com o apoio incondicional da família do autor. Desde o seu início, a colectânea tem vindo a ser apresentada em palcos internacionais — Alemanha, Portugal, Brasil, Cabo Verde, Moçambique e Reino Unido — sendo hoje uma referência incontornável para estudiosos da cultura africana e leitores atentos à memória de Angola.
Prémio Nacional de Cultura
Público-alvo
Académicos e Investigadores
Áreas: Antropologia Cultural, História de África, Filosofia Africana, Sociologia, Etnografia, Estudos Pós-Coloniais.
Interesse: A obra oferece um corpus raro e valioso de conhecimento produzido a partir da vivência e da reflexão interna sobre o mundo Bantu, abordando questões sociais, religiosas e identitárias sob uma perspectiva não-europeia.
Estudantes Universitários
Especialmente de universidades em Angola, Brasil, Portugal, Moçambique, e outras instituições interessadas em programas de Estudos Africanos e Ciências Sociais.
Leitores engajados com a história e cultura africanas
Leitores que valorizam memórias históricas, literatura de intervenção social e textos que desafiam a narrativa colonial dominante.
Pessoas interessadas na valorização do património imaterial africano, identidades negras e heranças culturais marginalizadas.
Activistas e agentes culturais
Envolvidos em movimentos de valorização da memória africana, descolonização do saber e justiça social.
O conteúdo é uma ferramenta poderosa para promover reflexão crítica sobre racismo, exclusão e construção de narrativas históricas alternativas.
Comunidade angolana e diáspora
Aqueles que buscam reencontrar-se com suas raízes culturais, compreender melhor os alicerces da sociedade Bantu e homenagear a obra de um dos grandes intelectuais angolanos do século XX.
Formadores de opinião e líderes religiosos
Mafrano aborda profundamente a questão da fé, da missão católica, da ética social e da relação entre espiritualidade e justiça – temas sensíveis e pertinentes para líderes que buscam compreender a espiritualidade no contexto africano.
Malanje, 09 de Maio de 2025 – O Volume II da colectânea «OS BANTU NA VISÃO DE MAFRANO – QUASE MEMÓRIAS», antropologia cultural, do escritor e etnólogo angolano Maurício Francisco Caetano, “Mafrano” (1916-1982), será apresentado no dia 6 de Junho deste ano, sexta-feira, na cidade de Malanje.
A cerimónia decorrerá das 9:00 às 12:00 do dia 6 de Junho, no anfiteatro «Prof. Doutor Samuel Vitorino» da Faculdade de Medicina da Universidade Rainha Njinga A Mbande da cidade de Malanje, e está a ser organizada por uma equipa que integra representantes dos sectores da educação, cultura e comunicação social sob coordenação do Governo Provincial de Malanje. Será apresentador, o Dr. Adão Dala, director do departamento provincial da cultura de Malanje.
A colectânea «Os Bantu na visão de Mafrano» é uma obra póstuma, em três volumes com um total de 799 páginas sobre a ancestralidade, hábitos e costumes de uma faixa muito numerosa dos povos africanos. Inclui epígrafes como «Crónicas ligeiras», «Notas a lápis», «Episódios vividos», «Tertúlias», textos sobre a civilização bantu e contos dispersos, compilados a partir de estudos e reflexões que o autor publicou em jornais e revistas de Angola, entre 1947 e 1982.
Segundo fontes familiares, foi na localidade de Kiwaba-Nzoji (Ex. Vila Brito Godins), na Província de Malanje, onde o autor já falecido iniciou a sua actividade profissional e de investigação antropológica, além de colaborador do jornal independente local «ANGOLA NORTE», em 1947, razão pela qual a apresentação desta colectânea terá um significado especial.
A colectânea de “Mafrano”, pseudónimo literário de Maurício Francisco Caetano, inclui temas como o uso do telégrafo, (o ngolokele), entre os povos bantu, desde tempos remotos; a escrita ancestral; a formação profissional; os matrimónios; a tradição política; os topónimos bantu e a sua lenda; a filosofia bantu sobre a morte e a origem do homem; relatos de Cabinda; hábitos e crendices alimentares, e outros temas sobre a antropologia, a arqueologia e o direito costumeiro.
Em Novembro de 2024, a colectânea ainda incompleta foi distinguida a título póstumo com o Prémio Nacional da Cultura e Artes 2024, na modalidade de Investigação em Ciências Humanas e Sociais, num reconhecimento unânime do seu legado vital para a compreensão, preservação e valorização das culturas tradicionais angolanas. O terceiro e último volume será publicada muito em breve.
Neste espólio literário escrito ao longo de 36 anos, Mafrano realça pontos de contacto entre lendas da civilização bantu e a mitologia clássica, sem esquecer as mitologias greco-romanas, e constrói diálogos que nos fazem comparar a cultura bantu a de vários países, como a Alemanha, a China, os Estados Unidos, a França, a Itália, Portugal e o Reino Unido. O norte americano Franz Boas (1858-1942) e o padre espanhol Raul Ruiz de Asua Altuna são dois dos especialistas em antropologia cultural que Mafrano menciona nos seus estudos e pesquisas.
Cumprindo uma longa carreira, Maurício Caetano foi professor desde 1945, oficial de impostos e secretário nos Serviços Gerais de Fazenda e Contabilidade desde 1946, até ser nomeado Director Nacional no Ministério das Finanças, depois da independência de Angola, em 1975.
O autor foi ainda membro fundador da União dos Escritores Angolanos (UEA), e destacou-se como professor de Português e de Filosofia em prestigiados estabelecimentos de ensino no período pós-independência, como o Liceu Ngola Kiluanji, o Instituto Makarenko, o Instituto PIO XII e o Instituto de Ciências Religiosas de Angola (ICRA).
Maurício Francisco Caetano nasceu a 24 de dezembro de 1916 na cidade do Dondo, Província do Cuanza-Norte, em Angola, onde foi educado por um sacerdote oriundo de São Tomé e Príncipe, enquanto órfão, com apenas 5 anos de idade. Faleceu aos 25 de julho de 1982, por doença.
Segundo registos mais antigos, “Mafrano” iniciou a sua actividade literária como colaborador do Jornal Independente «Angola Norte», em Malanje no ano de 1947. Anos mais tarde, tornou-se colaborador da Revista ANGOLA, da Liga Nacional Africana, dos jornais «Farolim» e correspondente do Jornal «O Apostolado», «O Angolense», «TRIBUNA dos Musseques», ao lado de figuras de proa como Agostinho Neto, o cardeal Dom Alexandre do Nascimento e irmãos Mário e Joaquim Pinto de Andrade.
Prefaciado por Dom Zacarias Kamwenho, arcebispo emérito do Lubango e Prémio Sakharov 2001, esta colectânea saiu a público em abril de 2022, tendo sido apresentada até à data em países como Moçambique, São Tomé e Príncipe, Cabo-Verde, Portugal, Alemanha e por videoconferências em universidades de Curitiba e Rio de Janeiro, no Brasil e oferecida ao Cardeal José Tolentino de Mendonça, então conselheiro do Papa Francisco para a educação e a cultura no Vaticano.
Na comemoração dos 25 anos de existência, a Biblioteca Nacional de Cabo Verde preparou um presente especial para a comunidade: uma Super Promoção de Natal 2024. Este marco importante foi celebrado com a realização da Feira do Livro – Especial Natal, um evento cultural memorável.
A feira aconteceu simultaneamente na Biblioteca Nacional, na Praia, e no Centro Cultural do Mindelo, em São Vicente. A cerimónia de abertura ocorreu no dia 29 de novembro, às 10h30, atraindo amantes da literatura, escritores e a comunidade em geral.
O evento, promovido pelo Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas, reforçou o papel fundamental da Biblioteca Nacional de Cabo Verde na preservação e disseminação da cultura e literatura cabo-verdianas. Foi uma oportunidade única para adquirir livros a preços especiais e celebrar o espírito de Natal com leituras e cultura.
Na cerimónia de entrega do Prémio Nacional da Cultura e Artes 2024, realizada na modalidade de Investigação em Ciências Humanas e Sociais, a família do autor homenageado esteve presente para receber o prestigiado reconhecimento. A colectânea póstuma «Os Bantu na visão de Mafrano», de Maurício Francisco Caetano, foi a obra laureada.
Representando o legado e a memória do autor, estiveram presentes Maria Catarina Caetano de Sousa Paim, sobrinha do autor, e Luisíndia Walessa Ferreira Caetano, neta de Mafrano. A obra destaca-se como um marco importante na valorização e na compreensão das contribuições históricas e culturais dos povos bantu, reafirmando o impacto duradouro dos estudos de Mafrano na área das Ciências Humanas e Sociais.
O prémio reflete o reconhecimento à relevância da colectânea, que continua a inspirar reflexões e debates no campo da antropologia e da história. A cerimónia destacou não apenas a obra, mas também a importância da preservação e difusão do património cultural e intelectual do autor.
Prémio Nacional de Cultura e Artes 2024, promovido pelo Ministério da Cultura da República de Angola, homenageou destacados artistas, investigadores e especialistas que contribuem para o fortalecimento e preservação da identidade cultural angolana. Instituído pelo Decreto Presidencial Nº 31/00, de 30 de Junho, este prémio, que é a mais elevada distinção artística do país, reforça o compromisso do governo em apoiar e valorizar o legado cultural angolano em diversas áreas, tais como Literatura, Artes Visuais, Teatro, Dança, Música, Cinema e Ciências Humanas e Sociais.
Obra premiada de Mafrano: Um tesouro da antropologia Bantu
O juri do Prémio Nacional de Cultura e Artes 2024 atribui este reconhecimento à inédita obra “Os Bantu na Visão de Mafrano – Quase Memórias”, de Maurício Francisco Caetano (Mafrano), na categoria de Ciências Humanas e Sociais. Uma obra póstuma organizada em três volumes pelo jornalista José Soares Caetano e publicada pela editora Perfil Criativo, esta colectânea foi aclamada pela sua profundidade e relevância antropológica no entendimento das tradições Bantu. Mafrano, natural do Dondo e falecido em 1982, dedicou-se ao longo da sua vida a documentar e analisar o património cultural angolano dos povos Bantu, oferecendo uma visão abrangente sobre costumes, rituais e valores que moldam a identidade nacional.
THE WISE MAN AND THE CHEST “Every teacher of the law who has become a disciple of the kingdom is like the head of a household, who brings out of his storeroom new treasures as well as old.” (cf. Mt 13:52)
I The family of Maurício Francisco Caetano “Mafrano” has undertaken the noble task of collecting the scattered texts from newspapers and private and public archives of this man who, in my view, was an upright Angolan, a transparent nationalist, a researcher of our culture, and a straightforward writer on cultural anthropology. This is not a nostalgic exercise, but a necessary contribution to the national cultural fabric that, ultimately, concerns us all, who should collaborate in preserving the values conveyed by the various subcultures of our country. Personally, I welcomed the initiative, and I thank you for the opportunity to do so publicly, for, as the philosopher Terence said, “whatever is human belongs to me”; in this case, everything written about the Kimbundu genius is part of me, as I am Umbundu.
II Pope Paul VI — now St. Paul VI — known as “The Pope of Africa,” said in one of his messages to the African continent:
“Many traditions and rites once regarded as strange and primitive are now seen by ethnologists as integral parts of particular social systems that deserve to be studied and respected.” (Apostolic Letter Africae Terrarum, 1967)
This statement is almost verbatim echoed by the Ad Gentes (AG) Decree of the Second Vatican Council, a decree we eagerly awaited to bring the much-desired breath of fresh air to the process of Evangelisation, as the same Pontiff would say: “An evangelisation that does not touch a people’s culture is a superficial decoration.” As an elder who worked with “Mafrano,” I express my joy for this first volume and the subsequent ones on “Mafrano’s” profile and his anthropological writings. I also want to say to his family, “Well done!” for this initiative, which will allow us all to experience the joy described in the Gospel of St. Luke when the woman gathers her friends and neighbours to say, “Rejoice with me because I have found the coin I had lost.” (cf. Lk 15:8-9)
III I will summarise in four points my simple yet profound recognition of Maurício Francisco Caetano:
Maurício and the Second Vatican Council
Pope John XXIII — now St. John XXIII, called “The Good Pope” — announced the convening of the council that would be known as Vatican II (1958–1965). The Catholic world rejoiced. The objectives of the council were gradually outlined and clarified, as the Constitution Sacrosanctum Concilium (SC) would express in its preamble. While the general public expected the council to shake off the dust that had clung to the institutional church over five centuries (from the Council of Trent to the 20th century), and open windows for fresh air to enter, “the strong wind of the Spirit that sweeps away centuries-old mould,” as John XXIII said, it was indeed the greatest event of the century. Intellectuals were called to collaborate, directly or indirectly, and all the faithful were invited to pray and fast. Maurício Caetano was both a faithful and an intellectual: He prayed and collaborated. At this time, we were still Portuguese. The Metropolis timidly dictated the paths of preparation. Angola was facing the Colonial War. The political power increased control over the colonies, especially after the independence of Congo-Leopoldville, now the Republic of Congo, on 30 June 1960. Oppress, repress, suppress were the verbs that weighed on intellectuals, believers or not, Catholic or Protestant. However, as St. Paul says, “the word of God is not chained” (2 Tim 2:9). Some of the Catholic laity of the time rose to the level of their “creed,” particularly in the Capital, where prominent figures like Maurício Caetano, Mendes da Conceição, and António Burity da Silva (senior) became familiar to us, living in the Central Plateau, through the newspaper O Apostolado, or the gatherings organised by the Catholic Church in the Capital or the districts (now provinces). During this preparation period for the council, its celebration, and its aftermath, the only reliable sources of information came to us through the French-speaking press. Since French was the foreign language taught in Angolan seminaries after Portuguese, this was of great value to Maurício and all of us in following the century’s greatest event: Vatican II. Our proximity to the two Congos helped bridge the gap left by the Metropolis. Congo-Leopoldville already had a strong Catholic University led by Belgian Jesuits, Lovanium.
Maurício, the Conciliator
I will never forget this trait of our “Mafrano” as we evoke his memory. I arrived in Luanda in 1974 as an auxiliary Bishop. I was 40 years old. A dreamer and timid, confident yet unsure, in large assemblies I sought familiar faces, which I didn’t always find. One of those faces would have been “Mafrano’s,” because in the various provincial meetings, his family, like others such as the Espírito Santo Vieira family or that of Bishop Emílio de Carvalho, welcomed me into their homes and greatly helped me navigate those who questioned the appointment of a bishop from the Central Plateau (Umbundu) to the capital city (Kimbundu). Maurício Caetano had a special opportunity to demonstrate his conciliatory charisma. It was during my first pastoral visit to Golungo Alto in 1975, before the proclamation of Independence. We met there, providentially, I would say: he in the service of the State in the finance field, I in pastoral ministry. During the customary formal greetings, I felt relieved when I shook his hand, as I did with the others. After dinner, he came to the parish residence. He brought a timely word and confided in me: “Tomorrow, at the meeting with the parish’s key figures, don’t be alarmed if someone asks for a ‘point of order’ during the Q&A session. It’s a group of ‘revolutionary youth’ who will ask permission for a parish consultation point, which is a polite way of saying, a public trial of the parish priest. When the young man finishes speaking, I too will request a ‘point of order’ so that you won’t have to respond.”
No sooner said than done. When he spoke, with the authority recognised by the older catechists and the youth who knew him well, “Mafrano” drew upon tradition, the history of the MPLA, without forgetting biblical arguments. He finished with two or three questions that silenced the so-called “revolutionary” group. Relief for the elders who had no courage to contradict the youth and risk being called reactionary, obscurantist, etc. After the silence that followed this layman’s committed exposition, I had little more to say than to thank everyone for coming to meet the new Pastor and to give them the final blessing.
Maurício, the Christian Scribe
Inspired by Vatican II, “Mafrano” read and implemented the Gaudium et Spes (GS) Constitution, particularly where it says: “More and more men and women of every group and nation are becoming aware that they are the artisans and authors of their own community’s culture.” (Gaudium et Spes, 1965, n. 55). “Mafrano” answered, “present!” Although he did not leave us a book, what he left scattered in newspapers and archives forms a collection now published in four volumes, of which we are currently presenting the first. A distinguished student of the Luanda Seminary, where he studied Philosophy and Theology, colleagues and teachers nicknamed him the “library rat.” He once confided in me that for him, the long holidays were a continuation of his formation. “The library continued in listening to the ‘elders’, and they too felt gratified and entrusted me without hesitation with their secrets,” he said.
Maurício, the Artisan of our Culture
In weeks of study or in specific conferences on cultural anthropology, Maurício Caetano had to be present. Father Raul Assua, a Basque priest and author of the book A Cultura Bantu, admired “Mafrano” and enjoyed discussing topics of mutual interest with him. It was interesting to hear them, especially when the discussion heated up: one would refer to an African author, the other would confirm the phenomenon in question with firsthand experience. In the end, we all benefited. I witnessed this in 1977. I invited Maurício to lead the study topic at our Diocesan Pastoral Assembly. The theme was: Traditional Marriage and Its Implications in Canonical Marriage. We received a masterful and interesting presentation that lasted an entire day, and the following morning, we drew conclusions and recommendations to apply throughout the pastoral year. “Mafrano” proved himself to be a master, a scribe who, as St. Matthew says, took old and new treasures from his chest, illuminating them with the light of the Gospel. Starting from the “Alambamento” (traditional dowry), he guided us through to the “Separation of Spouses” by divorce or death. He provoked dialogue: accepted criticism like a wise man, clarified the doubts and prejudices of listeners like a teacher and educator. We saw him take notes of opinions different from his own, and the more he admitted his limitations, the more he won everyone’s admiration. We were in the presence of an artisan of our culture. Father César Viana (from Kibala), a young and dynamic member of the Pastoral Secretariat, delivered a heartfelt and deserved tribute to the speaker in his closing remarks. “Mafrano,” true to himself, replied with a proverb common to many African subcultures that, when translated, roughly says:
“We, the elders, the scholars, prepare for you, the young, rustic sandals for you to walk toward the land where you will find everything, including shoes; wear these shoes, but never forget the sandals.”
CONCLUSION I conclude, happily, by bearing witness to someone whose memory I personally wish to be eternal.
— Eternal like the word munthu, mu- (person) + -nthu (being), which once appeared in history and left (and continues to leave) traces, like a river that does not change its name but whose waters flow to the sea (kalunga), giving life from generation to generation; — Eternal, for these “sandals” that the “Mafrano” family has now gathered. They were forgotten in the corners of our house (Angola), but they still speak of the anthropologist and his time; — Eternal, for the contribution made to implementing the great lines of Vatican II and other post-conciliar documents like Evangeli Nuntiandi (1975), through articles and conferences.
Well, my friends: in the global city, we know there are winners, losers, and survivors. Like Maurício Caetano, however, we will know how to say: Present! National reconstruction depends on the reconstruction of each one’s identity (the awakening to munthu), in our case within Lusophony. In the history of the Catholic Church in Angola, there were men who believed in that munthu. On a religious level, I would recall the name of Ernesto Lecomte, a French Spiritan priest, who, in becoming “black with the blacks,” as advised by the founder of his congregation, managed to translate into some of our languages the catechism of St. Pius X, which guided us to the current Catechism of the Catholic Church. For all this, and keeping in mind the social and anthropological studies emerging throughout Angola, I place on Maurício Caetano’s lips the words with which Pope Francis ends his Apostolic Exhortation, Christus Vivit, addressed to young people and the entire people of God:
“The Church needs your enthusiasm, your intuitions, your faith. We need you. And when you arrive where we have not yet reached, have the patience to wait for us.” (Post-Synodal Apostolic Exhortation Christus Vivit, 2019, n. 299)