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Secretário-Geral das Nações Unidas: “Os impérios coloniais distorceram a imagem de África”

Secretário-Geral das Nações Unidas: “Os impérios coloniais distorceram a imagem de África”

Luanda, 25 de Novembro de 2025 – O Secretário-Geral das Nações Unidas, Eng.º António Guterres, considerou segunda-feira em Luanda que a colectânea angolana «Os Bantu na visão de Mafrano», antropologia cultural, ajuda a repor a dignidade dos povos subjugados pelos impérios coloniais, no continente africano.

António Guterres proferiu tal declaração durante um breve encontro realizado no Hotel Epic Sana, na capital angolana, durante o qual a família do autor já falecido, Maurício Francisco Caetano, “Mafrano”, lhe ofereceu os três volumes daquela obra póstuma, muito apreciada pelo mais alto dignatário das Nações Unidas. Entre os presentes destacou-se o coordenador em exercício do sistema das Nações Unidas em Angola, Diego Zorrilla Orsat, membros da comitiva de António Guterres e três familiares do autor.

«Os impérios coloniais distorceram a imagem de África e esta obra vem repor a dignidade destes povos», disse taxativamente o Secretário-Geral das Nações Unidas que se deslocou a Luanda de 23 a 25 de Novembro como convidado da sétima Cimeira União Africana – União Europeia, com a presença de um total de 76 Chefes de Estado e de Governo europeus e africanos.

Para a família do autor, esta colectânea sobre a antropologia cultural e a civilização Bantu terá certamente maior valia internacional se estiver também disponível em francês e inglês. «A obra enuncia um conjunto de princípios assentes na solidariedade humana que podem contribuir para a solução de conflitos e permitir um maior conhecimento e aproximação entre vários povos do mundo», disse José Caetano, filho do autor.

«Os Bantu na visão de Mafrano – Quase Memórias», antropologia cultural angolana, é uma obra em três volumes, 39 capítulos e 800 páginas que começou a ser esboçada em 2011, para ser concluída em Agosto de 2025. A colectânea teve como fonte um legado de estudos e textos dispersos em vários jornais e revistas, com ênfase para os jornais «O Apostolado», «Angola Norte», «O Angolense», a Revista Angola da Liga Nacional Africana, assim como um «Boletim» do Ministério das Finanças publicado já depois da independência de Angola.

O seu autor, o escritor e etnólogo angolano Maurício Francisco Caetano, “Mafrano”, observou os hábitos e costumes autóctones em localidades em que trabalhou desde os anos 40’s até à data da sua morte, em 1982, como Cabinda, Uíge, Malanje, Cuanza-Norte, Dembos e Luanda.

O primeiro volume foi apresentado em Abril e Maio de 2022, no Lubango, Huíla, e em Luanda, e prefaciado por Dom Zacarias Kamwenho, arcebispo emérito do Lubango, prémio Sakharov 2001, que considerou o autor como «o antropólogo maior de Angola».

O segundo volume da colectânea, foi apresentado em Luanda por Dom José Manuel Imbamba, Presidente da Conferência Episcopal de Luanda (CEAST), em Julho de 2023, em Luanda. Em Novembro de 2024 a obra foi distinguida pelo Ministério da Cultura de Angola com o Prémio Nacional de Cultura e Artes na modalidade de investigação em Ciências Humanas e Sociais.

Finalmente, o terceiro e último volume foi apresentado em Luanda, a 12 de Agosto de 2025, na Escola Nacional da Administração e Políticas Públicas (ENAPP), por Dom Filomeno Vieira Dias, Arcebispo de Luanda.

Maurício Caetano, foi director nacional do Ministério das Finanças, e membro fundador da União dos Escritores Angolanos (UEA). Destacou-se igualmente como professor em vários estabelecimentos de ensino.

Na infância, então menino órfão, Maurício Caetano teve como tutor um sacerdote santomense, o cónego José Pereira da Costa Frotta (1879-1954), que o recolheu na Escola da Missão Católica do Dondo, sua terra natal, e o levou posteriormente para o Seminário do Sagrado Coração de Jesus de Luanda, onde cursou Filosofia e Teologia.

Até esta data, a sua colectânea foi apresentada em Moçambique, Cabo-Verde, São Tomé e Príncipe, Portugal, Alemanha, Reino Unido e por vídeo conferência no Brasil.

“Jornal de Angola” de 27 de Novembro de 2025

Mafrano em Malanje

Momento de reflexão sobre o papel de Angola em África

Momento de reflexão sobre o papel de Angola em África

Cobertura do lançamento do livro “Angola e os Desafios da Estabilidade em África

No passado dia 5 de novembro de 2025, às 16h00, no Arquivo Nacional de Angola, em Luanda, foi oficialmente lançado o livro “Angola e os Desafios da Estabilidade em África”, da autoria do investigador angolano Prof. Doutor Zeferino Pintinho.

O evento reuniu académicos, dirigentes de organismos públicos e representantes da sociedade civil, num momento que reforça a relevância de Angola como actor regional e convoca uma reflexão alargada sobre segurança, cooperação internacional e estabilidade no continente africano.

Sobre o autor e a obra

Zeferino Pintinho surge com um contributo que se posiciona entre a teoria das relações internacionais e a análise concreta da política externa angolana, reflectindo sobretudo sobre como o país pode assumir, ou já assume, um papel estratégico na promoção da estabilidade em África.
No livro “Angola e os Desafios da Estabilidade em África”, o autor aborda três eixos principais:

  • A reforma dos sectores da defesa e da segurança em Angola e suas implicações para a estabilidade regional. 
  • A cooperação da política externa angolana com vizinhos e organizações africanas no domínio da paz e segurança.
  • Os factores de risco que constroem ou fragilizam a estabilidade no continente — tais como conflitos internos, fraqueza institucional, interdependências económicas e políticas externas. 

O autor propõe não só um diagnóstico, mas também pistas de actuação para Angola — e por extensão para o espaço lusófono e para Africa mais ampla — transformarem-se em vetores positivos de segurança e desenvolvimento.

O evento

No Arquivo Nacional de Angola, o ambiente foi marcado por uma forte mobilização do meio académico e cultural. Intervenções alusivas destacaram a importância de combinar história, política e segurança nacional para pensar o futuro do país no contexto africano.
Os presentes puderam assistir à apresentação da obra, com leitura de excertos significativos, debate com o autor e sessão de autógrafos.

Por que a obra importa

Em momentos de transformação no continente, com novos modos de cooperação intra-africana, desafios decorrentes da instabilidade e necessidade de diversificar as parcerias externas, este livro aparece como uma referência em língua portuguesa para a reflexão estratégica.
Como se sublinha nas comunicações de divulgação, trata-se de uma «leitura essencial sobre o papel de Angola na estabilidade do continente — esclarecedora, actual e importante». Instagram

Para o leitor ou investigador interessado, o livro abre perspetivas para compreender:

  • Como Angola se relaciona com organizações regionais de segurança e qual o seu grau de protagonismo.
  • Quais são os condicionantes internos (governança, instituições, defesa) que moldam a capacidade de Angola actuar no plano africano.
  • Quais as implicações para o futuro da cooperação lusófona, face a dinâmicas de poder global e continental.

Conclusão e convite

O lançamento da obra “Angola e os Desafios da Estabilidade em África” representa mais do que a divulgação de um livro: sinaliza uma abertura ao debate informado sobre o país e o continente.
Convidam-se leitores, investigadores, decisores e a sociedade em geral a explorar este trabalho, e a participarem nos eventos futuros que o autor ou a editora possam promover para alargar o diálogo.

Angola e os desafios da estabilidade em África
Angola e os desafios da estabilidade em África

50 Anos de República de Angola: A Ciência e a História iluminam o Prémio Nacional de Cultura e Artes

50 Anos de República de Angola: A Ciência e a História iluminam o Prémio Nacional de Cultura e Artes

Prof. Doutor Carlos Mariano Manuel distinguido pelo monumental estudo em três volumes Angola: desde antes da sua criação pelos portugueses até ao êxodo destes por nossa criação

O diploma da 26.ª edição do Prémio Nacional de Cultura e Artes da República de Angola, na categoria de Ciências Humanas e Sociais, foi entregue ao Prof. Doutor Carlos Mariano Manuel, durante a gala realizada a 20 de novembro de 2025, no Hotel EPIC Sana Luanda, numa noite que reuniu representantes das artes, da academia e das instituições do Estado, integrada nas comemorações dos 50 anos da Independência Nacional.

O Ministério da Cultura havia anunciado os vencedores da 26.ª edição no dia 7 de novembro, em conferência de imprensa no Palácio de Ferro, em Luanda, sublinhando o papel do prémio como a mais alta distinção do Estado angolano para criadores, investigadores e agentes culturais que se destacam na preservação e valorização dos valores nacionais.

O autor do tratado de História de Angola recebe diploma do Prémio Nacional de Cultura e Artes pela mão do Ministro da Cultura da República de Angola, Prof. Doutor Filipe Zau

Na disciplina de Ciências Humanas e Sociais, o júri distinguiu a obra Angola: desde antes da sua criação pelos portugueses até ao êxodo destes por nossa criação, um trabalho de investigação em três volumes, com mais de 2.200 páginas, em que Carlos Mariano Manuel revisita séculos de história angolana, das formações políticas e culturais pré-coloniais à afirmação contemporânea do país. O estudo tem sido destacado pelo seu rigor documental, pela amplitude interpretativa e pelo contributo para uma leitura descolonizada da história de Angola.

Publicado pela Perfil Criativo | AUTORES.club, editora sediada em Lisboa com forte presença na produção intelectual angolana, o trabalho de Carlos Mariano Manuel dá continuidade ao reconhecimento internacional da investigação histórica e das ciências sociais produzidas em língua portuguesa, reforçando a centralidade de Angola no debate académico sobre o passado colonial e os processos de independência. 

Durante a gala, foram igualmente entregues os diplomas das restantes categorias do Prémio Nacional de Cultura e Artes — Literatura, Artes Visuais e Plásticas, Teatro, Dança, Música, Cinema e Audiovisual — numa cerimónia em que o Ministério da Cultura voltou a destacar o papel dos “operários da cultura” na construção da memória colectiva e na afirmação da identidade angolana. 

O autor premiado, Carlos Mariano Manuel, com a Ministra da Educação, Luísa Maria Alves Grilo, e o pai Manuel, no momento especial de entrega do diploma assinado pelo Presidente da República, em nome do Estado Angolano, e que documenta a atribuição do Prémio Nacional, como distinção mais importante da República

Nota final do editor

João Ricardo Rodrigues exprime o seu profundo agradecimento à República de Angola pelo prémio atribuído por um júri independente e outorgado por Sua Excelência o Presidente da República de Angola. Recorda o enorme esforço do autor na preparação, edição e publicação deste monumental tratado da história de Angola, que muito em breve será ampliado com novos volumes dedicados à história da República.

O editor felicita igualmente Sua Excelência o Ministro da Cultura, Prof. Doutor Filipe Zau, pela concretização bem-sucedida de novas estruturas de apoio às artes e à cultura, bem como pela capacidade de assegurar a independência do júri desde 2024. Essa mudança tornou possível um feito inédito: uma editora independente, sediada longe de Angola mas fundada por um filho da terra, ver os seus autores reconhecidos em 2024 e 2025 na categoria de Ciências Humanas e Sociais, motivo de enorme orgulho para toda a equipa.

Primeira edição, especial para coleccionadores

Edição Especial: Coleção História de Angola – Primeira Edição – 3 volumes – Angola: desde antes da sua criação pelos portugueses até ao êxodo destes por nossa criação

Fernando Kawendimba fala de escrita e saúde mental no “Mar de Letras”

Fernando Kawendimba fala de escrita e saúde mental no “Mar de Letras”

No episódio 38 da série literária “Mar de Letras”, transmitido pela RTP no dia 12 de novembro de 2025, o psicólogo e escritor angolano Fernando Kawendimba partilhou com o público o seu percurso interdisciplinar e literário.

Fernando Kawendimba explicou como a sua formação em Psicologia moldou a sua abordagem criativa: personagens que atravessam estados emocionais reais, narrativas que não evitam a fragilidade nem o desconforto humano. Ao mesmo tempo, sublinhou que a imaginação é o motor da sua escrita, “parte da realidade, mas é a imaginação que toma conta das histórias”.

Durante a entrevista, o autor revelou versatilidade: transita entre o conto e o romance, volta-se para a literatura infantil e não hesita em abordar temas como a saúde mental. Esta pluralidade confirma-o como uma voz emergente na literatura lusófona que une Angola, Portugal e outras comunidades de língua portuguesa.

Na conversa com o apresentador, Kawendimba falou ainda sobre o valor da diferença cultural, quer no contexto africano, quer entre gerações, e sobre como essa riqueza se reflete nas suas personagens e nos cenários dos seus livros. O autor convidou também os leitores a abraçar narrativas que exploram a vulnerabilidade e a esperança, defendendo que “escrever é um gesto de coragem”.

Ver aqui a entrevista: https://www.rtp.pt/play/p14464/e888981/mar-de-letras

O episódio esteve dedicado à produção literária em língua portuguesa, reforçando a importância de dar visibilidade a autores que atravessam fronteiras geográficas e linguísticas. Para além de promover obras concretas, a entrevista serviu como um apelo à reflexão sobre identidade, saúde mental e o poder transformador da literatura.

Mãe Nossa que Sois o Céu - Contos
Mãe Nossa que Sois o Céu – Contos

Pode ver o programa:

16 Nov 06:h30 RTP África
17 Nov 04h15 RTP África
20 Nov 03h45 RTP Internacional

https://www.rtp.pt/programa/tv/p46650/e38

Após a emissão pode ver ou rever o programa aqui:
https://www.rtp.pt/play/p14464/mar-de-letras

Gari Sinedima surpreende no Padrão dos Descobrimentos com homenagem a José Bento Duarte

Gari Sinedima surpreende no Padrão dos Descobrimentos com homenagem a José Bento Duarte

Participação espontânea emocionou o público e celebrou Moçâmedes, terra natal de ambos

No final da sessão de lançamento de A Primeira Travessia da África Austral, de José Bento Duarte, no Padrão dos Descobrimentos (29.out.2025), o músico angolano Gari Sinedima subiu ao palco sem estar programado e ofereceu uma breve performance de agradecimento ao autor. O momento, declarado “de conterrâneo para conterrâneo”, destacou o orgulho partilhado por Moçâmedes (Namibe), a “maravilhosa cidadezinha à beira-mar” que une artista e escritor, e foi recebido com surpresa e forte aplauso pelo público.

Quem é Gari Sinedima

Gari Sinedima é cantor, compositor e professor de canto/performance angolano, reconhecido como um dos nomes de referência da nova música angolana. Natural de Moçâmedes (Namibe), começou cedo na música em contexto cristão e desenvolveu carreira entre Angola e Portugal. Lançou o EP Conduto is a Mother Food” (2020), com fusões de estilos e canções de celebração e consciência; em 2023 editou o EP “Gratidão” e o single “Nosso Momento”; em 2025 somou novas colaborações e participações editoriais em plataformas internacionais (Apple Music/Spotify/Amazon). Em março de 2025, apresentou concertos em Lisboa e foi orador-artista convidado no TEDxLisboa, onde é referido como vencedor do prémio “Best Troubadour of Luanda” 2023 (Cantar Agostinho Neto). Entre temas e colaborações de destaque contam-se “Quero Kissangua”, “Piluka” (com DJ Djeff), “Angola Encanto” e “Amigo (feat. Sir KG)”. 

Nota editorial: A performance de Gari Sinedima não constava do programa e surgiu como gesto de amizade e reconhecimento pelo livro e pela memória histórica que convoca, reforçando o tom de encontro luso-angolano que marcou o evento.

O livro A Primeira Travessia da África Austral pode ser encomendado por email encomendas@autores.club o por telefone 214.001.788

Sucesso marca o lançamento do livro Angola e os Desafios da Estabilidade em África, de Zeferino Pintinho

Sucesso marca o lançamento do livro Angola e os Desafios da Estabilidade em África, de Zeferino Pintinho

Auditório do Arquivo Nacional de Angola, em Luanda, acolheu na tarde desta quarta-feira, 5 de novembro de 2025, o lançamento oficial do livro Angola e os Desafios da Estabilidade em África, da autoria do Prof. Doutor Zeferino Pintinho, numa edição da Perfil Criativo | AUTORES.club, organizado pela PROCELES Angola Service e pela Oficina de Ideias.

O evento, moderado pelo Dr. Osvaldo Mboco, contou com a presença de distintas figuras da diplomacia, das forças de defesa e segurança, da academia e da juventude angolana, confirmando o impacto e a relevância nacional da obra.

A sessão solene teve início com uma oração de abertura proferida pelo Dr. Reverendo Neves de Sousa, seguida da mensagem de boas-vindas do Prof. Doutor Justino da Glória Ramos, Diretor Nacional do Arquivo Nacional de Angola, que destacou a importância da reflexão sobre o papel de Angola na construção da estabilidade regional.

O momento cultural incluiu atuações do Grupo Coral “Os Sozinhos”, do músico Juliano Lírico, do Grupo de Dança Tradicional Unidos pela Arte e do Grupo Teatral JIMA – UTUIA, criando uma ambiência artística condizente com o espírito da obra.

Dra. Augusta Kapaia, Vice-Presidente da União dos Estudantes de Toda a África (AUSU), fez uma intervenção coerente.

Eng.º Domingos Simões Pereira, Presidente do PAIGC e prefaciador do livro, partilhou breves palavras sobre o contributo intelectual do autor e a importância de Angola na política africana contemporânea (ver gravação).

apresentação da obra esteve a cargo do Embaixador Marcos Barrica, Diretor da Academia Ministro Venâncio de Moura, que destacou a natureza científica e estratégica do trabalho, centrado na Missão Militar Angolana na Guiné-Bissau (MISSANG, 2007–2022), e no papel de Angola como potência regional promotora da estabilidade e da segurança em África.

Em breves palavras, o autor Zeferino Pintinho agradeceu o apoio institucional e sublinhou que “Angola tem um papel determinante na construção de uma África estável, solidária e pacífica, capaz de afirmar-se no cenário internacional”.

O evento encerrou com uma sessão de outorga e assinatura de exemplares, bastante concorrida, demonstrando o entusiasmo e a adesão dos presentes a uma reflexão.

O lançamento de Angola e os Desafios da Estabilidade em África constitui, assim, um marco relevante para o pensamento político e estratégico angolano, reunindo protagonistas da vida diplomática e militar num momento de partilha, orgulho e afirmação nacional.

TV Zimbo e TPA antecipam o lançamento do livro que repensa o papel de Angola em África

TV Zimbo e TPA antecipam o lançamento do livro que repensa o papel de Angola em África

Zeferino Pintinho apresenta em Luanda o livro Angola e os desafios da estabilidade em África

Arquivo Nacional de Angola, em Luanda, recebe nesta quarta-feira, 5 de novembro de 2025, às 16h00, o lançamento do livro Angola e os desafios da estabilidade em África, da autoria do Prof. Doutor Zeferino Pintinho, numa edição da Perfil Criativo | AUTORES.club.

A obra resulta de um trabalho académico e analítico de grande rigor, centrado na Missão Militar Angolana na Guiné-Bissau (MISSANG, 2007–2022), e propõe uma reflexão profunda sobre o papel de Angola na promoção da paz, da segurança e da estabilidade política no continente africano.

Com uma abordagem que combina teoria, investigação e experiência prática, Zeferino Pintinho revela os bastidores da cooperação militar angolana e discute o contributo do país para a construção de uma África mais estável e integrada.

No âmbito da divulgação da obra, o autor concedeu duas entrevistas televisivas que despertaram grande interesse público. A primeira foi transmitida no dia 3 de novembro de 2025, no programa “Bom Dia Angola”, da TPA, e a segunda realizada hoje, 4 de novembro de 2025, no programa “Está na Hora”, da TV Zimbo. Em ambas, Zeferino Pintinho apresentou as principais ideias do livro e refletiu sobre os desafios contemporâneos da segurança e da diplomacia africanas.

O lançamento contará com a presença de distintas personalidades da defesa, diplomacia, segurança e academia, num momento de celebração do pensamento angolano sobre as dinâmicas da estabilidade e cooperação regional em África.

José Bento Duarte: “Pedro João Baptista e Anastácio Francisco pertencem à galeria dos melhores”

José Bento Duarte: “Pedro João Baptista e Anastácio Francisco pertencem à galeria dos melhores”

Apresentação do autor no lançamento de “A Primeira Travessia da África Austral”

Padrão dos Descobrimentos, Lisboa — 29 de outubro de 2025

O autor José Bento Duarte fez uma intervenção extensa, luminosa e apaixonada no lançamento de A Primeira Travessia da África Austral, situando a obra como o fecho de uma trilogia de evocações históricas sobre o expansionismo português e as relações com os povos africanos. Entre recordações pessoais, método de investigação e leitura crítica das fontes, apresentou a travessia documentada de Pedro João Baptista e Anastácio Francisco (1802–1811) como um feito de “primeira grandeza”, e como um teste moral à memória pública de Portugal, Angola e Moçambique.

“Coloquei Pedro João Baptista e Anastácio Francisco no termo do livro porque pertencem à galeria dos melhores que encontrei em quatro séculos de História.”

A trilogia e a motivação do autor

Bento Duarte enquadrou o novo título na trilogia composta por Senhores do Sol e do VentoPeregrinos da Eternidade e A Primeira Travessia da África Austral. Natural de Moçâmedes (Namibe), com raízes familiares de várias gerações em Angola, explicou que a obra nasce do “desejo de investigar de perto o longo convívio histórico entre portugueses e africanos”, com especial foco nos antepassados dos angolanos e moçambicanos.

  • Senhores do Sol e do Vento (1482–1917) abre com Diogo Cão e fecha com Mandume ya Ndemufayo, articulando figuras portuguesas e africanas num arco que desmonta simplificações coloniais.
  • Peregrinos da Eternidade revisita a ascensão de D. João I e da burguesia mercantil, preparando a expansão para lá das fronteiras (1415).
  • A Primeira Travessia da África Austral (1415–1815) caminha deliberadamente para o capítulo final, a proeza de Pedro João e Anastácio, “os meus conterrâneos”, que ligam Cassange–Lunda–Cazembe–Tete.

“Não escrevi um livro de figuras portuguesas em África; escrevi sobre portugueses e africanos que coexistiram: Bacongo, Ambundo, Ovimbundu, Herero, Nyaneka, Kwanyama, Ganguela, Kioko, Ambo, Chindonga…”

Como o livro está construído

O autor descreveu três blocos narrativos:

  1. Mitos antigos sobre a África Central e Austral (2 capítulos) — cinocéfalos, homens sem cabeça, antropofagia: imaginários que deformaram mentalidades e criaram preconceitos com efeitos históricos.
  2. Da orla atlântica à índica: fixações e rotas (cap. 3–18) — feitorias, portos, penetrações fluviais (Cuanza e Zambeze), Ilha de Moçambique como base para a Índia, e a centralidade do ouro de Sofala (Monomotapa) para sustentar o comércio de especiarias.
  3. Tentativas de travessia e a primeira travessia documentada:
    • Correia Leitão (1755–56): travado pelos Jagas do Cassange; ensinou a lógica das três etapas(Cassange → Lunda; Lunda → Cazembe; Cazembe → Tete).
    • Francisco José de Lacerda e Almeida (1798): parte de Tete, chega moribundo ao Cazembe e morre; “um homem trágico, de extraordinário espírito de missão”.
    • Pedro João Baptista e Anastácio Francisco (1802–1811): realizam a primeira travessia documentada. Partem de Cassange (nov/1802), chegam a Tete (2/fev/1811) e regressam a Angola (1814). Pedro João, alfabetizado, mantém diários e entrega carta oficial ao governador dos Rios de Sena, a prova administrativa do feito.

“Não foi acaso: foi projeto da Coroa. Está documentado. E Pedro João cumpriu ordens, levou a carta e entregou-a em Tete.”

Esclarecimentos históricos cruciais

Anastácio Francisco, não “Amaro José”: Bento Duarte desmonta o equívoco e identifica a fonte mal lida que gerou décadas de erro.

Os diários: parte perdeu-se, sobretudo no início (Cassange → Lunda) e no regresso (Moçambique → Angola), mas interrogatórios oficiais e reescritas posteriores preenchem lacunas.

Logística e anónimos: a travessia implicou mercadorias, guias, portagens e muitos carregadores (em regra, escravizados). O autor homenageia “os anónimos da História” sem os quais as grandes proezas não acontecem.

“Sem os anónimos não teríamos História. Estes 33 do monumento (Padrão dos Descobrimentos) não existiriam sem milhares de braços invisíveis.”

Reconhecimento em vida… e a injustiça no mapa de Lisboa

O feito foi reconhecido dentro e fora de Portugal. Em 1815, no Rio de Janeiro, o Príncipe Regente D. João quis conhecer Pedro João Baptista e determinou:

  • criação de companhia pedestre para rotas comerciais Angola–Moçambique,
  • nomeação de Pedro João como comandante,
  • promoção a capitão e vencimento (10$000 réis/mês).

“D. João VI não quis o governador, quis Pedro João. É extraordinário.”

Mas o autor confronta a memória toponímica: o edital de 23 de março de 1954 da Câmara Municipal de Lisboa criou ruas para várias figuras do “Ultramar” (como Lacerda e Almeida), mas não para Pedro João e Anastácio.

“É uma grande injustiça por reparar. Conhecemos o feito, sabemos da sua importância; falta poder para decidir.”

Encomende os livros por email (indicar nome e morada de entrega): encomendas@autores.club

Seis ideias-chave que o autor deixa a Portugal

Antiguidade do objetivo: a travessia era um projeto antigo (já no horizonte do Infante D. Henrique, entre mitos do Preste João e a luta geopolítica com o Islão).

Proeza documentada: a primeira ligação transcontinental provada é a de Pedro João Baptista e Anastácio Francisco.

Quem eram: presumivelmente pombeiros, mas aqui em missão oficial; ambos escravizados do Tenente-Coronel Honorato da CostaPedro João lidera e escreve.

Nome correto: o companheiro é Anastácio Francisco, o erro “Amaro José” nasce de má leitura de fonte.

Diários e método: diários parciais, fontes cruzadas (interrogatórios, despachos, cartas, edição de 1843 nos Anais Marítimos e Coloniais).

Memória e reparação: reconhecimento histórico existiu (1815), mas a reparação simbólica na toponímia falta há 71 anos, 7 meses e 6 dias (contados até 29/10/2025).

Um apelo final à justiça histórica

Bento Duarte concluiu com um pedido simples e contundente: inscrever Pedro João Baptista e Anastácio Francisco na toponímia de Lisboa, e, por extensão, em Luanda, Moçâmedes, Tete, como gesto de reparação, reconhecimento e fraternidade.

“Se tivéssemos poder, já estava resolvido. Fica a esperança: que alguém com poder decida finalmente reparar esta injustiça.”

Primeira Travessia da África Austral, de José Bento Duarte
Primeira Travessia da África Austral, de José Bento Duarte

“É tempo de repor a verdade histórica”, a intervenção do editor João Ricardo Rodrigues

“É tempo de repor a verdade histórica”, a intervenção do editor João Ricardo Rodrigues

Lançamento oficial de “A Primeira Travessia da África Austral”, de José Bento Duarte

Padrão dos Descobrimentos, Lisboa — 29 de outubro de 2025

No Padrão dos Descobrimentos, o editor João Ricardo Rodrigues (Perfil Criativo | AUTORES.club) assinou uma intervenção emotiva e assertiva, enquadrando o lançamento do livro A Primeira Travessia da África Austral, de José Bento Duarte, como um ato de memória, de comunhão e de justiça para com Pedro João Baptista e Anastácio Francisco — os luso-angolanos que, entre 1802 e 1811, realizaram a travessia terrestre entre Cassange (Atlântico) e Tete (Índico).

Perante representantes da Embaixada da República de Angola em Portugal, da Liga Africana, do Estado-Maior-General das Forças Armadas e de diversas entidades civis e militares de ambos os países, o editor agradeceu a presença e recordou a simbologia do local e da data, 29 de outubro, também aniversário da Batalha de Ambuíla (1665). Sublinhou a trilogia histórica do autor ( Peregrinos da Eternidade | A Primeira Travessia da África Austral | Senhores do Sol e do Vento ) como um arco de reflexão.

Ausências que interpelam

João Ricardo Rodrigues registou, com estranheza, a ausência de instituições portuguesas previamente confirmadas, nomeadamente a Câmara Municipal de Lisboa, a Sociedade de Geografia de Lisboa e a Academia Portuguesa de História. Para o editor, essas ausências “não diminuem” o sentido do encontro; sublinham antes a urgência de um diálogo público sobre a reposição da verdade histórica e o reconhecimento de Pedro João Baptista e Anastácio Francisco no espaço da memória coletiva.

“A Perfil Criativo | AUTORES.club procura ser mais do que uma editora: um território de reencontros, onde a palavra faz pontes entre Angola e Portugal, entre o que fomos e o que queremos continuar a ser.”

Nota do Editor (integral, publicada no livro)

É TEMPO DE REPOR A VERDADE HISTÓRICA

Com enorme júbilo apresentamos “A Primeira Travessia da África Austral”, de José Bento Duarte — uma obra que resgata um feito extraordinário da História: a travessia terrestre entre Angola e Moçambique, realizada pelos luso-angolanos Pedro João Baptista e Anastácio Francisco entre 1802 e 1811. Este episódio pioneiro, amplamente documentado mas longamente silenciado, constitui a primeira ligação transcontinental entre as margens do Atlântico (Cassange) e do Índico (Tete) feita por dois homens africanos sob bandeira portuguesa — um feito maior, que merece justo reconhecimento no espaço público e na memória coletiva.
O prefácio é assinado por Uina yo Nkuau Mbuta (Carlos Mariano Manuel), catedrático, investigador e autor do tratado de história “Angola desde antes da sua criação pelos portugueses até ao êxodo destes por nossa criação”, distinguido como Personalidade Lusófona 2023 pelo Movimento Internacional Lusófono. A sua participação confere a esta edição uma força simbólica e científica ímpar, num momento em que se assinalam os cinquenta e um anos da Democracia Portuguesa e os cinquenta anos de independência da República de Angola.
Neste espírito, convidamos o senhor Presidente da Câmara Municipal de Lisboa a tomar iniciativa para que os nomes de Pedro João Baptista e Anastácio Francisco sejam dignamente inscritos na toponímia da cidade, como homenagem a dois heróis que dignificam Portugal, Angola e Moçambique.
Estendemos igualmente este apelo ao senhor Presidente da República Portuguesa e aos corpos diretivos da Sociedade de Geografia de Lisboa e da Sociedade Histórica da Independência de Portugal, instituições com longa tradição na preservação e valorização do património, para que se associem ao reconhecimento e divulgação deste extraordinário feito.

Síntese editorial

A intervenção de João Ricardo Rodrigues reafirmou a missão do projeto editorial: repor a verdade histórica, dar nome aos pioneiros africanos e convocar as instituições a um gesto concreto de reconhecimento público. Entre presenças significativas e ausências eloquentes, o lançamento transformou-se numa travessia moral e cultural que continua, das páginas do livro para a toponímia, para as salas académicas e para a consciência coletiva.

Primeira Travessia da África Austral, de José Bento Duarte
Primeira Travessia da África Austral, de José Bento Duarte

Carlos Mariano Manuel: “Se encontrássemos a coroa do Rei do Congo, seria um ato redentor”

Carlos Mariano Manuel: “Se encontrássemos a coroa do Rei do Congo, seria um ato redentor”

Historiador angolano exorta Portugal e Angola à reparação simbólica durante o lançamento do livro “A Primeira Travessia da África Austral”

Padrão dos Descobrimentos, Lisboa — 29 de outubro de 2025
(Registo em vídeo: Victor Hugo Mendes)

No lançamento do livro A Primeira Travessia da África Austral, de José Bento Duarte, o Prof. Doutor Carlos Mariano Manuel, historiador e prefaciador da obra, proferiu uma intervenção que uniu erudição, emoção e apelo moral. Diante de um público composto por representantes de Angola e de Portugal, defendeu o reconhecimento dos feitos dos exploradores angolanos Pedro João Baptista e Anastácio Francisco e lançou um desafio à consciência histórica dos dois países.

“Revisitar a História é sempre pertinente, contanto que sirva para elucidar a sociedade sobre o seu património imaterial mais valioso: a sua própria identidade.”

Reparar o esquecimento e valorizar a História partilhada

O professor catedrático angolano, autor do tratado de História “Angola desde antes da sua criação pelos portugueses até ao êxodo destes por nossa criação” (Ed. 2021), recordou que a travessia de Pedro João Baptista e Anastácio Francisco, realizada entre 1802 e 1811, antecedeu as expedições europeias do século XIX, e que a sua omissão dos registos oficiais é “um erro histórico e moral que deve ser corrigido”.
Assinalou também que o livro de José Bento Duarte vem “restaurar a verdade” e mostrar que a História da África Austral foi escrita também por africanos sob bandeira portuguesa.

“Estes dois angolanos negros, escravos por condição, foram pioneiros de uma travessia que, em dignidade e coragem, não fica atrás de nenhuma das grandes expedições europeias.”

Um olhar crítico sobre o passado colonial

Na sua intervenção, Carlos Mariano Manuel revisitou a história das relações entre África e Europa desde o século XV, analisando as fases de cooperação inicial, domínio e colonização.
Citou o discurso do primeiro presidente de Angola, proferido em 1975, para recordar que o povo português também se libertou do fardo colonial com o 25 de Abril de 1974, recuperando a sua dignidade.

“Portugal contribuiu para a libertação de Angola e, ao fazê-lo, libertou-se também de um peso histórico. O 25 de Abril foi um ato de justiça para ambos os povos.”

A primeira Travessia da África Austral
A primeira Travessia da África Austral

O simbolismo do Padrão e o apelo à redenção

No local emblemático do Padrão dos Descobrimentos, o historiador sugeriu uma reflexão sobre o nome do monumento:

“Talvez um dia o possamos chamar Padrão das Expedições Marítimas Portuguesas, pela sua natureza histórica e pela dignidade que representa.”

Recordando que o lançamento ocorreu no aniversário da Batalha de Ambuíla (29 de outubro de 1665), destacou o papel trágico do Rei do Congo, Dom António I (Muana Malaza), decapitado na batalha, e revelou que a coroa de prata oferecida pelo Papa Inocêncio VIII foi trazida para Portugal em 1666.

“Se conseguíssemos recuperar essa coroa, seria um acontecimento redentor. Um gesto simbólico de fraternidade e reconciliação entre Angola e Portugal.”

Um discurso de fraternidade e de futuro

Professor Doutor Carlos Mariano Manuel encerrou a sua intervenção elogiando o autor, José Bento Duarte, e o editor, João Ricardo Rodrigues, pela coragem intelectual e pela relevância histórica da obra:

Este livro é um ato de cultura e de consciência. Um convite a restaurar a verdade e a celebrar a fraternidade entre os nossos povos.”

A sua presença, vinda expressamente de Angola, e o discurso vigoroso gravado por Victor Hugo Mendes, transformaram o lançamento de A Primeira Travessia da África Austral num marco de diálogo histórico entre Angola e Portugal, onde a História e a memória se encontraram num mesmo ideal: o da verdade e da justiça.

Os livro podem ser encomendado pelo email: encomendas@autores.club

A Primeira Travessia da África Austral
A Primeira Travessia da África Austral

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