Prémio Nacional de Cultura e Artes 2024, promovido pelo Ministério da Cultura da República de Angola, homenageou destacados artistas, investigadores e especialistas que contribuem para o fortalecimento e preservação da identidade cultural angolana. Instituído pelo Decreto Presidencial Nº 31/00, de 30 de Junho, este prémio, que é a mais elevada distinção artística do país, reforça o compromisso do governo em apoiar e valorizar o legado cultural angolano em diversas áreas, tais como Literatura, Artes Visuais, Teatro, Dança, Música, Cinema e Ciências Humanas e Sociais.
Obra premiada de Mafrano: Um tesouro da antropologia Bantu
O juri do Prémio Nacional de Cultura e Artes 2024 atribui este reconhecimento à inédita obra “Os Bantu na Visão de Mafrano – Quase Memórias”, de Maurício Francisco Caetano (Mafrano), na categoria de Ciências Humanas e Sociais. Uma obra póstuma organizada em três volumes pelo jornalista José Soares Caetano e publicada pela editora Perfil Criativo, esta colectânea foi aclamada pela sua profundidade e relevância antropológica no entendimento das tradições Bantu. Mafrano, natural do Dondo e falecido em 1982, dedicou-se ao longo da sua vida a documentar e analisar o património cultural angolano dos povos Bantu, oferecendo uma visão abrangente sobre costumes, rituais e valores que moldam a identidade nacional.
Na edição de outubro de 2024 do Journal of Democracy em Português, o pesquisador Jonuel Gonçalves (Universidade Federal Fluminense) analisa a construção democrática na região Sul do continente africano a partir de suas principais equações: quadro socioeconômico; relações de raça e/ou etnia; ameaças à segurança. “Enquanto na Zâmbia, Angola, Moçambique e Zimbábue, as preocupações com a construção da democracia estiveram muito longe do centro de poder pós-descolonização, na Maurício, Botswana, Namíbia e durante a negociação dos acordos para o fim do apartheid na África do Sul, elas tiveram um papel central. Um processo cuja designação pode ainda ser ‘a longa marcha para a democracia na África’.”
A terceira edição das Bolsas de Residência Literária Eça de Queiroz está com candidaturas abertas até o próximo dia 9 de novembro. Esta iniciativa, promovida pela Imprensa Nacional-Casa da Moeda (INCM), a Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB) e a Fundação Eça de Queiroz (FEQ), oferece anualmente seis bolsas para escritores que desejam realizar suas criações literárias em língua portuguesa. Cada autor selecionado terá a oportunidade de residir durante um mês na Fundação Eça de Queiroz, em Tormes, local icónico que inspirou Eça de Queiroz para a obra A Cidade e as Serras.
Os residentes recebem uma bolsa de 1330€, além de alojamento e todas as despesas incluídas. O júri é composto por figuras do mercado português como Filipa Melo, Jorge Reis-Sá e José Manuel Cortês. Os nomes dos contemplados serão divulgados em janeiro de 2025.
“Evangelho Bantu“, de Kalunga (João Fernando André), é uma obra poética que explora a profundidade da identidade africana, com especial foco na angolanidade e na africanidade. O livro, dividido em três capítulos principais, traz temas como o amor, a espiritualidade e a crítica social, ressaltando questões de resistência cultural e pertencimento étnico. A figura feminina é exaltada em sua força e espiritualidade, simbolizando o elo entre o amor e a criação. Kalunga também utiliza seu verso para abordar as injustiças sociais e a exploração das “Áfricas” pelo mundo, expressando indignação e esperança. Com intertextualidades e um estilo minimalista, o autor une poesia e ativismo, convidando o leitor a refletir sobre o que significa ser bantu e ser humano.
“Bantu Gospel” by Kalunga (João Fernando André) is a poetic work that delves into the depth of African identity, with a particular focus on Angolan and African heritage. The book, divided into three main chapters, addresses themes such as love, spirituality, and social critique, highlighting issues of cultural resistance and ethnic belonging. The feminine figure is exalted for her strength and spirituality, symbolizing the link between love and creation. Kalunga also uses his verses to tackle social injustices and the exploitation of “Africas” by the world, expressing both indignation and hope. With intertextualities and a minimalist style, the author merges poetry and activism, inviting the reader to reflect on what it means to be Bantu and human.
O Município de Oeiras anunciou o lançamento da 3ª edição do Prémio de Poesia Oeiras, conforme o Edital nº 429-2024. Este concurso, que celebra a literatura e incentiva a produção poética em língua portuguesa, está com inscrições abertas para poetas, residentes em qualquer país, interessados em concorrer ao reconhecimento e prémio.
Os candidatos devem enviar obras inéditas, o tema é livre, permitindo que a criatividade dos participantes seja o foco principal. Os vencedores receberão prémios significativos, além da oportunidade de verem suas obras reconhecidas e apreciadas pelo público e críticos da área.
Para mais informações sobre as condições de participação e o regulamento completo, os interessados podem consultar o edital e preparar suas inscrições dentro do prazo estipulado. Esta é uma oportunidade para poetas se destacarem no panorama cultural português e contribuírem para o enriquecimento da literatura lusófona.
O artigo do jurista e académico Rui Verde, publicado na Lusotopie, analisa o livro “Prisão Política” de Sedrick de Carvalho, que narra a prisão de 15 ativistas angolanos pelo regime de José Eduardo dos Santos entre 2015 e 2016. Rui Verde destaca a incompetência do regime, evidenciada pelas acusações infundadas e processos judiciais arbitrários. A obra expõe as torturas físicas e psicológicas sofridas pelos presos políticos, e critica o sistema judicial submisso ao poder político.
O convidado do décimo episódio do “Ondjango Cast”, videocast sobre cultura ancestral angolana e africana, é o jurista, investigador e autor João Ramos Piúla Casimiro. No programa, fala sobre as origens e as características dos povos bantu. Segundo João Ramos Piúla Casimiro, as estatísticas mostram que a cultura bantu é composta por pelo menos 500 povos, presentes numa extensão territorial que vai dos oceanos Atlântico ao Índico. “Há um conjunto de elementos que une os bantu, desde as tradições, à língua, ritos e símbolos”, diz João Ramos Piúla Casimiro. “Basta ver que, quando se sai de um canto de África a outro, se conseguir identificar alguma tradição, dá-se logo a entender que está ali um povo bantu”. Idealizado a partir do conceito multiplataforma, o “Ondjango Cast” é exibido às terças-feiras na TV Girassol, às 21h00, e pode ser acessado no portal giranoticias.com. O programa traz, a cada episódio, uma conversa com um especialista em cultura angolana e africana, sempre com foco em assuntos da ancestralidade, como mitos fundadores, personagens históricos, povos originários e outras curiosidades. Entrevista apresentada a 23/07/2024.
João Ramos Piúla Casimiro
Nascido em Lândana, província de Cabinda, João Ramos Piúla Casimiro estudou filosofia no Seminário Maior de Cabinda, Teologia no Seminário Maior de Luanda e tem licenciatura em Direito pela Universidade Autónoma de Lisboa. É mestre em Direito Internacional e Relações Internacionais e em Direito Civil, pela Universidade Lusíada de Lisboa, e em Filosofia, pela Faculdade de Filosofia da Universidade Católica de Braga. Foi docente na Faculdade de Direito da Universidade “11 de Novembro”, no Instituto Superior Lusíada de Cabinda e fez carreira como técnico tributário.
João Ramos Piúla Casimiro é autor do livro “Kinthwêni na tradição e na poética — Um enquadramento filosófico” que retrata a filosofia de Cabinda alicerçada sobre predicamentos, provérbios, contos, lendas e mitos é aberta, histórica, poética, mas em “condições pré-literárias”. existe, de facto, um conjunto de informações ainda não transformadas em conhecimento. apesar disto, há estudos académicos que vão tornar esta filosofia mais cognoscível, e, com maioria da razão, ser estudada a partir de postulados, adágios, cânticos e danças. Com estas categorias de informação, consegue-se engendrar estruturas de pensamento de cunho filosófico.
Neste prisma, a filosofia é, também, representada através de simbologias, porque o símbolo é passível de reproduzir algo e traduz o conhecimento dos bakúlu. Com efeito, um símbolo afigura qualquer conhecimento. o ramo de palmeira «cortado», por exemplo, pode significar festa ou óbito.
Este trabalho vem, propor, um estudo filosófico da dança-música e poesia, kinthwêni, na vertente da kintuenigenia, objecto deste estudo. Partimos, neste sentido, das seguintes danças tradicionais: Kinthwêne, Matáfula e Maieia, construídas a partir da tradição e poética da cultura Binda3. Destes géneros literários tradicionais, resulta uma grande força vital que promana dos reinos de: Makongo, Mangoio e Maloango.
Autor: João Ramos Piúla Casimiro Editora: Perfil Criativo – Edições Ano de publicação 1ª edição: Agosto de 2023 ISBN: 978-989-35076-7-4
A Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra recebeu, esta terça-feira, 15 de outubro, às 11h no Anfiteatro IV, a apresentação do livro “Autores e Escritores de Angola 1642-2022”, de Sedrick de Carvalho e Tomás Lima Coelho, cujo título é testemunha da abrangência cronológica de uma obra que, agora numa nova edição, identifica 3031 figuras da literatura angolana.
A sessão é organizada pelas docentes Inês Amaral e Doris Wieser e contou com a presença dos autores e do editor.
A Prof. Doutora Doris Wieser realizou a apresentação da obra revelando a sua surpresa pela dimensão dos nomes e das obras registadas e pelo desconhecimento de muitos nomes com trabalhos de referência em várias áreas mas que não são promovidos nem identificados pelas instituições nacionais da República de Angola.
Hoje, 11 de Outubro, às 21 horas, o cinema Nimas em Lisboa apresenta uma sessão especial com dois filmes de Pedro Costa: “Ossos” e “As filhas do Fogo”
“Ossos”
Nas ‘’Fontainhas’’, um bairro negro dos subúrbios de Lisboa, um casal de jovens acaba de ter um filho. A criança, com poucos dias de vida, vai sobreviver a várias mortes. Tina, sua jovem mãe, desespera e abre o gás. É salva pelo pai da criança, que a leva consigo, mendigando, dormindo na rua e dando a beber à criança leite oferecido por caridade. Por duas vezes tenta vender o filho, por desespero, por amor, por qualquer coisa. Tina, que não o esquece, junta-se com a malta da rua e vai em busca de vingança. Uma assistente social perde-se no labirinto.
Argumento: Pedro Costa Realizador: Pedro Costa Produtor: Paulo Branco – Madragoa Filmes Actores principais: Maria Lipkina, Vanda Duarte, Isabel Ruth, Inês de Medeiros, Zita Duarte
As Filhas do Fogo
Três irmãs são separadas pela erupção do vulcão do Pico do Fogo em Cabo Verde. Pedro Costa constrói um retrato penetrante dessas mulheres (interpretadas pelas cantoras Elizabeth Pinard, Alice Costa e Karyna Gomes) cujos rostos a erupção ilumina no seu canto pungente: um dia saberemos porque vivemos e porque sofremos.
Realização – Pedro Costa Imagem – Leonardo Simões Montagem – Vitor Carvalho Gravação das vozes e Mistura de Som – Hugo Leitão Correção de Cor – Gonçalo Ferreira Assistente – João Guerreiro Gravação de instrumentos- Pierre Lavoix Produzido por Marta Mateus Produção – Clarão Companhia
O jornalista Armindo Laureano, conhecido pelo seu trabalho na televisão, rádio e imprensa escrita, foi o mais recente convidado do programa Mar de Letras. Neste episódio, Laureano trouxe à discussão o seu mais recente livro, intitulado Há Dias Assim…, uma compilação de editoriais do semanário angolano Novo Jornal. A obra reflete sobre temas atuais, realçando a importância do jornalismo na construção de uma sociedade mais crítica e plural.
Durante os 33 minutos do programa, Laureano discutiu o papel do jornalismo como pilar essencial para a formação de uma consciência social mais informada, especialmente num contexto de diversidade cultural como o angolano. O autor destacou como os editoriais do Novo Jornal procuram questionar e iluminar os temas que afetam diretamente a vida dos cidadãos da República de Angola, sempre com uma visão crítica e independente.
Mar de Letras, um magazine temático da RTP dedicado à literatura lusófona, continua a trazer para o centro do debate a cultura e a história dos países de língua portuguesa, sem perder de vista as suas diferenças e riquezas culturais. Armindo Laureano foi o destaque do episódio 36, em exibição na RTP África e RTP Internacional, com novas transmissões programadas para os dias 12, 13, 14 e 16 de outubro de 2024.
Este encontro entre literatura e jornalismo reforça a relevância dos media na sociedade contemporânea, sublinhando o compromisso de Armindo Laureano com a liberdade de imprensa e a divulgação de ideias que promovem o diálogo e a reflexão.
Próximas emissões:
09 de outubro de 2024, 21:33, RTP África
12 de outubro de 2024, 18:30, RTP Internacional Ásia
13 de outubro de 2024, 06:30, RTP África
13 de outubro de 2024, 16:30, RTP Internacional Ásia
14 de outubro de 2024, 02:45, RTP África
16 de outubro de 2024, 23:00, RTP Internacional Ásia
24 de outubro de 2024, 03:30, RTP Internacional
O jornalista angolano Armindo Laureano durante o lançamento do livro de editoriais em Lisboa