Archives em Agosto 2024

“Rua Cristiano dos Santos na nossa banda, ai que saudades!”, por Chiquinho Pantera

“Rua Cristiano dos Santos na nossa banda, ai que saudades!”, por Chiquinho Pantera

Ah, a Rua dos Pombeiros em Luanda, hoje conhecida como Cristiano dos Santos, traz-me tantas lembranças da nossa banda! Cada esquina, cada casa, cada som ressoava a vivacidade de tempos que deixaram saudades. A gente encontrava-se por ali, conversava, brincava… Era mais que uma rua; era um pedaço da nossa história, da nossa vida.

Autores da Perfil Criativo — Aviso de Abertura de Concurso

A editora Perfil Criativo convida os seus autores a apresentarem projetos originais para publicação em Portugal, no âmbito da internacionalização, modernização e transição digital do livro e dos autores da União Europeia (apoio à edição de audiobooks e ebooks).

Na sociedade do conhecimento, a produção cultural é um elemento estratégico para o desenvolvimento económico e social. A rápida transformação dos meios de informação e comunicação exige que o país se prepare para o predomínio crescente das tecnologias digitais, através de formatos abertos e acessíveis que contribuam para a dinamização do mercado nacional de conteúdos digitais, nomeadamente em formato ebook e audiobook.

Através da Portaria n.º 238/2023, de 28 de julho, que aprova o regulamento que cria o sistema de incentivos “Internacionalização, Modernização e Transição Digital do Livro e dos Autores”, pretende-se promover e apoiar financeiramente projetos que apostem na internacionalização, modernização e transição digital das redes culturais e da obra literária. Este apoio inclui a promoção de agentes ligados à cadeia de produção e comercialização do livro (i.e. autores, editoras e livrarias), o reforço de uma estratégia integrada e concertada de estímulo à tradução e edição de autores de língua portuguesa no estrangeiro e de autores estrangeiros em língua portuguesa por editoras nacionais. Inclui-se também a promoção de suportes de leitura alternativos, como ebooks e audiobooks, de modo a permitir aos leitores o desenvolvimento de práticas de acesso e leitura digital em língua portuguesa.

Condições específicas de acesso

A obra deve ser editada em língua portuguesa, nas seguintes áreas: ficção, poesia, diarística, epistolografia, biografia, literatura de viagens, dramaturgia, ensaio, literatura para a infância e juventude, banda desenhada.

Não são elegíveis as seguintes áreas temáticas

Dicionários e enciclopédias; livros escolares e de apoio pedagógico; livros técnicos, científicos e jurídicos; livros práticos, guias turísticos e mapas; publicações académicas especializadas (teses e dissertações, atas de colóquios, bibliografias, entre outras); catálogos, anuários, compilações documentais, separatas; libretos e partituras de música; livros de autoajuda e desenvolvimento pessoal; livros religiosos; livros esotéricos.

Regras adicionais

Os projetos a apoiar não podem estar publicados até à data de comunicação dos resultados da candidatura.

Critérios de avaliação das candidaturas

A avaliação das candidaturas será feita com base nos seguintes critérios, todos com igual ponderação:

Obra de autor português:
SIM – 5 pontos;
NÃO – 2 pontos;

Existência de edição anterior em papel:
SIM – 2 pontos;
NÃO – 5 pontos;

Primeira edição:
SIM – 5 pontos;
NÃO – 2 pontos.

As candidaturas devem ser submetidas à editora até ao dia 15 de setembro.

Autores de Angola em destaque na Feira do Livro do Porto

Autores de Angola em destaque na Feira do Livro do Porto

No próximo Domingo, 25 de Agosto de 2024, o grande destaque na Feira do Livro do Porto vai para a apresentação do livro dos editoriais do semanário “Novo Jornal“, “Há dias assim..” (Ed. 2024), de Armindo Laureano (17H30 no Lago dos Cavalinhos), e do livro “Autores e Escritores de Angola 1642-2022” (Ed. 2024), de Sedrick de Carvalho e Tomás Lima Coelho (18H30 no Lago dos Cavalinhos), alargada a uma grande sessão de autógrafos no Pavilhão 80 com todos os nossos autores presentes na Feira do Livro do Porto. Com apoio na divulgação da Porto’s África.

25 de Agosto um dia especial na Feira do Livro do Porto

11H30 — LAGO DOS CAVALINHOS

JOANA RAQUEL – “QUEDA ÁSCUA” + OFICINA “DESENHAR AO SOM”, COM CARLO GIOVANNI

CURADORIA: Porta-Jazz

Por Joana Raquel (voz), Joaquim Festas (guitarras), Teresa Costa (flauta), Rafael Santos (clarinete e guitarra), João Fragoso (contrabaixo)

Queda áscua é um projeto de Joana Raquel, cantora, compositora e improvisadora. Procurando um som acústico, este repertório acolhe a espontaneidade e assenta no conceito de canção.


15H00 — LAGO DOS CAVALINHOS

“A URGÊNCIA DA CIDADE – O PORTO E 100 ANOS DE FERNANDO TÁVORA”

Com Jorge Sobrado, Manuel Luís Real e João Rapagão

Na data do aniversário do arquiteto Fernando Távora, assinalamos o encerramento das iniciativas do Museu e das Bibliotecas do Porto nas comemorações do centenário do seu nascimento com o lançamento do livro «A Urgência da Cidade — O Porto e 100 Anos de Fernando Távora». Nesta edição desenvolvemos um olhar sobre o mestre e fundador da chamada Escola do Porto, a sua formação e a relação biográfica e profissional que estabelece com a cidade, colocando em evidência alguns dos projetos mais relevantes do seu pensamento e intervenção. A Antiga Casa da Câmara, local onde decorreu a exposição homónima, serve de mote iconográfico inicial para uma edição que toca a vida e obra deste arquiteto convocando familiares, colegas e discípulos, contando ainda com um conjunto de testemunhos inéditos de Álvaro Siza Vieira, António Menéres, Eduardo Souto de Moura e José Bernardo Távora.


15H00 — TERREIRO – JARDINS DO PALÁCIO DE CRISTAL

TRANSPARENTE – ENCONTROS COM OFICINA COMO NASCEM OS LIVROS?

Para crianças maiores de 6 anos

Entrada gratuita sujeita à lotação do espaço

Com Mariana Rio

Transparente marca a primeira incursão de Mariana Rio na escrita, apresentando-se como autora-ilustradora desta narrativa marcada por um encontro inesperado entre um homem, que vive completamente absorvido pela sua imaginação e pelos seus estudos, e um ser que, à partida, lhe parece tão diferente. Esta ligação, que o desconcerta, também o faz iniciar um caminho de autoconhecimento que o leva a uma descoberta ainda maior. Neste encontro com oficina faremos uma incursão por mundos a explorar e seremos, enfim, transparentes.


16H00 — AUDITÓRIO DA BIBLIOTECA MUNICIPAL ALMEIDA GARRETT

A SUPREMA FESTA DA LÍNGUA: EUGÉNIO DE ANDRADE E A POESIA COMO TRADIÇÃO/TRADUÇÃO

MODERAÇÃO: Luís Miguel Queirós

LEITURAS: Sofia Bodas de Carvalho

Com Daniel Jonas, Margarida Vale de Gato, Tatiana Faia, Vasco Gato

Cultor da «música magnífica» que desde os Cancioneiros molda a lírica portuguesa, Eugénio de Andrade expressou abundantemente a consciência de escrever numa língua urdida por Pero Meogo, Camões, Cesário, Pessanha, Pascoaes ou Pessoa. Dessa relação com os seus mestres, mas alimentando também afinidades com poetas de outras latitudes, chegando a traduzi-los para português, fez Eugénio parte importante do seu ofício.

Nesta conversa procuramos refletir sobre o gesto “genealógico” de Eugénio de Andrade e inquirir sobre as linhagens ou constelações de poetas contemporâneos que, sintomaticamente, são também tradutores de poesia


17H00 — AVENIDA DAS TÍLIAS

OS GATOS VAGUEIAM PELOS POEMAS DE EUGÉNIO DE ANDRADE

ESPETÁCULO DEAMBULANTE

Para todos

Entrada gratuita sujeita à lotação do espaço

Com Teatro E Marionetas De Mandrágora

“A beleza vira-nos a alma do avesso e vai-se embora”.

Gatos. Como Eugénio de Andrade, tantos poetas olharam e contemplaram os gatos. Quantos de nós não se espantam por essas tão delicadas criaturas com os seus movimentos ágeis, que nos aparecem vindos de todos os lados nas suas altivas sete vidas?

O Teatro e Marionetas de Mandrágora decidiu tornar gigante esse felino que nos seduz. Assim, quatro gatos gigantes povoam as ruas, como se quisessem encantar quem passa com a sua beleza, o seu olhar, a sua subtileza, que tão ardilosamente nos sabe seduzir no seu miar, no seu ronronar


19H00 — CONCHA ACÚSTICA

MANUEL DE OLIVEIRA — CICLO “É A MÚSICA, ESTE ROMPER DO ESCURO”

CURADORIA: Tiago Andrade + Bruno Rocha

A música é assim: pergunta,

insiste na demorada interrogação

– sobre o amor?, o mundo?, a vida?

(…)

“É assim, a música”, in Os Lugares do Lume.

Sabemos, porque ele o escreveu, que para Eugénio de Andrade poesia e música nascem juntas, prolongadas no mesmo mistério. Foi sempre, para o poeta, «como se ambas jorrassem da mesma fonte», delas fazendo também parte o silêncio, o «espesso, turvo silêncio das criaturas».

Desde a melodia do harmónio, que acariciava o seu corpo de rapaz nos Verões da aldeia, à preferência adulta por Bach, Mozart e Schubert, passando pela «música magnífica» dos poemas que amava, foi sempre sonoro o fio que guiou Eugénio na busca pela beleza, e a nós com ele.


21H00 — AUDITÓRIO DA BIBLIOTECA MUNICIPAL ALMEIDA GARRETT

CINEMA: PASOLINI

De Abel Ferrara

Com Willem Dafoe, Riccardo Scamarcio, Maria de Medeiros, Ninetto Davoli

Este biopic de Pasolini por Ferrara, onde Willem Dafoe tem uma interpretação melancólica e intensa (e tão próxima do poeta e realizador, que chega a vestir a sua roupa, utiliza os seus objetos, a máquina de escrever, os livros, as cartas que nunca tinham sido mostradas), atenta sobretudo aos factos, à sua relação com a mãe e a irmã, com as pessoas com quem trabalhou, os engates, a escrita e o cinema, a sua morte brutal.


Reportagem da TPA: Apresentação da obra de Mafrano em Berlim

Reportagem da TPA: Apresentação da obra de Mafrano em Berlim

INFORMAÇÃO DA EMBAIXADA DE ANGOLA EM BERLIM

A Embaixada de Angola na Alemanha foi palco, da apresentação do segundo volume da Coletânea Póstuma “Os Bantu na visão de Mafrano” de Maurício Francisco Caetano.

A coletânea de “Quase Memórias” uma publicação póstuma da visão e busca do autor sobre a idiossincrasia dos povos Bantu, penetra na sua antropologia cultural e muito rica na conceitualização e exposição de temas, na qual, com a co-autoria do filho, o também jornalista José Caetano “Tazuary Nkeita”, procedem a explicações sobre as lendas, mitos, superstições, usos e costumes dos povos Bantu.

Para “Tazuary Nkeita”, a obra retrata os povos Bantu na sua dimensão histórica, cultural, social e antropológica, como uma sociedade estruturada e homogenia. Para o co-autor o seu pai, como percursor da obra produziu-a numa altura em que a cultura e a civilização BANTU não era reconhecida pelo então ocupante colonial português.

MAFRANO, comparando os valores da cultura Bantu, dentre as quais usos e costumes, religião, as ideias sobre as origens do homem, a filosofia, aos clássicos que havia estudado em Roma, Grécia e Egipto, demostrou haver uma evoluída civilização Bantu antes da chegada dos portugueses em terras do Reino do Congo.

Numa sala preenchida por convidados da comunidade angolana, académicos e membros das comunidades brasileira e portuguesa, a Embaixadora de Angola na Alemanha, Balbina Malheiros Dias da Silva, que deu as boas vindas aos presentes, disse que o livro apresentado deve servir como um farol para uma maior compreensão da nossa herança cultural, promovendo o respeito e a valorização das nossas tradições.

Em vida, Maurício Caetano “MAFRANO” publicou obras de grande importância para a compreensão da antropologia do povo angolano com destaque para Onomástica angolense: Nzinga ou Nginga e Idiomas Nacionais.

«Os Bantu na visão de Mafrano» é uma colecção em três volumes e mais de 700 páginas, compilada a partir de textos que o seu autor deixou dispersos em jornais e revistas de Angola, entre 1947 e 1982, com destaque para o jornal «O APOSTOLADO», a revista «ANGOLA» e o jornal «O ANGOLENSE».

A obra já foi apresentada em Portugal, Moçambique, Brasil, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e agora na Alemanha.

O evento decorreu no dia 16 do corrente mês, no salão nobre da Embaixada.

O Segredo de Berlim: – «Abre o Tesouro, Mafrano!»

O Segredo de Berlim: – «Abre o Tesouro, Mafrano!»

Se, no século XVIII, o escritor francês Antoine Galland (1704–1717), encantou o mundo com a história das mil e uma noites, trezentos anos mais tarde, e pouco a pouco, é o angolano Maurício Francisco Caetano, “Mafrano” (1916-1982), quem encanta os seus leitores com o tesouro que também escondeu nos textos mágicos e maravilhosos que compõem hoje a sua colectânea póstuma sobre a ancestralidade da cultura Bantu.
De facto, com «Os Bantu na visão de Mafrano – Quase Memórias», antropologia cultural bantu, anunciada pela primeira vez em Abril de 2022, o mundo também descobre o significado mágico das palavras-chave utilizadas por Mafrano quando escreveu:
«Solicitado por um mundo de problemas cuja solução procura diligentemente encontrar, o homem devassa a terra, busca as profundidades abissais dos oceanos, atinge os espaços intersiderais, mas não tem a mesma solicitude para o mais interessante de todos os seus interesses que é ele mesmo e nisto reside, não raro, a génese de grande cópia dos seus infortúnios, das suas decepções, dos seus fracassos…».
Assim começa a colectânea «Os Bantu na visão de Mafrano», na página 19, do Volume I, retomando um texto que o autor escreveu em «A Hipótese de uma Escrita ideográfica no Bantu Ancestral», publicado no Jornal «O Apostolado», aos 6 de Fevereiro de 1971.
E foi com esta citação que, no dia 16 de Agosto de 2024, a Família de Mafrano desejou boas-vindas aos leitores desta colectânea unidos e reunidos na adorável cidade de Berlim, na Alemanha, e onde não faltaram ex-alunos que o autor teve em Luanda…
Se no artigo então publicado em 1971, Mafrano considerava a ANTROPOLOGIA CULTURAL como «ciência jovem que pretendia responder a três perguntas que a humanidade faz sobre o HOMEM, nos seus momentos lúcidos, pela maneira mais simples de agir e reagir, foi também com perguntas postas pelo autor, na sua época, que a família desvendou a CHAVE SECRETA para a abertura do tesouro escondido em mais de 700 páginas sobre a ancestralidade do HOMEM BANTU, compiladas quarenta anos depois da morte de Mafrano.
E tal como aconteceu na mitologia antiga do velho conto «Abre-te Sésamo», os leitores de Berlim também ouviram o grito «Abre-te, Mafrano» em:

(1) Quem são os Bantu?
(2) Donde vimos?, e;
(3) Para onde vamos?

Três perguntas-chaves curiosamente respondidas num painel conduzido por Hélio Maurício Caetano, neto; Luisíndia Walessa Caetano, neta, e por José Soares Caetano, filho, que dissertaram sobre os três temas seguintes:

(i) «Quem foi o cônego José Frotta, o tutor de Mafrano»;
(ii) «Mafrano e os valores universais da Cultura Bantu»; e,
(iii) «Mafrano e os principais desafios socio-antropológicos da sua época, entre 1934 e 1974)», sob moderação do Dr. Adlézio Agostinho que se encarregou de um resumo da vida e obra do autor, da apresentação dos dados biográficos dos três membros da família presentes e da mediação de um intenso e emocionante debate, durante mais de três horas.

No final, ficou-nos a ideia central da coragem, coerência intelectual e habilidade do autor que soube defender a cultura e a dignidade da civilização Bantu, em plena noite colonial, ao longo de uma carreira em que se notabilizou como funcionário público, professor, pedagogo, etnólogo e investigador.
Mafrano, disse a sua família em Berlim, defendeu o acesso universal à educação como um dos valores mais altos, ao escrever que a origem social e racial não poderia ser um factor de decisão na formação dos homens. Quis assim ele que o homem bantu discriminado e sem direitos cívicos fosse livre para ter acesso a conhecimentos que lhe permitisse ser Padre, Engenheiro, Advogado, Médico, etc.
Como acrescentou a família, Mafrano não se conteve com as três perguntas que formulou. Antes pelo contrário, abriu-se como «Sésamo» e mostrou ao mundo como estava atento ao que diziam consagrados autores internacionais, incluindo na própria Alemanha, sobre as ciências humanas, tais como Lehmann, que cita no preâmbulo da página 16; Victor Hensen (página 250, do Volume II); e, León Frobenius, que Mafrano nos apresenta como «o nome mais citado e estafado no estudo dos primórdios da pré-história da África», página 288 do Volume II.
Abrindo-se aos seus leitores, Maurício Caetano demonstra como observou e confrontou profundamente as suas fontes com cientistas autorizados entre os quais também incluiu o norte americano Franz Boas (1858-1942), pai da moderna antropologia cultural.
Em Berlim, ficou claro para todos como “Mafrano” se apoiou na cultura universal, incluindo fábulas e lendas por mais mágicas que fossem, para fazer os homens do seu tempo compreender o quanto era preciso educar «O BANTU DESCONHECIDO», a exemplo do homem do escritor francês Alexis Carrel (1873-1944), inculcando nele um elenco de valores que o fariam crescer intelectualmente e ser útil à sociedade! E isto, a despeito das ideias retrógradas, então dominantes sobre a suposta “inferioridade” dos indígenas, teoria que ele sempre rejeitou ao também escrever: «O NEGRO É BANTU NÃO É HOMEM DE COR», Volume I, página 185.

O momento em que os dois primeiros volumes da colectânea póstuma
«Os Bantu na visão de Mafrano», do escritor e etnólogo Maurício Caetano, eram oferecidos à Embaixadora de Angola em Berlim, Alemanha, numa cerimónia bastante concorrida que decorreu na última sexta-feira, dia 16 de Agosto.

Fotografia publicada no primeiro volume da obra de Mafrano levanta questões históricas

Fotografia publicada no primeiro volume da obra de Mafrano levanta questões históricas

Durante a apresentação da obra de Maurício Francisco CaetanoOs Bantu na visão de Mafrano — Quase Memórias, no Café Santa Cruz, em Coimbra, o público foi convidado a fazer perguntas, uma prática comum da editora. Para surpresa de todos, um dos nossos amigos, ao abrir o primeiro volume nas páginas 208 e 209, onde está publicada uma fotografia de página dupla da época de estudante de Mafrano (1916-1982), lançou a seguinte questão: “Será que, nos anos 30, esta fotografia poderia ter sido tirada nos Estados Unidos, na República da África do Sul ou no Sudoeste Africano?”

Volume I

“Coimbra tem mais encanto na hora da despedida”

“Coimbra tem mais encanto na hora da despedida”

Quarta-feira, dia 14 de Agosto, no Café Santa Cruz, em Coimbra a colectânea «Os Bantu na visão de Mafrano», antropologia cultural, uniu-se ao «Fado», num adeus a Portugal, dizendo claramente que a CULTURA é o melhor laço de união entre povos.
As novas e actuais gerações têm nestas imagens o desafio, e também um exemplo, de como podem continuar a consolidar estes laços que nos unem, com a vantagem de sermos povos que já partilham a mesma Língua: – o Português.

O fadista António Dinis, do Café Santa Cruz de Coimbra, acima, foi o primeiro a pedir um autógrafo aos dois volumes da colectânea “Os Bantu na visão de Mafrano”.

Homenagem a Mafrano

Depois de Lisboa e Porto, Coimbra encerrou com “chave de ouro” a apresentação dos dois primeiros volumes da obra de Maurício Francisco Caetano (Mafrano) em Portugal.

Na mesa de honra esteve o Dr. Bento Monteiro da Casa de Angola em Coimbra, responsável pela organização do evento, a família de Mafrano, a neta Luisíndia Caetano e o filho José Caetano (Tazuary Nkeita), e o editor da Perfil Criativo. Este encontro em Coimbra contou com a participação especial do poeta angolano João Fernando André e do músico angolano Jorge Rosa.

Com esta iniciativa o Café Santa Cruz abraçou um momento inédito e muito bonito de afirmação dos valores culturais da República de Angola em Portugal.

Jorge Rosa no fecho do encontro de homenagem a Maurício Francisco Caetano (Mafrano) em Coimbra

“Entre nós há sempre histórias para contar…”

“Entre nós há sempre histórias para contar…”

Passou quase uma década desde que na tarde da sexta-feira de 30 de Outubro de 2015, na desaparecida livraria Bulhosa de Entrecampos (Lisboa), em conjunto com a editora Vivências Press, concretizámos, com muito sucesso, o lançamento do nosso primeiro livro “Essências e Vivências” (Ed. 2015), do jornalista Armindo Laureano


Esta foi uma edição comemorativa do 40º aniversário da República de Angola, depois de o autor ter recebido o Prémio Maboque de Jornalismo em 2014, na categoria de Entrevista. Nessa altura, escrevi na Nota do Editor: “Este é o nosso contributo para conhecermos uma outra face do país irmão, mas também para sentir aquilo que nos une, redescobrindo nas palavras de lá, a nossa própria identidade.”


Foi um primeiro passo com o Laureano que me levou a palmilhar Portugal de Norte a Sul, e a capital de Angola, com o objectivo de promover a(s) cultura(s) dos dois países, em grandes encontros de apresentação de novos autores e de muitas obras inéditas. 


Na memória colectiva ficou registado o inesquecível lançamento do livro “Autores e Escritores de Angola (1642-2015)”, de Tomás Lima Coelho, (Ed. 2016), que encheu a União dos Escritores Angolanos. Partimos os dois para Luanda numa altura em que este livro estava envolvido numa artificial polémica racialista e política, alimentada pelos mais radicais do partido-estado.

Recordo outro grande encontro, na Casa da Imprensa (Lisboa), onde lançámos o livro “Comunicação, o Espelho de um País” (Ed. 2017), de Wylsony dos Santos. Estávamos nas vésperas da chegada ao poder de um novo inquilino, e este surpreendente livro era uma reflexão pluralista e actual sobre os limites profissionais dos diferentes sectores da Comunicação Social.

Entretanto, o Armindo Laureano assumiu a direcção do semanário “Novo Jornal”, revelando verticalidade, cultura, qualidade e principalmente uma assunção dos princípios do jornalismo livre, tornando este semanário num exemplo maior de liberdade de expressão. 


Para melhor compreender esta caminhada, apresentamos o segundo volume da Colecção Novo Jornal, que integra um conjunto alargado dos últimos editoriais. 


Como diz o director “Entre nós há sempre histórias para contar…

Autores de Angola brilham na Cidade Invicta

Autores de Angola brilham na Cidade Invicta

9/8/2024 — A Casa Comum da Universidade do Porto acolheu a apresentação da edição atualizada da obra Autores e Escritores de Angola 1642-2022, de Sedrick de Carvalho e Tomás Lima Coelho, uma publicação da Perfil Criativo, em Portugal, e da editora Elivulu, em Angola.

Perante uma audiência que lotou completamente o auditório da Casa Comum na Reitoria da Universidade do Porto, Sedrick de Carvalho sublinhou que este trabalho inédito não deveria cair no esquecimento. Por isso, decidiu dar um passo em frente e tornar-se também autor, com o objetivo de manter viva esta obra na sua versão atualizada. Cinco anos após a última edição, a mais recente, de 2024, está agora disponível ao público, numa versão ampliada, e o trabalho de registo continua permanentemente.

Sedrick de Carvalho destacou ainda que as instituições públicas e privadas não devem ser meras espectadoras deste projeto inédito no espaço da CPLP. Os centros de investigação devem tornar-se parceiros desta iniciativa, onde a partilha de conhecimento é a metodologia de trabalho.

O grande desafio, segundo o editor da Elivulu e coautor da obra, é o financiamento. Produzir livros é caro, e é fundamental angariar apoios que permitam reduzir o preço de venda ao público.

Quem merece fazer parte desta obra?

Sedrick de Carvalho esclareceu que a inclusão de autores na obra não é uma questão de discussão pessoal. O critério definido por Tomás Lima Coelho é claro: nascer em Angola e publicar um livro em formato físico. Avaliar a qualidade do que foi publicado também não é uma discussão para nós. Nesta edição, foram integrados 10 autores que, apesar de não terem nascido em Angola, possuem uma obra que é uma grande referência para o país, como é o caso de Castro Soromenho.

Sobre este tema, o poeta angolano João Fernando André, crítico literário e membro da União de Escritores Angolanos, presente na mesa de honra, confirmou que esta publicação é única entre os países de língua portuguesa e que os críticos literários devem avaliar as obras incluídas.

João Fernando André afirmou ainda que a relevância da obra é mais importante do que a naturalidade dos autores, citando os exemplos de Luandino Vieira e Rui Duarte de Carvalho, que muito contribuíram para a memória coletiva de Angola.

Ao concluir, João Fernando André lembrou que publicar um livro não é suficiente para se ser considerado escritor; todos são autores, mas apenas alguns alcançam a categoria de escritores.

Este importante evento na cidade do Porto contou com o apoio da Universidade do Porto, da Porto’s África, e teve a presença de representantes oficiais da República de Angola em Portugal.

Mafrano encanta o Porto

Mafrano encanta o Porto

A hospitaleira cidade do Porto, região berço que deu nome a Portugal, de “Portu Cale”, mostrou ao mundo que além imponentes monumentos históricos, construções ancestrais, bom vinho e apreciada gastronomia, que tanto atrai turistas, também sabe acolher, reconhecer e valorizar a cultura de outros povos.

Numa lição soberba de hospitalidade e de organização, a CASA COMUM da centenária Universidade do Porto, edifício construído em 1911, reservou o que de melhor se poderia esperar, ao cair da noite, como ambiente mais adequado e descontraído para a apresentação de uma obra sobre a investigação das raízes e da pré-história da cultura bantu em Angola.

Na universidade do Porto estudam cerca de 30 mil estudantes. A CASA COMUM desta instituição centenária confirmou que é de facto o local propício para uma diversidade de eventos culturais, capaz de fazer convergir académicos e investigadores; jovens e amantes do saber com mais anos de experiência.

Sexta-feira, dia 9 de Agosto, os volumes I e II da colectânea «Os Bantu na visão de Mafrano – Quase Memórias», antropologia cultural, subiram ao pódio da «Casa Comum» desta mais prestigiada universidade portuguesa para que os convidados do dia se aproximassem das ideias, princípios filosóficos e valores da cultura e civilização bantu, perseguidos por Mafrano ao longo da sua trajectória literária.

Além dos dois volumes em suas mãos, os leitores ouviram dissertações de três representantes da família de Maurício Francisco Caetano sobre, nomeadamente, o que foram: a educação do autor, desde a sua infância, por padres católicos; as obrigações profissionais, o seu trabalho de investigação e a colaboração literária de 1947 a 1982 com conceituados jornais e revistas do seu tempo, enquanto escritor e etnólogo; e, no fim, todas as peripécias por que passou nos tempos da censura até a independência de Angola e as habilidades por que passou.

A apresentação esteve a cargo de dois netos e de um dos filhos, nomeadamente Lusíndia Caetano, Hélio Caetano e José Caetano, como mostram as imagens da mesa de honra.

Antes e depois da cerimónia, a «Casa Comum» da UP também fez saber que música e antropologia cultural também andam de mãos dadas e brindou os presentes com a música quimbundo «Kalunga», da fadista Ana Moura.

A canção que em português significa Mar, Morte, foi extraída da plataforma Youtube, e tornou-se viral. Com efeito, a qualidade técnica da cerimónia foi tão alta que muitos dos que mais tarde receberam imagens do evento, emocionaram-se ao ponto de supor que a fantástica fadista portuguesa teria estado pessoalmente na Casa Comum, quando, na verdade, se tratou somente de «play back», a partir do Youtube.

«Com a sua faixa “Kalunga” em língua Kimbundu, mesmo ausente Ana Moura transportou todos para um contexto que despertou sentimentos de uma época em que o Portugal colonial recusava reconhecer o valor das línguas nacionais não só em Angola e nas restantes colónias, mas também idiomas regionais na sua própria metrópole, como o Mirandés», comentaram alguns dos presentes, com uma nota de agradecimento que acrescentava:

«Obrigado a Mafrano pelo conhecimento que nos oferece sobre os Bantu…»

«Com a sua faixa “Kalunga” em língua Kimbundu, mesmo ausente Ana Moura transportou todos para um contexto que despertou sentimentos de uma época em que o Portugal colonial recusava reconhecer o valor das línguas nacionais.

Mafrano vai estar presente em Coimbra e Berlim


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