Fórum de Ideias: “E agora quem avança somos nós”, racismo e resposta multirracial

Fórum de Ideias: “E agora quem avança somos nós”, racismo e resposta multirracial

Gente que de repentemente se descobre numa “raça” ou coloração

Por JONUEL GONÇALVES

Polêmica na Bahia após ACM Neto, candidato ao governo estadual e sua vice Ana Coelho, conhecidas personalidades de famílias poderosas em termos políticos e econômicos, se terem declarado oficialmente como ” pardos”. Destesto essa palavra vinda dos obscurantismos coloniais. Também não tenho nada contra a forma como as pessoas se classificam nessa matéria. Pessoalmente faço parte daqueles e daquelas que não aceitam ser racificados e, por outro lado, acho excelente a lei no Brasil que determina auto-declaração na matéria. Porém, há situações suspeitas nessas súbitas declarações de pertencer a determinado grupo. Os motivos de tais declarações são muitos, desde intromissão indevida em direitos corretivos, a busca de destaque carreirista, mobilização eleitoral, etc.etc.etc. Anoto apenas que um outro candidato classificou declarantes com esse perfil de ” afroconvenientes” e um militante antirracista acusou de “charlatanismo”.
Alem disso, temos um problema estatístico sério: 49,49% do total de candidatos às várias eleições de outubro aparecem como negros ou ” pardos”. Qual é o peso dos ” afroconvenientes” nesse dado?
O problema não é novo, tem décadas. Intitulei até um episódio de livro recente de ” Pardinha”, inspirado numa candidata que se designou como ” meio Pardinha”, também na Bahia. 
No meio de todos estes contorcionismos, vejo com agrado o surgimento de nova e muito adequada definição: afroconvenientes.

E agora quem avança somos nós

E agora quem avança somos nós

Três editoras independentes, Panguila – Niterói (Brasil), Elivulu Editora (Angola) e Perfil Criativo – Edições (Portugal), todas iniciativa de angolanos instalados em três metrópoles de três continentes, Niterói no Rio de Janeiro, Luanda e Lisboa, avançam com uma parceria editorial criando a “Coleção Tricontinental“.

O objectivo é partilhar nos três países, Angola, Brasil e Portugal, uma colecção de livros de ficção e não ficção, de autores de língua portuguesa dos três continentes.

O primeiro volume estará disponível em Lisboa, a 5 de Agosto, no Rio de Janeiro, a 10 de Agosto (encomendas no Brasil: (+55 21) 991.889.312) e em Luanda depois da eleições.

Com o título “E agora quem avança somos nós” (Ed. 2022), é um romance de Jonuel Gonçalves que esgrima a ideia de que raça é máscara.

Na Feira do Livro do Porto os livros do nosso autor Jonuel Gonçalves, “E agora quem avança somos nós” (Ed. 2022), e “Economia e Poder no Atlântico Sul. África do Sul | Angola | Argentina | Brasil“ (Ed. 2022) vão ser “Livro do Dia”, a 3 de Setembro de 2022 (Sábado).

Disponível para encomenda em www.AUTORES.club

Encerramento de exposição no Museu Nacional de Arte Antiga

Encerramento de exposição no Museu Nacional de Arte Antiga

Termina no dia 30 de Janeiro de 2022 a exposição BOBA KANA MUTHU WZELA: AQUI É PROIBIDO FALAR!

Reunindo algumas obras das diferentes séries do projeto Revelar a memória a partir do esquecimento, iniciado em 2010, o Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA) acolhe a exposição Boba Kana Muthu Wzela: Aqui é Proibido Falar!, de JRicardo Rodrigues. Partindo do lugar ocupado pelo MNAA, nas imediações do outrora bairro africano do Mocambo, território de “línguas proibidas” nascido no século XVI e hoje praticamente apagado, a exposição reimagina uma presença africana esquecida, evocando personagens e contextos reais ou alegóricos, como os sonhos e pesadelos de um Marquês de Pombal com uma outra biografia. Em encenações fotográficas de grande formato que dialogam com a tradição artística presente na coleção do Museu (mesmo que não de forma explícita), JRicardo Rodrigues reconfigura a memória a partir da ausência, cruzando o passado com a contemporaneidade e questionando continuidades, contrastes e heranças.

No Domingo 23 de Janeiro de 2022 foi realizado um último encontro com o artista para descobrir o “quinto neto da rainha Ginga” e o grande bairro do Mocambo, de Lisboa. Foram duas horas e meia de conversa sobre Arte e as raízes angolanas da cidade. Na intervenção foi dada uma atenção ao tema da escravatura. De apoio à informação dada, fica aqui a visita à exposição do investigador de economia política no Atlântico Sul, Jonuel Gonçalves, e o seu estudo sobre a Escravatura, e na transmissão de que houve gente que se indignou com o comércio de escravos no tempo da escravatura.


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