Literatura nas comemorações do Dia Mundial Turismo e na V Reunião da Cooperação Transnacional das Cidades Património Mundial na Macaronésia

Literatura nas comemorações do Dia Mundial Turismo e na V Reunião da Cooperação Transnacional das Cidades Património Mundial na Macaronésia

27/09/2023 — Em parceria com o Plano Nacional de Leitura de Cabo Verde editora NOZ RAIZ (Cabo Verde), representante da plataforma cultural www.AUTORES.club, esteve presente a promover a Literatura nas comemorações do “Dia Mundial Turismo” e na “V Reunião da Cooperação Transnacional das Cidades Património Mundial da Macaronésia“, realizadas em Cabo Verde na Cidade Velha, Ilha Santiago.

Foram apresentadas as duas obras “Múrcia” ed. 2016 e “Depois das Mangas Vêm os Abacates” ed. 2019 do nosso autor Eugénio Inocêncio (Dududa) que anunciará brevemente a apresentação da sua terceira obra. Foram também revisitados os clássicos da literatura caboverdiana de autores como Eugénio Tavares, Baltasar Lopes, António Aurélio Gonçalves, Manuel Lopes entre outros disponibilizados pela Biblioteca Nacional de Cabo Verde.

Proporcionou-se ao longo deste dia momentos de leitura colectiva e um encontro muito especial com o grupo de-batucadeiras “Nos Herança” que recordaram a sua participação com o grupo “Finka Pé” na Cidade Velha documentado no livro “Finka Pé – O Feitiço do Batuque” ed. 2017 AUTORES.club.

“Os Lusíadas” em Crioulo

“Os Lusíadas” em Crioulo

Viagem de Vasco da Gama à Índia: 8 de Julho de 1497 a 20 de Maio de 1498

AUTOR: BRITO SEMEDO publicado na “Esquina do Tempo

Tradução em Crioulo, variante da ilha de Santo Antão, do Canto 5.º, Estâncias VIII e IX, d’ Os Lusíadas, datada de 1898, de autoria de um dos mais ilustres filhos dessa ilha, o Cónego A. da Costa Teixeira, que foi editor do Almanach Luso-Africano (S. Nicolau, 1895 e 1899) e da revista literária A Esperança (S. Nicolau, 1901) e autor da 1.ª cartilha caboverdiana: Cartilha Normal Portuguesa (Porto-Cabo Verde, 1902), destinado ao “Ensino primário completo“.

O texto está datado de 5 de Maio de 1898 e assinado com a indicação do autor ser “Caboverdiano”:

VIII

Depôs que nô passá quês îa Canária,

Q’otr’óra ês dá nôme de Furt’náde,      

Nó’ntrá tá navegá lá pa quês ága

Quês térra onde mute maravia nôve

Nosse navi de guêrra j’andá t’oiá:

Lá nô ribá c’um vintim favoréve

Pa nô t’mésse na quês térra mantmente.

IX

Nòs antrá na pôrte d’un d’aquês îa,

Q’tmá nôme d’aquêll guerrente’Sam Thiágue,

Sánte q’ajdá mute naçom spanhòl

Fazê n’aquês geste môr mute strágue

D’êi, q’ande soprá um vintim de Nôrte,

Nô torná t’má noss’camim socégáde

Na mêi d’aquêll mar, e assim nô bá d’xande

Quell’terra, onde nô ochá refrésque sabe.

 Cónego A. da Costa Teixeira, “Chegada ás Ilhas de Cabo-Verde”, Revista Portuguesa Colonial e Marítima, Lisboa, 1º Ano, 2º Semestre, 1897-1898, p. 566.

Foto Arquivo Histórico Nacional (IAHN), Praia


Canto V

Estância VII

Passamos o limite aonde chega

O Sol, que para o Norte os carros guia,

Onde jazem os povos a quem nega

O filho de Climene a cor do dia.

Aqui gentes estranhas lava e rega

Do negro Sanagá a corrente fria,

Onde o Cabo Arsinário o nome perde,

Chamando-se dos nossos Cabo Verde.

Estância VIII

Passadas tendo já as Canárias ilhas,

Que tiveram por nome Fortunadas,

Entramos, navegando, pelas filhas

Do velho Hespério, Hespérides chamadas;

Terras por onde novas maravilhas

Andaram vendo já nossas armadas.

Ali tomamos porto com bom vento,

Por tomarmos da terra mantimento

Estância IX

Aquela ilha apartamos, que tomou

O nome do guerreiro Santiago,

Santo que os Espanhóis tanto ajudou

A fazerem nos Mouros bravo estrago.

Daqui, tanto que Bóreas nos ventou,

Tornamos a cortar o imenso lago

Do salgado Oceano, e assim deixamos

A terra onde o refresco doce achamos.

“Nós Raíz” germina em Cabo Verde

“Nós Raíz” germina em Cabo Verde

O promotor cultural Ricardo Leote acaba de abrir na cidade da Praia, em Cabo Verde, uma empresa vocacionada para a promoção da Literatura, Cinema, Audiovisual e Artes Plásticas: a “Nós Raíz

A Nós Raíz está instalada na Rua Cidade da Praia 22A, Palmarejo, Cabo Verde. Os contactos são:

Telefone: 00238 520 28 13

E-mail: nosraiz.caboverde@gmail.com

A Nós Raíz passa a ser a representante da editora Perfil Criativo em Cabo Verde. A partir deste momento as livrarias de Cabo Verde podem incluir nas suas estantes livros de autores de Angola, Brasil, Cabo Verde, Espanha, Portugal e São Tomé e Príncipe.

Entretanto a plataforma www.AUTORES.club irá receber as edições publicadas pela Nós Raíz, ficando disponíveis para entrega em qualquer parte do mundo.

A partir de Setembro de 2023 as publicações da “Perfil Criativo” recebem a chancela da “Nós Raíz“. O objectivo é conseguirmos em conjunto aumentar o fluxo cultural entre as cidades de Lisboa, Praia e Luanda.


“Pano de Terra” ganha corpo nas paredes da cidade

“Pano de Terra” ganha corpo nas paredes da cidade

Cova da Moura 2021-2023

Pano de Terra” é um mural de mosaicos desenvolvido em comunidade na Cova da Moura. A obra é baseada no “Panu di Terra” proveniente de Cabo Verde, em pano de tecido tendo manualmente.

A técnica remonta ao tempo dos descobrimentos quando os escravos de outros países Africanos eram trazidos para as ilhas. 

O “Panu di Terra” manteve a sua importância na vida da mulher cabo verdiana, vestida com orgulho e respeito durante cerimónias, momentos simbólicos, eventos culturais e no quotidiano.

Projecto Artístico: Marian van der Zwaan com Vitalina Varela, Godelieve Meersschaert e Maria Rosário Soares Silva.

Montagem: Joaquim Sanches Mendes

Música: César Lima – Paizinho

Vídeo: Kevin Raposo

Participação especial: Vera Varela e as Batucadeiras Finka Pé

“Ler Nas Ilhas”

“Ler Nas Ilhas”

O jornalista Humberto Santos entrevista o escritor e filósofo Eugénio Inocêncio “Dududa” autor dos livros:

— Múrcia

Um livro que faz a ruptura com o paradigma tradicional da literatura cabo-verdiana. Que traz para os leitores novos temas como a homosexualidade, as relações dos cabo-verdianos com os outros povos do continente africano, a democracia e o desenvolvimento em Cabo Verde e em África e surpreendentemente, o terrorismo cultural. Contado com recurso a uma palete sensual e mística de sabores crioulos.

— Depois das Mangas Vêm os Abacates (Duplo Laço)

Em 1724, a ilha de Santo Antão foi arrendada pelo seu donatário a mercadores ingleses, por um período de 27 anos. A Coroa portuguesa viria a denunciar o contrato assinado entre o donatário e os referidos mercadores, por temer a ocupação da ilha, bem como da vizinha ilha de S. Vicente, pelos ingleses. Estas duas ilhas poderiam vir a desempenhar o mesmo papel que a ilha de Santiago tão eficientemente desempenhava, na globalização do mundo, pondo em perigo os interesses do império português.

Antigo presidente visita a nossa editora

Antigo presidente visita a nossa editora

Visita surpresa de ilustres autores/leitores de Cabo Verde, Lígia Fonseca (natural de Moçambique é advogada, autora e antiga primeira-dama de Cabo Verde) e o antigo Presidente da República de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca (político, jurista, professor universitário, escritor e poeta). No encontro, que muito honrou a nossa equipa, foram oferecidos livros publicados pela nossa editora e combinámos preparar, na cidade Praia, um de grande encontro cultural com autores de Angola.


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