Archives em Junho 11, 2025

“Angola e o Atlântico” encerra jornada cultural com debate vibrante sobre colonialismo

“Angola e o Atlântico” encerra jornada cultural com debate vibrante sobre colonialismo

O encerramento do ciclo de apresentações do dia 10 de junho de 2025, promovido pela Perfil Criativo | AUTORES.club na Feira do Livro de Lisboa, deu-se com a apresentação de um livro vocacionado para estudantes universitários Angola e o Atlântico: Colonialismo, Colonialidade e Epistemologia Descolonial, de Luís Gaivão — um momento de forte densidade intelectual e cultural.

A sessão contou com a presença especial do jornalista angolano Gabriel Baguet Jr, convidado pelo editor João Ricardo Rodrigues para compor a mesa de honra e dialogar com o autor sobre o conteúdo e o impacto da obra.

Luís Gaivão iniciou a sua intervenção com uma explicação abrangente sobre o livro, abordando temas centrais como o legado do colonialismo, a persistência da colonialidade e os desafios de pensar Angola com epistemologias descoloniais. As suas palavras geraram uma reação imediata da plateia, que se envolveu num debate vivo e participativo sobre a história, a identidade e os caminhos da Angola contemporânea.

O autor partilhou ainda as suas experiências pessoais em Luanda: primeiro como kandengue, até aos onze anos, e décadas depois, como Adido Cultural da Embaixada de Portugal em Angola. Essa vivência direta deu profundidade ao seu testemunho e reforçou o valor do seu trabalho.

Gabriel Baguet Jr retomou a conversa com uma abordagem centrada na importância da cultura como instrumento de afirmação internacional de Angola. Destacou Luanda como espaço de efervescência criativa e reforçou o papel da cultura na construção de uma narrativa angolana autónoma e plural.

No final, Luís Gaivão apresentou um conjunto alargado de livros de sua autoria, todos com Angola como ponto de partida e de chegada, reafirmando o seu compromisso com a investigação, a escrita e o pensamento sobre o País.

Com esta apresentação, a editora Perfil Criativo | AUTORES.club encerrou um dia memorável na Feira do Livro de Lisboa, marcado por três livros, três momentos intensos e uma multiplicidade de vozes que revelaram Angola sob diferentes prismas culturais e intelectuais.

Este livro foi considerado em 2023, pelo Centro Nacional de Cultura (Portugal), como uma das mais importantes obras publicadas em livro

“Expansão” lota auditório e abre espaço para um debate frontal sobre Angola

“Expansão” lota auditório e abre espaço para um debate frontal sobre Angola

Num dia em que a Feira do Livro de Lisboa recebeu milhares de visitantes, a apresentação do livro Editoriais do Expansão (2019–2021), da autoria de João Armando, atraiu tal interesse que o Auditório Norte revelou-se pequeno para acolher todos os que quiseram ouvir e debater sobre a actual realidade de Angola.

Na mesa de honra estiveram três protagonistas do jornalismo e da edição de pensamento crítico e da democratização do conhecimento: João Armando, diretor do semanário económico ExpansãoArmindo Laureano, diretor do Novo Jornal; e João Ricardo Rodrigues, editor da Perfil Criativo | AUTORES.club, responsável pela publicação da obra.

João Armando começou por partilhar com a assistência o processo exigente e criterioso de construção de um editorial semanal, explicando o papel de responsabilidade que cada jornalista deve assumir. Com firmeza e serenidade, contou episódios em que agentes do poder – ministros e responsáveis institucionais – tentaram influenciar a linha editorial do Expansão. A sua resposta, sempre clara, tem sido: “Façam bem o vosso trabalho, que eu farei o meu.” Uma afirmação que ecoou com força entre os presentes.

João Armando e Armindo laureano na Feira do Livro de Lisboa
Os jornalistas João Armando e Armindo Laureano na Feira do Livro de Lisboa

Durante o diálogo com o público, surgiu a inevitável questão sobre a Democracia na República de Angola. João Armando respondeu com clareza: exerce o jornalismo de forma profissional e independente, afirmando que o único ativo que possui é a credibilidade do seu jornal. Detalhou ainda os desafios da gestão financeira de um projeto editorial privado, num ambiente frequentemente hostil.

Armindo Laureano, autor do livro de editoriais “Há dias assim…“, reforçou essa visão, sublinhando o esforço constante para preservar a credibilidade e autonomia do Novo Jornal, contrastando com a situação da imprensa pública angolana. Relatou inclusive episódios de intimidação e a invasão das instalações do seu jornal — um testemunho que marcou a audiência.

A participação foi intensa, com o público a ultrapassar largamente os lugares disponíveis. A sessão de autógrafos, que se seguiu à conversa, prolongou-se por muitas horas, num sinal claro do interesse despertado pelo tema e pela obra.

O editor da Perfil Criativo | AUTORES.club concluiu destacando que a parceria com a Comunicação Social livre de Angola representa uma oportunidade para conhecer a República de Angola a partir de dentro, ouvindo vozes que resistem, informam e constroem pensamento.

Lisboa celebra a cultura e a literatura angolana

Lisboa celebra a cultura e a literatura angolana

A apresentação do livro Evangelho Bantu, da autoria do poeta Kalunga, realizou-se conforme previsto às 15h00 do dia 10 de junho, no Auditório Norte da Feira do Livro de Lisboa 2025. Mais do que uma simples apresentação, o momento transformou-se numa rica conversa literária entre o autor, João Fernando André e o editor João Ricardo Rodrigues.

João Fernando André ofereceu à assistência uma envolvente resenha histórica da literatura angolana, começando pelos autores do século XIX, passando pela vibrante geração dos anos 40 do século XX e chegando aos escritores ligados à luta pela independência e à criação da República de Angola. Destacou, com entusiasmo, a emergência da chamada “Nova Poesia de Angola”, rótulo atribuído pela editora Perfil Criativo | AUTORES.club, que vê em Kalunga uma das vozes mais promissoras desta nova vaga.

O diálogo culminou com uma reflexão profunda sobre as línguas regionais de Angola. João André defendeu o português como língua nacional, mas sublinhou a importância de preservar e valorizar as línguas locais. Recordou que, durante o período colonial, existiram jornais escritos em línguas regionais, algo que hoje desapareceu do panorama editorial. Apontou, no entanto, o papel ainda ativo da rádio e televisão na divulgação dessas línguas, lamentando a ausência de imprensa escrita contemporânea nesse domínio.

A plateia da Feira do Livro de Lisboa acompanhou com grande atenção e interesse esta sessão que se revelou um verdadeiro tributo à identidade cultural angolana. No final, Kalunga foi calorosamente aplaudido e recebeu um abraço da escritora angolana Luísa Fresta, num gesto que simbolizou o reconhecimento e a continuidade da tradição literária de Angola.

Nota do Editor: Foi vista uma reconhecida figura pública da área financeira, hoje governador de uma província do Sul, a rondar o auditório onde decorria a apresentação. No entanto, acabou por não ganhar coragem para se juntar ao povo da Feira do Livro de Lisboa para ouvir a excelente intervenção de João Fernando André sobre as culturas de Angola. Ficou uma pergunta no ar: estarão estas elites conscientes da existência da chamada “Nova Poesia de Angola”?

“Venho do Sul, quero conhecer o Norte (…)”