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O Abraço da Reconciliação

O Abraço da Reconciliação

Por GABRIEL BAGUET JR (publicado no site Horizontes Viver Angola em Agosto de 2025)

“Eu te Amo tanto meu Irmão” é uma das frases que integra a letra da Música ” Njila ia Dikanga “, expressão da Lingua Nacional Bantu, o Kimbundu , que os Músicos angolanos Paulo Flores e Yuri da Cunha cantaram em Outubro de 2023 no Coliseu de Lisboa.

Mas desta inspiradora e sentimental apelo à terra ,.entre outras Músicas da Pátria Angolana também se fixa , ”gira mundo, gira poeira, não esquece a dor da terra”. Não se pode esquecer a dor da terra.. Não se pode. Todos somos chamados a esse exercício de consciência individual e colectiva.

Emerge reflectir Angola a 50 anos. Ganhar tempo ao Tempo perdido com a Tragédia da Guerra.

Bem no centro histórico da capital portuguesa, o Coliseu de Lisboa acolheu esse Concerto belíssimo e inesquecível dedicado à Mulher Bessagana.

Era o encontro assumido com a nossa Identidade Cultural e Patrimonial. A Música é Património de qualquer Nação e em particular quando a mesma é evocada numa sala de Concertos ou noutro lugar do Mundo. E fixa todas as Falas, todos os Sonhos e todas as Esperanças.

Como escreveu e disse Albert Einstein e cito ” a Paz é a única forma de nos sentirmos realmente Humanos “. E é uma verdade inquestionável.

E este Concerto e esta Música, são entre outras manifestações claras de um sentimento fundamental e necessário para a Nação Angolana e o Mundo e a Paz como oceano de renovadas navegações.Urge Reconciliar. Urge Dialogar. Não existem outros caminhos para o Abraço da Reconciliação.

Acompanhados de brilhantes Músicos, Paulo Flores e Yuri da Cunha fixaram na Memória do Coliseu de Lisboa, mas na Memória Colectiva de cada Mulher e homem Angolano, a emergência de se olhar para a Arte da Música como garante crucial para aproximar Vozes, Pessoas e todas e todos que pensam, reflectem e sentem a Nação Angolana.

Revisitar esta inesquecível e marcante Música a todos os títulos , é também o meio, creio, para que todos os Criadores e Fazedores de Arte e de Cultura, sintam que são chamados uma vez mais e de modo mais que Emergente , a lançar o necessário apelo para o Abraço da Reconciliação.

Assumamos as fracturas existentes, mas assumamos a necessidade imperativa de nos Abraçarmos sem reservas, sem ódios e salvemos a Nação Angolana. Temos esse Dever, mas igualmente o Direito de apelar.

As gravatas ou outros elementos das indumentárias que usamos não são iguais em nenhuma circunstância. Isso chama-se Diversidade.

A Diversidade é parte do eixo para com todo o tempo , Governo, Partidos Políticos, CEAST, Universidades, Organizações Não Governamentais/Associações, Autoridades Tradicionais e Sociedade Civil estarem sentadas à mesma mesa e reflectir o País em todos os sectores e sem silêncios face aos inúmeros Desafios que temos. São imensos os Desafios no plano urbano e rural, no plano social, no plano económico ,mas o valor da vida humana não pode ser descurado. O valor do natural Direito à vida do Povo Angolano resulta da formação e matriz do Estado de Direito Democrático.

Não podemos ser indiferentes ao Diálogo. Foi o Diálogo com diversos intervenientes que conduziram aos Acordos de Alvor, aos Acordos de Lusaka, aos Acordos de Bicesse , aos Acordos de Gabdolite e aos Acordos de Paz a 4 de Abril.

O desejo legítimo de ver Angola a renascer no sentido mais desejável face aos padrões exigíveis e recomendáveis do Desenvolvimento Humano.

O Abraço da Reconciliação resulta de uma necessidade de “combater” a indiferença e a intolerância. Em 50 anos da nossa História fizeram-se conquistas mesmo estando em Guerra Civil.

E cabe a todos Nós criar e estabelecer as escolhas para harmonizar a Sociedade Angolana em toda a sua extensão.

O Abraço da Reconciliação sincero, sentido, discutido, aponta caminhos para a redução da Pobreza, da necessidade de Habitação condigna, de um Sistema Nacional de Saúde Pública forte, inovador, humanista e diferenciado sem esquecer que envelhecemos e ter um Sistema de Segurança Social que proteja a vulnerabilidade que surge em qualquer Sociedade do mundo. É necessário raios de Luar para iluminar as mentes diversas da Governação, dos Partidos com representação parlamentar, os Representantes diversos como anteriormente destaquei e sejam parte das soluções para uma Sociedade que seja justa, profundamente una e Humanista. Repito e nunca deixarei de relembrar o facto que decorre do que é a Ciência Política e do que é o Constitucionalismo que o Estado são as Pessoas. Não existem Estados abstractos.

Logo, o ponto de partida na minha sentida opinião e vale o que vale, é olhar para o Povo que Somos e como Povos que Somos não podemos ignorar mais que urge um Abraço de Reconciliação e se necessário for, criar um Governo de Unidade Nacional . Os antagonismos são parte de uma narrativa que sendo parte do edifício de Nação, podem sercir para uma reflexão que a todos interpela.

As estatísticas oficiais Nacionais apontam que somos cerca de 30 milhões de habitantes.

No seu livro com o título ” Blues e a poética contra a Indiferença”, o Escritor/ Investigador e mentor do Jazz Jerónimo Belo em Angola antes da Independência Nacional, refere citando Archie Sheep que o ” Jazz é a Flor que, apesar de tudo , desabrocha no pantanal “. E é verdade. E o Jazz tem essa força para iluminar o Abraço da Reconciliação e ” criar amor com os olhos secos “.

Perguntarão alguns ,mas o Jazz pode contribuir para consolidar o Abraço da Reconciliação? Pode e deve como todas as Artes e Criações. Ao referir o Concerto de Paulo Flores e de Yuri da Cunha, assumo ser uma raiz inspiradora e patriótica como escreveu e muito bem Jerónimo Belo ao salientar que ”o envolvimento dos Blues e do Jazz na luta anti-apartheid inspirou numerosos artistas sul-africanos e outros que se identificaram com essa importante causa da dignidade humana“, cito o Escritor e Autor do livro ”Blues e a Poética contra a Indiferença“.

Por isso e reafirmo que o Abraço da Reconciliação efectiva pode ser utilizado como tema de um Colóquio Nacional ou de um Festival Musical e Cultural que sensibilize a classe política para os reais e concretos problemas da Nação Angolana.

E no Abraço da Reconciliação não excluo e como já escrevi, com o título o Valor Sagrado da Paz, em Angola, que o Abraço da Reconciliação permite rever tudo que está errado e perdoar e novas chuvas surgirão para reconstruir e erguer uma Sociedade Angolana que é também resultante de lutas de clandestinidade que conduziram ao surgimento das indignações legítimas na luta Anti-Colonial e com isso a legítima Independência Nacional. Somos feitos de uma arquitectura frágil. No discurso de tomada de posse em 2017, o Presidente da República João Lourenço referiu e disse e relembro ” vamos corrigir o que está mal e melhorar o que está bem “. Este princípio abriu varias janelas de esperança. Mas o decorrer do tempo inverteu essa máxima.

E no Abraço da Reconciliação não é para culpar este o aquele, mas de facto este Abraço de Reconciliação é a ponte para Olhar de modo transversal para todo o Povo Angolano e perceber as necessidades imediatas para suprir a Fome e as várias fragilidades que vivemos. Aceito criticas a esta assumida Reflexão, por pluralidade, mas as montanhas da indiferença acabam por fechar um ciclo de Diálogo que não é necessário para o Renascer da Nação. As Sociedades são feitas de múltiplos saberes e de variados intervenientes. Desde o Poder Político ao Poder Judicial e aos outros demais poderes que são a jangada para edificar a Nação. E a Nação Angolana precisa de ser debatida de coração aberto para que se encontre o rumo.

E neste Abraço da Reconciliação jamais poderemos ignorar a condição de Ser-se Pessoa. E em meu entender aceitando opiniões sustentadas, a Condição Humana é inviolável. E reconhecer o mérito de quem quer ajudar é o Sonho pelo qual o inesquecível Martin Luther King Jr lutou para uma América em que a violação de naturais Direitos Civis e Políticos tinha que ser uma realidade.

Ninguém nasce político ou função. E debaixo das nossas janelas observamos o nosso quotidiano . E Juntos e verdadeiramente Unidos no Abraço da Reconciliação real e abrangente , quero acreditar que é preciso identificar e revisitar o que está feito, o que foi feito e deve ser corrigido e o que falta fazer.

Sem orgulhos, sem intransigências e centrados na Humanização da intervenção Política e da Sociedade em geral podemos Sonhar com Justiça, correcta defesa dos Direitos Humanos, logo garantindo o respeito pelos Direitos Fundamentais.

E neste Abraço de Reconciliação fica o apelo interno e externo para que as Comunidades Angolanas sejam também parte do Diálogo a várias vozes que se deseja e impera.

É preciso sonhar por dias melhores. Não é uma missão impossível. No Abraço da Reconciliação a sensibilidade e a capacidade de ouvir e auscultar , permitirá desenhar novas Estradas de Esperança e Igualdade. Todos, mas todos somos necessários à Pátria Angolana . Não podemos ignorar o sofrimento de um Povo ,nem tão pouco o legado da Unidade Nacional, cujo objectivo central é Unir e Dialogar, repito sem dogmas e sem reservas. É importante antecipar o nosso Futuro como Nação e perceber todos os sinais que a geopolítica vai impondo a muitos Povos do mundo. O Abraço da Reconciliação sustentará sempre o imperativo da garantia da PAZ entre Nós. Nas diferenças, também encontramos denominadores comuns. E o principal denominador para a Pátria Angolana é a PAZ, mas o escrupuloso respeito pela Constituição da República. E a Arte pode contribuir para reinventar e recriar uma renovada práxis política.

Cartas que Atravessam Histórias

Cartas que Atravessam Histórias

A historiadora Constança Ceita escreve sobre a intervenção do Prof. Carlos Mariano Manuel: “Um gesto simbólico de fraternidade e reconciliação”

AUTORES.club | Perfil Criativo — Novembro de 2025

Perfil Criativo | AUTORES.club inaugura um novo espaço de diálogo, “Cartas que Atravessam Histórias”, dedicado a textos de reflexão, recensão e crítica provenientes de académicos, cientistas, escritores, artistas e cidadãos do mundo.
Um espaço aberto a quem deseja pensar os livros, os autores e as intervenções que têm marcado o reencontro entre Angola, Portugal e o mundo lusófono, a partir das publicações editadas pela Perfil Criativo | AUTORES.club.

O primeiro contributo chega da Professora Catedrática Doutora Constança Ceita, historiadora angolana, regente da Cadeira de História de Angola na Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Agostinho Neto, que escreve sobre a intervenção do Prof. Doutor Carlos Mariano Manuel, prefaciador e orador no lançamento do livro A Primeira Travessia da África Austral, de José Bento Duarte, apresentado no Padrão dos Descobrimentos, em Lisboa, a 29 de outubro de 2025.

Carta da Prof. Doutora Constança Ceita

(Reprodução integral)

Prezado Prof. Doutor Carlos Mariano Manuel,

Permita-me, como historiadora que acompanha atentamente a investigação e a redação científica da África Central/ Austral, expressar a minha profunda admiração pelo seu artigo intitulado “Se encontrássemos a coroa do Rei do Congo, seria um acto redentor”. A sua intervenção — que reflecte não apenas um domínio rigoroso das fontes como também uma consciência crítica da dimensão simbólica da História — revela-se um contributo de excepcional relevo para a nossa compreensão do passado colonial, da memória e da identidade.

Em particular, valorizo:

A sua delicada articulação entre os factos históricos — em especial ao referir-se à morte por decapitação de Dom António I (Nkanga Vita Lwa Mvemba/Mwana Nlaza) e ao percurso da Coroa de prata que poderá ter sido levada para Portugal em 1666 — e o chamamento a uma reparação simbólica entre Angola e Portugal.

O modo como associa a narrativa histórica à noção de “redenção”: não se trata apenas de recuperar artefactos ou factos esquecidos, silenciados, mas de restituir dignidade às vozes e aos agentes históricos africanos que o cânone colonizador marginalizou.

O tom científico e ao mesmo tempo humanista da abordagem — que conjuga erudição, rigor crítico e sensibilidade perante as implicações morais e identitárias da história partilhada de ambas as margens do Atlântico.

Este tipo de escrita — que não se limita à catalogação de factos mas avança para a reflexão sobre o significado social e simbólico da História — constitui um verdadeiro exemplo para a comunidade científica.

A sua proposta de redefinir, por exemplo, o Monumento do Padrão dos “Descobrimentos” como “Padrão das Expedições Marítimas Portuguesas”, ou de considerar a recuperação da Coroa do Soberano do Reino do Kongo como “gesto simbólico de fraternidade e reconciliação”, são indicações fortes de como a História pode (e deve) intervir no mundo contemporâneo, para além do arquivo.

Em nome da academia e em reconhecimento do seu contributo valioso, gratidão pelo seu trabalho.

Espero que esta reflexão inspire novas pesquisas que sigam a mesma linha — exigente no método, audaz no tema e sensível ao impacto histórico-social.

CONSTANÇA CEITA
Professora Catedrática

Regente da Cadeira de História de Angola
Faculdade de Ciências Sociais — Universidade Agostinho Neto

Fernando Kawendimba comenta o significado das lágrimas durante o Estado da Nação

Fernando Kawendimba comenta o significado das lágrimas durante o Estado da Nação

O psicólogo e escritor analisa o momento emocional de João Lourenço e reflete sobre a dimensão humana do poder na República de Angola

A plataforma AUTORES.club partilha um vídeo de Fernando Kawendimba: YouTube

No vídeo, o psicólogo clínico e escritor angolano Fernando Kawendimba comenta as imagens do Presidente da República de Angola, general João Lourenço, emocionado e em lágrimas após proferir um discurso sobre o Estado da Nação, que se prolongou por mais de três horas na Assembleia Nacional.

Um momento raro e revelador

As imagens do chefe de Estado a chorar após o discurso, amplamente divulgadas nas redes sociais e nos meios de comunicação, geraram inúmeras interpretações políticas e emocionais.
Fernando Kawendimba, com a sua experiência como médico psicólogo em Angola, oferece uma análise serena e profissional sobre o que tal gesto pode simbolizar, não apenas para o Presidente, mas para o país.

No seu comentário, sublinha a importância de compreender o contexto emocional e humano por detrás do poder, lembrando que as figuras públicas também são atravessadas por fragilidades, pressões e emoções profundas.

Entre a psicologia e a literatura

ernando Kawendimba é autor de Mãe Nossa que Sois o Céu – Contos, publicado em novembro de 2020 pela Perfil Criativo | AUTORES.club e pela Alende – Edições.
O livro percorre os territórios da fé, da dor e da esperança através de narrativas breves, revelando uma escrita intimamente ligada à condição humana, o mesmo olhar atento que o autor transporta para a sua prática clínica e para este comentário sobre o discurso presidencial.

Encomendar livro na Bertrand: https://www.bertrand.pt/livro/mae-nossa-que-sois-o-ceu-fernando-kawendimba/24590264

Presença em Luanda representando a editora

12 de agosto de 2025, Fernando Kawendimba representou a Perfil Criativo | AUTORES.club no lançamento do terceiro volume da trilogia Os Bantu na Visão de Mafrano – Quase Memórias, de Maurício Francisco Caetano (Mafrano), no auditório da ENAPP, em Luanda.
A sua presença reafirmou o compromisso da editora com a promoção do pensamento e da literatura angolana contemporânea, com base na democratização do conhecimento.

Apresentação do terceiro volume da colectânea de Mafrano em Luanda
Apresentação do terceiro volume da colectânea de Mafrano em Luanda

Sobre o discurso do Estado da Nação ver editorial do jornal Expansão

Jornal de Angola revela segredo “42.4 – A Voz dos Dibengo”

Jornal de Angola revela segredo “42.4 – A Voz dos Dibengo”

Assim se faz a História – Um (re) encontro histórico e emotivo

POR TAZUARY NKEITA

Quarta-feira, dia 10 de Setembro, tive um encontro verdadeiramente histórico, na Clínica Girassol, em Luanda.

JOAQUIM FÉLIX, na foto ao lado, conversava animadamente na sala de espera com um suposto conhecido seu… E, recordava os anos de escola na então Dom João II, adjacente ao EX-LICEU SALVADOR CORREIA DE SÁ E BENEVIDES… como ele próprio pronunciava, com o indescritível prazer e alegria, claramente envaidecido por haver lá estudado desde os tempos de caloiro!

Durante a conversa, recordava que vivia nas imediações do extinto «Ngola Cine»; que frequentava assiduamente o antigo «Cinema São Domingos»; evocou muitos dos filmes que havia lá visto, tais como o «Adivinha quem vem jantar?», «Sete contra todos», etc., etc.; e relatava também para o seu interlocutor:

«Eu ia e vinha a pé da escola para casa, todos os dias….».

Não resisti.

Levantei-me e fui cumprimentá-lo, apresentando-me. Tudo batia certo e muitos dos factos coincidiam com o que eu tinha na memória.

Joaquim Félix tinha sido meu colega de Escola, precisamente na ex-«Dom João II», naqueles saudosos anos 60’s…, em Luanda!!!

No fim da longa conversa, antes de entrar para a sua consulta de CARDIOLOGIA, o Félix, 71 anos, completados no passado dia 16 de Junho, hoje morador no bairro Benfica e ex-jogador do Sporting da Maianga, disse-me energicamente:

«Afinal, somos amigos há muitos anos…!!!»

Emocionado, convidei-o para o próximo lançamento da segunda edição do meu primeiro livro «42.4 – A VOZ DOS DIBENGO», editado pela primeira vez em Junho 2001, mês do seu aniversário, a partir de crónicas posteriormente romanceadas que fui publicando no «Jornal de Angola» e no extinto semanário «ANGOLENSE», ao longo dos anos 1976 e 2001.

«A VOZ DOS DIBENGO – Crónicas Romanceadas» vai ser reeditado em 2025, ano do 50º Aniversário da Independência de Angola, pela Editora «Perfil Criativo» por sugestão e insistência do escritor Tomás Lima Coelho. Nele, falo precisamente, dentre outros temas, da «MEMÓRIA DOS ANOS 60’S» e das idas à escola, naqueles tempos, com os famosos ténis «Dibengo» nos pés …, suportando os insultos, dia a dia, por usar calçado sem fama nem classe!!!

E mostrei, ao Joaquim Félix, a capa desse livro, com essa extraordinária pintura que foi uma oferta generosa da artista plástica angolana Marcela Costa.

Assim se faz a História!

Sismo

Sismo

Lago de lava do vulcão Nyiragongo

TEXTO DE FRANCISCO VAN-DÚNEM | IMAGEM DE CARSTEN PETER / NAT GEO IMAGE COLLECTION

Sismos em Portugal. Acontecem no Sul de Portugal apanhando as regiões de Lisboa, Algarve e Faro e também as regiões espanholas próximas.

Lisboa já tem um historial tenebroso. No ano mil setecentos e cinquenta e cinco, no tempo do Marques de Pombal, Lisboa foi completamente arrasada por um violento sismo seguido de maremoto (tsunami).

Por essa razão Lisboa, e Portugal em geral não tem arranha-céus. Mas esses sismos têm proveniência no extremo noroeste de África, ali para os lados de Marrocos onde acontecem fenómenos tectónicos compressivos associados com a formação de cadeias montanhosas, como é o caso das montanhas do Atlas.

É nessas proximidades onde ocorrem os epicentros dos sismos cujas ondas se espalham pelo sul de Portugal indo até Espanha.

O sismo que ocorreu a 26 de agosto de 2024, de 5.3 de magnitude na escala de Ritcher é considerado moderado. Mas Portugal e Lisboa particularmente não está livre de sofrer um abalo sísmico demolidor como já aconteceu no tempo do marquês de Pombal.

Sismo que vitimou muita gente e deixou Lisboa completamente destruída. A natureza às vezes prega-nos partidas em alturas em que nunca sabemos quando as mesmas podem acontecer.

Angola também tem uma zona sismica associada a uma grande falha que corta o país a sul, vai até às Lundas e alcança a República Democrática do Congo (RDC). Felizmente para os angolanos os fenómenos tectónicos são distensivos e não compressivos.

Essa grande falha que corta o nosso país e a RDC está associada à ocorrência de quimberlitos, rochas mãe dos diamantes. Associada aos fenómenos de distensão (placas que se afastam) está a ocorrência de vulcões. O vulcão que existe em Boma na RDC quando acorda lança lavas e cinzas que tem matado muitos dos nossos irmãos congoleses.

Toda Lisboa pode sofrer com um sismo violento. Mas a parte baixa que está junto ao mar como a zona do Cais Sodré é que pode sofrer mais porque esses sismos quando o epicentro é no mar, ocorrem também tsunamis que complica ainda mais a situação. Foi o caso do sismo que abalou Lisboa em 1755.