Corte do Rei do Huambo presente na apresentação de «Os Bantu na Visão de Mafrano – Quase Memórias»
Foi apresentado na Biblioteca Provincial do Huambo o segundo volume da colectânea «Os Bantu na Visão de Mafrano – Quase Memórias» (Ed. 2023), de Maurício Francisco Caetano (1916-1982). Esta apresentação a cargo do historiador, antropólogo e linguista angolano, Prof. Dr. Venceslau Casese, contou com a presença de várias individualidades onde se destacou o Rei do Huambo.
Notícia da ANGOP “Livro “Os Bantu na visão de Mafrano” apresentado no Huambo“: A agência de notícias refere que durante a apresentação do livro, o historiador Venceslau Casese disse que a obra é uma visão completa dos povos africanos “Bantu”, desde a sua génese linguística à identidade cultural. Acrescentou que o livro narra a caracterização dos africanos, independentemente da sua zona de origem, que têm como hábitos a partilha dos momentos de alegria e de tristeza, usos e costumes, com a noção da preservação dos valores sagrados e da vida. Em breves declarações, o jornalista José Caetano, um dos filhos de Mafrano, disse que a obra é uma recolha de textos de antropologia cultural de várias regiões de Angola, sobretudo, nas províncias do Bengo, Cabinda, Cuanza-Norte, Luanda e Malanje, para além de algumas referências históricas do Planalto Central.
Muitas palmas para a brilhante intervenção de Venceslau Casese: “Mafrano mostrou que temos uma cultura comum”!
Prof. Dr. Venceslau Casese
Apresentação do segundo volume de «Os Bantu na Visão de Mafrano – Quase Memórias», extractos da intervenção do Prof. Dr. Venceslau Casese (*)
Quero, em primeiro lugar, saudar Sua Majestade o Rei do Huambo; a ilustre família Mafrano e, finalmente, saudar de igual modo a todas e todos os presentes!
Agradeço em ter sido convidado a apresentar esta magna obra e também agradecemos em ter sido contemplada a província do Huambo para colher este acto de apresentação da obra do Sr. Maurício Francisco Caetano, “Mafrano”, num dia em que comemoramos mais um aniversário da Libertação da África Austral.
Maurício Francisco Caetano é uma figura que se deu à grande pesquisa da cultura dos povos Bantu, à semelhança de outras ilustres figuras como Carlos Estermann, Heli Chatelin, Óscar Ribas, Raúl Altuna, Mário Milheiros, dentre outros tantos.
Em poucas palavras, podemos dizer que Mafrano tocou em todos os aspectos da vida dos Bantu, desde a dimensão social, cultural, política, religiosa e até mística.
Como dominador da cultura greco-latina faz um paragono, ou comparação, entre a concepção do mundo negro-bantu e a indo-europeia, sobretudo no concernente a mitos, mitologias, lendas, ciências, técnicas, tecnologias; filosofias e outros saberes da vida, chegando à sublime conclusão de que o que nos separa é muito insignificante. Com esta abordagem, desabam por terra os preconceitos contra os ditos aborígenes, como seres desprovidos de valências humanas como acontece com outros seres humanos de outras latitudes ou geografias.
Mafrano considerado, como um dos maiores senão mesmo o maior antropólogo de Angola, por sua Reverendíssima Dom Zacarias Kamwenho, constitui motivo de orgulho para Academia Angolana e exemplo a seguir para os estudantes de diversos níveis e para o escol de investigadores de Ciências Sociais, Filosóficas, Antropológicas, Culturais e quiçá Humanas no seu verdadeiro sentido.
Parabéns família Mafrano, parabéns Angola e parabéns África Negro-bantu, em particular.
Feito no Huambo aos 23 de Março de 2024.
VENCESLAU CASESE
(*) Historiador, antropólogo e linguista.
Os elogios à obra de Mafrano pelo Chefe do Departamento da Cultura do Governo do Huambo. Na mesa de honra, da esquerda à direita: Venceslau Casese, Apresentador; Mariana Caetano, filha mais velha do autor, e Pascoal Nhanga, Chefe do Departamento de Cultura do Governo Provincial do Huambo
O Rei do Huambo, Sua Majestade Artur Moço
Com Inês Bandua membro da corte do Rei do Huambo e soba do Bairro da Chiva.
À direita, o Prof. Dr. Venceslau Casese, apresentador da obra