Archives em Março 8, 2024

Faleceu o poeta Adelino Torres.

Faleceu o poeta Adelino Torres.

POR TOMÁS LIMA COELHO

Perdi um amigo.

A sociedade perdeu um resistente antifascista, um economista, um professor, um ensaísta.

E um poeta, que era como ele gostaria de ser recordado quando partisse, confidenciou-me um dia.

Retenho o tempo que passei ouvindo-o falar de Angola, da resistência ao colonialismo, das clandestinidades, dos episódios em Argel e Paris, da sua vida de docente em França, país que lhe concedeu a nacionalidade.

Ou ainda o entusiasmo com que me falava dos filósofos africanos, de quem era estudioso e um profundo conhecedor, sendo ele também um filósofo, conforme se avalia num poema seu que aqui deixo.

E expresso a minha eterna gratidão pela sua generosidade em ter prefaciado e participado na apresentação do meu trabalho sobre os Autores e Escritores de Angola, na sede da CPLP em 2016.

Estamos juntos, Adelino Torres, meu amigo poeta.

INUTILIDADE

A questão dos mortos que morreram,

o que lhes acontece e para onde vão

é um dilema filosófico

sem alcance nem utilidade,

tão inútil como um sonho

que se desvaneceu ao acordar.

Ocupemo-nos antes dos vivos

da dor e do remorso

que podem ser recuperados

quando alguma coisa vale a pena.

(in Vida Breve, 2016)


Informação sobre as cerimónias fúnebres:

Domingo (10 de março), das 17h00 às 22h00: Velório na Capela Mortuária da Igreja da Parede
Segunda-feira (11 de março), das 13h30 às 15h00: Homenagem na Capela Mortuária da Igreja da Parede; às 16h00: Crematório de Rio de Mouro, Sintra

Fonte: ISEG