Archives em Novembro 18, 2021

Investigador angolano abre portas de histórico arquivo colonial

Investigador angolano abre portas de histórico arquivo colonial

17 de Novembro de 2021 — O Prof. Doutor Carlos Mariano Manuel foi recebido pelo Prof. Eng. Luís Aires-Barros, presidente da Sociedade de Geografia de Lisboa para entrega oficial da sua monumental obra sobre a História de Angola, publicada em três volumes com o título “Angola: desde antes da sua criação pelos portugueses até ao êxodo destes por nossa criação” (edição 2021).

O autor agradeceu a oportunidade de ter consultado milhares de documentos e mapas preservados nesta instituição, referindo o especial empenho do senhor secretário perpétuo da SGL, Prof. Doutor António Pereira Neto, todos os técnicos envolvidos na gestão do arquivo e em especial a Dr.ª Helena Grego responsável pela biblioteca.

Sobre esta histórica instituição o Prof. Eng. Luís Aires-Barros referiu que “dentro das paredes da Sociedade de Geografia de Lisboa (SGL) guarda-se, ao lado do património imaterial das ideias de Luciano Cordeiro e de Ernesto de Vasconcelos, seus primeiros secretários gerais e dos vários presidentes de António Augusto de Aguiar, a Bernardino Machado ou de Adriano Moreira a Sousa Leitão que a dirigiram firme e sabiamente, um riquíssimo espólio material, logo representado pelos cadernos de campo e demais documentação manuscrita de Serpa Pinto, Roberto Ivens, Hermenegildo Capelo, Henrique de Carvalho, Silva Porto e Gago Coutinho, entre outros.

É todo este património cultural que procuramos estudar, preservar, manter vivo, valorizar.”

Já a Doutora Manuela Cantinho, directora do Museu Sociedade de Geografia de Lisboa, revelou um conhecimento muito pormenorizado sobre Angola e papel dos antigos investigadores do território.

Foi também revelado que há muito pouco tempo esteve uma missão militar de Angola na SGL para obter provas documentais sobre uma parte da fronteira que estaria em disputa com um país vizinho. Mostrando desta forma a importância do trabalho de levantamento cartográfico realizado no século XIX e a sua preservação em arquivo.

No final da sessão o Prof. Doutor Carlos Mariano Manuel recebeu uma mensagem muito positiva para Angola que irá transmitir aos mais altos representantes da República. A visita a esta prestigiada instituição terminou com a visita ao museu e em especial à sala dos “padrões”.

Sobre o Museu

O Museu da Sociedade de Geografia de Lisboa abriu pela primeira vez as suas portas ao público em 1884. Criado com uma ênfase colonial integrou desde o primeiro momento a componente etnográfica.
Em 1892 as colecções do então Museu Colonial de Lisboa, até aí sob a tutela da Secretaria de Estado da Marinha e Ultramar, foram incorporadas no Museu que a SGL estava a desenvolver desde 1875.

Ao longo dos cerca de 140 anos de existência o Museu tem vindo a enriquecer as suas colecções, embora o período entre 1875 e 1900 deva ser destacado como um dos mais importantes. Este caracterizou-se por uma política de aquisições, com contextos de recolha diversificados: de missionários, comerciantes, exploradores, militares ou ainda no âmbito das exposições internacionais dos meados e finais de Oitocentos. Colecções que traduzem de uma forma significativa a presença portuguesa em zonas tão diversas como Angola, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau, Timor e Macau.
De entre o valioso acervo museológico destacamos, entre outras, as colecções Henrique de Carvalho, César Augusto Gomes Ribeiro e Pereira Marques, ou ainda conjuntos artefactuais de diversos grupos culturais: Chokwé, Luba, Kongo, Tsonga ou Bijagó.
O Museu detém no seu acervo um grande número de objectos de arte – mobiliário, pintura, escultura, painéis de azulejos e vitrais – assim como, alguns instrumentos científicos, espólios de militares, exploradores e sertanejos.

Aula magna sobre a Conferência de Berlim na Universidade do Minho

Aula magna sobre a Conferência de Berlim na Universidade do Minho
Aula magna realizada a 5 de Novembro de 2021

Após a constituição em 1871 do primeiro império alemão sob o impulso do Chanceler Otto von Bismark e do imperador Guilherme I, este estado tratou de gerar acomodação em África, criando a África Alemã ocidental (Deutsch – Westafrika), representada atualmente pelos Estados pós-coloniais do Togo e dos Camarões, a África Alemã Oriental (Deutsch – Ostafrika) convertida actualmente no Tanganika, Ruanda e Burundi e, finalmente, o Sudoeste Aficano (Suedwest – AfriKa), que é a atual Namíbia. Os outros Estados atuais da África Central e Austral foram consignados à França, Bélgica, Portugal e Inglaterra, em processos negociais bilaterais que se realizaram entre si, sem participação dos Povos nativos nem consideração das suas realidades identitárias e aspirações. Este processo constitui o fundamento da existência dos Estados pós-coloniais modernos constituídos por múltiplos povos e tem reflexo na realidade política contemporânea em África, pelo que a Aula Aberta revisitará a Conferência de Berlim sobre África e os seus efeitos correntes nas regiões central e austral do continente berço.

Aula magna com o Prof. Doutor Carlos Mariano Manuel realizada a 5 de Novembro, pelas 14h00, no Auditório do Edifício 16 do campus de Gualtar. Esta sessão organizada foi pelo Doutoramento em Estudos Culturais, em parceria com o Seminário Permanente de Estudos Pós-colonial e o Seminário Permanente de Comunicação e Diversidade.

Áudio da aula magna na Universidade do Minho realizada a 5 de Novembro de 2021

Carlos Mariano Manuel é Professor Catedrático de Patologia, Investigador de História e Autor da História Geral de Angola (edição de 2021, três tomos e 2300 páginas). O facto de ter nascido no epicentro da região em Angola onde a historiografia portuguesa marca o início do conflito do ultramar e o ulterior seu exercício em África e na Europa da prática e ciência de Hipócrates levaram-no a se interessar pela História de Angola e Contemporânea Gerais. Testemunhou a eclosão da insurreição geral de 1961 na sua cidade natal no norte de Angola, atos ocorridos entre 1983 -1986 no planalto central de Angola enquadrados no conflito fratricida pós-independência e a queda do Muro de Berlim em 9 de novembro de 1989, acontecimento que constituiu o epílogo do período da Guerra Fria e iniciou uma nova ordem política geral e em especial no continente africano. Frequentou como estudante livre na Universidade de Humboldt nos anos de 1992 – 1994 História Moderna e Contemporânea. Realizou conferências e publicou temas sobre História de Angola em Angola e em Portugal, que culminou com a publicação da obra acima citada.