Luanda, 28 de Março de 2024 – A escritora moçambicana, Paulina Chiziane, actualmente em Luanda como convidada do «Terceiro Encontro dos Jovens Investigadores da CPLP», confessou-se esta manhã como grande admiradora da obra sobre a antropologia cultural Bantu do escritor e etnólogo angolano Maurício Francisco Caetano, “Mafrano”. Paulina Chiziane vincou a sua grande paixão, confessando que o autor angolano faz-lhe lembrar as histórias contadas em privado pelo seu pai, nascido em 1914, e dois anos mais velho do que o autor angolano. «Leio com muito agrado os dois volumes até hoje publicados sobre os textos que deram origem a «Os Bantu na visão de Mafrano – Quase Memórias», e recordo os tempos difíceis que também eram narrados pelo meu pai. É louvável que Mafrano tenha tido a coragem de publicar tudo isto em jornais, em plena era colonial», disse ela. Paulina Chiziane esteve pela última vez em Dezembro de 2023 na cidade do Lubango, para apresentar esta obra na Missão Católica da Huíla. A escolha da Missão Católica da Huíla justificou-se por um duplo significado histórico: por um lado, foi aí onde estudou o cónego José Pereira da Costa Frotta, o sacerdote santomense que foi tutor de Maurício Francisco Caetano, “Mafrano”, e, por outro lado, trata-se de um Monumento Histórico e Património Nacional. A oportunidade serviu também de pretexto para colocar lado a lado a escritora moçambicana, laureada com o prémio Camões 2021, e Dom Zacarias Kamwenho, arcebispo emérito do Lubango, laureado com o prémio Sakharov 2001 e autor do prefácio da colectânea «Os Bantu na visão de Mafrano».
A escritora moçambicana, Paulina Chiziane, foi a convidada especial da cerimónia de apresentação do volume II da colectânea póstuma “Os Bantu na visão de Mafrano”, marcada para 5 de Dezembro, terça-feira, na Missão Católica da Huíla.
Dom Zacarias Kamwenho, arcebispo emérito do Lubango, e a escritora mocambicana Paulina Chiziane na apresentação do volume II da colectânea “Os Bantu na visão de Mafrano” na Missão Católica da Huíla. Situada a 16 km do Lubango, a Missão Católica da Huíla tem um duplo significado histórico: trata-se de um monumento classificado como Património Nacional e também foi lá onde estudou o reverendo cónego José Pereira da Costa Frotta, um sacerdote oriundo de São Tomé e Príncipe que foi pároco do Santuário da Muxima, em Luanda, em 1908; fundador da Freguesia de Cambambe no Dondo (Província do Cuanza Norte); fundador da Escola da Missão Católica do Dondo; pároco da Igreja do Carmo, em Luanda e tutor de Maurício Francisco Caetano, “Mafrano”, o autor desta obra, então órfão com 6 anos de idade. Ao cónego José da Costa Frotta foi prestada uma homenagem no Seminário da Missão Católica da Huíla, onde educou Mafrano na Escola da Missão Católica do Dondo e no Seminário de Luanda.
Paulina Chiziane: “A visão de Mafrano sobre os Bantu é uma obra ímpar para todas as gerações”. A escritora mocambicana teceu elogios à visão antropológica de Mafrano que deixou os presentes sem palavras.
Estudantes moçambicanas na Huíla nas boas-vindas à Paulina Chiziane
Paulina Chiziane cumprimentando o reitor do Seminário da Missão Católica da Huíla e o Vigário Geral da Diocese do Lubango
Vista parcial da assistência na Missão Católica da Huíla
Lubango (Angola), 27 de Novembro de 2023 – A presença da escritora moçambicana Paulina Chiziane na capital da Huíla, entre os dias 4 e 6 de Dezembro deste ano, vai ser um pretexto para se acelerar a apresentação do Volume II da colectânea «Os Bantu na visão de Mafrano», a ter lugar na Missão Católica da Huíla, a 16 quilómetros do Lubango.
Contactos neste sentido foram desenvolvidos entre a família do autor e as autoridades eclesiásticas da Província da Huíla, culminando com a escolha do dia 5 de Dezembro, às 17:00, como a data e hora indicadas para um evento preparado em estreita coordenação com a equipa da escritora Paulinha Chiziane e os demais intervenientes. A escolha da Missão Católica da Huíla justifica-se pelo seu duplo significado histórico: por um lado, foi aí onde estudou o cónego José Pereira da Costa Frotta, o sacerdote santomense que foi tutor de Maurício Francisco Caetano, “Mafrano”, e, por outro lado, trata-se de um Monumento Histórico e Património Nacional, além de ser um Seminário! Espera-se também que a apresentação da obra de Mafrano coloque lado a lado a escritora moçambicana, laureada com o prémio Camões 2021, e Dom Zacarias Kamwenho, laureado com o prémio Sakharov 2001 e autor do prefácio da colectânea «Os Bantu na visão de Mafrano».
A apresentação da obra de Mafrano na Huíla esteve inicialmente agendada para Julho deste ano, mas foi sucessivamente adiada por coincidir com o Festival Mundial da Juventude, realizado na mesma altura, em Lisboa, e no qual a diocese da Huíla também se fez representar. De Julho até à data, uma série acontecimentos e compromissos, de ambas as partes, acabaram por adiar a apresentação desta obra póstuma que já se transformou num novo ícone da antropologia social em Angola e além fronteiras.
A escritora moçambicana chegou domingo à noite, dia 26, a Luanda como convidada do Congresso da Ordem dos Engenheiros de Angola. Paulina Chiziane havia já acolhido com muito interesse um projecto para se levar o volume II da colectânea póstuma de Mafrano até Maputo, numa iniciativa que envolve amigos da família do autor e a Associação dos Escritores Moçambicanos (AEMO).
Paulina Chiziane, 68 anos, iniciou a sua atividade literária em 1984, com histórias publicada na imprensa do seu país, muitas das quais sobre assuntos sociais polémicos como é o caso da poligamia em Moçambique e, «grosso modo», em África. A sua bibliografia inclui outras obras como «Balada de amor ao vento» (1990), «Ventos do apocalipse» (1993), «O Sétimo Juramento» (2000), «O Alegre Canto da Perdiz» (2008) e «As Andorinhas» (2009).
Em 2003, a escritora moçambicana conquistou o prémio José Craveirinha da Literatura, com o romance «Niketche», e em 2021, tornou-se a primeira mulher a ser distinguida com o Prémio Camões, a mais prestigiosa distinção conferida a escritores de Língua Portuguesa. Maurício Caetano, “Mafrano”, era um menino órfão, com seis anos, quando o Cónego José Pereira da Costa Frotta levou-o para a Escola da Missão Católica do Dondo e, mais tarde, para o Seminário de Luanda, onde completou os seus estudos. Depois de concluir os estudos em terras angolanas, o Cónego José Frotta, foi ordenado sacerdote, em 1905, em São Tomé e Príncipe, e regressou novamente para Angola para onde trabalhou até aos seus últimos dias, falecendo em Luanda aos 29 de junho de 1954. José Pereira da Costas Frotta foi pároco da Muxima e da Igreja do Carmo, em Luanda, fundador da freguesia de Cambambe e da escola da Missão Católica do Dondo (Província do Cuanza-Norte).