O MNAA fora de portas!

O MNAA fora de portas!

Já abriu a exposição temporária «BOBA KANA MUTHU WZELA: AQUI É PROIBIDO FALAR!» do artista JRicardo Rodrigues patente no Palácio de Ferro, em Luanda, até 10 de maio 2022.

Passaram pela mostra os senhores ministros da cultura de Angola e Portugal.

A exposição da autoria de João Ricardo Rodrigues, tendo sido organizada pelo Museu Nacional de Arte Antiga/Direção-Geral do Património Cultural, onde teve a primeira apresentação entre os dias 20 de outubro de 2021 e 30 de janeiro de 2022, tem nesta nova apresentação em Luanda o apoio do Gabinete de Estratégia, Planeamento e Avaliação Culturais do Ministério da Cultura e do Instituto Camões do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

Produzida pelo MNAA é apresentada em Luanda por ocasião da Luanda Capital da Cultura da CPLP – 2022.

Rádio Nacional de Angola
Visita de ministros da CPLP à exposição com o título em kimbundo, BOBA KANA MUTHU WZELA, acompanhados pelo Ministro da Cultura, Turismo e Ambiente da República de Angola, Prof. Doutor Filipe de Pina Zau.
Visita do embaixador de Portugal, Francisco Alegre Duarte, à exposição “Aqui é Proibido falar!” instalada no Palácio de Ferro, em Luanda.
Aminata Goubel

Boba Kana Muthu Wzela: Aqui é Proibido Falar!

Boba Kana Muthu Wzela: Aqui é Proibido Falar!

Exposição temporária no Museu Nacional de Arte Antiga | Local da exposição: Sala dos Passos Perdidos (piso 0)

De 22 de outubro de 2021 a 9 de janeiro de 2022, a Sala dos Passos Perdidos do Museu Nacional de Arte Antiga recebe a exposição Boba Kana Muthu Wzela: Aqui É Proibido Falar! do artista JRicardo Rodrigues.
Numa reflexão sobre uma memória esquecida ou apagada da cultura portuguesa, a exposição parte do antigo bairro quinhentista do Mocambo (atual Madragoa), nas imediações do qual o MNAA veio a instalar-se no século XIX, para um exercício de imaginação que propõe um outro olhar sobre a presença e heranças africanas em Portugal. Reunindo onze obras das diferentes séries do projeto artístico Revelar a Memória a partir do Esquecimento, que JRicardo Rodrigues iniciou em 2010 como ensaio visual sobre o século XVIII português, a exposição dialoga também com a tradição artística europeia presente nas salas do MNAA. Em encenações fotográficas de grande formato, reconfigura-se a memória a partir da ausência, cruzando o passado com a contemporaneidade e questionando continuidades e contrastes.

O bairro do Mocambo e as línguas de Angola


Situado já fora da cerca fernandina, o bairro do Mocambo foi o local onde se instalou uma parte significativa da população africana da Lisboa quinhentista, embora hoje pouco reste dessa memória, desconhecida para grande parte dos lisboetas. A própria toponímia do Bairro, renomeado Madragoa no século XIX, já não apresenta vestígios dessa presença africana, que se foi tornando cada vez mais minoritária com as transformações da cidade e a maior fixação de outras populações. Lugar de diferentes culturas e personagens, a memória do desaparecido Mocambo é chamada a esta exposição por meio de uma série de retratos imaginados (como no caso de Henrique Dias), mas também pela evocação das línguas de Angola, que nele se expressavam com maior liberdade: o umbundu, língua de origem do nome do bairro, e o kimbundu, usado no título da exposição.

O diálogo com a coleção do MNAA e um Marquês com raízes africanas


Dialogando com a coleção do MNAA, as obras em exposição inspiram-se nos modelos da pintura europeia dos séculos XVII e XVIII, que o artista reclama como referências. É o caso de Liberdade, que na sua encenação cita abertamente Eugène Delacroix. Mas essa proximidade visual é rapidamente contrariada ou subvertida: não apenas pela modernidade da técnica fotográfica mas, sobretudo, pelas figuras que JRicardo Rodrigues escolhe como sujeitos de representação. Aqui, figuras africanas ou de pele negra não estão reduzidas a um anonimato ou a um papel subalternizado nem caricaturadas como ornamento decorativo, como se observa nas poucas obras da coleção do MNAA onde surgem representadas. Ainda que imaginadas ou com carácter alegórico, as personagens criadas pelo artista têm uma individualidade e uma humanidade, por vezes até uma biografia. É o caso do Marquês de Pombal (em Sebastião José de Carvalho e Melo, primeiro conde de Oeiras, Marquês de Pombal, estadista e quinto neto da rainha Ginga), cuja ascendência africana, sugerida num soneto satírico que circulava no final do século XVIII, foi o mote para um retrato que inaugurou o projeto maior do artista, e que nesta exposição ocupa um lugar de destaque.

Sobre JRicardo Rodrigues


JRicardo Rodrigues (Angola, n. 1964) nasceu ao largo da Ilha de Santa Helena, numa língua de terra que penetra no mar há muito conhecida por Catumbela das Ostras, ou “olu pitu”, o passadiço das caravanas de Benguela.
Hoje a viver e a trabalhar no centro histórico de Lisboa, procura descobrir pela imagem os segredos da cidade e a Alma dos seus protagonistas. Os projectos apresentados fundem a fotografia no desenho e na pintura apresentando uma abordagem radical, sempre na busca do Surrealismo, o “último instante de inteligência europeia”, conforme referiu Walter Benjamin. São obras de intenção artística, exclusiva do autor.
Fontes de inspiração: Hieronymus Bosch, Durer, Jean-Léon Gérôme, Mark Rothko, Man Ray, Fernando Lemos, Claude Verlinde, Gregory Crewdson, Ernest Pignon-Ernest, Felini e muitos outros.

Catálogo da Exposição

PROGRAMAÇÃO PARALELA


Conferência
No dia 22 de outubro, pelas 17h, terá lugar no Auditório do MNAA a palestra “A criação da colónia de Angola e a Batalha de Ambuíla”, pelo Prof. Carlos Mariano Manuel, autor da obra Angola: Desde antes da sua Criação pelos Portugueses até ao Êxodo destes por nossa Criação (que terá lançamento oficial no Padrão dos Descobrimentos no dia 29 de outubro).
Entrada livre limitada à capacidade da sala de acordo com as normas da DGS.

Espetáculo teatral
Sessões:
Quinta-feira, 11 novembro 2021, 19h00
Sábado, 13 novembro 2021, 21h00


Antígona’19
Esta é uma Antígona inserida no século XXI, em plena pandemia, que vê os cidadãos sofrerem a injustiça exercida por um poder agressivo, ao serem enterrados numa vala, sem cerimónias fúnebres.
Antígona sofre e sonha com um país onde o Humanismo pode manifestar-se em todo o seu esplendor, enquanto enfrenta a ira e a ironia de quem se impõe através  de um poder avassalador e injusto.
Mesmo morrendo, Antígona marca a diferença pelas suas ações e pelos seus manifestos, pelos sonhos e pela vontade crescente de uma mudança que começa a nascer nas pontas dos seus dedos.
Um espetáculo com encenação de Lina Paula e interpretação de Thiago Justino. Integrado no programa paralelo da exposição temporária: Boba Kana Muthu Wzela: Aqui é Proibido Falar!
Auditório
Entrada paga limitada à capacidade da sala de acordo com as normas da DGS.

Visitas
Na programação, destacam-se as visitas para escolas do 3º ciclo e Secundário e professores (sujeitas a marcação: se@mnaa.dgpc.pt), e visitas/encontros com o artista destinadas ao público geral (a anunciar brevemente).

Catálogo
A exposição será acompanhada por um catálogo, onde se reproduzem as obras expostas e outras obras de Revelar a Memória a partir do Esquecimento, contextualizando a sua produção.
O catálogo estará disponível para venda ao público.

Sobre o Museu Nacional de Arte Antiga


Criado em 1884, o MNAA – Museu Nacional de Arte Antiga alberga a mais relevante coleção pública do país: pintura, escultura, artes decorativas – portuguesas, europeias e da Expansão –, desde a Idade Média até ao século XIX, incluindo o maior número de obras classificadas como «tesouros nacionais», assim como a maior coleção de mobiliário português. São também de grande relevância no acervo, nos diversos domínios, algumas obras de referência do património artístico mundial, não só na pintura, mas também no âmbito das suas coleções de ourivesaria, cerâmica, têxteis, vidros e ainda desenhos e gravuras.
Em exposição permanente, destaca-se a sala dedicada à história dos presépios portugueses, articulada com a Capela das Albertas, joia do Barroco nacional, que é composta por mais de duas dezenas de obras, incluindo presépios completos e esculturas avulsas, na qual se podem encontrar desde os mais antigos fragmentos de figuras em barro até aos grandiosos conjuntos conventuais e palacianos, da autoria dos mais reputados escultores, desde o século XVI ao século XIX.
No acervo do MNAA, destacam-se os Painéis de São Vicente, de Nuno Gonçalves, obra-prima da pintura europeia do século XV, a Custódia de Belém, de Gil Vicente, mandada lavrar por D. Manuel I e datada de 1506, os Biombos Namban, do final do século XVI, registando a presença dos portugueses no Japão, Tentações de Santo Antão, de Bosch, exemplo máximo da pintura flamenga do início do século XVI, São Jerónimo, de Dürer, inovadora representação do Santo, e importantes obras de Memling, Rafael, Cranach ou Piero della Francesca. Destaque ainda para a Custódia da Bemposta, uma das mais ricas peças da ourivesaria barroca portuguesa, a escultura de Santa Ana Ensinando a Virgem a Ler, da autoria de Joaquim Machado de Castro, o mais importante escultor do período barroco português, ou a Baixela Germain, um impressionante serviço de mesa do século XVIII encomendado por D. José I à famosa oficina parisiense de Thomas Germain, o ourives de Luís XV.

Exposição: BOBA KANA MUTHU WZELA | Aqui é proibido falar!

Exposição: BOBA KANA MUTHU WZELA | Aqui é proibido falar!

De 22 de outubro de 2021 a 9 de janeiro de 2022, a Sala dos Passos Perdidos do Museu Nacional de Arte Antiga recebe a exposição Boba Kana Muthu Wzela: Aqui É Proibido Falar! do artista JRicardo Rodrigues.
Numa reflexão sobre uma memória esquecida ou apagada da cultura portuguesa, a exposição parte do antigo bairro quinhentista do Mocambo (atual Madragoa), nas imediações do qual o MNAA veio a instalar-se no século XIX, para um exercício de imaginação que propõe um outro olhar sobre a presença e heranças africanas em Portugal. Reunindo onze obras das diferentes séries do projeto artístico Revelar a Memória a partir do Esquecimento, que JRicardo Rodrigues iniciou em 2010 como ensaio visual sobre o século XVIII português, a exposição dialoga também com a tradição artística europeia presente nas salas do MNAA. Em encenações fotográficas de grande formato, reconfigura-se a memória a partir da ausência, cruzando o passado com a contemporaneidade e questionando continuidades e contrastes.

O bairro do Mocambo e as línguas de Angola
Situado já fora da cerca fernandina, o bairro do Mocambo foi o local onde se instalou uma parte significativa da população africana da Lisboa quinhentista, embora hoje pouco reste dessa memória, desconhecida para grande parte dos lisboetas. A própria toponímia do Bairro, renomeado Madragoa no século XIX, já não apresenta vestígios dessa presença africana, que se foi tornando cada vez mais minoritária com as transformações da cidade e a maior fixação de outras populações. Lugar de diferentes culturas e personagens, a memória do desaparecido Mocambo é chamada a esta exposição por meio de uma série de retratos imaginados (como no caso de Henrique Dias), mas também pela evocação das línguas de Angola, que nele se expressavam com maior liberdade: o umbundu, língua de origem do nome do bairro, e o kimbundu, usado no título da exposição.

O diálogo com a coleção do MNAA e um Marquês com raízes africanas
Dialogando com a coleção do MNAA, as obras em exposição inspiram-se nos modelos da pintura europeia dos séculos XVII e XVIII, que o artista reclama como referências. É o caso de Liberdade, que na sua encenação cita abertamente Eugène Delacroix. Mas essa proximidade visual é rapidamente contrariada ou subvertida: não apenas pela modernidade da técnica fotográfica mas, sobretudo, pelas figuras que JRicardo Rodrigues escolhe como sujeitos de representação. Aqui, figuras africanas ou de pele negra não estão reduzidas a um anonimato ou a um papel subalternizado nem caricaturadas como ornamento decorativo, como se observa nas poucas obras da coleção do MNAA onde surgem representadas. Ainda que imaginadas ou com carácter alegórico, as personagens criadas pelo artista têm uma individualidade e uma humanidade, por vezes até uma biografia. É o caso do Marquês de Pombal (em Sebastião José de Carvalho e Melo, primeiro conde de Oeiras, Marquês de Pombal, estadista e quinto neto da rainha Ginga), cuja ascendência africana, sugerida num soneto satírico que circulava no final do século XVIII, foi o mote para um retrato que inaugurou o projeto maior do artista, e que nesta exposição ocupa um lugar de destaque.