
No dia 15 de janeiro de 1975, o Hotel Penina, localizado em Alvor, no Algarve, Portugal, foi o cenário da assinatura do histórico Acordo de Alvor. Este tratado marcou um passo decisivo no processo de descolonização de Angola, garantindo a sua independência após um longo domínio de administração portuguesa.
O acordo foi celebrado entre o governo de Portugal e os três principais movimentos de libertação angolanos: o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) e a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA). Este pacto estabeleceu que a independência de Angola seria formalmente declarada em 11 de novembro de 1975.
Durante o período de transição, um governo provisório foi instituído, composto por representantes das três organizações angolanas e membros da administração portuguesa. O objetivo era preparar o país para a plena soberania, garantindo estabilidade e organização política.
No entanto, as tensões entre os movimentos rapidamente emergiram, dificultando a implementação dos termos acordados. Disputas internas e rivalidades ideológicas levaram a confrontos armados ainda antes da independência, culminando numa guerra civil que perduraria por décadas, com impactos devastadores para o povo angolano.
O Acordo de Alvor simboliza um marco no fim da era colonial em Angola, mas também reflete os desafios de consolidar a unidade nacional no meio de profundas divisões políticas e sociais. Mesmo com as dificuldades subsequentes, a assinatura desse acordo é lembrada como um momento crucial na história de Angola e na luta pela sua independência.
“Queremos construir uma sociedade em que sejam abolidos todos os vestígios de racismo e de tribalismo”
Após a assinatura do Acordo de Alvor, em 15 de janeiro de 1975, António Agostinho Neto proferiu um raro discurso em nome dos três Movimentos de Libertação (MPLA, FNLA e UNITA). Nessa ocasião, ele dirigiu-se ao povo angolano, destacando a importância do acordo e os desafios futuros na construção de uma nação unida e independente. Enfatizou a necessidade de abolir todas as formas de discriminação, racismo e tribalismo, promovendo a harmonia entre todos os componentes da nação angolana “Queremos construir uma sociedade em que sejam abolidos todos os vestígios de racismo e de tribalismo, em que seja destruído o único sinal do colonialismo, em que se estabeleçam as condições necessárias para criar uma harmonia entre todos os componentes da nação angolana e a garantia plena do livre exercício por parte de cada um, dos direitos inalienáveis e das liberdades sagradas dos cidadãos livres de um país livre.”
António Agostinho Neto também ressaltou a importância da unidade entre os movimentos de libertação (MPLA, FNLA e UNITA) e entre todos os angolanos, independentemente de raça ou origem, como garantia para a construção de uma pátria independente e próspera. Declarou: “FNLA, UNITA e MPLA unidos, pretos, mestiços e brancos unidos são a garantia para construirmos uma pátria independente para o povo angolano. A vitória é certa.”
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