Mafrano encanta o Porto
A hospitaleira cidade do Porto, região berço que deu nome a Portugal, de “Portu Cale”, mostrou ao mundo que além imponentes monumentos históricos, construções ancestrais, bom vinho e apreciada gastronomia, que tanto atrai turistas, também sabe acolher, reconhecer e valorizar a cultura de outros povos.
Numa lição soberba de hospitalidade e de organização, a CASA COMUM da centenária Universidade do Porto, edifício construído em 1911, reservou o que de melhor se poderia esperar, ao cair da noite, como ambiente mais adequado e descontraído para a apresentação de uma obra sobre a investigação das raízes e da pré-história da cultura bantu em Angola.
Na universidade do Porto estudam cerca de 30 mil estudantes. A CASA COMUM desta instituição centenária confirmou que é de facto o local propício para uma diversidade de eventos culturais, capaz de fazer convergir académicos e investigadores; jovens e amantes do saber com mais anos de experiência.
Sexta-feira, dia 9 de Agosto, os volumes I e II da colectânea «Os Bantu na visão de Mafrano – Quase Memórias», antropologia cultural, subiram ao pódio da «Casa Comum» desta mais prestigiada universidade portuguesa para que os convidados do dia se aproximassem das ideias, princípios filosóficos e valores da cultura e civilização bantu, perseguidos por Mafrano ao longo da sua trajectória literária.
Além dos dois volumes em suas mãos, os leitores ouviram dissertações de três representantes da família de Maurício Francisco Caetano sobre, nomeadamente, o que foram: a educação do autor, desde a sua infância, por padres católicos; as obrigações profissionais, o seu trabalho de investigação e a colaboração literária de 1947 a 1982 com conceituados jornais e revistas do seu tempo, enquanto escritor e etnólogo; e, no fim, todas as peripécias por que passou nos tempos da censura até a independência de Angola e as habilidades por que passou.
A apresentação esteve a cargo de dois netos e de um dos filhos, nomeadamente Lusíndia Caetano, Hélio Caetano e José Caetano, como mostram as imagens da mesa de honra.
Antes e depois da cerimónia, a «Casa Comum» da UP também fez saber que música e antropologia cultural também andam de mãos dadas e brindou os presentes com a música quimbundo «Kalunga», da fadista Ana Moura.
A canção que em português significa Mar, Morte, foi extraída da plataforma Youtube, e tornou-se viral. Com efeito, a qualidade técnica da cerimónia foi tão alta que muitos dos que mais tarde receberam imagens do evento, emocionaram-se ao ponto de supor que a fantástica fadista portuguesa teria estado pessoalmente na Casa Comum, quando, na verdade, se tratou somente de «play back», a partir do Youtube.
«Com a sua faixa “Kalunga” em língua Kimbundu, mesmo ausente Ana Moura transportou todos para um contexto que despertou sentimentos de uma época em que o Portugal colonial recusava reconhecer o valor das línguas nacionais não só em Angola e nas restantes colónias, mas também idiomas regionais na sua própria metrópole, como o Mirandés», comentaram alguns dos presentes, com uma nota de agradecimento que acrescentava:
«Obrigado a Mafrano pelo conhecimento que nos oferece sobre os Bantu…»