
A apresentação do livro Evangelho Bantu, da autoria do poeta Kalunga, realizou-se conforme previsto às 15h00 do dia 10 de junho, no Auditório Norte da Feira do Livro de Lisboa 2025. Mais do que uma simples apresentação, o momento transformou-se numa rica conversa literária entre o autor, João Fernando André e o editor João Ricardo Rodrigues.
João Fernando André ofereceu à assistência uma envolvente resenha histórica da literatura angolana, começando pelos autores do século XIX, passando pela vibrante geração dos anos 40 do século XX e chegando aos escritores ligados à luta pela independência e à criação da República de Angola. Destacou, com entusiasmo, a emergência da chamada “Nova Poesia de Angola”, rótulo atribuído pela editora Perfil Criativo | AUTORES.club, que vê em Kalunga uma das vozes mais promissoras desta nova vaga.

O diálogo culminou com uma reflexão profunda sobre as línguas regionais de Angola. João André defendeu o português como língua nacional, mas sublinhou a importância de preservar e valorizar as línguas locais. Recordou que, durante o período colonial, existiram jornais escritos em línguas regionais, algo que hoje desapareceu do panorama editorial. Apontou, no entanto, o papel ainda ativo da rádio e televisão na divulgação dessas línguas, lamentando a ausência de imprensa escrita contemporânea nesse domínio.
A plateia da Feira do Livro de Lisboa acompanhou com grande atenção e interesse esta sessão que se revelou um verdadeiro tributo à identidade cultural angolana. No final, Kalunga foi calorosamente aplaudido e recebeu um abraço da escritora angolana Luísa Fresta, num gesto que simbolizou o reconhecimento e a continuidade da tradição literária de Angola.
Nota do Editor: Foi vista uma reconhecida figura pública da área financeira, hoje governador de uma província do Sul, a rondar o auditório onde decorria a apresentação. No entanto, acabou por não ganhar coragem para se juntar ao povo da Feira do Livro de Lisboa para ouvir a excelente intervenção de João Fernando André sobre as culturas de Angola. Ficou uma pergunta no ar: estarão estas elites conscientes da existência da chamada “Nova Poesia de Angola”?
“Venho do Sul, quero conhecer o Norte (…)”



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