Etiqueta em Kalunga

Gonçalves Handyman

Gonçalves Handyman

JORNAL DE ANGOLA

Foi a enterrar no cemitério da Camama, o escritor Gonçalves Handyman Kizela, pseudónimo de Gonçalo Domingos Salvador Quizela, falecido aos 27 anos de idade por afogamento numa das praias de Luanda.

À família consternadíssima juntaram-se no cemitério escritores da geração do malogrado e membros da União dos Escritores Angolanos, que, em nota, já havia exprimido “profunda dor e consternação” pela morte do jovem escritor, professor, designer, editor e animador cultural.

Enquanto editor e designer gráfico Gonçalves Handyman deu mostras do seu talento nos livros-homenagem a Lopito Feijó e João Tala, poetas por cuja obra ele nutria grande admiração. Como escritor publicou no jornal Cultura da Edições Novembro e em antologias digitais da editora Palavra & Arte. Como a maioria dos seus contemporâneos, tinha um enorme domínio das plataformas digitais, onde era bastante activo e deixou uma grande variedade de textos literários.

Gonçalves Handyman Kizela era o símbolo de uma geração de novos escritores que luta pelo reconhecimento do seu talento em meio a enormes dificuldades de publicação e existenciais. Estudante finalista da Faculdade de Humanidades da Universidade Agostinho Neto, era um empreendedor, preocupando-se não só com a publicação dos seus originais mas também de outros escritores, tendo criado a Editora Handyman. Leitor apaixonado e escritor promissor, chegou a participar na oficina literária promovida pelo escritor membro da UEA Gociante Patissa. Era membro do movimento literário Litteragris.

Último encontro no Palácio de Ferro com o falecido Gonçalves Handyman na apresentação do livro "Evangelho Bantu", de Kaluga
Último encontro no Palácio de Ferro com o falecido Gonçalves Handyman na apresentação do livro “Evangelho Bantu”, de Kaluga. O editor João Ricardo Rodrigues escreveu “Ontem estivemos juntos e não chegámos a falar, são estranhos estes encontros e desencontros da nossa Vida. À Família e Amigos de Gonçalves Handyman Kizela, muita força nesta hora difícil. Estaremos sempre juntos!”

“Venho do Sul, quero conhecer o Norte”

“Venho do Sul, quero conhecer o Norte”

Apresentação do poemário “Evangelho Bantu” (Ed.2019), de Kalunga (João Fernando André), pelo escritor e crítico literário Fernando Dhyakafunda, no Palácio de Ferro, em Luanda, na exposição “BOBA KANA MUTHU WZELA | Aqui é Proibido Falar!” de João Ricardo Rodrigues.

O crítico literário Fernando Dhyakafunda revelou que a poesia de Kalunga “carrega no ventre o manifesto Angolano (Africano), mas com os olhos ligados ao universo”, e que “assenta no surrealismo e simbolismo”

Do surrealismo poético de João Fernando André (Kalunga) até ao surrealismo visual de João Ricardo num grande encontro de homenagem à Poesia Angolana, com a crítica do livro “Evangelho Bantu” realizada feita pela estudiosa Edmira Cariango. “Venho do Sul, quero conhecer o Norte” palavras de Kalunga.

Kaluga também ele “objecto” da exposição
“A Liberdade guiando o Povo” (1830) de Eugène Delacroix é a inspiração para a “Liberdade” (2015) em exposição no Palácio de Ferro. “Delacroix retratou a Liberdade, como figura alegórica de uma deusa e como uma robusta mulher do povo. O monte de cadáveres funciona como uma espécie de pedestal, do qual a Liberdade se lança, descalça.” Ontem a República e o papel da Língua foi o tema de início de conversa com um dos participantes mais-velhos.