Etiqueta em falecimento

António Pinto (1937-2024)

António Pinto (1937-2024)

Por JOÃO RICARDO RODRIGUES

É com profunda tristeza que comunicamos o desaparecimento físico do autor, advogado, jornalista e professor angolano, António Pinto.

António Pinto nasceu na Gabela-Amboim, na província do Cuanza-Sul, a 11 de Dezembro  de 1937, foi aluno no Liceu Salvador Correia, licenciou-se em Direito com distinção, pela Universidade Independente de Angola (UnIA), em 2010. Faleceu a 29 de Janeiro de 2024, o funeral está marcado para hoje, 1 de Fevereiro de 2024, no Cemitério de Santana (Luanda).

Como jornalista, António Pinto, publicou mais de 500 peças no Correio da Semana, Jornal de Angola e Semanário Agora, entre 1998 e 2012.

Foi docente universitário, consultor jurídico e advogado, inscrito na Ordem dos Advogados de Angola.

António Pinto foi traído pela má interpretação das palavras do título de um livro

Publicou em 1974 o livro “13 Anos de Luta Armada. Porquê?” Um extraordinário “best-seller” (livro mais vendido), entre 1974 e 1975. Após o 25 de Abril de 1974, a população em Angola, maioritariamente sem cultura política, queria perceber o que se estava a passar. Mesmo por aqueles nativos, de origem portuguesa, que estavam a ser encaminhados para uma diáspora forçada na África do Sul, Brasil e Portugal, nas vésperas da independência.

O livro começa com uma declaração de António Agostinho Neto, em 1968, em Dar-es-Salan: “Para o MPLA nunca a existência de uma grande comunidade branca em Angola constituiu um problema em si, pois o nosso partido é por princípio anti-racista.

Segundo António Pinto, nunca ficaram devidamente esclarecidas as reais motivações políticas que em 1976 ditaram que o livro “13 Anos de Luta Armada. Porquê?” Fosse retirado das livrarias angolanas. 

Em 1977, em tempo de caça às bruxas que se prolongou até 1979, durante a construção da República Popular na sua fase mais acalorada e empenhada num socialismo radical, não surpreendeu que esta obra viesse a desagradar alguns sectores que consideraram este pequeno livro contrário à linha política e ideológica.

Anteriormente em 1976, durante a presidência do Doutor António Agostinho Neto, o livro foi objecto de uma análise promovida pela Comissão Directiva do MPLA e o autor, já militante do Movimento Popular de Libertação de Angola, foi chamado a depor, o que fez com a entrega de um extenso relatório justificativo de 38 páginas.

Capa do livro publicado em 1974, a imagem é da Associação TCHIWEKA de Documentação (ATD)

Fica a saudade

O nosso ponto de encontro era na marginal de Luanda, junto à fortaleza, e sou testemunha da tenacidade de António Pinto na construção da República, na verticalidade, no humanismo e acima de tudo no seu empenho em ser um homem melhor. Nunca desistiu, exemplo disso é ter concluído com êxito os seus estudos académicos aos 73 anos. Uma proeza que é também um exemplo para todos nós. À família e amigos de António Pinto desejamos muita coragem e muita força nesta hora difícil.

Família e amigos despedem-se de Olga Neto

Família e amigos despedem-se de Olga Neto

É com profunda tristeza que comunicamos o falecimento de Olga Neto (27/9/1949 – 5/5/2021), directora da Livraria Kiazele (Luanda) e esposa do Prof. Doutor Alberto Neto, presidente do Partido Democrático Angolano. Olga Neto esteve presente em muitos dos eventos que a nossa editora realizou em Portugal e em Angola. O velório será na próxima 4ª feira, 12 de Maio, no Templo da Igreja de Jesus Cristo dos Últimos Dias (Av. Dom João II Lote 4.72 00, no Parque das Nações), e o funeral no dia seguinte, 13 de Maio, no cemitério Alto de São João, em Lisboa.