Coimbra, junho de 2025 – Um momento emocionante e histórico marcou o recente encontro entre a IrmãIsabel Mata, hoje com 95 anos, e dois dos filhos de Maurício Francisco Caetano, conhecido pelo pseudónimo “Mafrano”. A religiosa, figura discreta mas fundamental na história da imprensa católica em Angola, fez parte da equipa de redação do jornal O Apostolado, em Luanda, durante décadas. Nas imagens, a Irmã Isabel Mata aparece em sua residência em Coimbra, rodeada por exemplares da obra “Os Bantu na visão de Mafrano“, que revisita o pensamento e o legado de Maurício Francisco Caetano, de quem foi colega na redação do jornal da Conferência Episcopal de Angola. Apesar de já não ir a tempo de ser incluída no Volume III da coleção dedicada a Mafrano, os organizadores já garantem: “Fica para a próxima coleção.” O reencontro, carregado de simbolismo, reforça os laços históricos e afetivos entre antigos colaboradores do jornal católico e as novas gerações empenhadas em preservar a memória cultural e intelectual angolana. Na ficha técnica de O Apostolado, constam nomes como P. Pedro Luís, Padre António Morais, Maurício Caetano e Maria Isabel Mata, que assumiu também funções técnicas e de ilustração, sob a direção de Manuel Franklin da Costa.
Este gesto de homenagem e reconhecimento serve também como apelo à valorização dos protagonistas muitas vezes esquecidos da história da comunicação social em Angola.
Lisboa, Feira do Livro — Um encontro entre culturas e saberes
No topo da Feira do Livro de Lisboa, decorreu a apresentação da obra Direito Eclesiástico Angolano à Luz do Acordo Quadro entre a República de Angola e a Santa Sé, da autoria do padre Clément Mulewu Munuma Yôk. Natural do Congo Democrático, residente e missionário em Angola, o padre é também jurista e estudante de mestrado em Direito Civil Eclesiástico em Lisboa. O evento reuniu público interessado, figuras religiosas e académicas, e contou com três intervenções de destaque.
A sessão foi aberta por João Ricardo Rodrigues, editor da Perfil Criativo | AUTORES.club, que salientou a importância do livro e o percurso do autor:
“Estamos a falar de um dos nossos autores com quatro livros publicados. Esta é uma obra profundamente necessária para compreender a relação entre o Estado Angolano e a Igreja Católica. Um livro que, além do seu rigor jurídico, presta um serviço à memória histórica e à identidade cultural.”
O editor sublinhou ainda o valor simbólico de apresentar a obra em Lisboa, aproveitando a presença do autor em Portugal, onde prossegue os seus estudos académicos.
O Padre Clément Mulewu Munuma Yôk iniciou a sua intervenção agradecendo à organização da Feira do Livro de Lisboa e ao editor, explicando o percurso que o levou à publicação deste livro:
“Sou sacerdote, missionário e advogado. Trabalhei nas prisões em Angola e no Congo, e vi de perto os desafios humanos e espirituais da justiça. Este livro nasce de uma preocupação pastoral e jurídica: dar a conhecer e ajudar a aplicar o Acordo Quadro assinado em 2019 entre Angola e a Santa Sé.”
Ao longo da apresentação, o padre Clément destacou os principais tópicos do livro, dividido em três capítulos:
História das relações entre a Igreja e o Estado em Angola.
Fundamentos e condições da Concordata.
Análise detalhada do Acordo Quadro.
Entre os temas abordados, destacou-se o reconhecimento jurídico das igrejas, a assistência religiosa em instituições públicas, o regime fiscal da Igreja, a educação católica e os efeitos civis do matrimónio canónico.
“O nosso objetivo foi explicar, cláusula por cláusula, este instrumento legal. É um contributo não apenas para católicos, mas também para juristas, agentes do Estado e membros de outras religiões.”
O autor aprofundou ainda a dimensão histórica das relações entre Angola e o Vaticano, remontando ao Reino do Congo, e sublinhou a importância da inculturação no cristianismo africano, onde “a fé se exprime através da cultura local — na música, na dança, no rito”.
Coube ao cónego, doutor José Manuel dos Santos Ferreira, uma intervenção pontual mas significativa, ao sugerir que “o príncipe do Reino e império do Congo terá sido ordenado bispo”, hipótese que o padre Clément confirmou com entusiasmo:
“O filho da rainha estudou, fruto da evangelização, e essa nomeação foi expressão da fé vivida na região. Há muito que o Vaticano reconhece a África como um pulmão vital da Igreja.”
O diálogo entre os intervenientes revelou a atualidade e pertinência do tema, estendendo-se ainda a questões relacionadas com a missão, a evangelização e o sistema prisional.
Missão e prisões — o outro lado da obra do autor
A conversa resvalou para temas de justiça social, com o padre Clément a partilhar a sua experiência com reclusos:
“As prisões estão superlotadas em África e na Europa. Mas o problema não é só estrutural: é espiritual, humano. A missão da Igreja é reeducar, reintegrar, reconciliar. A prisão moderna precisa de aprender com o tribunal tradicional africano, que promovia a reconciliação e não a vingança.”
Conclusão: Uma ponte entre dois mundos
A apresentação do livro Direito Eclesiástico Angolano revelou-se mais do que a descoberta de um livro: foi um testemunho vivo da ligação entre fé, direito, cultura e história. A obra, está disponível na plataforma www.AUTORES.club, e convida o leitor a refletir sobre o papel da Igreja na sociedade moderna e a compreender melhor a riqueza das tradições africanas no seio do catolicismo global.
Na próxima terça-feira, 10 de junho de 2025, feriado nacional em Portugal, o Auditório Norte da 95ª Feira do Livro de Lisboa será palco de um grande encontro com a Literatura, a História e a Poesia de Angola.
A Perfil Criativo | AUTORES.club convida todos os leitores, curiosos e amantes do pensamento crítico para uma tarde de descobertas e reflexões com três grandes apresentações editoriais, que trazem Angola para o centro do debate em Lisboa.
15h00 — “Evangelho Bantu“ de Kalunga Uma poderosa voz da nova poesia angolana, que evoca memórias, espiritualidade e resistência numa linguagem profunda e vibrante.
17h30 — “Editoriais do Expansão (2019-2021)“ de João Armando Uma pré-apresentação especial, com um olhar crítico e direto sobre Angola contemporânea, economia, política e sociedade. Um livro que transporta o debate jornalístico para o papel — e agora para Lisboa.
Três livros, três visões complementares, uma só Angola a descobrir. Participe neste encontro único entre culturas, histórias e palavras. Traga perguntas, leve livros, construa pontes.
Local: Auditório Norte – Feira do Livro de Lisboa Data: 10 de junho de 2025 Sessões de autógrafos no stand D-48 – Poente 4 (PROMOBOOKS.NET)
Data: Segunda-feira, 9 de junho de 2025 Hora: 16h00 Local: Auditório Norte, Feira do Livro de Lisboa Sessão de autógrafos: Após a apresentação, junto ao stand D-48 – Poente 4, PROMOBOOKS.NET | PAPA-LETRAS.
Esta obra, com prefácio de Dom José Manuel Imbamba, Arcebispo de Saurimo, é uma reflexão profunda sobre o enquadramento jurídico das relações entre República de Angola e a Santa Sé, trazendo um contributo valioso para o estudo do direito eclesiástico no contexto africano.
Não perca esta oportunidade de conhecer o autor, participar no debate e garantir o seu exemplar autografado!
Malanje, 6 de Junho de 2025 – Foi apresentado nesta sexta-feira, no Anfiteatro da Faculdade de Medicina da Universidade Rainha Njinga a Mbande, o segundo volume da obra “Os Bantu na Visão de Mafrano, Quase Memórias“, da autoria de Maurício Francisco Caetano, também conhecido pelo pseudónimo Mafrano.
A sessão de apresentação contou com a intervenção do escritor e jornalista Tazuary Nkeita (José Caetano), que conduziu uma análise sobre os principais temas abordados nesta coletânea de quase 800 páginas, que aprofunda os fundamentos da Antropologia Cultural Bantu.
O livro mergulha na riqueza da Civilização Bantu, tratando de temas essenciais como:
A filosofia Bantu sobre a morte;
A ética dos Bantu;
A génese temporal das raças humanas;
Os idiomas Bantu;
A antiguidade dos animais domesticados;
A terminologia indígena sobre os vários primatas.
A obra reafirma o compromisso de Mafrano com o resgate e valorização do pensamento e cultura africana, num esforço de memória e identidade.
Ilídio Silva, ex-aluno de Mafrano no ano de 1978 em Luanda (o segundo à esquerda), juntamente com membros da família do autor: “Maurício Caetano foi um dos melhores professores da minha época”
Maurício Francisco Caetano nasceu no Dondo, província do Cuanza Norte, a 24 de dezembro de 1916, e faleceu em Luanda, a 25 de julho de 1982. Ao longo da sua vida, destacou-se como escritor e colaborador de diversas publicações jornalísticas, deixando um legado valioso para a historiografia e antropologia angolana.
Sob o lema “De Mãos Dadas, Malanje que Sonhamos é Possível”, a apresentação do livro representou um momento de afirmação cultural e de reflexão sobre a ancestralidade Bantu e os seus ensinamentos para a sociedade contemporânea.
Com o Regedor Adjunto de Kassembele, Adão Antero Kasua (ler Cassua), em Malanje
Membros da família Mafrano com a decana da Universidade Njinga A Mbande, Prof. Dra Tazi Nimi, em Malanje
As celebrações do cinquentenário da independência de Angola, ocorrida a 11 de novembro de 1975, incluem uma série de eventos e homenagens a personalidades que desempenharam papéis fundamentais na história do país. A Medalha Comemorativa dos 50 Anos da Independência Nacional foi instituída para reconhecer cidadãos cujas ações contribuíram significativamente para a conquista e consolidação da independência, bem como para o desenvolvimento e a paz em Angola.
A cerimónia de condecoração gerou debates e críticas devido à exclusão de figuras históricas como Holden Roberto, fundador da FNLA, e Jonas Malheiro Savimbi, fundador da UNITA. Ambos foram signatários do Acordo de Alvor, que estabeleceu as bases para a independência de Angola.
O deputado da UNITA, Alcides Sakala, declinou a medalha oferecida, justificando a sua decisão com “omissões no reconhecimento da memória nacional”.
A Assembleia Nacional, dominada pelo MPLA, rejeitou propostas para incluir estes líderes na lista de condecorados, argumentando que apenas António Agostinho Neto, primeiro Presidente de Angola e líder do MPLA, preenche os requisitos para tal distinção .
A sessão decorreu em forma de diálogo literário com o poeta angolanoKalunga, nome literário de João Fernando André, que se encontra atualmente em Lisboa a realizar o doutoramento em Literatura. Entre trocas de memórias, reflexões poéticas e observações sensíveis, os dois autores transportaram o público para uma Luanda de cheiros, cores e afetos intensos, onde o quotidiano se entrelaça com o simbólico e o pessoal com o coletivo.
No Auditório Norte, uma audiência atenta e emocionada — entre os quais amigos e admiradores da autora — acompanhou a conversa como quem percorre um álbum de fotografias vivas. As obras apresentadas são, em si, mapas afetivos: Tambwokenu convida a uma viagem pela terra natal de Poulson, enquanto Mukua Milele presta homenagem às mulheres da sua linhagem, com os “panos” como símbolo de memória, identidade e continuidade.
Com esta apresentação, Sandra Poulson reafirma-se como uma voz singular na literatura contemporânea angolana, fundindo oralidade, imagem e escrita numa obra profundamente enraizada na experiência vivida e sentida.
A Feira do Livro de Lisboa foi palco de um momento marcante nesta quarta-feira, 4 de junho de 2025, com a apresentação do livro Nuvem Negra, de Michel, que contou com uma visita inesperada e simbólica: o Presidente da República de Portugal esteve presente minutos antes do início da sessão e fez questão de conversar com o autor.
Durante o breve encontro, o Chefe de Estado mostrou grande interesse pelo tema central da obra, que aborda os trágicos acontecimentos de 27 de Maio de 1977, em Angola. Demonstrando conhecimento e curiosidade histórica, o Presidente fez diversas perguntas a Michel sobre os acontecimentos, o processo de reconstrução da memória e as implicações daquele episódio na memória coletiva angolana e na sua própria trajetória.
A apresentação decorreu conforme previsto revelando pormenores sobre um dos episódios mais silenciados da história contemporânea.
Nuvem Negra, publicado pela Perfil Criativo | AUTORES.club em destaque na programação da 95.ª Feira do Livro de Lisboa, continua a despertar atenção pelo seu corajoso contributo para a revelação de acontecimentos trágicos na breve e intensa República Popular de Angola.
O livro está disponível para aquisição na Feira do Livro em Lisboa, no stand D-48 – Ponte 4, com sessões regulares de autógrafos promovidas em parceria com as livrarias Promobooks.net e Papa-Letras.
A autora angolana Sandra Poulson estará presente na 95.ª Feira do Livro de Lisboa para a apresentação e sessão de autógrafos dos seus mais recentes livros, publicados pela Perfil Criativo | AUTORES.club: Tambwokenu – Viagens pela minha terra e Mukua Milele – Panos da minha avó. O evento terá lugar no dia 5 de junho de 2025, às 18h00, no Auditório Norte da Feira.
Com uma obra que cruza memória, identidade e cultura angolana, Sandra Poulson dá continuidade à sua abordagem sensível e visualmente rica do património afetivo e histórico de Angola. Em Tambwokenu, a autora convida os leitores a embarcar numa jornada íntima pelas paisagens e vivências do seu país natal. Já Mukua Milele homenageia as mulheres e tradições familiares através dos “panos” — símbolos de herança, resistência e ligação entre gerações.
Além da apresentação, o público terá a oportunidade de obter exemplares autografados junto ao stand D-48 – Ponte 4, em parceria com as livrarias Promobooks.net e Papa-Letras.
A Feira do Livro de Lisboa decorre entre os dias 4 e 22 de junho, no Parque Eduardo VII, reunindo autores, leitores e editoras num dos mais emblemáticos eventos literários do país.
No próximo dia 6 de junho de 2025, a Faculdade de Medicina da Universidade Rainha Njinga a Mbande (URNM), em Malanje, acolherá a apresentação do segundo volume da coletânea “Os Bantu na Visão de Mafrano — Quase Memórias“. O evento decorrerá no Anfiteatro Professor Doutor Samuel Carlos Victorino, entre as 9h00 e as 12h00.
Esta obra póstuma do “antropólogo maior de Angola”, Maurício Francisco Caetano, conhecido pelo pseudónimo Mafrano, é uma contribuição significativa para a compreensão da cultura e sociedade bantu. O volume II aborda temas como o uso do telégrafo entre os povos bantu, topónimos angolenses e suas lendas, ética nos gémeos Kimbundu, filosofia bantu sobre a morte, origem de vocábulos nos idiomas bantu, entre outros assuntos relacionados à antropologia, arqueologia, etnografia e direito costumeiro.
A coletânea, composta por três volumes e mais de 700 páginas, reúne textos publicados por Mafrano em jornais e revistas angolanas entre 1947 e 1982, como “O Apostolado“, a revista “Angola” e o jornal “O Angolense” . Em reconhecimento à sua contribuição para as ciências humanas e sociais, Mafrano foi distinguido postumamente com o Prémio Nacional da Cultura e Artes 2024, na modalidade de Investigação em Ciências Humanas e Sociais .
A Universidade Rainha Njinga a Mbande, criada em 2020, é uma instituição pública de ensino superior sediada em Malanje, resultante da fusão de várias instituições de ensino da região . A sua Faculdade de Medicina destaca-se como a primeira instituição pública de ensino superior na província de Malanje, com autonomia científica, pedagógica e administrativa.
A apresentação do livro é aberta ao público e promete ser um momento de reflexão sobre a identidade cultural africana e a valorização das tradições dos povos bantu.