Grande encontro com Victor Torres, a 23 de Novembro de 2023, às 17h00, na Sala de Conferências da Biblioteca Nacional de Cabo Verde com lançamento do livro “Caraculo, a minha paixão | Deserto de Moçâmedes (Namibe) | Álbum Fotográfico do Século XIX e XX” (Ed. 2021).
A organização deste evento está a cargo do Eng. Ricardo Leote da NOS RAIZ, representante da PERFIL CRIATIVO – EDIÇÕES.
O autor, Victor Torres, o Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas, a Biblioteca Nacional de Cabo Verde, os editores Ricardo Leote (NOS RAIZ) e João Ricardo Rodrigues (PERFIL CRIATIVO – EDIÇÕES) têm o prazer de convidar os leitores da cidade da Praia, em Cabo Verde, para a apresentação e lançamento do livro “Caraculo, a minha paixão | Deserto de Moçâmedes (Namibe) | Álbum Fotográfico do Século XIX e XX”, marcado para 23 de Novembro de 2023, às 17h00.
A 20 de Dezembro a família de Maurício Francisco Caetano e a NOS RAIZ irão apresentar na Biblioteca Nacional de Cabo Verde, os dois primeiros volumes da colecção “Os Bantu na visão de Mafrano — Quase memórias ” de Maurício Francisco Caetano.
Fotografia: Pedro Seno (Bienal do Livro de Alagoas)
Rio de Janeiro (Brasil), 14 de Novembro de 2023 – O antropólogo brasileiro Kabengele Munanga, professor emérito da Universidade de São Paulo, Brasil, considerou no passado fim de semana que a obra antropológica de Maurício Caetano, “Mafrano”, deveria ser recuperada e re-utilizada por académicos e demais estudiosos angolanos e africanos que se ocupam desta área da cultura, línguas e civilizações Bantu.
O Prof. Dr. Kabengele Munanga fez este apelo durante uma vídeo-conferência sobre o espólio literário do escritor e etnólogo angolano “Mafrano”, cuja colectânea sobre os Bantu foi objecto de um debate organizado pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), numa iniciativa que coincidiu igualmente com o 48º aniversario da independência de Angola.
«Os dois volumes de “Os Bantu na visão de Mafrano” não teriam sido conhecidos sem este trabalho minucioso, de escavação arqueológica, para encontrar textos dispersos de sua autoria em vários jornais do tempo colonial e em algumas publicações missionárias, como foi o caso da Arquidiocese de Luanda e seus arquivos», realçou ele ao aplaudir a publicação desta obra em três volumes e mais de 700 páginas.
Kabengele Munanga citou ainda uma frase histórica do historiador maliano Hampaté Bá, segundo a qual «a morte de um ancião africano é como se fosse uma biblioteca queimada», antes de salientar que «Os escritos de Mafrano, em plena colonização portuguesa de Angola, salvaram grande parte dessas bibliotecas vivas que teriam sido queimadas e perdidas com a morte dos sábios conhecedores da história, cultura e tradições dos povos angolanos»
Sublinhando várias vezes a importância e riqueza de «Os Bantu na visão de Mafrano», Kabengele Munanga, defendeu com vigor o estudo da mesma, sublinhando que caso ainda lecionasse usaria os textos deste autor como «a origem do homem, da mulher e da natureza através das lendas e dos mitos que existem em todas as culturas», para explicar aos estudantes «as raízes das culturas africanas de origem bantu».
Kabengele Munanga classificou Mafrano de «um rebelde e divergente», dizendo que na sua época (anos 40’s), este autor reconheceu a importância da Cultura e do Património Cultural Bantu, tentando registá-los para as gerações futuras. «Mafrano rompeu os obstáculos impostos pelo processo de lavagem de cérebros africanos que negavam a ancestralidade africana e a sua História, assim como a sua plena humanidade», realçou ele, acrescentando logo a seguir:
«Maurício Caetano tenta, de modo original, fazer uma Etnografia de alguns povos ou etnias, de angolanos, onde viveu e passou parte da sua infância, com registos inéditos, que não encontraríamos hoje, sobre vários aspectos das culturas originais, incluindo a sua História ancestral, organização social, sistema de parentesco, nascimento, vida, morte, relações matrimoniais e religião, no olhar de um africano baseado na sua própria experiência de vida diferente da cultura ocidental, fazendo o que a escritora brasileira Conceição Evaristo chama de «escrivivências», o que quer dizer «escrever a partir da sua experiencia de vida», e não escrever a partir de observações externas de alguém que vem de fora, como pesquisador», disse Kabengele Munanga.
O professor Munanga não escondeu a sua emoção ao recordar que foi o primeiro antropólogo formado na Universidade oficial do Congo (RDC), quando disse: «No meu caso, que nasci e fui socializado numa dessas culturas do Povo Bantu, eu encontrei o meu rosto, o rosto da minha cultura, nestes textos que constituem os dois primeiros volumes da colectânea «Os Bantu na visão de Mafrano – Quase Memórias»; Descobri nestes dois primeiros livros coisas que não sabia interpretar dentro da visão colonial em que fui formado»
«A obra de Mafrano veio preencher lacunas e ajuda a recuperar um património que teria sido perdido e que precisamos para construir a nossa identidade.», disse finalmente
Kabengele Munanga nasceu em 1942, na República Democrática do Congo (antigo Zaire), naturalizando-se brasileiro aos 43 anos. Professor titular do Departamento de Antropologia da Universidade de São Paulo, onde se doutorou em 1977, realiza pesquisas nas áreas de Antropologia Africana e Antropologia da População Afro-Brasileira. Escreveu, entre outras obras, Negritude: usos e sentidos (1986) e Estratégias e Políticas de combate à discriminação racial (1996).
O livro “Os bantu na visão de Mafrano – Volume II” apresenta uma série de capítulos que abordam diversos temas relacionados à antropologia cultural dos bantu. O livro começa com uma introdução sobre o padre Carlos Estermann e sua relação com a antropologia cultural de Mafrano. Em seguida, são exploradas a história do “Xiriva-Zuba” e os problemas da biogênese, com uma interpretação aborígene bantu. Os capítulos subsequentes tratam de tópicos como o telégrafo bantu, os topônimos angolenses e a ética bantu, a arbitragem filosófica sobre a origem do homem, a filosofia bantu sobre a morte, os idiomas bantu, a influência de uma superstição biológica no direito sucessório bantu, lendas e mitos bantu, a gênese temporal das raças humanas e a história de Mafrano através do testemunho de Dom Zacarias Kamuenho. O livro também inclui um álbum fotográfico e homenagens a figuras importantes relacionadas com Mafrano.
22 de Novembro de 2023 | Jornal Angolano de Artes e Letras
Lançamento do livro “Os bantu na visão de Mafrano: quase memórias“, do escritor e etnólogo angolano Maurício Caetano. Mediado pela Norma Sueli Rosa Lima, professora da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), juntamente com a presença do Kambegele Munanga, antropólogo e professor brasileiro-congolês da USP (Universidade de São Paulo). Além de termos a ilustre presença do filho de Mafrano, José Caetano, que é jornalista. “Os Bantu na Visão de Mafrano” é uma coletânea sobre a antropologia cultural, que realça os valores da cultura bantu e de todo o continente africano. A obra criada por um sacerdote são-tomense que viveu em Angola, reflete as ideias de um dos principais cientistas africanos das décadas de 40 e 50, o angolano Maurício Francisco Caetano, Mafrano.
31/10/2023 – O presidente do Movimento Internacional Lusófono, Prof. Doutor Renato Epifânio, entregou ao académico angolano, Prof. Doutor Carlos Mariano Manuel, o Prémio Personalidade Lusófona de 2023, na sede da SEDES — Associação para o Desenvolvimento Económico e Social, em Lisboa, pelas 19h00.
Sobre este prémio o presidente do MIL (Movimento Internacional Lusófono) referiu: “por decisão unânime dos vários Órgãos Sociais do MIL, decidimos entregar o Prémio MIL Personalidade Lusófona 2023 ao Doutor Carlos Mariano Manuel, ex-Presidente da Liga Africana – em reconhecimento de todo o seu trabalho à frente da Liga em prol da cooperação lusófona entre Angola, Portugal e todos os demais povos de língua portuguesa.”
Foram igualmente premiados pelo MIL: Lauro Moreira (2010), Ximenes Belo (2011), Adriano Moreira (2012), Domingos Simões Pereira (2013), Ângelo Cristóvão (2014), Gilvan Müller de Oliveira (2015), Duarte de Bragança (2016), Ruy Mingas (2017), Manuel de Araújo (2018), Manuel Pinto da Costa (2019), Alarcão Troni (2020), Francisco Ribeiro Telles (2021), Jorge Carlos da Fonseca (2022) e Carlos Mariano Manuel (2023).
Movimento Internacional Lusófono
É um movimento cultural e cívico registado notarialmente no dia quinze de Outubro de 2010, que conta já com mais de uma centena de milhares de adesões de todos os países e regiões do espaço lusófono. Entre os nossos órgãos, eleitos em Assembleia Geral, inclui-se um Conselho Consultivo, constituído por mais de meia centena de pessoas, representando todo o espaço da lusofonia.
Defende o reforço dos laços entre os países e regiões do espaço lusófono – a todos os níveis: cultural, social, económico e político –, assim procurando cumprir o sonho de Agostinho da Silva: a criação de uma verdadeira comunidade lusófona, numa base de liberdade e fraternidade.
Agostinho da Silva
George Agostinho Baptista da Silva (Porto, Bonfim, 13 de fevereiro de 1906 – Lisboa, São Francisco Xavier, 3 de abril de 1994) foi um filósofo, poeta, ensaísta, professor, filólogo, pedagogo e tradutor português. O seu pensamento combina elementos de panteísmo, milenarismo e ética da renúncia, afirmando a Liberdade como a mais importante qualidade do ser humano. Agostinho da Silva pode ser considerado um filósofo prático empenhado, através da sua vida e obra, na mudança da sociedade. Passou considerável tempo de sua vida no Brasil.
SEDES – Associação para o Desenvolvimento Económico e Social
A SEDES é uma das mais antigas associações cívicas portuguesas.
Constituída em 1970, os seus fundadores eram oriundos de diferentes formações académicas, estratos sociais, actividades profissionais e opções políticas. Unia-os uma grande vontade de mudança e uma prática de militância social diversificada: associativismo académico, prática de contestação política contra o sistema, participação em organizações cristãs e actividade sindical.
Um denominador comum animava os fundadores da SEDES: o humanismo, o desenvolvimento sócio-cultural e a democracia.
Realizou encontros, estruturou-se em grupos de trabalho, animou debates em diversos pontos de Portugal, foi a primeira organização a proclamar as vantagens de uma aproximação à Comunidade Europeia e foi uma escola de Educação Cívica pluralista.
Com o advento da democracia em 25 de Abril de 1974, muitos dos seus associados deram o seu contributo à vida social e política para o progresso do País em diferentes partidos políticos. Talvez não tenha havido um único Governo, desde o 25 de Abril, que não contasse entre os seus membros com associados da SEDES.
A SEDES foi e continua a ser uma escola de cidadania. As suas tomadas de posição e análises políticas constituíram referências para a comunicação social e traduziram o pluralismo das intervenções e o respeito pela diversidade política aos seus membros.
28/10/2023 — Um grande encontro na Casa de Angola de homenagem ao professor catedrático angolano, Carlos Mariano Manuel ou Uina yo Nkuau Mbuta, que irá receber na próxima terça-feira, 31/10/2023) o Prémio Personalidade Lusófona 2023, atribuído pelo Movimento Internacional Lusófono.
Uma Angola moderna, culta e sem preconceitos, revelou-se em Lisboa.
Amanhã, 31 de Outubro, na sede da SEDES, na rua Duque de Palmela, nº 2, 4º Drtº, em Lisboa, durante o 2º Encontro do Observatório SEDES da CPLP | IX Congresso da Cidadania Lusófona, será entregue às 16h30 o Prémio MIL Personalidade Lusófona 2023 ao Prof. Doutor Carlos Mariano Manuel, Patologista e Historiador da República de Angola.
Linha do Tempo nos últimos cinco anos
JOÃO RICARDO RODRIGUES
Conforme referi na Nota do Editor, “Uma grande parábola”, publicada na primeira edição do tratado de história “Angola: desde antes da sua criação pelos portugueses até ao êxodo destes por nossa criação”, em Outubro de 2018 (chovia, faz agora cinco anos), recebi em Lisboa, pela mão de um familiar do nacionalista Emanuel Kunzika (antigo vice-primeiro-ministro do Governo Revolucionário de Angola no Exílio, foi o primeiro angolano a discursar na Assembleia das Nações Unidas), a visita do ilustre médico angolano e catedrático em Patologia, Carlos Mariano Manuel ou Uina yo Nkuau Mbuta, que em Kikongo quer dizer “está melhor quem está com o outro”.
O encontro, foi centrado na colossal Batalha de Ambuíla, ocorrida em 29 de Outubro de 1665, há 358 anos, e que opôs o reino do Congo às forças portuguesas estabelecidas em Luanda, que decidiram avançar para a guerra à revelia das indicações do rei, D. Afonso VI.
Em Maio de 2019 voltámos a encontrar-nos, desta vez em Luanda, num local muito especial, a Liga Africana, herdeira da Liga Nacional Africana. Na qualidade de Presidente desta centenária e histórica organização angolana da sociedade civil de natureza mutualista, cultural e recreativa, recebia-nos, com a sala cheia, de uma forma muito calorosa, num grande evento literário, de apresentação da nossa editora, com um livro dedicado à construção do Estado-Nação, do Prof. Doutor Marcolino Moco. A apresentação esteve a cargo do Dr. Alberto Santos que nos falou da História, da organização social dos povos descendentes das antigas Nações Africanas, terminou com uma reflexão, sobre um tabu, a representatividade política das diferentes nações angolanas. Um verdadeiro sonho que se tornou realidade, revelando uma outra Angola, culta e moderna.
Foi seguramente o nosso primeiro sopro inspirador para o “gigante” que teima em continuar adormecido.
De regresso a Lisboa no final do dia 20 de Outubro de 2021, o Prof. Doutor Carlos Mariano Manuel, realizou o seu primeiro grande discurso, sobre esta obra, no Museu Nacional de Arte Antiga, integrado numa surpreendente exposição, instalada pela nossa equipa, com título em kimbundu, “Boba Kana Muthu Wzela: Aqui é Proibido Falar!”
O auditório do Museu Nacional de Arte Antiga ficou apinhado para ouvirem o tema da conferência “A criação da Colónia de Angola e a Batalha de Ambuíla” que terminou com a declamação do poema “Nambuangongo”, de Manuel Alegre:
Em Nambuangongo tu não viste nada Não viste nada nesse dia longo longo A cabeça cortada E a flor bombardeada Não tu não viste nada em Nambuangongo
Na manhã do dia 29 de Outubro de 2021, ainda marcada pela pandemia do Covid-19, celebrámos, em Lisboa, uma histórica e inédita homenagem ao rei Muana Malaza ou Nevita Nkanga ou D. António I, no mosteiro de Santa Maria de Belém, conhecido como Jerónimos.
A missa foi conduzida pelo cónego, doutor José Manuel dos Santos Ferreira, que surpreendeu, em Lisboa, os devotos com a memória dos trágicos acontecimentos de1665.
Nessa tarde de 29 de Outubro de 2021, com o Padrão dos Descobrimentos, em Lisboa, completamente esgotado e com uma parte do público em pé, apresentámos as duas primeiras edições do tratado de História, composto por 3 volumes com mais de 2.200 páginas, 25 anos de investigação e quase 2 anos de preparação editorial.
Na mesa de honra estiveram presentes o Doutor Onofre dos Santos, Juiz Conselheiro jubilado do Tribunal Constitucional de Angola; o editor; Prof. Doutor Carlos Mariano Manuel, investigador em História e autor; Prof. Doutor Hans Muski da Universidade de Humboldt, antiga Universidade de Berlim; Prof. Doutor Marcolino Moco, antigo Primeiro-Ministro de Angola. (Estão disponíveis no portal.autores.club os audios destas intervenções).
Sobre este acontecimento o jornalista Xavier de Figueiredo escreveu no Observador, a 16 de Dezembro de 2021, o artigo com o título “A lição de Carlos Mariano Manuel”;
“Carlos Mariano Manuel exalta o Padrão dos Descobrimentos na visão serena que cultiva da História do seu país, Angola. É uma “carapuça” na cabeça dos que veem na história de Portugal um infame buraco negro”.
Aproveito para recordar que o autor, ainda criança, com quatro anos, após os trágicos acontecimentos de 15 de Março de 1961, foi obrigado a fugir e a esconder-se, na floresta, devido aos bombardeamentos da força aérea.
E que falhou a prova da 4ª classe devido ao cansaço da viagem a pé, de cerca de 64 Km, de ida e volta, uma verdadeira maratona durante o exame. Apesar disso, em 1971 foi homenageado pelo governador do Distrito por ter realizado o melhor exame de todas as escolas do território sob sua jurisdição.
A 5 de Novembro de 2021, o campus Gualtar, na Universidade do Minho, foi surpreendido pela aula magna sobre a Conferência de Berlim para a África: “Os efeitos hodiernos da Conferência de Berlim sobre África do século XIX nos estados pós-coloniais da África Central e Austral. (Está disponível no portal.autores.club o audio desta intervenção).
A 8 de Janeiro de 2022, o Ministério da Cultura, Turismo e Ambiente outorga o diploma de mérito ao Historiador Carlos Mariano Manuel pela publicação dos 3 volumes, que constituem uma importante contribuição para a História de Angola. Foi um passo importante para conseguirmos realizar a apresentação em Angola com sucesso.
A 8 de Abril de 2022, a antiga Fortaleza de São Miguel, hoje é Museu das Forças Armadas, encheu para um encontro inédito e inesquecível com a História, ouvir a generosa participação do Senhor Ministro da Cultura, Turismo e Ambiente, Prof. Doutor Filipe Zau, o autor, Prof. Doutor Carlos Mariano Manuel, o escritor e cientista social, Dr. José Luís Mendonça, representantes da Liga Africana, sobreviventes da Luta de Libertação Nacional e a minha família.
Creio que ficará eternamente na fortaleza, o refrão da música “Pala ka nu abesa ô Muxima” de Carlos Lamartine.
Quem esteve presente na fortaleza sabe que ficarei eternamente agradecido aos “magníficos, muito honrados e soberanos senhores da República de Angola”.
Agradecido por ter estado na cidade alta de Luanda, como um homem livre, filho da terra, convicto na partilha dos valores mais altos e Humanistas.
E muito vaidoso por termos surpreendido a administração do País, com uma outra Angola, culta, generosa e multicultural.
Recordo que esta obra é o exemplo maior de alguém que não se conformou com a ausência de trabalho científico, organizado, e publicado, e que em 2021 o entregou, generosamente, ao País. Um padrão de cidadania raro que obriga a uma profunda reflexão e que deve motivar os mais-jovens estudantes a não desistirem das suas convicções.
“Qual é o papel do Historiador?” É um debate que fica por realizar, e que vem no seguimento de questões pertinentes levantadas, durante a finalização deste projecto editorial, pelo Dr. Cornélio Caley, que envolvem a profissão, as instituições, o estudo e o desenvolvimento do pensamento no campo da História.
“História é uma grande parábola”, muito obrigado, meu irmão mais-velho, Uina yo Nkuau Mbuta, Personalidade Lusófona de 2023, pelo Movimento Internacional Lusófono.
Dois anos depois do lançamento em Lisboa das colecções “Angola: desde antes da sua criação pelos portugueses até ao êxodo destes por nossa criação” (Ed. 2021), do professor catedrático angolano, Carlos Mariano Manuel, a editora anuncia que deu início à produção de uma terceira edição. De referir que a primeira edição, em capa dura, com uma apresentação de prestígio é especial para coleccionadores. A segunda edição, em capa mole, é uma versão económica tendo esgotado o primeiro volume em Portugal. A terceira edição será também uma edição económica.
Recordamos que esta importante obra foi lançada no Padrão dos Descobrimentos, em Lisboa, no dia 29 de Outubro de 2021.
Na mesa de honra estiveram presentes o Doutor Onofre dos Santos, Juiz Conselheiro jubilado do Tribunal Constitucional de Angola; João Ricardo Rodrigues, editor; Prof. Doutor Carlos Mariano Manuel, investigador em História e autor; Prof. Doutor Hans Muski da Universidade de Humboldt, antiga Universidade de Berlim; Prof. Doutor Marcolino Moco, antigo Primeiro-Ministro de Angola.
A seguir é possível ouvir as intervenções no Padrão dos Descobrimentos, a 29 de Outubro de 2021.
Este ano de 2023 o Prof. Doutor Carlos Mariano Manuel viu-lhe atribuído o Prémio Personalidade Lusófona de 2023, pelo Movimento Internacional Lusófono. Aproveitando esta ocasião para fortalecer as pontes culturais entre a sociedade civil, dos dois países, que partilham a mesma língua, será realizado um grande encontro com ao autor, no dia 28 de Outubro, na Casa de Angola, em Lisboa.
Aproveitamos este encontro para informar que está também em desenvolvimento o conteúdo do quarto volume, primeiro da História da República de Angola.
Prémio MIL Personalidade Lusófona de 2023: Carlos Mariano Manuel
RENATO EPIFÂNIO*
Por decisão unânime dos vários Órgãos Sociais do MIL, decidimos entregar o Prémio MIL Personalidade Lusófona 2023 ao Doutor Carlos Mariano Manuel, ex-Presidente da Liga Africana – em reconhecimento de todo o seu trabalho à frente da Liga em prol da cooperação lusófona entre Angola, Portugal e todos os demais povos de língua portuguesa. O Prémio será entregue no final deste ano, em data e local a acordar.
Recordamos os anteriores premiados: Lauro Moreira (2010), Ximenes Belo (2011), Adriano Moreira (2012), Domingos Simões Pereira (2013), Ângelo Cristóvão (2014), Gilvan Müller de Oliveira (2015), Duarte de Bragança (2016), Ruy Mingas (2017), Manuel de Araújo (2018), Manuel Pinto da Costa (2019), Alarcão Troni (2020), Francisco Ribeiro Telles (2021) e Jorge Carlos da Fonseca (2022).
*Presidente do Movimento Internacional Lusófono
Durante a manhã de 29 de Outubro de 2021, ainda marcada pela pandemia do Covid-19, realizou-se uma histórica homenagem ao rei Muana Malaza ou Nevita Nkanga ou D. António I, no mosteiro de Santa Maria de Belém (Mosteiro dos Jerónimos) em Lisboa, onde estiveram presentes importantes figuras da Cultura de Angola. A missa foi conduzida pelo cónego, doutor José Manuel dos Santos Ferreira, que surpreendeu os devotos com a memória dos trágicos acontecimentos de 29 de Outubro de 1665.
Apresentação pública em Luanda, do Tratado de História de Angola “Angola: desde antes da sua criação pelos portugueses até ao êxodo destes por nossa criação“, do Prof. Doutor Carlos Mariano Manuel. Um monumental trabalho científico publicado com a mais elevada qualidade e que representa para o Autor e para o Editor uma oportunidade para construir caminhos mais sólidos na unidade nacional e almejar o reencontro com os valores Bantu e Humanistas, sem esquecer a oportunidade de contribuirmos para o aumento da auto-estima de todos os Angolanos.
O livro começa, quando a leitura nos aloja nas nuvens!
É uma sublime lufada de ar fresco de e para Angola!
Um verdadeiro selo de povoamento, parido nas entranhas da Rua 66, zona alta de Nova Lisboa (Huambo), onde estão enterradas as secundinas do autor, sob o olhar cúmplice do “gavião”** que as não consegue resgatar.
1975, emerge como marco do pico identitário dos ventos de mudança, que não se endeusam em si mesmo, porque o horizonte está aí.
“Ao longo dos anos defendo aquilo que considero o mais correcto para a minha terra, Angola. Consigo não agradar nem a gregos (MPLA) nem a troianos (UNITA)”, assegura.
O autor coloca a carruagem, nos trilhos do Caminho de Ferro, percorrendo todos os interiores até ao litoral, visionando, em cada apeadeiro a euforia e o declínio de ideologias, responsáveis pelo descarrilamento da soberania de sonhos de uma multirracialidade, nunca desembarcada no hoje/futuro.
“Sou angolano, nasci em Angola, lá estudei, brinquei, cresci e me fiz homem. Mesmo que tenha sido obrigado pelos acontecimentos históricos a abandonar o país onde nasci, e a utilizar a nacionalidade portuguesa dos meus pais, o meu coração esteve lá, está lá e estará sempre lá”.
As letras dedilhadas não merecem embaciamento de quem no fim de um princípio, também, se comove, com a maestria do “EU” do autor, qual túnica de uma bíblia, na mão “apostólica” de quem nos faz desfilar, em “vários livros”, de um só, cuja geografia de uma longa língua de terra informativa, faz desabrochar, em cada borda, suculentas realidades vivenciais.
“A transparência política é uma das premissas a serem implantadas desde já, para que os angolanos acreditem que a UNITA não pactua com a corrupção e cumpre as promessas eleitorais, colocando em primeiro lugar os interesses dos desfavorecidos e controlando os que ocupam cargos públicos para que estes sirvam o povo e não usem as suas funções em proveito próprio”.
“EU E A UNITA” é lida com a mesma sensação, da mulher que estava doente havia 12 anos, segundo a Bíblia, acreditando que se tocasse na orla (túnica) de Jesus se curaria…
Qualquer leitor, acredito, ante a intensidade narrativa banhar-se-á nas águas termas, “curando-se” com as ondas informativas sobre os épicos momentos da história de Angola, tão sublimemente esmerados na obra.
“Não se sabe, embora eles saibam, onde é que o regime do MPLA (por sinal no poder desde 1975) quis e quer chegar ao construir monumentos que enaltecem os contributos dos angolanos que consideram de primeira (todos os que são do MPLA) e, é claro, amesquinham todos os outros. Mas agora que as comadres (do MPLA) se zangaram – ou parece que se zangaram – talvez venhamos a saber a verdade”.
A verdade que me leva a agradecer a escolha amiga, para tão hercúlea tarefa de não fechar o infinito…
Uma verdade que esvoaça sobre as nuvens montanhosas do Mbave (Huambo) espalhando-se desse centro geográfico numa “KANAF” (hebraico), ASA, para os judeus, significando, ainda e também, ORLA, que quem a toca se cura da saudade e utopia dos húmus identitários, muitas vezes arredios da biblioteca mental, de cada um de nós, pese a vigorosidade da nossa terra prometida: ANGOLA!
Ler é terapia. Ler é cura para se entranhar nas profundezas cúmplices de um passado/presente, que destruiu (ontem), destrói (hoje), mas não apaga a força de acreditar que os impios não vencem, não vencerão, todas as intempéries, porque no amanhã dos povos, estes, dedilharão, como nesta obra, o irreversível hino da MUDANÇA.
Twanpandula sekulu…
* In Prefácio. William Tonet é jornalista e director do jornal “Folha 8”
**Gavião (águia)
Orlando Castro nasceu em 1954 em Nova Lisboa, Huambo, Angola. Jornalista, licenciado em História, é autor dos livros:
«Algemas da Minha Traição» (1975), «Açores – Realidades Vulcânicas» (1995) «Ontem, Hoje… e Amanhã?» (1997). «Memórias da Memória» (2001). «Alto Hama – Crónicas (diz)traídas» (2006). «Cabinda – ontem protectorado, hoje colónia, amanhã Nação» (2011).
Co-autor dos 16 volumes da colecção “Guerra Colonial – A História na Primeira Pessoa”, distribuída em 2011 pelo “Jornal de Notícias” e “Diário de Notícias”.
«António Marinho e Pinto – Mudar Portugal» (2015). «Egosismo» (2022). «Eu e a UNITA» (2023).
O docente universitário Kabengele Munanga, considerado o pai da moderna Antropologia Cultural no Brasil, confirmou a sua participação numa vídeo-conferência sobre a colectânea “Os Bantu na visão de Mafrano”, que está a ser organizada pela docente Lima Sueli de Lima, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).
A vídeo-conferência está agendada para o dia 10 de Novembro deste ano, às 10h00, horário de Brasília (14h00 em Angola). Um dia antes, a 9 de Novembro, pelas 19h30 (horário de Brasília), Kabengele Munanga vai animar um debate idêntico com o Centro Universitário Campos de Andrade, de Curitiba (Uniandrade), a convite da docente universitária Greicy Pinto Bellin.
Ambos os encontros terão a participação de estudantes, académicos, público interessado e membros da família de Maurício Francisco Caetano “Mafrano”.
“Os Bantu na visão de Mafrano”, colectânea póstuma em três volumes e mais de 700 páginas, foi compilada a partir de trabalhos dispersos em vários jornais e revistas, entre 1947 e 1982, com ênfase para os jornais “O Apostolado”, “Angola Norte”, “O Angolense”, a Revista Angola da Liga Nacional Africana e o “Boletim de Finanças”, de que Maurício Caetano, o autor, foi correspondente, redactor e colaborador.
O seu vasto espólio literário inclui temas como Antropologia Cultural, “Crónicas ligeiras”, “Notas a lápis”, “Episódios Vividos”, “Tertúlias”, contos e textos lidos aos microfones da “Rádio Ecclesia de Angola”, a emissora católica.
O autor estudou e observou hábitos e costumes autóctones em províncias como Malanje, Uíge, Cabinda, Cuanza-Norte, Bengo, além de Luanda, onde trabalhou como oficial de impostos dos então “Serviços de Fazenda e Contabilidade”, mais tarde Ministério das Finanças, a partir de Novembro de 1975.
Mafrano nasceu na cidade do Dondo, em Angola, onde teve como tutor o sacerdote santomense José Pereira da Costa Frotta, que acompanhou toda a sua formação até à idade adulta.
O autor de “Os Bantu na visão de Mafrano” faleceu a 25 de Julho de 1982, aos 65 anos.
deitado, num livro pleno de frases sem hiena, leões, palancas, zebra, macaco, planta ou seca, mesmo sem pó…
Aiuê, aiuê, “tou” numa margem que
“tu não me vê…”
(…)
ÁLVARO POEIRA* in Minha Terra!
*Alberto Poeira e Álvaro Poeira, são pseudónimos de António Manuel Monteiro Mendes
António Manuel Monteiro Mendes
VICTOR TORRES**
Rua Paulo Inácio Guerreiro, na Sanzala dos Brancos, em frente ao Rádio Clube do Namibe, com um areal convidativo para umas futeboladas e umas corridas aos “papa-areia” que por lá andavam a debicar a semente do capim, os pequenos passaritos que sempre nos enganavam com os seus movimentos repentinos, esses movimentos que nos deveriam ter servido de antecipação ao fim de um sonho que só soubemos depois que era um sonho nunca sonhado nem imaginado, tal a inocência que nos assomava.
Foram assim os últimos tempos. Os que nunca julgámos que iam acontecer.
E que nos serviram para os outros tempos na terra dos outros. E que nos ensinaram a sobreviver na chamada civilização e a ter uma capacidade de resiliência, a que chamo mais de teimosia, que nos levou a vencer as dificuldades da vida material, mas não da espiritual ou a do sonho.
Porque esse ficou lá, na terra, no sítio onde nascemos, onde brincámos, onde nos formámos moralmente, sim, lá na nossa terra, a que temos cá dentro e a que nunca nos podem tirar do nosso sentimento, pois lá está por amor, é esse o segredo.
Entendo o teu recuo quando te digo: “vamos, vai ver o que sobrou de ti, vai olhar para a baía, para a praia, vai poetar o teu íntimo com o que os teus olhos vêem, abre-te, vai com o coração e deixa a incerteza fechada no teu bolso, não percas o que ainda podes fazer”.
Será que ias desconseguir? Será que ali, já não te saía a poesia de dor que te transporta, mas antes a alegria do amor escondido desde que chegaste à Tuga, como lhe chamávamos?
E o que farias? Será que te ias reencontrar neste retorno? Ou que ficarias de novo a vaguear feito Cazumbi?
Vamos só mesmo tratar dos nossos no nosso Kimbo e continuar a viver nos sonhos, agora que sabemos que podemos contorná-los e adaptá-los a nós.
É esse o nosso poder, o de transformarmos, a nosso favor, o que acharmos…
…e a nunca mais nos expulsarem, pois o que temos no coração não se rende.
Vamo só na Poeira do Alberto poeirando no quintal do jipe, felizes, ao sol, de cabelos compridos ao vento como se o amanhã não existisse.
Companheiro, uma boa jornada!
** In Prefácio do livro “SUL“. Victor Torres é autor do livro “Caraculo a minha paixão | Deserto de Moçâmedes (Namibe) | Álbum fotográfico do século XIX e XX” (Ed. 2020). Kamba do autor em menino.
Álvaro Poeira***
Todos os textos são da autoria de António Manuel Monteiro Mendes, bem como os seus pseudónimos.
Nasceu em 1959. Numa pequena povoação no norte de Angola. Mavoio. Junto ao rio Tetelo. Filho de pais sem posses, mãe doméstica e pai serralheiro mecânico, viajou com eles e sua irmã, por Angola. Pouco tempo foi.
Em 1974, foi expulso da sua terra Natal.
Não conheceu a casa nem a terra onde a sua mãe o deu à luz. Veio como refugiado para Portugal. Quebrado.
Em estilhaços que ainda hoje tenta colar.
Tem três filhas de dois casamentos.
Viveu em tantas casas que só algumas retêm a sua memória.
Escreve desde sempre. Este é um pequeno grito de outros milhares que redigiu. Sabe, tem consciência que outros contos, lendas, prosas poéticas e poemas barafustar sob um Embondeiro,aclamando na sua justiça, pela identidade do autor, que aqui teriam lugar.
Não dá… Um dia, todas letras voarão por lá…
*** Alberto Poeira e Álvaro Poeira, são pseudónimos de António Manuel Monteiro Mendes
7/10/2023 — Na Universidade Católica de Angola (Luanda), Campus do Palanca, este Sábado começou com uma celebração eucarística seguido da sessão solene de “Abertura do Ano Académico 2023/24”, que começou com o hino nacional.
Depois das palavras de boas-vindas e apresentação do presidium, o Prof. Doutor Carlos Mariano Manuel realizou a prevista Oração de Sapiência com o tema “Subsídios sobre a História da Formação de Angola em Sede dos Esforços para o Desenvolvimento da Unidade Nacional, que foi vigorosamente aplaudida pelas autoridades académicas, eclesiásticas, profissionais liberais e discentes participantes este muito aguardado acto solene.
A Oração, ou Aula de Sapiência, absorveu a cuidada atenção de todos na erudição e exaltação das virtudes da ciência e da academia. A Magnífica Reitora considerou empolgante o seu conteúdo e a audiência foi unânime no reconhecimento da relevância do domínio da História de Angola para a promoção contínua do desenvolvimento e da unidade nacional.
A Oração de Sapiência demonstrou o povoamento e a constituição das civilizações nos três períodos da Pré-História na região meridional de África, seguida do aparecimento dos reinos nativos da Antiguidade, Idade Média e ocorrência dos primeiros contactos com ou formação de feitorias e capitanias dos europeus nas etapas iniciais da Idade Moderna, tendo no âmbito desse processo sido criada a Capitania de Angola pela monarquia portuguesa, até à criação com a luta dos povos nativos da Republica de Angola.
No final desta extraordinária intervenção ouvimos o coro da UCAN, seguido da mensagem da AEUCAN.
A finalizar a sala ouviu o discurso de abertura do ano académico 2023/24 pela Magnífica Reitora da UCAN, Ir.ª Doutora Maria da Assunção, e por fim o hino da UCAN.
Primeira edição, especial para coleccionadores e bibliotecas, do monumental Tratado de História de Angola do Prof. Doutor Carlos Mariano Manuel. Os três volumes podem ser encomendados em Angola e Portugal pelo e-mail encomendas@autores.club