Grandes trumunos no Sambizanga

Grandes trumunos no Sambizanga

Sobre o Sambizanga o mais-velho craque de futebol, Domingos Inguila João, recorda “como toda a criança no bairro, em 1955, já com 10 anos de idade, comecei a dar os primeiros pontapés numa bola de trapos. Practicava futebol com os meus primos, colegas de escola e amigos de bairro. No bairro formávamos duas equipas através de uma escolha a que chamavamos ‘Medição’. Também practicava o ‘rede à rede’, que consistia em ter dois elementos, um em cada baliza. As balizas eram feitas usando o bordão como postes e cordas de sisal que serviam de traves. Cada um chutava e defendia o chute um do outro. Quem marcasse mais golos vencia o jogo. 
No bairro ou na escola, sempre fiz parte de equipas de futebol. Comecei na adolescência, a participar nos grandes trumunos que se realizavam aos finais de semana, nos campos de terra batida do Sambizanga. Jogava pelo Sporting da Musserra e pelo Lusitano do Pango Aluquém, e mais tarde pelos ASES FC. O Sporting Clube da Musserra foi um clube de bairro fundado pelos meus tios, e o qual o meu pai foi um dos dirigentes. Era portanto um clube de família, daí ter feitos alguns jogos em representação da sua equipa de futebol. Por esse clube passaram também outros elementos, entre os quais cito o guarda-redes Aranha, André Fanfa, Daniel Cata, Victorzinho da Popa Russa, Manuel Charuto, Pedro João Liberal, João Gaio, Natalino, Manuel Gaspar (Man Garito), Azevedo (Massa Tomate), Viera e Barbosa.  
Aqueles trumunos, nos campos de terra batida do Sambizanga, entre equipas do bairro e arredores, lotava os campos, sendo uma montra onde os mais velhos mostravam toda a sua classe.    
Nos campos do Sambizanga ou dos arredores, como os do Benfica do Congo , o «Quintalão» de São Paulo ou o dos CTT (Correios Telegráfos e Telefones), eramos muitos os jovens que practicavam a modalidade. Referindo-me apenas ao Sambizanga, aproveito para prestar uma homenagem aos mais velhos e aos meus contemporâneos, que integrados nos seus clubes, comigo participaram naqueles trumunos de bairro: Marramarra, Setenta, Ernesto (Mestre), Victorzinho da Popa Russa, Barros Francisco, os irmãos Dodô e Capricho, Zeca Cabeção, Antas, Mateus Cuerra, Pascoal Cabuja, Zé Ponje, os irmãos Zeca e Mário Santiago, Pedro de Castro Van-Dúnem (Loy), André Fanfa, o presidente José Eduardo dos Santos, Amendeus, Zé Luís, António Bambi, Chinês, tio Lino (pai dos N’Dissos), Burdes, Magalhães Paiva (N’Vunda), os irmãos Daniel e Dino Matross, Sousa Pinga, Lelé e tantos outros.”

No próximo dia 9 de Junho de 2023, às 17 horas, vamos recordar os grandes trumunos no Sambizanga, de Luanda, na Livraria Ferin, a segunda mais antiga da capital portuguesa, foi fundada em 1840, por lá passaram grandes figuras da literatura como por exemplo Eça de Queiroz. “Há uma Angola que acontece fora de Angola”.