22 de Abril de 2024 — Alunos do Seminário Maior de Filosifia São José, da Diocese do Luena, Moxico, conversando amenamente sobre a dimensão histórica e antropológica da colectânea “Os Bantu na Visão de Mafrano – Quase Memórias” do escritor e etnólogo Maurício Francisco Caetano.
A obra de Mafrano tem sido uma fonte de leitura, reflexão e inspiração para os jovens ávidos de novos conhecimentos.
Colectanea de Mafrano suscitou reflexão na Casa da Cultura do Luena
O volume II da colectânea «Os Bantu na visão de Mafrano» do escritor e etnólogo Maurício Francisco Caetano foi destaque na Casa da Cultura do Luena, província do Moxico, dois dias depois da sua apresentação no Seminário Maior desta cidade.
Além de enriquecer a agenda cultural desta província, que na mesma semana recebeu a visita de Paulina Chiziane, Prémio Camões da Literatura 2021, a cerimónia serviu igualmente de reflexão sobre o Dia Mundial do Livro e dos Direitos do Autor, celebrado um dia antes em todo o mundo.
Perante uma audiência com pouco mais de trinta (30) pessoas, a cerimónia consistiu na projecção de slides sobre a vida e obra de Mafrano, e num resumo do aturado trabalho de compilação e divulgação que tem sido feito pela família deste autor. Os presentes, entre os quais se encontravam responsáveis do Governo Provincial do Moxico, funcionários da administração, professores, académicos, estudantes e amantes da cultura, aproveitaram a oportunidade para partilhar práticas culturais do povo cokwé (tchokwe), na mesma linha das narrativas do autor desta colectânea sobre a Antropologia Cultural Bantu.
«Maurício Francisco Caetano – enfatizou na ocasião o seu filho, José Caetano – não passava de um homem humilde, respeitoso, amante do saber e da partilha de conhecimentos, que desde os anos 40’s se dedicou profundamente à pesquisa da cultura indígena, os mais desprezados do antigamente, povos Bantu, comparando-os em pé de igualdade a outros povos do mundo, na Europa, na Ásia e na América».
«Por outras palavras, “Mafrano” despertou consciências para a valorização da cultura angolana durante o período colonial, quando começou a escrever para o Jornal «Angola Norte», em Malanje, no ano de 1947, que é a referência dos seus textos mais antigos publicados posteriormente na Revista Angola, da Liga Nacional Africana e no Jornal O Apostolado, a partir de 1953», acrescentou ainda.
O encontro terminou com um aceso debate e troca de opiniões, sobre temas de interesse actual, tais como o direito costumeiro bantu, os rituais de casamento, a prática da circuncisão masculina, a literatura oral e os desafios que se nos colocam na promoção da leitura e do conhecimento, bem como na formação profissional das camadas jovens.
Com um total de 256 páginas e 09 capítulos, o volume II da colectânea «Os Bantu na visão de Mafrano» tem como foco os mitos, lendas, a religião, princípios filosóficos e a explicação de alguns fenómenos que caracterizam a pré-história da civilização bantu.