29/08/2024 — O diretor do semanário “Novo Jornal”, Armindo Laureano, apresentou na Biblioteca Palácio Galveias, em Lisboa, o livro de editoriais “Há dias assim…”. A biblioteca encheu-se de amigos e jornalistas angolanos, onde a atenção da festa esteve voltada para a República de Angola.
O editor anunciou que o livro está disponível na Feira do Livro do Porto, na Festa do Livro em Belém, nas grandes plataformas Bertrand, Wook e AUTORES.club, e estará também disponível nas lojas da FNAC. A grande novidade é o lançamento internacional da edição digital em formato EPUB em mais de 60 grandes plataformas, distribuídas por 4 continentes (Europa, América do Norte e do Sul, Ásia), simultaneamente com o lançamento da edição em papel (Lisboa). Prevemos apresentar esta obra em Luanda durante a segunda quinzena de setembro de 2024.
O autor, Armindo Laureano, explicou os bastidores da redação do semanário “Novo Jornal”, desde a construção dos textos até à pressão a que os jornalistas estão sujeitos.
O encontro terminou com um participativo momento de perguntas por parte da audiência, centradas na República de Angola e no seu sistema político.
Arrancou, na sexta-feira, 23 de agosto, a 11.ª edição da Feira do Livro do Porto, que decorre nos Jardins do Palácio de Cristal até ao dia 8 de setembro. O evento conta com 130 pavilhões de livreiros, alfarrabistas, editoras e outras entidades, e oferece uma vasta programação cultural em homenagem ao poeta Eugénio de Andrade.
O festival literário abriu as portas ao meio-dia, atraindo os primeiros visitantes curiosos pelas novidades editoriais. Às 17 horas, foi inaugurada a exposição “Post Scriptum Sobre a Alegria”, na Biblioteca Municipal Almeida Garrett, e o dia terminou com a visita do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, seguida de um concerto de Gisela João na Concha Acústica.
Durante o primeiro fim de semana, as atividades em honra de Eugénio de Andrade continuam, incluindo a cerimónia de atribuição da Tília de Homenagem e um concerto de Tiago Nacarato. Ao longo de duas semanas, mais de 100 atividades, que incluem conversas, concertos, sessões de cinema e eventos para todas as idades, vão animar os Jardins do Palácio de Cristal. No Domingo, 25 de Agosto foram apresentados os livros “Há dias assim…”, do jornalista angolano Armindo Laureano, e “Autores e Escritores de Angola 1642-2022”, de Sedrick de Carvalho e Tomás Lima Coelho e foi realizada uma sessão de autógrafos com os autores da editora Perfil Criativo, junto ao pavilhão 80.
A feira funciona de segunda a sexta-feira a partir das 12 horas e aos fins de semana a partir das 11 horas, com o encerramento a variar entre as 21 e as 22 horas. Toda a programação está disponível na página oficial do evento.
Armindo Laureano revela o seu lado portuense
Durante a apresentação do livro de editoriais “Há dias assim…” (Ed. 2024), Armindo Laureano, diretor do semanário “Novo Jornal“, agradeceu à cidade do Porto, recordando que veio estudar para Vila Nova de Gaia aos 4 anos, onde foi muito bem recebido. Por esse motivo, foi com grande alegria que apresentou o seu quinto livro na Feira do Livro do Porto.
Há dias assim…, de Armindo Laureano
Jornalistas angolanos juntos na Feira do Livro do Porto
Nas vésperas da celebração dos cinquenta anos de independência da República de Angola, o editor João Ricardo Rodrigues reuniu um grupo de jornalistas e autores da Perfil Criativo – Edições, com o objetivo de revelar aos cidadãos portuenses a atual realidade angolana.
Armindo Laureano destacou que “há dez anos fui o primeiro autor da Perfil Criativo” e que, juntos, passámos a celebrar uma “Angola que acontece fora de Angola”. Com este esforço, Angola passou a estar representada em Portugal por um leque alargado de autores, escritores e poetas, mostrando uma Angola culta e adulta.
Durante o debate sobre o papel da Comunicação Social, o diretor referiu que, no semanário “Novo Jornal“, não abdicamos de duas liberdades: a Liberdade de Imprensa e a Liberdade de Expressão.
Revelou ainda o novo “Poder Popular”: “Neste momento, ocorreu uma situação muito preocupante em Luanda, junto ao Hospital Américo Boa-Vida, no Rangel. A polícia foi chamada devido a uma rixa entre bandos rivais, e um agente da autoridade fez um disparo acidental, que acabou por matar uma rapariga. Este incidente gerou uma onda de indignação popular contra a autoridade, culminando numa reação violenta contra um elemento da polícia, que acabou por falecer.”
Armindo Laureano terminou afirmando que, ao contrário do que os políticos dizem, a fome em Angola não é relativa e que muito do que se escreve em Portugal sobre Angola não corresponde à verdade, refletindo ainda uma visão paternalista.
Apresentação de livros com a chancela da Perfil Criativo na Feira do Livro do Porto
Resgate dos valores
Orlando Castro, diretor-adjunto do jornal Folha 8, abordou o estado do jornalismo em Angola, destacando o que mais o entristece no país. Enfatizou a importância crucial do jornalismo, sublinhando que a verdade nunca prescreve. “Nem todos os que trabalham numa redação são verdadeiramente jornalistas”, afirmou, reforçando que a Comunicação Social tem a responsabilidade de escrutinar todos os poderes.
Criticou os órgãos de comunicação social estatais em Angola, descrevendo-os como a voz do poder. Para ele, exemplos como o livro de Armindo Laureano são fundamentais para documentar e preservar a história de Angola de forma honesta e organizada.
O Monopólio da Imprensa do Estado
O jornalista, autor e editor Sedrick de Carvalho mencionou que se considera privilegiado por ter trabalhado no Folha 8 e no Novo Jornal e afirmou: “A fome já se tornou uma pandemia em Angola, mas a forma como a Comunicação Social Pública aborda esta questão não reflete a realidade. É crucial que a Comunicação Social em Angola receba o apoio necessário”.
Autores de Angola na Segunda Parte do Encontro
Na segunda parte do evento, foi apresentado o livro “Autores e Escritores de Angola 1642-2022”, durante o qual João Ricardo revelou que, em 2017, viajou com Armindo Laureano a Luanda para apresentar este importante índice da literatura angolana.
Tomás Lima Coelho e Sedrick de Carvalho mencionaram as dificuldades enfrentadas na recolha e organização da informação.
Foi, sem dúvida, um domingo especial, com Angola em destaque na Feira do Livro do Porto.
A editora independente Perfil Criativo convida os seus autores a participarem numa sessão de autógrafos na Festa do Livro em Belém 2024, que decorrerá de 5 a 8 de setembro, nos encantadores Jardins do Palácio Nacional de Belém.
Este evento, organizado pela APEL com o alto patrocínio da Presidência da República, celebra os editores nacionais e os autores de língua portuguesa, promovendo a leitura e a divulgação de obras lusófonas.
Esta é uma excelente oportunidade para nossos autores estarem em contato direto com os leitores, divulgarem suas obras e participarem num evento cultural de grande destaque em Lisboa.
Esperamos contar com a presença de todos para fazer desta festa um momento inesquecível.
A editora Perfil Criativo convida os seus autores a apresentarem projetos originais para publicação em Portugal, no âmbito da internacionalização, modernização e transição digital do livro e dos autores da União Europeia (apoio à edição de audiobooks e ebooks).
Na sociedade do conhecimento, a produção cultural é um elemento estratégico para o desenvolvimento económico e social. A rápida transformação dos meios de informação e comunicação exige que o país se prepare para o predomínio crescente das tecnologias digitais, através de formatos abertos e acessíveis que contribuam para a dinamização do mercado nacional de conteúdos digitais, nomeadamente em formato ebook e audiobook.
Através da Portaria n.º 238/2023, de 28 de julho, que aprova o regulamento que cria o sistema de incentivos “Internacionalização, Modernização e Transição Digital do Livro e dos Autores”, pretende-se promover e apoiar financeiramente projetos que apostem na internacionalização, modernização e transição digital das redes culturais e da obra literária. Este apoio inclui a promoção de agentes ligados à cadeia de produção e comercialização do livro (i.e. autores, editoras e livrarias), o reforço de uma estratégia integrada e concertada de estímulo à tradução e edição de autores de língua portuguesa no estrangeiro e de autores estrangeiros em língua portuguesa por editoras nacionais. Inclui-se também a promoção de suportes de leitura alternativos, como ebooks e audiobooks, de modo a permitir aos leitores o desenvolvimento de práticas de acesso e leitura digital em língua portuguesa.
Condições específicas de acesso
A obra deve ser editada em língua portuguesa, nas seguintes áreas: ficção, poesia, diarística, epistolografia, biografia, literatura de viagens, dramaturgia, ensaio, literatura para a infância e juventude, banda desenhada.
Não são elegíveis as seguintes áreas temáticas
Dicionários e enciclopédias; livros escolares e de apoio pedagógico; livros técnicos, científicos e jurídicos; livros práticos, guias turísticos e mapas; publicações académicas especializadas (teses e dissertações, atas de colóquios, bibliografias, entre outras); catálogos, anuários, compilações documentais, separatas; libretos e partituras de música; livros de autoajuda e desenvolvimento pessoal; livros religiosos; livros esotéricos.
Regras adicionais
Os projetos a apoiar não podem estar publicados até à data de comunicação dos resultados da candidatura.
Critérios de avaliação das candidaturas
A avaliação das candidaturas será feita com base nos seguintes critérios, todos com igual ponderação:
Obra de autor português: SIM – 5 pontos; NÃO – 2 pontos;
Existência de edição anterior em papel: SIM – 2 pontos; NÃO – 5 pontos;
Primeira edição: SIM – 5 pontos; NÃO – 2 pontos.
As candidaturas devem ser submetidas à editora até ao dia 15 de setembro.
No próximo Domingo, 25 de Agosto de 2024, o grande destaque na Feira do Livro do Porto vai para a apresentação do livro dos editoriais do semanário “Novo Jornal“, “Há dias assim..” (Ed. 2024), de Armindo Laureano (17H30 no Lago dos Cavalinhos), e do livro “Autores e Escritores de Angola 1642-2022” (Ed. 2024), de Sedrick de Carvalho e Tomás Lima Coelho (18H30 no Lago dos Cavalinhos), alargada a uma grande sessão de autógrafos no Pavilhão 80 com todos os nossos autores presentes na Feira do Livro do Porto. Com apoio na divulgação da Porto’s África.
25 de Agosto um dia especial na Feira do Livro do Porto
11H30 — LAGO DOS CAVALINHOS
JOANA RAQUEL – “QUEDA ÁSCUA” + OFICINA “DESENHAR AO SOM”, COM CARLO GIOVANNI
CURADORIA: Porta-Jazz
Por Joana Raquel (voz), Joaquim Festas (guitarras), Teresa Costa (flauta), Rafael Santos (clarinete e guitarra), João Fragoso (contrabaixo)
Queda áscua é um projeto de Joana Raquel, cantora, compositora e improvisadora. Procurando um som acústico, este repertório acolhe a espontaneidade e assenta no conceito de canção.
15H00 — LAGO DOS CAVALINHOS
“A URGÊNCIA DA CIDADE – O PORTO E 100 ANOS DE FERNANDO TÁVORA”
Com Jorge Sobrado, Manuel Luís Real e João Rapagão
Na data do aniversário do arquiteto Fernando Távora, assinalamos o encerramento das iniciativas do Museu e das Bibliotecas do Porto nas comemorações do centenário do seu nascimento com o lançamento do livro «A Urgência da Cidade — O Porto e 100 Anos de Fernando Távora». Nesta edição desenvolvemos um olhar sobre o mestre e fundador da chamada Escola do Porto, a sua formação e a relação biográfica e profissional que estabelece com a cidade, colocando em evidência alguns dos projetos mais relevantes do seu pensamento e intervenção. A Antiga Casa da Câmara, local onde decorreu a exposição homónima, serve de mote iconográfico inicial para uma edição que toca a vida e obra deste arquiteto convocando familiares, colegas e discípulos, contando ainda com um conjunto de testemunhos inéditos de Álvaro Siza Vieira, António Menéres, Eduardo Souto de Moura e José Bernardo Távora.
15H00 — TERREIRO – JARDINS DO PALÁCIO DE CRISTAL
TRANSPARENTE – ENCONTROS COM OFICINA COMO NASCEM OS LIVROS?
Para crianças maiores de 6 anos
Entrada gratuita sujeita à lotação do espaço
Com Mariana Rio
Transparente marca a primeira incursão de Mariana Rio na escrita, apresentando-se como autora-ilustradora desta narrativa marcada por um encontro inesperado entre um homem, que vive completamente absorvido pela sua imaginação e pelos seus estudos, e um ser que, à partida, lhe parece tão diferente. Esta ligação, que o desconcerta, também o faz iniciar um caminho de autoconhecimento que o leva a uma descoberta ainda maior. Neste encontro com oficina faremos uma incursão por mundos a explorar e seremos, enfim, transparentes.
16H00 — AUDITÓRIO DA BIBLIOTECA MUNICIPAL ALMEIDA GARRETT
A SUPREMA FESTA DA LÍNGUA: EUGÉNIO DE ANDRADE E A POESIA COMO TRADIÇÃO/TRADUÇÃO
MODERAÇÃO: Luís Miguel Queirós
LEITURAS: Sofia Bodas de Carvalho
Com Daniel Jonas, Margarida Vale de Gato, Tatiana Faia, Vasco Gato
Cultor da «música magnífica» que desde os Cancioneiros molda a lírica portuguesa, Eugénio de Andrade expressou abundantemente a consciência de escrever numa língua urdida por Pero Meogo, Camões, Cesário, Pessanha, Pascoaes ou Pessoa. Dessa relação com os seus mestres, mas alimentando também afinidades com poetas de outras latitudes, chegando a traduzi-los para português, fez Eugénio parte importante do seu ofício.
Nesta conversa procuramos refletir sobre o gesto “genealógico” de Eugénio de Andrade e inquirir sobre as linhagens ou constelações de poetas contemporâneos que, sintomaticamente, são também tradutores de poesia
17H00 — AVENIDA DAS TÍLIAS
OS GATOS VAGUEIAM PELOS POEMAS DE EUGÉNIO DE ANDRADE
ESPETÁCULO DEAMBULANTE
Para todos
Entrada gratuita sujeita à lotação do espaço
Com Teatro E Marionetas De Mandrágora
“A beleza vira-nos a alma do avesso e vai-se embora”.
Gatos. Como Eugénio de Andrade, tantos poetas olharam e contemplaram os gatos. Quantos de nós não se espantam por essas tão delicadas criaturas com os seus movimentos ágeis, que nos aparecem vindos de todos os lados nas suas altivas sete vidas?
O Teatro e Marionetas de Mandrágora decidiu tornar gigante esse felino que nos seduz. Assim, quatro gatos gigantes povoam as ruas, como se quisessem encantar quem passa com a sua beleza, o seu olhar, a sua subtileza, que tão ardilosamente nos sabe seduzir no seu miar, no seu ronronar
19H00 — CONCHA ACÚSTICA
MANUEL DE OLIVEIRA — CICLO “É A MÚSICA, ESTE ROMPER DO ESCURO”
CURADORIA: Tiago Andrade + Bruno Rocha
A música é assim: pergunta,
insiste na demorada interrogação
– sobre o amor?, o mundo?, a vida?
(…)
“É assim, a música”, in Os Lugares do Lume.
Sabemos, porque ele o escreveu, que para Eugénio de Andrade poesia e música nascem juntas, prolongadas no mesmo mistério. Foi sempre, para o poeta, «como se ambas jorrassem da mesma fonte», delas fazendo também parte o silêncio, o «espesso, turvo silêncio das criaturas».
Desde a melodia do harmónio, que acariciava o seu corpo de rapaz nos Verões da aldeia, à preferência adulta por Bach, Mozart e Schubert, passando pela «música magnífica» dos poemas que amava, foi sempre sonoro o fio que guiou Eugénio na busca pela beleza, e a nós com ele.
21H00 — AUDITÓRIO DA BIBLIOTECA MUNICIPAL ALMEIDA GARRETT
CINEMA: PASOLINI
De Abel Ferrara
Com Willem Dafoe, Riccardo Scamarcio, Maria de Medeiros, Ninetto Davoli
Este biopic de Pasolini por Ferrara, onde Willem Dafoe tem uma interpretação melancólica e intensa (e tão próxima do poeta e realizador, que chega a vestir a sua roupa, utiliza os seus objetos, a máquina de escrever, os livros, as cartas que nunca tinham sido mostradas), atenta sobretudo aos factos, à sua relação com a mãe e a irmã, com as pessoas com quem trabalhou, os engates, a escrita e o cinema, a sua morte brutal.
Durante a apresentação da obra de Maurício Francisco Caetano, Os Bantu na visão de Mafrano — Quase Memórias, no Café Santa Cruz, em Coimbra, o público foi convidado a fazer perguntas, uma prática comum da editora. Para surpresa de todos, um dos nossos amigos, ao abrir o primeiro volume nas páginas 208 e 209, onde está publicada uma fotografia de página dupla da época de estudante de Mafrano (1916-1982), lançou a seguinte questão: “Será que, nos anos 30, esta fotografia poderia ter sido tirada nos Estados Unidos, na República da África do Sul ou no Sudoeste Africano?”
Quarta-feira, dia 14 de Agosto, no Café Santa Cruz, em Coimbra a colectânea «Os Bantu na visão de Mafrano», antropologia cultural, uniu-se ao «Fado», num adeus a Portugal, dizendo claramente que a CULTURA é o melhor laço de união entre povos. As novas e actuais gerações têm nestas imagens o desafio, e também um exemplo, de como podem continuar a consolidar estes laços que nos unem, com a vantagem de sermos povos que já partilham a mesma Língua: – o Português.
O fadista António Dinis, do Café Santa Cruz de Coimbra, acima, foi o primeiro a pedir um autógrafo aos dois volumes da colectânea “Os Bantu na visão de Mafrano”.
Homenagem a Mafrano
Depois de Lisboa e Porto, Coimbra encerrou com “chave de ouro” a apresentação dos dois primeiros volumes da obra de Maurício Francisco Caetano (Mafrano) em Portugal.
Na mesa de honra esteve o Dr. Bento Monteiro da Casa de Angola em Coimbra, responsável pela organização do evento, a família de Mafrano, a neta Luisíndia Caetano e o filho José Caetano (Tazuary Nkeita), e o editor da Perfil Criativo. Este encontro em Coimbra contou com a participação especial do poeta angolano João Fernando André e do músico angolano Jorge Rosa.
Com esta iniciativa o Café Santa Cruz abraçou um momento inédito e muito bonito de afirmação dos valores culturais da República de Angola em Portugal.
Jorge Rosa no fecho do encontro de homenagem a Maurício Francisco Caetano (Mafrano) em Coimbra
9/8/2024 — A Casa Comum da Universidade do Porto acolheu a apresentação da edição atualizada da obra Autores e Escritores de Angola 1642-2022, de Sedrick de Carvalho e Tomás Lima Coelho, uma publicação da Perfil Criativo, em Portugal, e da editora Elivulu, em Angola.
Perante uma audiência que lotou completamente o auditório da Casa Comum na Reitoria da Universidade do Porto, Sedrick de Carvalho sublinhou que este trabalho inédito não deveria cair no esquecimento. Por isso, decidiu dar um passo em frente e tornar-se também autor, com o objetivo de manter viva esta obra na sua versão atualizada. Cinco anos após a última edição, a mais recente, de 2024, está agora disponível ao público, numa versão ampliada, e o trabalho de registo continua permanentemente.
Sedrick de Carvalho destacou ainda que as instituições públicas e privadas não devem ser meras espectadoras deste projeto inédito no espaço da CPLP. Os centros de investigação devem tornar-se parceiros desta iniciativa, onde a partilha de conhecimento é a metodologia de trabalho.
O grande desafio, segundo o editor da Elivulu e coautor da obra, é o financiamento. Produzir livros é caro, e é fundamental angariar apoios que permitam reduzir o preço de venda ao público.
Quem merece fazer parte desta obra?
Sedrick de Carvalho esclareceu que a inclusão de autores na obra não é uma questão de discussão pessoal. O critério definido por Tomás Lima Coelho é claro: nascer em Angola e publicar um livro em formato físico. Avaliar a qualidade do que foi publicado também não é uma discussão para nós. Nesta edição, foram integrados 10 autores que, apesar de não terem nascido em Angola, possuem uma obra que é uma grande referência para o país, como é o caso de Castro Soromenho.
Sobre este tema, o poeta angolano João Fernando André, crítico literário e membro da União de Escritores Angolanos, presente na mesa de honra, confirmou que esta publicação é única entre os países de língua portuguesa e que os críticos literários devem avaliar as obras incluídas.
João Fernando André afirmou ainda que a relevância da obra é mais importante do que a naturalidade dos autores, citando os exemplos de Luandino Vieira e Rui Duarte de Carvalho, que muito contribuíram para a memória coletiva de Angola.
Ao concluir, João Fernando André lembrou que publicar um livro não é suficiente para se ser considerado escritor; todos são autores, mas apenas alguns alcançam a categoria de escritores.
Este importante evento na cidade do Porto contou com o apoio da Universidade do Porto, da Porto’s África, e teve a presença de representantes oficiais da República de Angola em Portugal.
A hospitaleira cidade do Porto, região berço que deu nome a Portugal, de “Portu Cale”, mostrou ao mundo que além imponentes monumentos históricos, construções ancestrais, bom vinho e apreciada gastronomia, que tanto atrai turistas, também sabe acolher, reconhecer e valorizar a cultura de outros povos.
Numa lição soberba de hospitalidade e de organização, a CASA COMUM da centenária Universidade do Porto, edifício construído em 1911, reservou o que de melhor se poderia esperar, ao cair da noite, como ambiente mais adequado e descontraído para a apresentação de uma obra sobre a investigação das raízes e da pré-história da cultura bantu em Angola.
Na universidade do Porto estudam cerca de 30 mil estudantes. A CASA COMUM desta instituição centenária confirmou que é de facto o local propício para uma diversidade de eventos culturais, capaz de fazer convergir académicos e investigadores; jovens e amantes do saber com mais anos de experiência.
Sexta-feira, dia 9 de Agosto, os volumes I e II da colectânea «Os Bantu na visão de Mafrano – Quase Memórias», antropologia cultural, subiram ao pódio da «Casa Comum» desta mais prestigiada universidade portuguesa para que os convidados do dia se aproximassem das ideias, princípios filosóficos e valores da cultura e civilização bantu, perseguidos por Mafrano ao longo da sua trajectória literária.
Além dos dois volumes em suas mãos, os leitores ouviram dissertações de três representantes da família de Maurício Francisco Caetano sobre, nomeadamente, o que foram: a educação do autor, desde a sua infância, por padres católicos; as obrigações profissionais, o seu trabalho de investigação e a colaboração literária de 1947 a 1982 com conceituados jornais e revistas do seu tempo, enquanto escritor e etnólogo; e, no fim, todas as peripécias por que passou nos tempos da censura até a independência de Angola e as habilidades por que passou.
A apresentação esteve a cargo de dois netos e de um dos filhos, nomeadamente Lusíndia Caetano, Hélio Caetano e José Caetano, como mostram as imagens da mesa de honra.
Antes e depois da cerimónia, a «Casa Comum» da UP também fez saber que música e antropologia cultural também andam de mãos dadas e brindou os presentes com a música quimbundo «Kalunga», da fadista Ana Moura.
A canção que em português significa Mar, Morte, foi extraída da plataforma Youtube, e tornou-se viral. Com efeito, a qualidade técnica da cerimónia foi tão alta que muitos dos que mais tarde receberam imagens do evento, emocionaram-se ao ponto de supor que a fantástica fadista portuguesa teria estado pessoalmente na Casa Comum, quando, na verdade, se tratou somente de «play back», a partir do Youtube.
«Com a sua faixa “Kalunga” em língua Kimbundu, mesmo ausente Ana Moura transportou todos para um contexto que despertou sentimentos de uma época em que o Portugal colonial recusava reconhecer o valor das línguas nacionais não só em Angola e nas restantes colónias, mas também idiomas regionais na sua própria metrópole, como o Mirandés», comentaram alguns dos presentes, com uma nota de agradecimento que acrescentava:
«Obrigado a Mafrano pelo conhecimento que nos oferece sobre os Bantu…»
«Com a sua faixa “Kalunga” em língua Kimbundu, mesmo ausente Ana Moura transportou todos para um contexto que despertou sentimentos de uma época em que o Portugal colonial recusava reconhecer o valor das línguas nacionais.
Está de parabéns a família de Mafrano! O enorme esforço empreendido na divulgação internacional da obra de Maurício Francisco Caetano e dos valores culturais africanos começa a marcar a agenda nas cidades europeias.
A Embaixada da República de Angola na República Federal da Alemanha vai realizar uma grande homenagem a Maurício Francisco Caetano (Mafrano) e apresentar os dois primeiros volumes de “Os Bantu na visão de Mafrano — Quase Memórias“, no dia 16 de Agosto de 2024, às 17h00.
Embaixada da Republica de Angola — Werderscher Markt 10, 10117 Berlim.