Categoria em Actividades 2023

2023: catorze novos títulos

2023: catorze novos títulos

O ano de 2023 está fechado para novas publicações e o ano de 2024 está praticamente todo ocupado com novos projectos. Durante este ano (2023) publicámos catorze novos títulos, maioritariamente de autores angolanos, em linha com trabalho editorial que temos estado a realizar desde 2015, já com um total de cento e oito títulos editados em Portugal. 

No próximo Sábado vamos lançar o livro “Sul” na Casa de Angola, em Lisboa, e a 20 de Dezembro encerramos as actividades, deste ano, na Biblioteca Nacional de Cabo Verde, com o lançamento do segundo volume de “Os Bantu na visão de Mafrano — Quase Memórias“. Um sinal muito positivo num ano muito complicado.

Livros publicados em 2023

PONTE INFANTE D. HENRIQUE
de Hugo Henriques REF. 95 – 1|2023 ISBN 978-989-53574-8-2

JUBA JUVENTUDE UNIDA DO BAIRRO ALFREDO — O FUTEBOL EM RITMO DE MERENGUE 
de Francisco Van_Dúnem “Vadiago” REF. 96 – 2|2023 ISBN 978-989-35076-0-5

DOMINGOS INGUILA JOÃO — AS MINHAS MEMÓRIAS
de Francisco Van_Dúnem “Vadiago” REF. 97 – 3|2023 ISBN 978-989-53574-9-9

MUKUA MILELE — PANOS DA MINHA AVÓ
de Sandra Poulson REF. 98 – 4|2023 ISBN 978-989-35076-1-2

3 EM 1 
de Filipe J. D. Pereira REF. 99 – 5|2023 ISBN 978-989-35076-2-9

OS BANTU NA VISÃO DE MAFRANO — QUASE MEMÓRIAS — VOLUME II [Colecção Os Bantu na Visão de Mafrano — Quase memórias]
de Maurício Francisco Caetano REF. 100 – 6|2023 ISBN 978-989-35076-3-6

PEREGRINOS DA ETERNIDADE | CRÓNICAS IBÉRICAS MEDIEVAIS (COMO NASCEU A DINASTIA QUE LANÇOU PORTUGAL NO MUNDO)
de José Bento Duarte REF. 101 – 7|2023 ISBN 978-989-35076-5-0

KINTHWÊNI NA TRADIÇÃO E NA POÉTICA — UM ENQUADRAMENTO FILOSÓFICO (COLECÇÃO: TRABALHOS ACADÉMICOS – VOLUME 1)
de João Ramos Piúla Casimiro REF. 102 – 8|2023 ISBN 978-989-35076-7-4

ANGOLA E O ATLÂNTICO – COLONIALISMO, COLONIALIDADE E EPISTEMOLOGIA DESCOLONIAL (COLECÇÃO: TRABALHOS ACADÉMICOS – VOLUME 2)
de Luís Gaivão REF. 103 – 9|2023 ISBN 978-989-35076-8-1

OS SUFIS E O SUFISMO – AMOR E LIBERDADE OU RELIGIÃO E PERTENÇA
de Rahmat Anwar Al Owaysi REF. 104 – 10|2023 ISBN 978-989-35076-9-8

SUL
de Álvaro Poeira REF. 105 – 11|2023 ISBN 978-989-35368-0-3

EU E A UNITA 
de Orlando Castro REF. 106 – 12|2023 ISBN 978-989-35368-1-0

ANGOLA CINCO SÉCULOS DE GUERRA ECONÓMICA
de Jonuel Gonçalves REF. 107 – 13|2023 ISBN 978-989-35368-2-7

MATERIAL INFLAMABLE. VEINTE AÑOS EXTENDIENDO PALABRAS EN VOZ ALTA
de Danilo Facelli Fierro REF. 108 – 14|2023 ISBN 978-989-368-4-1

Biblioteca Nacional de Cabo Verde recebe cultura ancestral africana (Angola)

Biblioteca Nacional de Cabo Verde recebe cultura ancestral africana (Angola)

A família de Maurício Francisco Caetano, a editora Perfil Criativo e a NOS RAIZ representante em Cabo Verde da plataforma cultural AUTORES.club tem a honra de convidar V.Ex.ª para a homenagem a Maurício Francisco Caetano e apresentação do segundo volume da coleção “Os Bantu na visão de Mafrano – Quase memórias” que terá lugar na sala conferências da Biblioteca Nacional de Cabo Verde, na cidade da Praia, no dia 20 de Dezembro de 2023 às 17h00.

A colectânea de Maurício Francisco Caetano (1916-1982), contém registos inéditos sobre a ancestralidade, hábitos e costumes da cultura bantu, incluindo a pré-história, organização social, a estrutura política bantu, lendas e fábulas sobre a origem da vida humana e animal, e a morte; iniciações relativas aos casamentos, à religião e outros temas de interesse antropológico.

Formado na escola da Missão Católica da cidade do Dondo, sua terra natal, e no Seminário Maior de Luanda, o autor trabalhou sucessivamente como professor,aspirante administrativo, oficial de impostos, secretário da Fazenda e director Nacional de Finanças em Angola, entre 1944 e 1982, o ano da sua morte. Maurício Caetano foi membro fundador da União dos Escritores Angolanos (UEA), colaborador de proeminentes jornais e revistas da sua época, como o jornal «O Apostolado» e a revista «Angola», da Liga Nacional Africana, além de professor de língua portuguesa e de filosofia em prestigiados estabelecimentos de ensino, nomeadamente no Colégio 28 de Maio, Liceu Ngola Kiluanji, o Instituto PIO XII, o ICRA (Instituto de Ciências Religiosas de Angola) e no Instituto Comercial de Luanda.

A sua obra ganhou notoriedade e tem sido recomendada como referência académica pelo facto de “Mafrano” ter realizado pesquisas originais cujos temas eram, até então, abordados apenas por estudiosos ocidentais, como Franz Boas, León Frobenius, Carlos Esterman e outros. Maurício Francisco Caetano destacou-se com artigosdispersos na imprensa angolana, o mas antigo dos quais tem como titulo «O Perfil Etnográfico do Negro Jinga», com data 23 de Agosto de 1947. O seu vasto espólio literário foi agora a ser compilado nesta colectânea em três volumes que inclui epígrafes como “Crónicas ligeiras”, “Notas a lápis”, “Episódios Vividos”, “Tertúlias”, contos tradicionais e outros textos.

O primeiro volume desta obra foi apresentado em Abril de 2022, no Seminário Maior Padre Sikufinde, do Lubango, Província da Huíla, por Dom Zacarias Kamuenho, arcebispo-emérito do Lubango e prémio Sakharov 2001 e, em 5 Agosto de 2022 na Biblioteca Nacional de Cabo Verde.

Segundo a mais recente opinião do antropólogo Kabengele Munanga, Professor Emérito da Universidade de São Paulo (USP), Brasil, esta colectânea e as outras obras a serem publicadas sobre Mafrano «são livros que podem ser utilizados por antropólogos angolanos e africanos, em salas de aulas, para explicar essas culturas ancestrais de origem bantu que hoje já não existem».

Programa

 16:30-17:00 Acomodação dos convidados e projecção de slides; 

17:00-17:10 Apresentação dos convidados de Honra e do Presidium 

Saudação musical pela Banda Musical de Kebra Kanela 

17:10-17:20 Mensagem de Boas-vindas da Presidente da BNCV, Drª Matilde Santos 

17:20-17:30 Mensagem do Representante da plataforma cultural AUTORES.club | NOZ RAIZ, Eng. Ricardo Leote

17:30-17:40 Mensagem de Agradecimento da Família de Maurício Francisco Caetano, por Anete Caetano (neta)

17:40-17:45 Exibição da Banda Musical de Kebra Kanela

17:45-18:15 A vertente histórica de «Os Bantu na visão de Mafrano», Profª Drª Antonieta Lopes 

18:15-18:30 Diálogo com os leitores e Considerações finais sobre «Os Bantu na visão de Mafrano», Dr. Eugénio Inocêncio (moderador) 

Exibição da Banda Musical de Kebra Kanela 

Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas

Biblioteca Nacional de Cabo Verde

AUTORES.club

O que é feito dos “nossos brancos”?

O que é feito dos “nossos brancos”?

Para responder a esta questão e para melhor percebermos as consequências das grandes transformações “macro” no universo “micro” de cada um de nós, o editor da Perfil Criativo e o poeta angolano, António Manuel Monteiro Mendes, têm o prazer de convidar V/ Excelência para o lançamento do livro SUL, de Álvaro Poeira, na Casa de Angola, em Lisboa, no próximo Sábado, 16 de Dezembro, às 16h00. Morada: Travessa da Fábrica das Sedas, nº 7, ao lado do Largo do Rato, em Lisboa

A apresentação e crítica do livro SUL estará a cargo de Paula Catarino, Victor Torres e do poeta angolano João Fernando André. A não perder!


Em jeito de balanço de fim de ano, recordamos que em 2023, publicámos catorze novos títulos, maioritariamente de autores angolanos, na sequência do trabalho editorial que temos estado a realizar desde 2015, já com um total de cento e oito títulos editados em Portugal. 

Sem esquecer que este ano, vindo de Barcelona, publicámos também, na língua de Cervantes, o poeta, Danilo Facelli Fierro, autor com uma intervenção pública teatral e circense nas ruas da Catalunha, dando, desta forma, corpo à “Colección Aquelarre”.

Com a aproximação do fim do ano, a semana passada foi muito activa na divulgação dos nossos autores: realizámos dois lançamentos de novas obras.

O primeiro livro, no Centro Nacional de Cultura, a 4 de Dezembro, intitulado “ANGOLA E O ATLÂNTICO – COLONIALISMO, COLONIALIDADE E EPISTEMOLOGIA DESCOLONIAL, de Luís Gaivão, segundo volume da colecção Trabalhos Académicos.

Neste encontro, no Chiado, durante a apresentação da obra, o Prof. Doutor Guilherme D’Oliveira Martins voltou a confirmar uma realidade que temos denunciado em muitas das nossas actividades, em Portugal “conhece-se pouco a realidade de Angola”. 

A confirmação desta realidade dá-se depois do nosso autor, investigador e professor catedrático,  Carlos Mariano Manuel, Uina yo Nkuau Mbuta, um africano, bantu, mukongo, de nacionalidade angolana, ter recebido em Lisboa o Prémio Personalidade Lusófona 2023, atribuído pelo Movimento Internacional Lusófono

Já o segundo livro, apresentado na Casa de Angola, a 7 de Dezembro, é uma obra aparentemente mais política, “EU E A UNITA, do jornalista Orlando Castro, director adjunto do jornal Folha 8

Neste encontro, o jornalista William Tonet referiu-se ao autor do livro como “incolor” e “os nossos brancos” ao grupo étnico caucasiano angolano. Segundo ele, este grupo define-se pelos  que “foram encaminhados para a Arca de Noé da retornança, no processo de transição do Acordo do Alvor”, Identificando de uma forma muito objectiva a questão “racial” como sendo uma temática de grande fragilidade na construção da República.

No ar ficou a pergunta: o que é feito dos “nossos brancos”?

“Conhece-se pouco a realidade de Angola” afirmou o Prof. Doutor Guilherme D’Oliveira Martins

“Conhece-se pouco a realidade de Angola” afirmou o Prof. Doutor Guilherme D’Oliveira Martins

4/12/2023 — Lançamento oficial da obra “Angola e o Atlântico | Colonialismo, Colonialidade e Epistemologia Descolonial” (Ed. 2023), de Luís Gaivão, no Centro Nacional de Cultura, em Lisboa. A apresentação do livro ficou a cargo do Prof. Doutor Guilherme D’Oliveira Martins e o editor foi representado pelo escritor Tomás Lima Coelho.

Centro Nacional de Cultura

Centro Nacional de Cultura é uma Associação Cultural de utilidade pública. Criado no dia 13 de maio de 1945 por um grupo de monárquicos e católicos de oposição ao regime, foi concebido como um “clube de intelectuais” para debate de ideias. Registou os seus estatutos em 1952. 

Sempre com o objetivo da “defesa de uma cultura livre”, nos anos 60, sob a liderança de Sophia de Mello Breyner Andresen, Francisco Sousa Tavares, Gonçalo Ribeiro Telles, João Bénard da Costa e António Alçada Baptista, afirmou-se como um fórum democrático participado por intelectuais e criadores culturais.

Depois do 25 de Abril de 1974, sob o impulso da equipa liderada por Helena Vaz da Silva, iniciou uma nova fase, centrada na internacionalização e na valorização da cultura e do património, com atividades muito variadas e dirigidas a um público diversificado: “Passeios de Domingo”, ciclos de viagens culturais , cursos de formação e de divulgação, encontros internacionais, seminários, exposições, edições, concursos literários e artísticos, prémios e bolsas, atividades infantis, prestação de serviços culturais a escolas, empresas e grupos estrangeiros de visita a Portugal.

No século XXI, o CNC reforça a sua matriz identitária, valorizando a memória histórica, promovendo a criação contemporânea e fortalecendo o debate no plano da cultura e da cidadania ativa. Tem como grandes linhas de ação a defesa, divulgação e valorização do património cultural, com base numa noção integrada de território, comunidade, ambiente, património e turismo. No quotidiano, a sua ação pode resumir-se como uma política de “pôr em contacto”, “articular”, “fazer acontecer”. 

A partir do bairro do Chiado em Lisboa, onde está instalado, inclui uma biblioteca e um café literário (Café no Chiado), desenvolve atividades e projetos. O Centro Nacional de Cultura é membro de redes internacionais e assegura a representação oficial da Europa Nostra em Portugal.

Registo da apresentação do livro “Angola e o Atlântico | Colonialismo, Colonialidade e Epistemologia Descolonial” (Ed. 2023), de Luís Gaivão.

Lançamento oficial do livro “Eu e a UNITA”, de Orlando Castro

Lançamento oficial do livro “Eu e a UNITA”, de Orlando Castro

O autor, Orlando Castro, e o editor da Perfil Criativo têm o prazer de convidar V. Ex.ª para o lançamento oficial do livro “Eu e a UNITA” (Ed. 2023).

A apresentação desta obra será realizada pelos jornalistas William Tonet e Sedrick de Carvalho. Um grande encontro marcado na Casa de Angola, em Lisboa, amanhã, 7 de Dezembro, quinta-feira, às 17h30. Como já vem sendo habitual nos nossos encontros a encerrar a sessão de lançamento haverá debate com o público.

Morada da Casa de Angola: Travessa da Fábrica das Sedas 7, 1250-096 Lisboa

Paulina Chiziane recebida em festa na Huíla

Paulina Chiziane recebida em festa na Huíla

A escritora moçambicana, Paulina Chiziane, foi a convidada especial da cerimónia de apresentação do volume II da colectânea póstuma “Os Bantu na visão de Mafrano”, marcada para 5 de Dezembro, terça-feira, na Missão Católica da Huíla.

Dom Zacarias Kamwenho, arcebispo emérito do Lubango, e a escritora mocambicana Paulina Chiziane na apresentação do volume II da colectânea “Os Bantu na visão de Mafrano” na Missão Católica da Huíla.
Situada a 16 km do Lubango, a Missão Católica da Huíla tem um duplo significado histórico: trata-se de um monumento classificado como Património Nacional e também foi lá onde estudou o reverendo cónego José Pereira da Costa Frotta, um sacerdote oriundo de São Tomé e Príncipe que foi pároco do Santuário da Muxima, em Luanda, em 1908; fundador da Freguesia de Cambambe no Dondo (Província do Cuanza Norte); fundador da Escola da Missão Católica do Dondo; pároco da Igreja do Carmo, em Luanda e tutor de Maurício Francisco Caetano, “Mafrano”, o autor desta obra, então órfão com 6 anos de idade.
Ao cónego José da Costa Frotta foi prestada uma homenagem no Seminário da Missão Católica da Huíla, onde educou Mafrano na Escola da Missão Católica do Dondo e no Seminário de Luanda.

Paulina Chiziane: “A visão de Mafrano sobre os Bantu é uma obra ímpar para todas as gerações”.
A escritora mocambicana teceu elogios à visão antropológica de Mafrano que deixou os presentes sem palavras.

Estudantes moçambicanas na Huíla nas boas-vindas à Paulina Chiziane

Paulina Chiziane cumprimentando o reitor do Seminário da Missão Católica da Huíla e o Vigário Geral da Diocese do Lubango

Vista parcial da assistência na Missão Católica da Huíla

Em Lagos a escravatura não é motivo para se apagar a memória

Em Lagos a escravatura não é motivo para se apagar a memória

4/12/2023 — A cidade de Lagos, no Algarve, promoveu debate com os escritores e investigadores Laurentino Gomes (Brasil) e Jonuel Gonçalves (Angola) e a moderação da jornalista Fernanda Almeida, RDP África.

Em cima da mesa duas questões:

O que a história ainda não nos ensinou sobre a escravatura? 

Será o racismo uma consequência da escravatura? 

Para Jonuel Gonçalves o “alvoroço” de contestação e oposição da população de Lagos à chegada dos primeiros cativos e à sua comercialização, é um acontecimento extraordinário registado na crónica de Gomes Eanes de Zurara na “Crónica dos feitos da Guiné” (1448).

Sobre o encontro na Biblioteca Municipal de Lagos este investigador angolano registou no seu blog: “excelente ambiente e pessoas muito interessantes e interessadas”

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Lagos: “Diálogos do sul” de 2023 traz o tema “escravatura”

Lagos: “Diálogos do sul” de 2023 traz o tema “escravatura”

DIA INTERNACIONAL PARA A ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA │ 2 DEZ. 15:30 | BIBLIOTECA MUNICIPAL DE LAGOS JÚLIO DANTAS

Encontro na Biblioteca Municipal de Lagos com os escritores e investigadores Laurentino Gomes (Brasil) e Jonuel Gonçalves (Angola) e a moderação da jornalista Fernanda Almeida, RDP África.

O que a história ainda não nos ensinou sobre a escravatura?

Será o racismo uma consequência da escravatura?

Questões deste nosso tempo para o jornalista, escritor e investigador histórico LAURENTINO GOMES, um dos mais importantes nomes na difusão contemporânea da História do Brasil, autor das trilogias sobre História do Brasil “1808”,“1822” e “1889” (2007-2013) e sobre a escravatura “Escravidão”, 3v. (2019-2022), e JONUEL GONÇALVES, economista, professor, investigador e autor de livros de ficção e não ficção centrados nas relações de economia e poder no Atlântico Sul e na presença de África no mundo. O seu último romance “E agora quem avança somos nós”, baseado em ambientes reais e fatos históricos, e onde os personagens se movem entre o Brasil, Angola e Portugal, esgrima a ideia de que raça é máscara.

Venda de livros e sessão de autógrafos no final da sessão.

LAURENTINO GOMES, paranaense de Maringá, Brasil, e detentor de oito Prémios Jabuti de Literatura, é autor dos livros “1808”, sobre a fuga da corte portuguesa de D. João para o Rio de Janeiro, eleito Melhor Ensaio de 2008 pela Academia Brasileira de Letras; “1822”, sobre a Independência do Brasil; “1889”, sobre a Proclamação da República; e “Escravidão” (em três volumes), além de “O caminho do peregrino”, em coautoria com Osmar Ludovico da Silva. Tem livros publicados no Brasil, em Portugal, nos Estados Unidos, na China e na Rússia. Formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná, com pós-graduação em Administração pela Universidade de São Paulo, é titular da cadeira dezoito da Academia Paranaense de Letras.

JONUEL GONÇALVES tem dupla nacionalidade brasileira e angolana. Envolvido na luta pela independência e democratização de Angola, teve grande parte da sua existência dividida entre o combate clandestino e os exílios. Depois do fim das guerras angolanas passou a viver em trânsito entre África, Brasil e Portugal. Doutor em Ciências pela Universidade Federal do Rio de Janeiro é Pesquisador Associado do Núcleo de Estudos Estratégicos Avançado (NEA/INEST) da Universidade Federal Fluminense (Rio de Janeiro) e Investigador no Centro de Estudos Internacionais do ISCTE-IUL (Lisboa). Em Angola é Orientador de Mestrado no Instituto Superior de Ciências da Educação de Luanda. Autor de inúmeros artigos sobre Economia e Assuntos Africanos, tem vários livros publicados, na área da ficção e do ensaio em Angola, Brasil e Portugal. Em Portugal encontram-se disponíveis os seus títulos mais recentes: os romances “E agora quem avança somos nós” (Elivulu e Perfil Criativo Edições, 2022) e “A Ilha de Martim Vaz” (Guerra & Paz, 2017) e os ensaios “Economia e Poder no Atlântico Sul” (Perfil Criativo Edições, 2022), “África no Mundo livre das imposturas identitárias” (Guerra & Paz, 2020) e “Angola: cinco séculos de guerra económica” (Mayamba e Perfil Criativo Edições, 2023)

FERNANDA ALMEIDA, portuguesa, nasceu em Moçambique, em 1968. Licenciada em Ciências da Comunicação, pela Universidade Autónoma de Lisboa, é Jornalista da RDP África há vinte e seis anos, sempre na área cultural, e responsável e orientadora, na RDP África, dos estágios Curriculares do 1.º Ciclo da Licenciatura em Estudos Africanos da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Atualmente produz, realiza e apresenta na RDP África os programas “Manual de Instruções” (programa semanal de entrevistas na área do voluntariado);“Escrever na água” (programa semanal sobre literatura Lusófona) e “Avenida Marginal” (conversas sobre questões fraturantes da nossa sociedade). Na Antena 1 moderou, de 2018 a 2021, o programa “A Páginas Tantas”, com as escritoras Inês Pedrosa, Patrícia Reis e Rita Ferro e, em 2022, o programa literário “Biblioteca Pública”, com os escritores Afonso Reis Cabral, Dulce Maria Cardoso e Richard Zimler. Extra Rádio, coordenou, de 2012 a 2015, o jornal cultural angolano “O Chá”, trabalhou na revista “Visão” (1993-96), colaborou em várias publicações e editoras, apresentou diversos eventos musicais e colaborou na peça de teatro “Os vivos, o morto e o peixe frito” do escritor angolano Ondjaki. Em 2022 foi distinguida com uma Menção Honrosa no Prémio de Jornalismo “Os Direitos da Criança em Notícia” pelas suas reportagens na RDP África “Uma escola, um novo futuro” e “Somos o que fazemos”

Livros de Jonuel Gonçalves disponíveis na nossa plataforma online www.AUTORES.club:

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“3 em 1” apresentado em Faro

“3 em 1” apresentado em Faro

28/11/2023 — Ao fim do dia o livro de poesia “3 em 1“, de Filipe J. D. Pereira, foi apresentado no extraordinário auditório da Biblioteca Municipal de Faro. A directora da Biblioteca Municipal de Faro, Dr.ª Sandra Martins, recebeu os convidados e apresentou os intervenientes para a apresentação da obra “3 em 1“, de Filipe J. D. Pereira . O editor João Ricardo Rodrigues, da Perfil Criativo, referiu que num tempo maioritariamente tecnológico é muito importante que o autor, Filipe J. D. Pereira, com inúmeras publicações ligadas às engenharias, surpreenda o público do Algarve com uma obra de poesia de grande humanismo. O jornalista Wilton Fonseca, autor dos livros “Heróis Anónimos [1] – Jornalismo de Agência – História da Anop e da Np (1976-1986)“, “Heróis Anónimos [2] – Jornalismo de Agência – História da Lusitânia e da Ani (1944-1975)“, “Heróis Anónimos [3] – Jornalísmo de Agência – Depoimentos (1938-2017)” e “Da Monarquia ao Estado Novo: Agências Noticiosas em Portugal“, fez a apresentação da obra (ver texto abaixo). Por fim, o autor agradeceu à biblioteca e ao município de Faro, ao público presente e aos intervenientes na mesa de honra.

3 em 1

TEXTO: WILTON FONSECA, Jornalista

Boa tarde a todos. Em primeiro lugar, obrigado ao Felipe, por ter trazido até todos nós o seu “3 em 1”, que ele construiu com carinho e com a dedicação que ele aplica a tudo que faz. Obrigado também ao Ricardo Rodrigues, que publicou o livro. E agradecimentos ainda a todos os presentes, principalmente aos responsáveis por esta biblioteca. 

Penso que todos conhecerão o autor; mesmo assim, tenho aqui alguns dados da sua biografia, mas antes uma manifestação de interesse: sou amigo dele. 

Filipe Didelet Pereira é licenciado, mestre e doutor em Engenharia Mecânica e membro Conselheiro e Especialista em Manutenção da Ordem dos Engenheiros. Tem várias obras publicadas na sua área profissional, a nível nacional e internacional, mas também se dedica há anos a projetos literários, de que o presente livro é a mais recente manifestação. Conhece como poucas pessoas os transportes públicos deste país. 

3 em 1”, como o próprio nome indica, é a reunião, num só volume, de três obras diferentes. A primeira é constituída por 65 breves diálogos. Por que razão 65 diálogos? – perguntei-lhe eu. Trata-se da idade que tinha quando os reuniu num único volume – explicou-me. 

Os diálogos são subordinados ao tema geral “De entre o céu e o inferno”. Isto é, englobam tudo que não se encontra no céu ou no inferno, mas entre uma coisa e outra. A palavra “inferno” não aparece no livro, e “céu” surge apenas uma vez, para indicar a cor azul, e não propriamente o local idealizado pelos crentes católicos: 

Indica-me o nome deste país, irmão Paulo.
Seria o céu se fosse azul, irmão Pedro. 

3 EM 1

A distância entre o céu e o inferno é o percurso existencial de cada um, de todos nós e também de Pedro e de Paulo: 

— Grande terá sido o caminho desde
Que iniciei o conhecimento, Pedro.


— E maior se tornará, Paulo. Lamenta
apenas, comigo, que a memória não
abranja, precisamente, os passos inaugurais 
e alguns dos que se seguiram.  

3 EM 1

Os diálogos têm apenas essas duas personagens, Pedro e Paulo, eles mesmos, os dois apóstolos. Os dois conheceram em vida tudo que medeia entre o céu e o inferno. Assim aconteceu com Pedro, ou Simão Pedro, o mais velho, cujo nome evoca a pedra sobre a qual Cristo quis edificar a sua igreja, o homem que Cristo escolheu para ser pescador de homens, que abandonou tudo para seguir Jesus e que pediu para ser crucificado de cabeça para baixo, para não padecer da mesma maneira que o Messias.  

O nome de Paulo, ou Saulo, ou Paulo de Tarso, mais novo que Pedro, parece indicar alguém que era aguardado, por quem se ansiava; o seu percurso de vida é contrário ao de Pedro: de impiedoso perseguidor dos cristãos ele passa a defensor da mesma fé de Pedro e morre degolado: os romanos não usavam o martírio da cruz para castigar cidadãos romanos.   

Pedro e Paulo talvez tenham sido martirizados no mesmo dia, não se sabe. São ambos lembrados no dia 29 de junho. Aos dois apóstolos o nosso autor, narrador-criador, omnipresente, junta o seu próprio nome, o do apóstolo Filipe, do evangelista S. Filipe e a S. Filipe Néri, o santo da alegria, que dizia “afastem de mim o pecado e a tristeza”. Três Filipes e um só. Três apóstolos em diálogos atribuído a dois, mas que na realidade envolvem três. Três em um, é o título do livro. 

Tudo em “3 em 1” tem uma razão de ser. Os diálogos são propositadamente secos, económicos, ascéticos, místicos, sóbrios e austeros. Distanciam-se propositadamente da realidade. As emoções são poucas, não são extravasadas, é como se tivessem sido guardadas para a forma como os dois apóstolos se referem um ao outro: meu irmão de sempre, amigo, caro irmão, admirável companheiro, companheiro de tantos anos, velho e admirável companheiro.

A contenção das emoções faz com que apenas estados de espírito permanentes – como por exemplo a desilusão, a tristeza, a seriedade que somente o profundo conhecimento da mente humana pode trazer – sejam manifestados pelos dialogantes. Assim, o leitor não encontrará mais do que meia dúzia de adjetivos em “3 em 1”. Quando a utilização de adjetivos é absolutamente necessária, o autor transforma-os em nomes substantivos: um facto aleatório aparece como “o aleatório”; algo abrangente transforma-se em “a abrangência”; o que é grandioso surge como “a grandiosidade”.   

Para que serviriam os adjetivos, a não ser para apressar percursos, queimar etapas, retardar a chegada àquilo que se encontra inexorável e invariavelmente à espera de todos; ou conforme diz Pedro, interrogado sobre a transitoriedade da juventude: 

Eterna não será apenas a morte, irmão? 

3 EM 1

A segunda parte do “3 em 1” recebeu de Filipe o nome de “Hortu gERal”. Portugal, horto, geral. O título aponta claramente para o “Horto do Esposo” e o “Bosco Deleitoso”, marcos importantes da poesia medieval. O horto é local de isolamento, contemplação, reflexão e até de brincadeiras. Aqui, o leitor encontra a poesia experimental e concreta, que faz lembrar os melhores poetas concretos portugueses, nomeadamente Salette Tavares com o seu “Brincar, Brin Cadeiras, Brincade Iras” e António Ramos Rosa com o seu “O Deus Nu (lo)”, ou ainda Herberto Hélder com o seu “Poemacto”. Diz Filipe: 

Um poema
é uma estrutura
concisa
e organizada
que diz tudo 
sem dizer nada

3 EM 1

Brinca-se com a língua, brinca-se com o leitor, o poeta brinca consigo mesmo, aparentemente não se leva a sério. Tal como Herberto Hélder no já citado “Poemacto”:

Poemacto pacto acto poema
Poemacto poema pacto acto
Poemacto acto poema pacto
Poemacto pacto poema acto 

3 EM 1

Felipe, o poeta, sabe que é profeta:

Canta a multidão
a voz 
do poeta
que ao falar de nós
se torna em profeta

3 EM 1

Aqui há lugar para a geografia e para longínquos sentimentos, a justificar o título da  terceira parte do livro: “De mim para mil”. O tempo – seja na contemporaneidade, seja como porta do futuro, marca a sua presença. Aparecem a angústia e a política:

O país
a seco,
a saque,
a soco, a solo. 

3 EM 1

Ou então:

Lisboa que olhas o rio
cansada de o ver correr
para um mar sem regresso.
Lisboa, o teu casario 
que a gente vê morrer
Em nome desse progresso.

3 EM 1

A política e os sentimentos levam a uma verdadeira irritação, que poderia ter sido escrita hoje mesmo:

Que é isto?
Qu’ é isto?
Quisto
Ministro
Sinistro!!

3 EM 1

Ou ainda:

Corriam tempos de ilusão,
Para todos crescia a visão
De um mundo já libertado.
Mas eis de novo a maldição
de uma peste em transmissão
pondo o mundo acorrentado

3 EM 1

A maldição tem um nome, infelizmente bem familiar a todos nós:

Ser 
convidado 
a
confinado
para não ser
covidado

O novo normal
anormal
é o novo mal
e como tal
vai correr mal
se não voltar
a haver 
um normal 
que tem de ser
como era habitual 

Com máscaras
mascaras
más caras.
mas, caras,
de caras,
com máscaras
só há más caras.

3 EM 1

O que temos nesta vertente da poesia de Filipe? Num primeiro momento, dá-se a explosão da palavra – de um grafema – que é reconstituída sob diversas formas, inclusivamente com novas formas gráficas, permanecendo o som como reminiscência do primeiro. Daí que muitos dos nomes da poesia concreta e experimental tenham sido também revelados como artistas plásticos de grande valor. Neles, a palavra transborda o espaço exíguo da folha de papel. Ana Hartley chegou a fazer bordados com a sua poesia, e António Ramos Rosa fez experiências com vídeos. 

Estou convencido que Felipe vai a caminho deste movimento de trasbordo. A terceira parte do “3 em 1” parece indicá-lo, de mil maneiras. Aqui surge um hino à vida, aqui se encontram as etapas para a sua transição como ser humano – o filho, a filha, o neto -, aqui estão os amigos e a mensagem de esperança para a construção do futuro e para a eternidade. 

Já passei pelos dias curtos,
já passei por anos compridos.
Saudades pelos tempos idos,
Paixão pelos novos futuros.
Agora são dias compridos,
agora os anos são curtos.
Regozijo pelos tempos vividos 
e espera por serenos augúrios. 

3 EM 1

Obrigado pelo teu “3 em 1”, Filipe. A todos os presentes, obrigado pela paciência com que me ouviram.

Os Bantu de Mafrano na Missão Católica da Huíla, com Paulina Chiziane

Os Bantu de Mafrano na Missão Católica da Huíla, com Paulina Chiziane

Lubango (Angola), 27 de Novembro de 2023  – A presença da escritora moçambicana Paulina Chiziane na capital da Huíla, entre os dias 4 e 6 de Dezembro deste ano,  vai ser  um pretexto  para se acelerar a apresentação do Volume II da colectânea «Os Bantu na visão de Mafrano», a ter lugar na Missão Católica da Huíla, a 16 quilómetros do Lubango.


Contactos neste sentido foram desenvolvidos entre a família do autor e as autoridades eclesiásticas da Província da Huíla, culminando com a escolha do dia 5 de Dezembro, às 17:00, como a data e hora indicadas para um evento preparado em estreita coordenação com a equipa da escritora Paulinha Chiziane e os demais intervenientes. 
A escolha da Missão Católica da Huíla justifica-se pelo seu duplo significado histórico: por um lado, foi aí onde estudou o cónego José Pereira da Costa Frotta, o sacerdote santomense que foi tutor de Maurício Francisco Caetano, “Mafrano”, e, por outro lado, trata-se de um Monumento Histórico e Património Nacional, além de ser um Seminário! Espera-se também que a apresentação da obra de Mafrano coloque lado a lado a escritora moçambicana, laureada com o prémio Camões 2021, e Dom Zacarias Kamwenho, laureado com o prémio Sakharov 2001 e autor do prefácio da colectânea «Os Bantu na visão de Mafrano».


A apresentação da obra de Mafrano na Huíla esteve inicialmente agendada para Julho deste ano, mas foi sucessivamente adiada por coincidir com o Festival Mundial da Juventude, realizado na mesma altura, em Lisboa, e no qual a diocese da Huíla também se fez representar. De Julho até à data, uma série acontecimentos e compromissos, de ambas as partes, acabaram por adiar a apresentação desta obra póstuma que já se transformou num novo ícone da antropologia social em Angola e além fronteiras.


A escritora moçambicana chegou domingo à noite, dia 26, a Luanda como convidada do Congresso da Ordem dos Engenheiros de Angola. Paulina Chiziane havia já acolhido com muito interesse um projecto para se levar o volume II da colectânea póstuma de Mafrano até  Maputo, numa iniciativa que envolve amigos da família do autor e a Associação dos Escritores Moçambicanos (AEMO).


Paulina Chiziane, 68 anos, iniciou a sua atividade literária em 1984, com histórias publicada na imprensa do seu país, muitas das quais sobre assuntos sociais polémicos como é o caso da poligamia em Moçambique e, «grosso modo», em África. A sua bibliografia inclui outras obras como «Balada de amor ao vento» (1990), «Ventos do apocalipse» (1993), «O Sétimo Juramento» (2000), «O Alegre Canto da Perdiz» (2008) e  «As Andorinhas» (2009).


Em 2003, a escritora moçambicana conquistou o prémio José Craveirinha da Literatura, com o romance «Niketche», e em 2021, tornou-se a primeira mulher a ser distinguida com o Prémio Camões, a mais prestigiosa distinção conferida a escritores de Língua Portuguesa.
Maurício Caetano, “Mafrano”, era um menino órfão, com seis anos, quando o Cónego José Pereira da Costa Frotta levou-o para a Escola da Missão Católica do Dondo e, mais tarde, para o Seminário de Luanda, onde completou os seus estudos. Depois de concluir os estudos em terras angolanas, o Cónego José Frotta, foi ordenado sacerdote, em 1905, em São Tomé e Príncipe, e regressou novamente para Angola para onde trabalhou até aos seus últimos dias, falecendo em Luanda aos 29 de junho de 1954. José Pereira da Costas Frotta foi pároco da Muxima e da Igreja do Carmo, em Luanda, fundador da freguesia de Cambambe e da escola da Missão Católica do Dondo (Província do Cuanza-Norte).


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