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Cardeal de Cabo-Verde confirma presença na apresentação do Volume II de «Os Bantu na visão de Mafrano» na cidade da Praia

Cardeal de Cabo-Verde confirma presença na apresentação do Volume II de «Os Bantu na visão de Mafrano» na cidade da Praia

Cidade da Praia, 18 de Dezembro de 2023 — O Cardeal de Cabo-Verde, Dom Arlindo Gomes Furtado, confirmou na manhã desta segunda-feira, dia 18, que vai estar presente à cerimónia de apresentação do Volume II da colectânea póstuma «Os Bantu na visão de Mafrano», do escritor e etnólogo angolano Maurício Francisco Caetano.
A confirmação foi feita durante uma audiência prestada a familiares do autor e membros da organização do evento, agendado para as 17:00 do dia 20 de Dezembro, na Biblioteca Nacional de Cabo Verde, na cidade da Praia.
Na oportunidade, Dom Arlindo Furtado recebeu da família de Mafrano dois exemplares do volume II desta colectânea sobre antropologia cultural Bantu, além do convite formal para a referida cerimónia. A audiência contou ainda com a presença do Eng. Ricardo Leote, da NOS RAIZ, a representante em Cabo Verde da plataforma cultural AUTORES.club, editora da colectânea de Mafrano, e do médico, nacionalista e escritor angolano Dr. Manuel Boal, um ex-aluno de Mafrano, nos anos 40’s, em Luanda, actualmente a residir na cidade da Praia.
No final da audiência, a delegação de Angola teve um segundo encontro com o reitor do seminário da Praia, o reverendo padre José Álvaro Borja, que também confirmou presença e interesse pela obra de Mafrano.
Também a embaixadora de Angola em Cabo-Verde, Júlia Machado, fez saber que estará presente na apresentação do volume II da colectânea de Mafrano sobre os Bantu.
Segundo comentou o Cardeal Dom Arlindo Furtado, “Mafrano teve o mérito de iniciar nos anos 40’s um processo de conhecimento e valorização da cultura bantu que há-de ser continuado de geração em geração”.
Na manhã do mesmo dia, a comitiva visitou o Memorial Amílcar Cabral, a Fundação Amílcar Cabral e Biblioteca Nacional Cabo-Verde, no âmbito da organização do mesmo evento.
Lançada ao público em 2022, a colectânea de Maurício Francisco Caetano (1916-1982), contém registos inéditos sobre a ancestralidade, hábitos e costumes da cultura bantu, incluindo a pré-história, organização social, a estrutura política bantu, lendas e fábulas sobre a origem da vida humana e animal, e a morte; iniciações relativas aos casamentos, à religião e outros temas de interesse antropológico.
Formado na escola da Missão Católica da cidade do Dondo, sua terra natal, e no Seminário Maior de Luanda, o “Mafrano” trabalhou sucessivamente como professor, aspirante administrativo, oficial de impostos, secretário da Fazenda e director Nacional de Finanças em Angola, entre 1944 e 1982, o ano da sua morte. O autor foi membro fundador da União dos Escritores Angolanos (UEA), colaborador de proeminentes jornais e revistas da sua época, como o Jornal «O Apostolado» e a «Revista Angola», da Liga Nacional Africana, além de professor de Língua Portuguesa e de Filosofia em prestigiados estabelecimentos de ensino, nomeadamente no Colégio 28 de Maio, Liceu Ngola Kiluanji, o Instituto PIO XII, o ICRA (Instituto de Ciências Religiosas de Angola) e no Instituto Comercial de Luanda.
A obra de Maurício Francisco Caetano, “Mafrano”, tem estado a ganhar notoriedade e foi já recomendada como referência académica. A seu favor, está o facto de ter realizado pesquisas originais cujos temas eram, até então, abordados apenas por estudiosos ocidentais, como Franz Boas, León Frobenius, Carlos Esterman e outros. Maurício Francisco Caetano destacou-se com artigos dispersos na imprensa angolana, o mais antigo dos quais tem como titulo «O Perfil Etnográfico do Negro Jinga», com data 23 de Agosto de 1947. O seu vasto espólio literário, agora compilado nesta colectânea póstuma em três volumes e mais de 700 páginas, inclui epígrafes como “Crónicas ligeiras”, “Notas a lápis”, “Episódios Vividos”, “Tertúlias”, contos tradicionais e outros textos.
O primeiro volume desta obra foi apresentado na cidade da Praia, em Agosto de 2022, a exemplo de países como Moçambique, São Tomé e Príncipe e Portugal, assim como nas cidades do Rio de Janeiro e Curitiba, no Brasil, por vídeo-conferências.
Segundo a mais recente opinião do antropólogo Kabengele Munanga, Professor emérito da Universidade de São Paulo (USP), Brasil, esta colectânea e as outras obras a serem publicadas sobre Mafrano «são livros que podem ser utilizados por antropólogos angolanos e africanos, em salas de aulas, para explicar essas culturas ancestrais de origem bantu que hoje já não existem».
Também o Padre José Álvaro Borja, reitor do Seminário da cidade da Praia e um dos convidados de honra a este evento, considera que a figura de Mafrano e a sua obra «fazem antever um momento rico de encontro cultural multifacetado em que se cruzam história, literatura e antropologia, entre outras áreas do saber».

O livros vão estar disponíveis para compra nas livrarias da cidade da Praia e na plataforma cultural www.AUTORES.club (envios para todo o mundo).

Ricardo Leote, da NOS RAIZ, Padre José Álvaro Borja, Reitor do Seminário da cidade da Praia, e José Caetano, filho de Maurício Caetano

Ricardo Leote com Manuel Boal, médico e nacionalista angolano

Dom Arlindo Gomes Furtado com a família de Mauricio Francisco Caetano

Memorial Amílcar Cabral

Registo em vídeo do lançamento do livro “Eu e a UNITA”, na Casa de Angola

Registo em vídeo do lançamento do livro “Eu e a UNITA”, na Casa de Angola

7/12/2023 — Registo em vídeo da sessão de lançamento do livro “Eu e a UNITA” (Ed. 2023), de Orlando Castro, realizado na Casa de Angola, em Lisboa..

Os jornalistas William Tonet e Sedrick de Carvalho apresentaram a obra de Orlando Castro.

Orlando Castro

Orlando Castro nasceu a 30 de Outubro de 1954 em Nova Lisboa, Huambo, Angola.

Jornalista – Carteira Profissional Nº 480ª, Director Adjunto do jornal angolano Folha 8.

HABILITAÇÕES LITERÁRIAS:
Licenciatura em História

ACTIVIDADES PROFISSIONAIS EM PORTUGAL
Jornalista e coordenador da Secção de Economia, do «Jornal de Notícias» entre 1991 e 2009.
Editor da Secção de Economia do jornal «O Primeiro de Janeiro» entre 1988 e 1991.
Chefe de Redacção da RIT – Revista da Indústria Têxtil entre 1980 e 1988.
Redactor e Chefe da Delegação no Porto do semanário «O País» entre 1977 e 1979.

ACTIVIDADES PROFISSIONAIS (Angola 1973/1975)
Redactor do diário «A Província de Angola»;
Redactor e Chefe de Redacção da revista «Olá! Boa Noite»;
Colaborador do Rádio Clube do Huambo;
Colaborador da Emissora Comercial do Huambo;
Colaborador do bi-semanário «O Planalto».


Autor dos livros:
«Algemas da Minha Traição» (1975),
«Açores – Realidades Vulcânicas» (1995)
«Ontem, Hoje… e Amanhã?» (1997).
«Memórias da Memória» (2001).
«Alto Hama – Crónicas (diz)traídas» (2006).
«Cabinda – ontem protectorado, hoje colónia, amanhã Nação» (2011).
Co-autor dos 16 volumes da colecção “Guerra Colonial – A História na Primeira Pessoa”, distribuída em 2011 pelo “Jornal de Notícias” e “Diário de Notícias”.
«António Marinho e Pinto – Mudar Portugal» (2015).
«Egosismo (o sismo de magnitude máxima que atingiu o meu ego). Poemas escritos entre fins de 1975 (saída de Angola) e 1980» (2022), «Eu e a UNITA» (2023).

William Tonet

William Tonet cresceu como “criança soldado”. O seu pai foi um dos fundadores da 1ª Região Político-Militar do MPLA. Aos 8 anos de idade já dominava as comunicações militares.

Foi dos mais novos comandantes militares, com 16 anos de idade.

Esteve na Cadeia de São Nicolau, com o seu pai, preso, quando tentavam abrir uma região político militar do MPLA, no Huambo, em 1968.

Foi um dos que implantou a organização dos pioneiros do MPLA, OPA, em Luanda, e foi um dos comandantes que levou o porta-bandeira, em 11 de Novembro de 1975, no dia da proclamação da Independência. Foi igualmente um dos impulsionadores das estruturas juvenis da JMPA, nas fábricas e locais de trabalho, em 1975/6.

Trabalhou no gabinete do então ministro da Administração Interna, comandante Nito Alves, sendo responsável das comunicações e dos assuntos juvenis.

Esteve preso em 1977 (na sua família estiveram quatro presos: ele, pai e dois tios, enterrados vivos)

Em 1979 entrou para os quadros da TPA, como assistente de câmara, depois de ter sido expulso do Jornal de Angola, por Costa Andrade, Ndunduma, acusado de ligações aos chamados fraccionistas.

Na Televisão teve programas de grande audiência, destacando-se o Horizonte, dedicado à juventude e com este programa contribuiu decisivamente para as transmissões em directo. Tendo um espectáculo no Sporting de Luanda, sido o primeiro directo da TPA.

Foi o primeiro delegado da TPA (Televisão Pública de Angola) em Benguela e professor do ensino secundário, no Ciclo Velho.

Criou o programa Panorama Económico no período de partido único. Constituiu uma novidade, para a época. Valeu-lhe muitos amargos de boca, tendo estado este na origem da sua saída da TPA.

Foi quadro fundador da Delegação da LUSA em Angola, com Sérgio Soares, sendo o primeiro jornalista angolano a trabalhar como tal na Voz da América e a cobrir os dois lados do conflito (período da Guerra Fria, entre UNITA e MPLA).

É o jornalista que mais se especializou na cobertura do conflito militar angolano, conhecendo e mantendo relações com os dois beligerantes.

Em 1991, fruto dessas relações privilegiadas foi o primeiro mediador do conflito angolano, colocando pela primeira vez, sentados à mesma mesa, militares das Forças Armadas governamentais e da UNITA, que rubricaram um acordo de 19 pontos, no Luena, no Alto Kauango, a 19 de Maio de 1991. Acordo esse rubricado pelo chefe do Estado Maior das Forças Militares da UNITA, FALA, general Arlindo Chenda Pena “Ben Ben” e pelo chefe das Operações das Forças Militares do MPLA, coronel Higino Carneiro. Este terá sido um acordo determinante para a assinatura dos Acordos de Bicesse.

Sem estes, talvez, em 31 de Maio de 1991, não tivesse sido possível o de Portugal, uma vez que os militares, no terreno, continuavam a lutar.

Criou a primeira produtora privada de televisão, responsável entre outras da divulgação das imagens via satélite da realidade do conflito militar e social de Angola para o mundo, nomeadamente, para a CNN, CBS e em Portugal para a SIC

Em Portugal, antes da liberalização do espectro da rádio, teve uma emissora pirata na Pontinha. Fez parte do grupo fundador da TSF com Emídio Rangel e da SIC, primeira televisão privada em Portugal.

Trabalhou no semanário “O Jornal” e na revista Visão.

É o jornalista angolano, preso mais vezes pelo regime, fruto da sua liberdade de pensamento e com mais processos judiciais: 98, até Novembro de 2014

Sedrick de Carvalho

Nasceu em Luanda, capital de Angola. Jurista, editor, jornalista e activista. Preso político condenado pelo regime angolano a quatro anos e seis meses no «Processo 15+2» (2015-2016), sob acusação de actos preparatórios de rebelião e associação de malfeitores.

Fundador e coordenador editorial da Elivulu Editora. Autor do livro Cabinda – Um território em disputa(Guerra & Paz, Lisboa, 2018) e Prisão Política (Perfil Criativo e Elivulu Editora, 2021).

Foi professor do ensino básico em Luanda. Associado da Transparência e Integridade – Associação Cívica (TI-AC). Trabalhou nos jornais Folha 8 e Novo Jornal. Tem artigos publicados em jornais em Portugal.